Tentativas e lágrimas



Cap. 06
TENTATIVAS E LÁGRIMAS

Harry nem conseguia acreditar que Ayame havia acordado totalmente e estava ali, na sua frente, sorrindo. Porém, era igualmente estranho, ou talvez nem tanto, considerando tudo o que ela passara, que a garota não se lembrasse de nada. Recapitulando, Hermione dissera que esse encontro das duas foi antes da invasão e do ataque dos Comensais da Morte. Isso infligia um fato pior ainda: Ayame não se lembrava de sua “morte” e nem dos dias em que ficou no tumulo e nem do tempo em que estava meio acordada. Foi por isso que ela deve ter perguntado:
__ Faltam quantos dias mesmo pra acabar o ano letivo? Eu sinto como se tivesse dormido por dias.
__ Semanas, na verdade__ corrigiu Rony, mas Hermione lhe deu um cutucão.
__ Não diga isso! Se ela não lembra de nada, vai ser um choque e tanto! Temos que ir com calma__ sussurrou ela no ouvido do ruivo.
Ayame olhava os amigos ainda confusa.
__ Ayame...__ disse Harry, mas foi interrompido por Hagrid, que chegava correndo.
__ AAH! AQUI ESTÁ VOCE!!
__ Hagrid!!__ Ayame correu para ele. Também, mas sem saber por que, sentia muita saudade do meio gigante.
__ Finalmente te encontramos!!__ exclamou Hagrid__ E olhe pra você! Está normal de novo! Precisamos falar isso pra Dumbledore, e...
Mione rapidamente se aproximou de Hagrid e lhe pediu para conversar um momentinho a sós, e então lhe explicou tudo.
__Ah__ disse ele__ Então temos que falar com o professor Dumbledore o mais rápido possível...
__ Mas não podemos chegar no Salão com ela, imagina o choque! Ayame ainda pensa que estamos no sexto ano.
__ Então.... já sei, vão para a sala dele que eu o chamo. O pessoal deve estar jantando agora....
O estômago de Hermione roncou ao ouvir a palavra “jantar”.
__ Será que você podia trazer algo pra gente comer também....
Hagrid saiu andando rapidamente, e os quatro foram para a sala de Dumbledore.
__ Temos que ir rápido, imagina se encontramos alguém no caminho?__ disse Rony, apressando-os.
Porém, Ayame de repente parou.
__ Eu não saio daqui__ disse ela cruzando os braços__ Eu sei que vocês estão escondendo alguma coisa de mim, tá tudo muito estranho e confuso. Não tem ninguém nos corredores, mas tem um cheiro de comida forte pra caramba. Eu não sou burra, pra informação de vocês, e ouvi parte da conversa, apesar de vocês pensarem que não. Eu sei que estamos no dia da Seleção. Agora me digam: o que aconteceu comigo?
À essa altura, alguma lágrimas começaram a escorrer em seu rosto.
__ Sinto como se não fizesse mais parte dessa época, como se tivesse parado. É um sentimento tão ruim! Não consigo explicar.
Os outros três se entreolharam, preocupados. Hermione suspirou e disse:
__ Desculpe, Ayame... É melhor esperarmos Dumbledore, ele irá te explicar tudo... Temos medo de tentar e sair tudo errado e você ficar pior.
Ayame olhou inconformada para os amigos, mas enxugou as lágrimas e disse:
__ Tudo bem.
Eles chegaram à gárgula que dava entrada para o escritório do diretor, mas ninguém sabia a senha.
__ Acho que eu sei__ disse Ayame__ Não sei como, mas sinto como tivesse vindo aqui a pouco tempo e soubesse a senha mais recente.
A garota se concentrou, abaixou-se e olhou diretamente para a gárgula, ainda se concentrando.
__ Em breve__ disse ela, e a gárgula deu um pulo, e uma escada em espiral começou a descer pela abertura.
__ Vamos subir__ chamou Harry, e logo os quatro estavam na sala de Dumbledore, Ayame e Hermione sentadas nas cadeiras (sem contar a do diretor) e Harry e Rony em pé. Passaram-se menos de cinco minutos e a porta da sala abriu-se, deixando Hagrid e Alvo Dumbledore entrarem.
