A entrada na Sede



 


Cap.52


A ENTRADA NA SEDE


            __ NÃO!!


            Harry girou o corpo, mas antes que pudesse aparatar para onde quer que fosse, alguém segurou seus braços, impedindo-o de completar o giro. Ele sentiu os braços fortes e peludos de Hagrid, e olhando para trás, viu Lupin, Rony e Dumbledore observando fixamente o lugar onde, um segundo antes, estavam sua namorada e a Comensal da Morte que ele mais odiara na vida.


            O restante do pessoal que viera correndo atrás do grito que tinham ouvido da cabana de Hagrid chegou no momento seguinte, e na verdade não entenderam inicialmente o que estava acontecendo.


            Carlinhos, antes que alguém dissesse algo, correu para o meio da floresta, gritando:


            __ Eu tenho certeza! Era a voz da Rebecca!


            Harry de repente reconheceu o grito que ouvira como o mesmo que ele e Ayame tinham escutado naquele dia mais cedo, perto dos portões; realmente, tinha sido Rebecca.


            Hagrid o soltou e ele caminhou lentamente, atrás de Carlinhos, o Sr. Weasley e Lupin, que avançaram na direção da floresta. Quando ele alcançou-os, entre as árvores, Carlinhos estava com a cabeça de Rebecca apoiada nos braços, batendo levemente em seu rosto, tentando acordá-la.


            A moça abriu os olhos lentamente, e entao levantou o corpo num movimento brusco.


            __ Ayame!__ falou ela__ O que... não...


            Ela olhou em volta. Ninguém disse nada, mas seus olhares confirmaram o que ela estava pensando.


            __ Rebecca__ disse Lupin com a voz suave mas firme__ O que aconteceu?


            A garota piscou e por um momento Harry achou que ela ia começar a chorar, mas logo em seguida sua expressão ficou séria.


            __ Belatrix... a levou?


            Lupin confirmou com um aceno de cabeça. Rebecca levantou os olhos e fitou Harry por um instante, antes de levantar-se.


            __ A pessoa que a entregou aos Comensais... fui eu.


            O silêncio que se seguiu foi quebrado somente por alguns passos leves atrás deles, junto com um suave farfalhar de capa, enquanto Dumbledore aproximava-se do grupo, em silêncio.


            Harry sentiu que sua boca se abria lentamente, pasmo.


            __ Você... o que??__ indagou ele.


            Rebecca agora virou-se para ele. Seu olhar transbordava arrependimento.


            __ Foi... foi ele novamente. Harry, me desculpe, mas eu fiz de tudo para que...


            __ Você... você... ela confiava em você... __ o garoto deu um passo para trás.


            __ Harry...


            __ Escute o que ela tem a dizer. Vamos todos escutar__ interrompeu Dumbledore, colocando a mão no ombro de Harry.


            O garoto não queria saber; tudo o que importava era que Ayame estava em perigo. Ele tentou recuar mais um pouco, mas seu olhar encontrou a imensidão azul dos olhos do diretor, que pediam rigorosamente que ele ficasse.


            __ Eu juro, pela minha vida__ falou Rebecca__ que não queria que isso acontecesse. Saí do Salão... perambulei pelo castelo... quando ouvi o que Belatrix disse sobre reféns, corri para fora, para a cabana de Hagrid, para ajudar. Mas não cheguei lá. Tudo escureceu antes disso, e quando me dei conta... Acontecera o mesmo que antes.


            Ela engoliu em seco.


            __ Voldemort queria muito alguma coisa. Ele mandou... controlou meu corpo a encontrar você, Harry. Eu estava na Floresta, e então notamos vocês saindo de um túnel. Felizmente, consegui desviar a atenção de Voldemort de algum jeito, fixando meus pensamentos na entrada do túnel, pois o Lorde nunca notara aquelas passagens quando estudava em Hogwarts. Ele realmente ficou curioso, e não notou você debaixo da Capa de Invisibilidade. Entramos na passagem.


            __ Eu não entendo__ disse Lupin__ Rebecca, como... Voldemort... controlava você?


            __ Eu sentia o que ele queria, e como se estivesse enfeitiçada com a maldição Imperius, eu tinha que fazer o que ele mandava. Voldemort quis entrar na passagem, e eu entrei. Ele via o que eu via. Podia sentir que ele pensava que aquele caminho de alguma forma levaria à Harry. Eu tentava me controlar, não deixar que o Lorde me controlasse, mas não conseguia. Se Ele capturasse Harry Potter... Era incogitável. No meio do caminho, ouvimos alguém andando na passagem principal. Eu podia sentir a ansiedade de Voldemort; ele estava quase certo de que era Harry. Mas era Ayame.


            Rebecca hesitou, e entao continuou:


            __ No momento em que a vi... soube o que tinha que fazer. Eu troquei... Fiz com que Voldemort a enxergasse como o que estava procurando. Pensei que deveria ser difícil... mas uma vez que estava compartilhando a mente com o Lorde das Trevas.... pude fazer com que ele visse o que eu queria. Ele em si não notou muita diferença, pois Ayame também apresentava-se como uma ameaça para ele, talvez não tão grande quanto Harry, mas o suficiente para que ele caísse na minha armadilha... mental.


