Teste de Aparatação



Cap. 31


TESTE DE APARATAÇÃO


 


            As férias de Natal chegaram, uma semana antes do dia 25. O inverno parecia não estar querendo dar muito as caras, pois as temperaturas estavam mais altas que o normal para aquela época do ano. (Ninguém está a salvo do aquecimento global xP). Por isso, Rony reclamava que talvez não nevasse no dia de Natal, o que seria triste.


            Eles geralmente iriam para a Toca passar o Natal logo que começassem as férias, mas o teste de aparatação que havia sido cancelado fora remarcado para a quarta-feira daquele semana.


            Na segunda-feira à tarde, Rony recebeu uma carta de sua mãe. Harry estava jogando stop com Gina e Ayame, e Hermione estava lendo quando o ruivo desceu as escadas de seu quarto dizendo:


            __ É uma menina! É uma menina!!!


            Apesar de ele ter dito antes que queria ter um garoto como irmão, Rony parecia bem radiante.


            __ Uma menina??__ disse Gina__ Mas que ótimo!!


            E abraçou o irmão. Os outros também parabenizaram os dois ruivos e então Gina pegou a carta da Sra. Weasley para ler, enquanto Rony saía para avisar Carlinhos:


 


            Queridos filhos,


            Ontem fui ao St. Mungus para o pré-natal (não o do Papai Noel, o do bebê mesmo) e o doutor disse que já poderíamos saber o sexo do bebê. E adivinhem... é uma menina!! A nossa caçulinha! Seu pai ficou muito feliz. Ele diz que não agüentava mais ver bolas e carrinhos voando pela sala. Mas não tenho tanta certeza de que seu desejo se realizará, já que Gina fazia os carrinhos voarem mais do que Fred.


            Estarei esperando vocês aqui na Toca para o Natal! Vai ser uma das últimas refeições grandes que poderei fazer, e seu pai já não queria que eu me esforçasse nessa.


            Boa sorte no teste de aparatação.


            Com amor,


            Mamãe.


 


            Na terça, Harry, Rony, Hermione e Ayame foram com Hagrid, Carlinhos e Rebecca até o Beco Diagonal para comprar os presentes de Natal. Tonks era quem estava lá, fazendo a vigia da Ordem, já que o Beco era um dos lugares constantemente cuidados. Ela os acompanhou nas compras e contou que não tinham visto nada de diferente desde quando começaram as vigias, em nenhum dos lugares. Um pouco antes de irem embora, ela disse:


            __ Estamos precisando de alguém para fazer a vigia daquele orfanato...__ ela fez uma careta__... onde o mini Voce-Sabe-Quem vivia. Acho que é para essa quarta, amanhã.


            __ Eu posso ir__ ofereceu-se Rebecca__ Estou de férias também e faz tempo que queria participar...


            __ Tudo bem, eu vou falar para o Olho Tonto__ respondeu Tonks, acenando__ Até mais!


            E aparatou para seu posto de vigia.


            No dia seguinte, logo de manhã, Rony acordou Harry andando pra lá e pra cá.


            __ Rony...o que foi... você tá barulhento...


            __ Harry, acorda aí vai...


            O moreno sentou-se na cama, esfregou os olhos e pos os óculos.


            __ O que é?


            __ O teste... to meio preocupado...


            Harry se jogou na cama de novo.


            __ Ora, você vai conseguir, não se preocupe...


            __ Mas e se não conseguir? Eu aparatei com a Gina, não foi meu mérito total...


            __ Relaxa, Rony....


            __ Mas e se eu destrun...


            Harry jogou um travesseiro nele e o ruivo se calou.


            Mais tarde no mesmo dia, uma certa ansiosidade também tomou conta de Harry. Era claro que ele queria passar no teste. Tinha conseguido aparatar antes, entao conseguiria agora, certo? Era mais ou menos que nem um Patrono. Desde que conseguira pela primeira vez a conjurar um, nunca mais falhou em fazê-lo.


            Neville era o mais nervoso, devido ao destrunchamento que havia sofrido. Ele sentava e levantava, andava e roía as unhas. Gina quase lançou um feitiço de pernas presas para ver se ele se acalmava.


            Já Ayame e Hermione, tendo sido as primeiras a conseguir aparatar, conversavam e riam à toa, como se fosse um dia normal e elas não tivessem nada com que se preocupar. Harry estranhou um pouco, já que Mione, mesmo sabendo que iria gabaritar as provas, sempre ficava ansiosa antes de qualquer tipo de teste. Comentou isso com a amiga, mas esta disse que estava preocupada sim, mas não queria demonstrar, já que isso faria Rony ter mais ataques de histeria do que já estava tendo.