Dumbledore, ao ver Ayame, ficou um momento sem reação, mas no instante seguinte ambos se abraçavam.
__ Vovô__ disse a garota__ Eu quero explicações! Não agüento mais isso.
O diretor sentou-se em sua cadeira e suspirou.
__ Hagrid me explicou tudo. Eu não sei muito bem porque, mas Ayame... você perdeu a memória das últimas cinco semanas.
A garota ofegou e apertou as mãos.
__ Por que isso não me parece uma novidade?__ disse ela num sussurro, abaixando a cabeça.
__ O que aconteceu com você...__ continuou Dumbledore__ Foi muito complicado. Isso será um choque imenso, devo alertar. Não sei se devo contar tudo... ou deixar voltar à sua memória.
__ Não!__ exclamou Harry de repente__ Se contarmos, será muito difícil para ela, professor.
__ Mas se eu esperar minha memória voltar, demorará muito!__ retrucou Ayame, quase suplicante__ Por favor, me conte o que aconteceu, não importa o quanto ruim, complicado e difícil que seja!
Ficaram em silencio um instante, e era visível que Dumbledore estava em dúvida. Hermione quebrou o silencio, de repente, levantando-se.
__ Eu tenho uma idéia melhor. (há, eu adoro essa frase! ^^)


__ Sessões de recuperação da memória?
__ Isso. Eu li sobre isso ano passado, em algum livro. Não é algo muito complicado__ Hermione respondeu a pergunta de Rony, depois de ter explicado sua idéia.
__ Mas demora muito?__ indagou Ayame.
__ Acho que isso depende de você__ respondeu Mione__ Mas é preciso que alguém que domine as artes da mente o faça.
Estava claro que “artes da mente” eram Oclumência e Legimilência.
__ Eu estarei um tanto ocupado com as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas__ disse Dumbledore__ Por isso acho que Harry poderia fazer, o que acha?
__ Por mim tudo bem.
O diretor tocara num assunto que Ayame esquecera por algum tempo, e assim ela perguntou:
__ Depois que recuperar minha memória, poderei voltar a dar aulas, não é?
Dumbledore não respondeu de imediato, e os outros se entreolharam.
__ Veremos__ foi sua resposta.
A garota visivelmente não gostou da resposta, mas não se manifestou.
__ Bom, se é assim, quero começar agora mesmo!__ disse ela ao invés__ O quanto antes melhor.
__ O que? Agora? Mas...
__ Nada de mas, Mione, vamos, explique ao Harry como é que se faz e vamos logo com isso!
Harry olhou para Dumbledore, mas este somente ergueu os ombros.
__ ESPERA AÍ!__ Rony interrompeu__ Eu to com fome!! Vamos comer antes!!
__ Ah, eu esqueci de falar... trouxe uns biscoitinhos__ Hagrid disse, tirando uma caixa amassada de dentro do casaco. Os biscoitos, porém, pareciam não ser feitos pelo gigante, então todos se alegraram um pouco mais.
__ Comam logo__ mandou Ayame, mal humorada, logo antes de Harry, Rony e Mione atacarem os biscoitos e o suco de abóbora que Dumbledore tinha conjurado para acompanhar a refeição.
Acabando de comer, Harry levantou-se e Ayame pulou da cadeira rapidamente, pronta pra começar.
__ Aí vamos nós__ riu o garoto.
Dumbledore apontou para um armário e várias almofadas roxas e amarelas saíram de lá de dentro, cheirando a mofo e fazendo Hermione espirrar.
__ Para ficar mais confortável__ explicou o diretor. Harry pegou a almofada que parecia menos cabulosa e sentou-se nela. Ayame pegou qualquer uma e também se sentou. Os outros ficaram perto da mesa, observando.
__ Harry__ Hermione disse lá da escrivaninha__ Você tem que entrar na mente de Ayame e encontrar a memória dela. Então tem que... puxar... o que ela esqueceu. Será que conseguiu entender?
Harry fez que sim pois, apesar de não estar entendendo nada de “puxar”, sabia que saberia o que fazer quando fosse para fazer algo.