            Ela não parecia nem um pouco orgulhosa ao relatar seu plano.


            __ Eu ainda não entendi__ disse Carlinhos__ O que exatamente você fez?


            Rebecca entao desviou por um momento os olhos de Harry.


            __ Eu fiz com que Voldemort achasse que Ayame era Harry. Assim, ele a levou ao invés de levar Harry Potter.


            Ela ficou em silencio, então.


            Harry sentiu o coração de apertar. Em um segundo, ele se desvencilhou da mão de Dumbledore ainda em seu ombro e notou que começara a gritar:


            __ Você me trocou por ela?? O que você estava pensando??


            __ Eu não podia impedi-lo, Harry! Pelo menos... consegui enganá-lo!__ disse Rebecca.


            __ QUE SE DANE!__ berrou o garoto__ Ela... ela..


            __ Você queria que eu te entregasse no lugar dela, Harry?__ retrucou a moça.


            __ SIM! Você não entende?? Ela está carregando um filho meu!! Isso é mais importante do que qualquer coisa!!


            O garoto caiu de joelhos no chão.


            __ Harry__ Lupin abaixou-se ao lado dele__ Se Voldemort capturasse você... estaríamos numa situação muito pior... É claro que isso é horrível, mas... você tem que tentar entender...


            __ Ayame__ sussurrou ele__ Nós temos que ajudá-la.


            Ele ergueu os olhos para Lupin e levantou-se.


            __ Devem ter levado ela para a Sede. Nós temos que ir.


            __ Harry...__ falou o Sr. Weasley__ Isso é exatamente o que eles querem. Não podemos fazer isso. Principalmente você.


            O moreno olhou para os presentes ali como se nunca tivesse visto eles antes.


            __ Vocês estão sugerindo que devemos deixá-la?


            Ninguém respondeu. Nem Dumbledore.


            Harry sentiu vontade de gritar e sair batendo em todo mundo. Se conteve.


            Entao, virou as costas para todos e saiu correndo.


 


            Ayame despertou lentamente. Sentia o corpo todo dolorido, como se tivesse sido arrastada por aí. Abriu os olhos, mas tudo estava escuro.


            Onde estou? Pensou.


            No momento seguinte, tudo o que acontecera veio-lhe à tona na mente: o frio e o breu do túnel; sua preocupação com Harry; Rebecca...


            Não. Rebecca não. Aquela não podia ser sua irmã.


            Aos poucos seus olhos foram se acostumando com a escuridão e ela notou que estava em um pequeno quarto, deitada numa cama sem colchão, somente com alguns lençóis forrando as tábuas duras. Uma porta se avolumava na parede oposta, a única saída daquele quarto pequeno e sem janelas. Ao lado da cama havia um banquinho, com um copo d’água em cima.


            Ayame então se pegou com muita sede. Esticou avidamente suas mãos em direção ao copo, segurou-o e bebeu tudo de uma vez só.


            A porta de repente se abriu com um estrondo, iluminando o aposento. Ayame apertou com olhos desacostumados com a claridade, e ouviu uma voz conhecida:


            __ Olha, a bela adormecida acordou.


            A claridade diminuiu um pouco, o suficiente para a garota reconhecer Rabastan Lestrange, o irmão de Belatrix. Seu coração deu um pulo quando a ficha caiu. Ela estava na Sede dos Comensais da Morte.


            __ Vejo que matou sua sede__ disse Rabastan dando mais alguns passos.


            Ayame olhou para o copo em sua mão e entao o jogou no chão, horrorizada.


            __ A água! Estava... envenenada..?


            O Comensal riu alto.  


            __ É claro que não. Se quiséssemos te matar, querida, com certeza não seria com veneno.


            Ayame não se sentiu nem um pouco aliviada.           


            __ O que vocês querem de mim?


            Rabastan aproximou-se mais e tocou o rosto de Ayame com a ponta dos dedos. A garota se esforçou para não fazer uma careta de repugnância.


            __ Nada, e ao mesmo tempo muitas coisas. Eu, por exemplo...


            __ Rabastan!__ uma voz veio de fora do aposento e então Travors apareceu na porta__ O que está fazendo? O Lorde está impaciente.


            _ Já estou indo__ Ayame viu o contragosto na expressão de Rabastan enquanto ele afastava a mão do rosto da garota__ Levante-se.


            Ela não se mexeu.


            __ Levante-se!


            Ayame apertou os olhos e obedeceu, lentamente. Rabastan a pegou pelo braço e começou a arrastá-la para fora. Travors os acompanhou por um corredor largo até uma porta grande e bonita, sem maçanetas, mas com o entalhe de uma cobra no lugar onde devia estar a fechadura. A garota imaginou que aquela porta só poderia será aberta por dentro.


            Travors bateu três vezes. A porta abriu-se lentamente, deixando uma brisa gélida sair. Ayame engoliu em seco. Rabastan a empurrou para dentro.