            Harry franziu as sobrancelhas e tentou se acalmar. Afinal, mesmo aquele sendo o único teste que poderiam fazer ainda naquele ano, não era algo tão importante assim, teriam outras chances. Mas isso não queria dizer que ele não se importava em não passar. Aparatar seria realmente muito bom. Assim como dirigir, no mundo dos trouxas.


            Depois do almoço, Harry e boa parte de seus amigos da Grifinória que iriam participar do teste foram para o campo de quadribol. A temperatura estava gostosa lá fora, fazendo assim as arquibancadas um lugar melhor para relaxar do que lá dentro da sala comunal. Faltando mais ou menos uma hora para o teste, que se realizaria às cinco da tarde, eles começaram a voltar para o castelo e viram Hagrid saindo de lá com uma trouxa na mão. Harry o chamou e, quando o alcançaram, perguntou o que era aquilo e onde ele ia.


            __ Eu tenho que fazer algumas coisas no Beco Diagonal e dar uma conversada com o Tom do Caldeirão Furado, entao vou aproveitar para levar alguns petiscos para Rebecca. Lembram-se, ele está de vigia naquele orfanato, e lá por perto não tem lugares muito bons para se comer... Acho que ela preferiria a comida quentinha de Hogwarts a aqueles lanches meio grudentos.


            __ Mande nosso oi para ela__ disse Ayame antes de se despedirem.


            __ Tá. E boa sorte no teste de aparatação!__ disse Hagrid ao sair.


            Eles entraram no castelo e Ayame disse que passaria na sala dos professores ver se o prof. Flitwick estava lá, para conversar sobre os feitiços que quebrariam a barreira que impediam a aparatação em Hogwarts, e deixou os outros indo para a sala comunal.


            A caminho da sala, porém, Ayame esbarrou com um apressado professor de Poções.


            __ Vermefire!__ chamou Snape, fazendo a garota pular__ Sabe onde está Hagrid?


            __ Ele estava saindo do castelo para...


            __ Faz muito tempo?


            __ Não. Por que?


            __ Aquela sua....A prof. Raquel Bungee.... esqueceu-se de renovar seus estoques de erva-de-sol e bezoares comigo.


            Ele lançou um olhar intenso à Ayame quando disse isso, mas ela não entendeu. Na verdade, não ouviu direito, pois uma leva de alunos do terceiro ano passou na hora, conversando.


            __ Que?


            Snape franziu as sobrancelhas, impaciente, e empurrou Ayame para dentro de uma sala.


            __ Rebecca esqueceu sua Poção Polissuco! Ela não tem suficiente com ela para o dia todo__ resumiu ele, baixinho, encostando a porta.


            Ayame abriu a boca numa exclamação surda.


            __Mas...


            __ Eu tenho que ir até o Salão organizar o teste de aparatação__ disse Snape, pegando algo dentro de suas vestes__ Vá até Hagrid e dê esse frasco para ele entregar à Rebecca. Vai repor até ela voltar.


            Ayame também iria fazer o teste de aparatação, e ficou com receio de que chegasse atrasada, mas não podia deixar Rebecca na mão... se um Comensal estivesse lá na hora e visse seu disfarce?


            E além de tudo, Snape que a mandara ir; se ela se atrasasse, era só dizer que foi culpa do mestre de Poções.


            A garota saiu rapidamente pela sala e correu para fora do castelo. Alcançou Hagrid, ofegante, quando este estava prestes a sair dos portões de Hogwarts. Felizmente, ele passara em sua cabana para avisar Carlinhos, o que o atrasara um pouco.


            __ Opa, Ayame, que pressa é essa?


            __ Entrega...isso...pra Rebecca...__ disse ela, cansada__ Ela vai saber o que é. Rápido.


            Hagrid ergueu uma sobrancelha peluda mas não fez mais perguntas e se foi.


            Ayame sentou-se no chão gramado na frente dos portões, para descansar um pouco antes de voltar para o castelo correndo novamente, para não perder o horário. Levantou o rosto para o céu. O sol descia no horizonte, meio coberto de nuvens, mas seus raios ainda penetravam a massa branca tornando-a colorida, e refletiam na superfície do lago. A garota lembrou-se de que aquele lugar onde estava naquele momento fora onde muitas coisas ocorreram no ano anterior... onde vira Rebecca pela ultima vez antes de adormecer...