__ Ayame, você tem que deixar a mente bem aberta.
__ É fácil falar. Eu treinei pra fechar a mente, não abri-la. Mas vou tentar o máximo possível__ Harry notou que a garota continuava de mal humor, mas este tinha melhorado um pouco.
O garoto tirou a varinha do bolso das vestes, suspirou e disse:
__ Legilimens!
Ambos fecharam os olhos instantaneamente e sentiram o baque do feitiço. Harry sentiu um pouco de resistência por um momento, mas logo a mente de Ayame tornou-se aberta como uma rosa que acabara de desabrochar. O garoto logo conseguiu encontrar a memória, e de repente inúmeras imagens começaram a passar: toda a memória de Ayame. Harry viu uma garota igualzinha ela, que brincava de boneca; uma jovem de cabelos escuros que ele souber ser Rebecca; um homem magro, baixo e calvo, mas com uma expressão bondosa e determinada; viu um lugar cheio de árvores que nunca tinha visto, muita gente morena e ouviu um tipo de música diferente do que estava acostumado; viu uma casa comprida num campo com alguma montanhas atrás e vários alunos andando para lá e pra cá; viu Hogwarts; viu seus amigos, Dumbledore, Hagrid, os professores; viu ele próprio, rindo, bravo, sério, suado e embaraçado. Finalmente, viu Hermione vindo em sua direção e então tudo ficou negro como a noite sem lua.
Chegara ao ponto que queria. Já sabia o que fazer: voltou um pouco na mente de Ayame e deu outra investida; de repente, novas imagens começaram a entrar em sua mente: Hermione correndo ao seu lado, Rita Skeeter... ele quebrara um pouco da barreira que existia na memória de Ayame. Repentinamente, porém, a mente da garota se fechou completamente e o expulsou de lá.
Foi Harry abrir os olhos e todo o cansaço do feitiço desabou sobre ele. Sentiu ainda que estava fora da almofada: algo tinha jogado ele pra longe. Ayame estava com as mãos na cabeça, os olhos apertados.
__ Me lembrei de algumas coisas__ disse ela__ Encontramos Rita Skeeter e... sei lá, só lembro disso. Desculpa ter te expulsado assim, Harry, é que minha cabeça estava explodindo. Acho que tenho que ficar com a minha varinha, daí eu posso te usar algum feitiço pra te avisar quando não agüentar mais.
Harry concordou, e Dumbledore também.
Ayame passou a mão direita pela esquerda, mas nada aconteceu. Ela o fez de novo, preocupada, mas o que viu a fez ficar muito assustada.
Suas pedras elementares estavam escuras, pretas, sem vida. Ela puxou a gola da blusa da enfermaria até conseguir ver a pedra em seu peito, e se assustou ainda mais. Aquela estava quebrada: vários fragmentos ainda estavam lá, pontiagudos.
__ O que...__ murmurou ela, mas não conseguiu terminar.
Harry se sentiu totalmente culpado. Esquecera-se completamente que as pedras de Ayame haviam se escurecido, e não haviam voltado ao normal depois que ela acordara. Além disso, havia a pedra em que o feitiço de Voldemort acertara, que estava despedaçada.
__ O que significa isso?__ murmurou Ayame finalmente, quando conseguiu falar.
__ São as marcas do que aconteceu com você__ disse Dumbledore simplesmente. Ayame estava tão chocada que nem perguntou por mais explicações.
__E...__ disse ela__ E a minha varinha?
__ Nós a guardamos__ respondeu Harry. Ela foi até uma das instantes da sala de Dumbledore e pegou, dentro de uma caixinha, a varinha de Ayame, intacta. Virou-se para entregá-la a dona, mas Ayame de repente levantou-se e foi até o castiçal da sala, desesperada.
Ela olhou bem para as velas acesas por um momento. Estendeu a mão para elas, soprou levemente, mas nada aconteceu. Então, estralou os dedos, como sempre fazia quando queria criar uma chama, mas nada aconteceu novamente. Estendeu as palmas das duas mãos e se concentrou nelas, mas não ocorreu nada. Ayame olhou fixamente para as mãos por alguns momentos, então caiu de joelhos no chão.