            __ Não pense que eu esqueci o que você fez com o meu cunhado, garotinha__ sussurrou ele ao seu ouvido__ Você vai pagar por isso.


            E fechou a porta, deixando Ayame confinada naquela sala.


 


            A garota olhou em volta e notou-se em uma sala bonita, com vários artefatos antigos pendurados nas paredes, uma lareira e uma mesa comprida, parecida com uma de jantar, no meio do aposento. Perto da lareira, havia duas poltronas, em cima de um tapete persa, voltadas de costas para a porta.


            Tudo isso ela viu em um segundo, pois no instante seguinte, uma das poltronas girou, revelando quem estava sentado nela.


            Ayame gelou e se esforçou para não parecer... enojada.


            Por um momento, imaginou quem era aquele homem. A pele macilenta e esticada, amarelada, mostrando os ossos em várias partes. A postura curvada; os cabelos ralos e grisalhos. Mas então, viu que não podia se enganar: aqueles olhos frios eram os mesmo de sempre.


            Lorde Voldemort levantou-se lentamente da poltrona e sorriu, mostrando dentes quase pretos. Sua voz, porém, continuava a mesma: suave, fria, aguda.


            __ Bem vinda, Srta. Vermefire__ disse ele__ O que está achando de nossa hospitalidade?


            A garota não respondeu.


            __ O que você quer de mim?


            __ Direta ao ponto, como sempre. Isso é uma das coisas que eu admiro em você, Ayame...


            A garota estava com medo do que poderia acontecer, mas sabia que devia ser forte.


            __ Não me venha com essas baboseiras__ interrompeu ela__ Você sabe que eu nunca me uniria a você, Voldemort.


            O Lorde não mudou a expressão no rosto magro e feio.


            __ Você é atrevida, E tão parecida com Rebecca. Até parece que eu a tenho novamente de volta ao meu lado.


            Ayame por um momento pensou que Voldemort estava sentimental, mas isso era impossível.


            Ele aproximou-se mais de Ayame, andando lentamente com a ajuda de uma bengala que ele pegara ao lado da poltrona.


            __ Olhe para mim, Ayame. Preso nesse corpo horrível, fraco demais, humano demais. Eu sempre tenho que trocá-los, sempre procuro jovens, fortes e sadios, mas em menos de uma semana eles já estão assim, velhos e acabados. Eles não agüentam meu poder.


            Voldemort completou uma volta ao redor de Ayame e então voltou a sentar, indicando a outra poltrona para a garota. Ela não se moveu.


            __ Preciso de um novo corpo, Ayame.


            __ E o que eu tenho a ver com isso?__ a voz dela tremeu, mas a garota tentou disfarçar__ Com certeza você não pretende ficar com o meu corpo, não? Muito cheio de... amor... pro seu gosto.


            Os olhos de Voldemort se estreitaram e ele riu, deixando a garota arrepiada.


            __ Você está certa. Não é o seu corpo que me interessa. Na verdade, não quero o corpo de ninguém. Quero o meu corpo de volta.


            Ayame não disse nada. Voldemort fechou os olhos e, recostado na poltrona, disse:


            __ Um corpo forte e poderoso, com o qual eu possa sair e continuar a coordenar meus planos.


            Ele abriu os olhos, mas continuou fitando o teto.


            __ É claro que daí então não poderei mais compartilhar-me com Rebecca. Seria uma pena perder uma conexão tão valiosa, mas não precisarei mais dela. Você ainda não entendeu, Ayame? Um corpo só meu. Recuperado. Exatamente do mesmo jeito que fiz antes. Só que com muito mais eficácia.


            Ayame piscou. Voldemort então voltou o olhar para ela.


            __ Sangue de um inimigo__ sibilou ele__ O ingrediente mais poderoso.


            A garota então entendeu. Voldemort iria recuperar seu corpo do mesmo jeito que fizera três anos antes, usando o sangue de Harry, no cemitério.


            Ela cambaleou dois passos para trás, assustada.


            __ Acalme-se__ riu Voldemort__ O inimigo que eu quero não é você. Com certeza prefiro um sangue mais poderoso. Você sabe de quem estou falando.


            __ Você nunca vai conseguir o sangue de Harry!__ disse ela, esforçando-se para sua voz não tremer.


            Os olhos de Voldemort estreitaram-se novamente.


            __ Não?__ repetiu ele, sibilando__ Ayame, querida. Parece que você não conhece essa força que se diz tão poderosa que vocês chamar de amor. Você é uma isca, querida. Você realmente acredita que Harry Potter vai deixá-la aqui, apodrecendo em perigo, comigo, para sempre?


            Voldemort riu. Ayame sentiu-se horrorizada, pois sabia que aquilo era verdade. Se fosse seu caso, ela já estaria a caminho da Sede, pouco de importando com as coisas além do fato de que precisava salvar a pessoa que amava. Sentiu-se culpada por tudo o que poderia acontecer e uma lágrima brotou em seus olhos, contra sua vontade.