__ Não consigo mais...__ sussurrou ela para si mesmo__ Eu... eu...
Dumbledore suspirou, as sobrancelhas franzidas de preocupação, e se dirigiu até a neta de criação.
__ Espera, professor, o que aconteceu com ela??__ perguntou Hagrid.
Dumbledore virou-se para o gigante e abriu a boca pra falar, mas Ayame foi mais rápida:
__ Eu... eu perdi meus poderes.
A garota estava tão desolada e triste que Harry aproximou-se e a abraçou.
__ Mas...__ disse Mione__ Isso não é possível! Ela nasceu com o dom!
__ Foi parte do preço pago__ foi o que o diretor respondeu, fitando a garota tristonhamente.
__ Acho melhor irmos para a sala comunal__ disse Harry, ainda abraçado na garota__ Ayame poderá descansar lá por um tempo. Podemos colocar um feitiço de ilusão nela.
Dumbledore e os outros concordaram e Harry usou o Feitiço Convocatório para pegar a Capa de Invisibilidade, com a qual cobriu Ayame.
__ Vão na frente, Hermione, Rony, e vejam se o caminho está limpo__ disse Harry.
Logo depois, Harry e Ayame se despediram de Dumbledore e Hagrid (este ia ficar para conversar com o diretor) e saíram da sala. Harry pegou, por cima da capa, na mão de Ayame, mas esta disse:
__ Seria muito estranho se vissem você segurando o nada.
__ Eu não quero me separar de você. Podemos encontrar pessoas no caminho.
__ Por isso mesmo__ mas ela não retrucou mais.
Harry ia andando, e Ayame vinha logo ao seu lado. A festa no Salão já havia terminado fazia algum tempo, então os corredores estavam vazios. Estavam já no corredor da sala comunal quando, ao virarem na curva, toparam com Dino Thomas e Simas Finnigan.
__ E aí, Harry!__ cumprimentou Dino__ Por onde você andou, einh?
__ Eu... eu fui até...__ Harry não conseguia inventar uma desculpa.
__ Ei, Harry, o que você está segurando aí?__ Simas apontava para a mão em que ele segurava a mão de Ayame, e agarrou a mão do garoto rapidamente. Harry sentiu a mão de Ayame deslizar bruscamente, e se preocupou ainda mais quando Simas fez uma cara de preocupação e disse:
__ Que estranho, parece que tinha alguma coisa agarrada a sua mão.
Uma resposta veio mais rapidamente a mente de Harry.
__ É que nesses tempos eu ando meio tenso, sabe, estressado__ disse ele__ Então as minhas mãos ficam pesadas e eu fico apertando elas sem perceber, sabe, coisa de estresse.
Essa resposta parecia ter convencido bastante Simas e Dino. Harry aproveitou para tentar contato mental com Ayame.
__ Ayame! Você está bem? Onde você está?__ disse ele mentalmente.
__ Estou bem aqui do seu lado__ respondeu ela, também mentalmente__ Não se preocupe, tenho certeza de que Simas não me sentiu.
A conversa foi interrompida por um comentário de Dino.
__ É, Harry, faz sentido você estar tão estressado. Com o que aconteceu o ano passado, e agora essa movimentação do corpo...
__ Do que você está falando?
__ Ah é!__ exclamou Simas__ Você tinha saído na hora que Dumbledore falou. Ele disse que o corpo da Ayame foi levado para outro lugar porque aconteceu uma coisa que eu não entendi muito bem...
__ Dumbledore disse que era uma magia antiga__ Dino ajudou.
__ ... Isso aí mesmo, que destruiu o tumulo dela.
Então era isso que Dumbledore explicara para os alunos. Dissera tudo de uma maneira que não se desviava da verdade. Provavelmente resolvera não contar tudo ao receber a noticia de Hagrid. Os dois garotos se despediram a seguiram na direção oposta à da sala comunal, não antes de avisarem a nova senha (Ninho de Morcego). Mas o que realmente preocupava Harry era que Ayame, que estava ali ao lado, ouvira as palavras “corpo” e “túmulo”.