            __ Oh, não chore, querida__ o Lorde disse com voz de falsete__ Depois de conseguir o que eu quero... você e Potter poderão passar muito tempo juntos,


            Sua risada fria encheu o aposento e Ayame teve vontade de gritar e sair correndo. Antes que fizesse isso, porém, a porta do aposento se abriu sozinha. Uma cobra enorme entrou deslizando no chão áspero. Silvou ao passar por Ayame.


            A garota sentiu-se paralisada. Sabia muito bem o que Nagini era, e tinha medo. Muito medo.


            __ Travors__ chamou Voldemort com a voz um pouco rouca__ Leve a garota.


            O Comensal apareceu na porta e agarrou o braço de Ayame. Fez mais uma reverencia e saiu, arrastando a garota. Ayame ainda ouviu Voldemort e Nagini começarem a conversar em língua de cobra antes da porta se fechar totalmente.


            Travors levou Ayame pelos mesmos corredores de antes, mas agora a garota se ocupava em observar os máximos detalhes que poderiam ajudá-la em algo, em uma fuga, talvez. Imaginou onde estaria sua varinha.


            Eles viraram no corredor do quartinho escuro de Ayame. Ela não se lembrava quais das seis portas pretas, três de cada lado, era o seu.  De repente, a garota ouviu um tilintar agudo, e aos seus pés viu um prato de alumínio, que tinha acabado de ter sido empurrado pela portinhola da porta logo ao seu lado. Ayame parou para não tropeçar.


            __ Lá pro fundo__ Travors a empurrou__ Vamos.


            A garota continuou andando, mas não se esqueceu do que vira ali.


            Ela conseguia pensar em somente uma pessoa que pudesse estar ali, prisioneira com ela, e torcia para que fosse Luna Lovegood.


 


            Harry saiu do corujal, onde vinha se refugiando até então. Pela janela, ele ficou assistindo os alunos voltando a Hogwarts, saudosos, junto com outros professores e com o auxilio do pessoal da Ordem. Ele não pôde evitar ficar pensando que Ayame poderia muito bem estar ali no meio daquela multidão. 


            Também não conseguiu evitar sentir raiva de todos que não se propuseram a ajudá-lo a resgatar a namorada. Em sua cabeça, ele bolava um plano, mas tudo era falho, devido ao fato dele não poder atravessar a barreira da Sede dos Comensais. Sua opção mais forte no momento era se entregar, em troca de Ayame, levando a Varinha com ele. Talvez só faltasse uma situação real de perigo para que ela funcionasse. Mas ele não fazia idéia de onde a varinha estava. Sabia muito bem que Dumbledore a escondera com todos os recursos mágicos possíveis.


            Ao mesmo tempo, sentia raiva de si mesmo. Além do fato de ter deixado aquilo acontecer, Harry sabia que Luna também estava na Sede, e ele estava bem ciente de que quando ela fora capturada, ele não fizera todo aquele esforço que estava tendo agora para tentar resgatá-la.


            Ele desceu as escadas, pensando em pelo menos tentar entrar no escritório de Dumbledore enquanto ele estava ocupado com os alunos. Desenrolou a Capa de Invisibilidade que carregava em baixo do braço, mas antes que pudesse colocá-la, ouviu alguém chamar:


            __ Harry!


            Ele virou-se o suficiente para ver Hermione, mas mesmo assim jogou a Capa por cima de si e continuou a andar o mais silenciosamente possível.


            __ Volte aqui!


            Harry não queria falar com ela; sabia o que Mione iria dizer. Começou a andar mais rápido, mas logo ao virar no corredor, trombou com força em algo, caindo para trás.


            O algo se demonstrou como uma pessoa, Rony, que esticou as mãos e tirou a Capa de Harry antes que ele pudesse impedi-lo.


            __ Devolva!__ exclamou o moreno levantando-se.


            __ Fala sério, Harry__ Rony fez uma careta__ O pessoal da Ordem quer falar com você. Eles têm um plano.


            O garoto suavizou um por cento de sua expressão.


            __ Vamos, Harry__ Hermione o tocou no braço__ Você sabe que todos nós queremos a mesma coisa. Nunca deixaríamos Ayame nas mãos deles.


            O moreno assentiu levemente e acompanhou os amigos. A Ordem da Fênix se reunira na sala dos professores. Eles bateram levemente na porta, e as conversas silenciaram quando Harry e os outros entraram.


            __ E então__ disse o moreno__ Qual é o plano?


            Dumbledore deu um passo a frente.


            __ Harry__ disse ele__ A situação é crítica, mas não pense que não nos importamos.  Não podemos entrar na Sede, e também seria difícil mandar alguém, pois mesmo que consigamos entrar, sair com Ayame e Luna_ sim, se vamos fazer algo, vai ser por ela também_ seria o mais complicado e perigoso. Por isso... nossa única opção no momento é a barganha.


            Harry franziu a testa. Os vestígios de seu próprio plano pareciam passar pela cabeça de Dumbledore. O diretor continuou, franzindo a testa:


            __ Voldemort mandou seus Comensais até aqui em busca de você Harry, mas é claro que não podemos entregá-lo. Rebecca estava certa em não fazer isso. E você também não pode se arriscar a ser capturado. Isso nos deixa com uma única opção. A Varinha não funciona ainda; mas Voldemort iria ter vantagem se ela começasse a funcionar em suas mãos, então a proposta é tentadora a ele.


            __ Mas__ interrompeu Rony__ É a Varinha. É nossa arma mais poderosa contra Voldemort, e vamos entregá-la ao inimigo?


            __ Eu concordo com o garoto__ disse Olho-Tonto__ Não podemos entregar nossa única chance de vitória.


            A sala então explodiu em vozes alteradas. Harry entendeu que, na verdade, aquele plano não era a opinião de todos, e que antes dele chegar aquele assunto estava sendo discutido. Ele próprio não sabia o que pensar.


            Dumbledore pediu silencio, mas Harry sabia que o diretor também não sabia o que era melhor a ser feito.


            Voldemort os tinha na mão.


            __ Eu vou sair__ disse ele para quem pudesse ouvir, ou seja, Rony e Hermione__ Me avisem quando tiverem algo concreto.


            E virou as costas para a reunião.


           


            Harry fitava o céu da manhã, tentando pensar no que fazer, mas nada vinha a sua cabeça. Sua barriga roncou; mas ele tinha coisas mais importantes no que pensar.


            De repente, sentiu alguém se aproximando, entrando no dormitório. Era Rebecca.


            __ O que você está fazendo aqui?__ perguntou ele. Mesmo sabendo que ela fizera a coisa certa, Harry ainda não conseguira perdoá-la.


            __ Harry__ ela se sentou ao lado dele__ Eu vou entrar na Sede.


            O garoto não disse nada, mas ergueu as sobrancelhas.


            __ Eu sou uma das únicas que pode. Eu sou a responsável por Ayame estar lá. Essa história da Varinha... vai ser difícil entrarem em um acordo. Não posso arriscar. Não consigo deixar minha irmã nas mãos de Voldemort.


            Harry ainda não disse nada. Rebecca se levantou.


            __ Eu só estou avisando a você, porque quero que você saiba que estou dando o máximo de mim. Mas não conte a ninguém, senão vão me impedir. Saio hoje à noite.


            Harry ainda não abriu a boca, e a moça saiu.


 


            O relógio na sala de DCAT bateu dez horas da noite. Rebecca tomou um gole de sua poção Polissuco e respirou fundo. Saiu silenciosamente pela porta, e caminhou rapidamente até a saída do castelo. Não encontrou ninguém no caminho.


            A noite estava fria para a primavera, o céu negro sem nuvens e sem luar.  A moça caminhou pelos jardins, escondida pela escuridão, e chegou aos portões. Ela sabia como abri-lo sem disparar o alarme de Dumbledore.


            Rebecca ergueu a varinha e preparou-se. Foi então que sentiu algo tocar seu ombro.


            __ Calma__ disse Severo Snape erguendo as sobrancelhas quando a moça apontou a varinha para ele.


            __ Severo!__ sussurrou ela aflita__ O que você faz aqui??


            __ Não vim te impedir, Rebecca, se é o que está pensando. Vim para me juntar a você. Temos, juntos, mais chances de entrar da Sede, já que nós dois carregamos a Marca Negra.


            Rebecca arregalou os olhos para ele.


            __ Você tem certeza disso? Severo... é perigoso dem...


            __ Não me diga o que eu já sei. Rebecca, eu já enfrentei o Lorde das Trevas antes, mais do que você. E eu também me importo com o que acontecerá se a Ordem resolver fazer a loucura de entregar a Varinha a Ele. Nós somos a única opção deles.


            A moça refletiu alguns instantes, então assentiu.


            Os portões de Hogwarts se abriram. Severo Snape e Rebecca Vermefire saíram do alcance da barreira protetora dos terrenos da escola e aparatam.


            Mal sabiam eles que estavam sendo seguidos.


 


            Os olhos de Ayame se apertarem novamente, pela segunda vez naquele dia, quando a porta de seu quartinho foi escancarada e a luz entrou. Desta vez, um Comensal que ela não conhecia recolheu seu prato de alumínio, em que eles tinham trazido pão mais ou menos duas horas atrás, e a levou para fora.


            Ela andava preocupada com seu bebê; não o sentia se mexer mais, mas de alguma maneira sabia que ele ainda vivia dentro se si. Todo o stress e a má alimentação daquele período com certeza deviam ter mexido com ele. De qualquer forma, às vezes agradecia por ele estar quietinho, já que ela suspeitava, tinha quase absoluta certeza, de que os Comensais ou Voldemort não sabiam que ela estava grávida. E queria que isso continuasse assim.


            Naquele momento, Ayame estava com as idéias a mil; queria poder se comunicar com Luna, mas não conseguira nenhuma brecha para isso. Agora que estava indo para fora, era sua chance.


            Quando passava na frente da porta em que vira o prato de Luna, a garota fingiu um acesso de tosse, e parou de andar, curvando o corpo e continuando a tossir. O Comensal parou também, e a apressou.


            __ Espere__ disse ele entre as tossidas, encostando-se na porta onde Luna estava. Ao fazer isso, ouviu a voz conhecida da loira murmurar:


            __ Ayame, é você?


            A garota arranhou a garganta num murmúrio de sim. O Comensal a pegou pelo braço novamente e a arrastou.