Ele nem imaginava que a garota nem ouvira essas palavras.


Ayame se assustou ao ouvir Harry falando:
__ Ayame! Você está bem? Onde você está?
Mas logo se acalmou ao perceber que era pela mente que ele se comunicava. Por um momento, pensara que Harry estivesse atrás dela. Pois, logo quando se viu livre da mão do garoto, Ayame se afastou o mais rápido que podia sem fazer nenhum ruído. Queria ficar longe do mundo, naquele momento, não estava nem um pouco a fim de ir para a sala comunal, mas sabia que se dissesse isso a Harry, ele não concordaria. Tinha subido um andar quando Harry falou com ela.
__ Estou bem aqui do seu lado. Não se preocupe, tenho certeza de que Simas não me sentiu.
Foi o que ela respondeu, agradecendo por a conversação mental não diferenciar se o indivíduo estava perto ou longe. Caminhou mais um pouco, sem olhar para onde ia, até que se encontrou na frente da Sala Precisa.
__ Bem o que eu precisava!__ pensou ela. Depois, andou na frente da sala, imaginando um lugar onde poderia descansar e pensar tranquilamente, relaxar.
Ayame abriu os olhos e abriu a porta. Ali, uma cama de casal, incensos relaxantes espalhados pelo chão e nos criados mudos ao lado da cama, um espelho enorme, um relógio de parede pequeno, um guarda-roupa marfim e um banheiro, com uma grande banheira branca e toalhas lilás. Um lugar perfeito.
O primeiro local que a garota entrou foi direto o banheiro, onde encheu a banheira de água morna, jogou a camisola da enfermaria e a Capa em um canto e mergulhou na água até os cabelos. Havia os mais variados e diferentes tipos de shampoo e sabonetes em um prateleira de pedra presa a parede ao lado da banheira, e ela não sabia qual escolher.
Finalmente, escolheu um frasco de shampoo com o líquido amarelo e pastoso.
__ Para cabelos que precisam de um relaxamento__ leu.
Apesar de ser ela quem precisava de um relaxamento, e não seus cabelos (apesar de Ayame pensar que as suas madeixas estavam como uma vassoura com as palhas espetadas para fora), a garota despejou todo o conteúdo do frasco na cabeça e massageou os cabelos até a espuma começar a escorre pelas suas têmporas. Passado algum tempo no banho, ela saiu da água, enxugou-se, enrolou-se na toalha e foi para o quarto.
Ayame abriu o guarda roupa e viu todo tipo de vestimenta: vestidos finos, calças jeans, shorts, vestidos normais, blusas de frio, de calor, de meia estação.... Remexeu as gavetas até encontrar o que realmente queria: um pijama. Era um short e uma camisetinha rosa shock, cheio de estrelas amarelo cintilante e verde limão. Apesar da roupa não fazer seu tipo, era o único pijama, e assim ela o colocou e se jogou na cama.
No primeiro momento, o travesseiro macio a fez espirrar, mas logo ela colocou os braços debaixo do travesseiro, repousou a cabeça e começou a fitar a fumaça fina que saía de um incenso de cheiro doce que estava em cima do criado mudo do lado direito da cama.
Aos poucos, as lágrimas começaram a se formar em seus olhos, e logo Ayame não conseguia mais segurar o choro: chorou por sua memória perdida, pela dor e pelo vazio que existiam em seu coração; chorou pelo fato de todos não quererem esclarecer com ela o que havia ocorrido; chorou pelas coisas que ainda se lembrava mas que sabia que haviam acontecido a muito tempo; chorou pelos seus poderes, pelo fato de não poder usá-los mais e não saber porque; chorou pelas cicatrizes eternas que seriam suas pedras elementares, e chorou por saber que nunca mais veria o amigo que tanto prezava, seu espírito de fogo Rayearth; e finalmente, chorou pelas lembranças felizes que possuía com seu pai e sua irmã gêmea, mas que sabia que seriam somente passado para sempre.
E ali, em meio às lágrimas que há muito esperavam ser derramadas, Ayame Vermefire adormeceu.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.