            __ Chega de enrolaçao, garota.


            Mais uma vez, eles passaram pelos mesmos corredores. Porém, logo depois de virarem um corredor, havia uma movimentação estranha mais a frente: vários Comensais discutindo, andando de um lado para o outro. Rabastan, que estava no meio, avistou Ayame com o outro Comensal e gritou:


            __ Leve ela daqui!


            O Comensal desconhecido obedeceu e empurrou a garota para a primeira sala logo à frente.


            Aquela sala parecia a biblioteca da Sede; continha vários armários forrados de livros. Por mais que o Comensal a empurrasse o mais rápido possível por entre as estantes e armários, a garota não pôde deixar de notar uma mesinha de centro bem no meio da sala, onde havia um recipiente de vidro na forma de um pentágono com dois objetos muito parecidos dentro. Ayame piscou e sorriu, logo antes deles saírem da sala. Já sabia onde encontrar a sua varinha e a de Luna.


 


            A noite estava estranhamente silenciosa naquele beco ao lado da Sede dos Comensais. Rebecca e Snape estavam escondidos nas sombras, esperando a hora certa para colocarem seu plano em prática. Naquele momento, a moça repassava na cabeça todas as passagens que conhecia dentro da Sede e o professor de Poções observava atentamente a rua próxima, pois sabia que Raoul, o vampiro que trabalhava para a Ordem, estaria ali fazendo ronda, e eles não queriam ser vistos.


            __ Já decidiu em que lugar vamos aparatar?__ perguntou Snape baixinho.


            __ Já__ respondeu a outra no mesmo tom__  Há uma sala que sempre é usada para guardar as varinhas, junto com livros, e geralmente está vazia. Acho que podemos começar por lá; pegaremos a varinha de Ayame e a de Luna.


            __ Creio que é mais importante sairmos de lá com as duas do que com suas varinhas__ retrucou Snape.


            Rebecca suspirou contrariada.


            __ Eu sei disso, mas se as duas estiverem armadas, será mais fácil para sairmos de lá com vida.


            O outro assentiu, a testa franzida.


            __ Não vamos enrolar mais entao. Eu sei onde fica essa sala. Quando eu contar três... Um...


            Rebecca visualizou a sala que descrevera. Lembrou-se das vezes em que guardara varinhas de prisioneiros ali.


            __ Dois...


            Ela se preparou, segurando a sua varinha com força.


            __ Três!


            Ela girou o corpo; mas qual foi sua surpresa quando sentiu alguém se agarrando nela, segurando com força o seu braço. Mas antes que pudesse evitar, já tinha aparatado, e levado a pessoa junto.


            No momento em que sentiu o ar descomprimir e seus pés tocarem novamente o chão, Rebecca sentiu uma dor lancinante no braço esquerdo, como se estivesse em chamas. Mordeu a língua para não gritar, mas sua visão chegou a embaçar de tanta dor. Viu Snape agachado ao lado dela, na sala onde eles queriam chegar, perto de uma estante com livros bem grossos.


            Seus olhos se ergueram e ela viu que a sala estava vazia, a não ser pela pessoa que pegara uma carona indesejada com ela.


            __ Harry!


            __ Potter!__ o professor de Poções exclamou também.


            __ Eu não acredito__ Rebecca começou a levantar-se conforme a dor diminuía__ O que...


            __ Não temos tempo para conversas__ sussurrou Harry__ Estamos aqui para salvar Ayame. Vamos logo.


            __ Potter!__ Snape vociferou furioso__ Você não devia estar aqui, de jeito nenhum! Será que não entende que é você quem o Lorde das Trevas quer?


            __ Não podia deixar de ajudar. Você me avisou do plano, Rebecca, pensei que quisesse que eu viesse!


            __ Você ficou louco? É claro que não! Eu avisei somente porque queria que você soubesse que estava fazendo algo para me redimir...


            Harry franziu a testa.


            __ Não dá para voltar atrás agora.


            Rebecca continuou boquiaberta, e Snape sacou a varinha, furioso.


            __ Não atrapalhe.


            O professor de Poções apontou para a caixa de vidro na mesinha à frente deles e ela se abriu. Rebecca estendeu a mão e pegou as duas varinhas que estavam lá dentro.


            __ Bom__ disse ela, então__ Já que não tem outro jeito... o próximo passo é o seguinte.


 


            Daquela sala onde estavam as varinhas, o Comensal arrastou Ayame por um corredor escuro e então por mais uma sala, pequena com uma mesa de pedra no centro. Ayame não gostou nada daquele lugar; era frio e emanava uma aura de magia negra.


            No fim dessa sala havia uma porta, igualzinha àquela da sala de Voldemort que só abria por dentro. De fato, o Comensal bateu três vezes na porta, e ela se abriu revelando novamente a mesma sala onde a garota estivera naquele dia bem mais cedo. Ayame foi novamente empurrada lá para dentro e a porta se fechou atrás de si.


            Voldemort estava em pé em frente à lareira, com seu corpo velho, observando o fogo. Nagini estava enrolada aos seus pés, e levantou a cabeça para Ayame, sibilando. O Lorde das Trevas murmurou algo que a garota não entendeu; talvez porque estava em língua de cobra, entao ergueu a voz.


            __ Aproxime-se, Ayame.


            A garota não se moveu. Voldemort ergueu os olhos para ela; mesmo naquele rosto macilento e enrugado, ainda eram duas fendas vermelhas e frias.


            __ O que você quer de mim aqui? Não lhe sou útil para nada no momento, a não ser como uma isca. Me deixe em paz, na minha cela!


            Na verdade, Ayame sabia a importância de sair de seu quartinho escuro para poder observar as coisas e arquitetar seu plano; mas ficar na presença de Voldemort era horrivelmente angustiante para ela.


            __ Eu gosto de sua companhia__ Voldemort respondeu, e entao abaixando mais ainda voz, completou__ Nós gostamos.


            Seu olhar caiu sobre Nagini, que sibilou. Ayame sentiu o corpo todo se arrepiar.


            O Lorde das Trevas agarrou sua bengala de madeira simples, encostada na pedra da lareira, e andou mancando até a garota.


            __ Venha__ chamou__ Quero mostrar uma coisa.


            Ayame seguiu Voldemort relutante, enquanto ele abria a porta por onde ela acabara de entrar. A garota estava ciente da cobra Nagini, que rastejava silenciosamente atrás deles, seguindo-os, e teve vontade de correr. Eles entraram na sala com a mesa de pedra.


            Voldemort trancou ambas as portas com um aceno da varinha. Quando passara por ali antes, Ayame não pôde observar bem o lugar; mesmo agora estando um pouco mais nervosa, notou detalhes que não vira antes.


            As paredes e o chão da sala também eram de pedra; na verdade, aquele lugar parecia mais uma caverna. Bem no meio da parede norte havia um buraco retangular, como uma lareira mais rústica. Dentro dessa lareira, forrada por dentro de um pó estranhamente claro, havia um caldeirão preto e grande o suficiente para uma pessoa sentar dentro dele,; e acima dela, na parede fria, uma corrente de ouro, curta, com elos finos e pequenos, estava pendurada, carregando enrolada em si um punhal prateado, o cabo incrustados de safiras. Ayame sentiu um arrepio: já vira aquilo antes, e pior, já sentira aquele punhal em seu corpo um ano antes.


            Nagini passou rastejando ao lado de Ayame, que estava parada desconfortavelmente no meio da sala, e foi enrolar-se em um dos pés da mesa de pedra. A garota, observando tudo isso, notou que a pedra que formava a mesa era um pouco diferente, mais escura e brilhante. Os quatro pés que a sustentavam tinham cobras esculpidas em alto relevo, circundando o pilar, e suas cabeças terminavam apoiadas na superfície plana da mesa, uma em cada ponta, como se vigiassem qualquer coisa que estivesse sendo realizada ali em cima.


            Voldemort caminhou mais uma vez, o barulho de seus passos ecoando na pedra, até a mesa de pedra. Então, acenou com a varinha para a parede leste, para a lareira, e o caldeirão veio flutuando e foi postar-se ao lado dele, no chão.


            __ Já coloquei meu plano em prática__ disse ele, passando as mãos ossudas pela borda do caldeirão__ Logo, Harry Potter estará aqui. E vamos começar o ritual. E você deverá assistir, minha querida.


            Ayame engoliu em seco.


            __ Você não vai conseguir fazer mal ao Harry.


            Voldemort ergueu os olhos para ela, o sorriso cínico em seu olhar.


            __ Não que você consiga impedir.


            A garota lutou para não desviar o olhar.


            __ Como você tem tanta certeza de que ele está vindo? Aposto que a Ordem só irá mandar uma missão para me salvar. Não vão deixar ele ficar em perigo.


            __ Eu sei disso. Mas tudo isso é parte do plano. Veja bem, Ayame__ o Lorde afastou-se da mesa e do caldeirão e foi caminhando lentamente em direção a ela__ Dumbledore não vai deixar Harry Potter se vir te salvar. Mas ele com certeza também não te deixaria aqui. Não há como a Ordem entrar na Sede; ou, se entrar, não há como sair.


            Ele deu um sorriso satisfeito e continuou:


            __ Por isso, Dumbledore se verá obrigado a trocar sua preciosa neta por algo. E a única coisa que me faria trocar você... seria a varinha da profecia.


            Ayame prendeu a respiração.


            __ Ela não funciona__ ela disse.


            Voldemort deu uma risada, que ecoou pelo aposento.


            __ Mas vai funcionar. E quando isso acontecer, ela estará comigo. E então nada mais poderá me vencer.


            As fendas que eram seus olhos brilharam.


            __ Mas é claro que isso não adiantará nada se eu estiver preso nesses corpos fracos e inúteis. É aí que entra Potter... e, novamente, você.


            A garota engoliu em seco mais uma vez.


            __ É claro que não vou te entregar quando receber a varinha, Ayame. Você ainda será minha prisioneira, e então Potter virá te resgatar.


            __ Ele não virá mesmo assim!__ exclamou a garota, angustiada.


            Voldemort virou o olhar para ela, e apertou os olhos de fenda.


            __ Ah, virá__ sussurrou ele__ Ele verá algo tão assustador que o fará vir. Afinal, ele fará de tudo para que nada de ruim aconteça... a você.


            O coração de Ayame disparou, e ela sentiu uma onda de medo tomar conta de seu corpo. De repente, sentiu algo se movimentar dentro de seu ventre; seu bebê acabara de chutar. Seu olhar voltou-se para a mesa de pedra, onde ela viu Nagini ergueu a cabeça.


Ayame respirou fundo e usou todas as suas forças para controlar as reações de seu corpo e suas expressões.


Nagini piscou e abaixou a cabeça novamente. Ayame fechou os olhos, momentaneamente aliviada, e então disse:


__ Pensei que você precisasse dos ossos de algum familiar para completar o ritual.  E de carne de um servo, dada de bom grado.


Voldemort, que afastara-se em direção ao caldeirão, voltou-se para ela novamente.


__ Está certa. E eu os tenho aqui__ ele apontou para a lareira de pedra, e uma quantidade daquele pó bege que Ayame vira rodopiou no ar. A garota pareceu ouvir vozes ecoando no aposento quando isso aconteceu__ Uma mistura ideal... dos últimos restos de meu pai e meu tio e de partes de meus servos, digamos, dadas de bom grado.


__ E além disso__ Voldemort começara a andar novamente, desta vez em direção à lareira __a ferramenta mais importante.


O Lorde das Trevas ergueu a mão e pegou a corrente dourada, onde o punhal estava pendurado. Manejou-o nas mãos ossudas, passando os dedos pela lâmina.


__ Já o usei antes__ disse ele num sussurro quase que para si mesmo__ E desta vez não irá falhar novamente.


Então, virou-se novamente para a parede e com um aceno da varinha depositou-o no mesmo lugar de antes.


No mesmo momento, Ayame sentiu o bebê chutar novamente, desta vez mais forte, e não pôde conter um gemido fraco. Porém, isso foi o suficiente para que a cobra Nagini erguesse mais uma vez a cabeça, alerta.


Voldemort virou-se para ela. Ayame sentiu-se empalidecer contra a sua vontade.


Nagini sibilou fortemente e, desenrolando-se do pé da mesa, começou a rastejar na direção da garota. Ela tentou fazer as pernas não tremerem e deu alguns passos para o lado, desviando da cobra.


__ O que está acontecendo?__ indagou o Lorde, apertando os olhos de fenda.


Nagini continuava avançando, e sibilou algo em resposta a seu mestre. Ayame sentia a respiração se acelerando, e foi caminhando cada vez mais, fugindo lentamente da perseguição da cobra.


__ O que você está escondendo?__ sussurrou Voldemort erguendo os olhos para ela. Nagini parou de rastejar e sibilou algo. O Lorde das Trevas arregalou os olhos para Ayame e entao, apertou as fendas vermelhas e sorriu.


A garota deu mais um passo para trás, e sentiu-se encostar na mesa de pedra. Tinha dado uma volta inteira fugindo de Nagini. Suas mãos seguraram firmemente a borda da mesa.


__ Parece que tem algo que a mocinha aqui não nos contou__ sibilou Voldemort.


__ Não estou escondendo nada__ respondeu Ayame, mas sua voz tremeu.


O Lorde das Trevas estalou os dedos. Num momento, nada aconteceu. Entao, subitamente, Ayame sentiu suas mãos e pés sendo presos por algo; ela olhou para baixo e viu as cobras dos pés das mesas enrolarem-se em seus membros como cordas.


            A garota foi arrastada e colocada em cima da mesa; não importava o quanto se debatia, parecia que as cobras a apertavam cada vez mais. Deitada na mesa de pedra, não conseguia quase se mover.


            __ Mentir é feio__ sussurrou Voldemort se aproximando.


            Ayame tentou se libertar mais uma vez, mas era inútil. Seu corpo então paralisou-se voluntariamente quando ela sentiu algo frio roçar sua perna, e viu Nagini subindo na superfície lisa da mesa, enrolando-se nas suas pernas, sibilando.


            Farejando.


            Ayame fechou os olhos com força quando a cobra passou por sua barriga e parou. Nagini ergueu a cabeça e sibilou suavemente. A garota sentia na vibração da sua língua bifurcada que a cobra acabara de dizer algo satisfeita.


            Ayame abriu os olhos, o coração batendo desesperado. Não. Aquilo não podia estar acontecendo.


            Voldemort sorriu.


            __ Ora ora __ disse ele__ Parece que meus planos vão ter de ser modificados.


            Ayame sentiu o coração parar. Abriu a boca para gritar, mas nenhum som saiu.


            O Lorde das Trevas ergueu a varinha.


            Nagini sibilou.


oii povooo
comenteeem e boa páscoa!!
especialmente para a lúh: pode deixar q o prólogo já até tá pronto!!
bjooos

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