            Uma luz chegou aos seus olhos, fazendo-a apertá-los. A principio, Ayame achou que era o sol que saíra de trás das nuvens, até notar não era uma luz dourada, mas prateada, que quase a cegava.


            A garota virou a cabeça e olhou para fora dos portões. Levantou-se rapidamente e empunhou a varinha, enquanto o que ela vira atravessava os portões e entrava nos terrenos de Hogwarts.


            Uma raposa do campo prateada.


            O Patrono de Rebecca Vermefire.


 


            Harry, Rony e Hermione chegaram ao Salão Principal faltando mais ou menos cinco minutos para começarem os testes. Sentaram-se juntamente com os outros alunos nas mesas das casas, que haviam sido encostadas na parede da esquerda do salão. A coordenadora da área do Ministério, Meturisca Hilopyu, e o professor de aparatação Francis Pauline estavam organizando os alunos para começarem. Dumbledore também estava ali, é claro, e vários professores, Harry notou, para que ninguém do Ministério tentasse algo.


            O garoto sentiu Hermione lhe cutucar, e dizer apreensiva:


            __ Onde está Ayame? O prof. Flitwick já está aqui!


            Harry balançou a cabeça e franziu a testa. Típico de sua namorada, desaparecer nas horas mais importantes.


 


            Ayame observou o Patrono andar lentamente até ela. Ele parou e ela esperou. De repente, a raposa prateada falou, com a voz de Rebecca:


            __Preciso de reforços imediatamente, no Orfanato Sra. Cole, em Londres. A andorinha foi avistada.


            A garota levou alguns segundos para entender o que aquilo queria dizer. Andorinha?


            Andorinha...


            Andorinha! A andorinha foi avistada!!!


            Como ela esquecera aquele código?? Era o mais importante da Ordem naquele momento! Ayame disse ao patrono:


            __ Vá até o Salão Principal e dê seu aviso a Alvo Dumbledore e à Harry Potter.


            A raposa prateada começou a correr, silenciosamente, pelos jardins de Hogwarts até o castelo. Ayame olhou para os portões e saiu correndo pelo caminho que levava a Hogsmeade. Hagrid estava indo de encontro à Rebecca, mas ele não sabia o que tinha acontecido e, como não podia aparatar, iria demorar para chegar, por isso era melhor ela ir também. Parou, olhou para os lados e então respirou fundo.


            Iria perder o teste de aparatação, mas aquilo era muito, mil vezes mais importante. Fechou os olhos e o significado da frase da andorinha pareceu flutuar a sua frente.


            Um ingrediente da varinha havia sido encontrado.


            Ainda de olhos fechados, Ayame girou o corpo e, mesmo ainda ilegalmente, aparatou.


 


            Harry assistia enquanto, de três em três, os alunos eram chamados para comparecer à frente do prof. Pauline, que jogava sorrisinhos encorajadores para os alunos, e da sra. Meturisca, que não parava de ajeitar os óculos. O grupo devia aparatar numa marca mais ou menos doze metros à frente.


            Os alunos na sua frente na fila haviam acabado de ir. Os três tinham conseguido, mas vários dos alunos de antes tinham falhado, infelizmente. Harry então foi chamado, juntamente com Hermione e Rony.


            O moreno e a garota disseram palavras encorajadoras para o ruivo antes do prof. Pauline pedir para eles aparatarem na marca. Rony, contudo, parecia mais encorajado do que antes. Pelo menos seu rosto não estava branco e ele não estava tremendo.


            Harry fechou os olhos e focou no lugar onde devia aparatar. Assim como, quando tinha que conjurar um Patrono devia pensar em algo bom, imaginou que algo muito bom o esperava na marca de aparatação. Talvez uma Firebolt novinha em folha. Ou todas os deveres de casa já feitos.


            O moreno teve então uma idéia melhor. Isso. A varinha.


            Girou o corpo e sentiu que todo o universo em sua volta o pressionava.


            Quando abriu os olhos, estava na marca. Deu um grito de alegria, e ouviu mais duas exclamações perto de si. Olhou em volta e viu uma Hermione toda orgulhosa e um Rony que parecia não estar acreditando em si mesmo. Os três se abraçaram e ouviram o prof. Pauline parabenizá-los e entrega-los um certificado de aparatação.


            Harry, Rony e Hermione foram andando para o outro lado do Salão, onde os alunos que já tinham feito o teste, com sucesso ou não, esperavam, juntamente dos professores. A Prof. MacGonagall se aproximou deles e disse:


            __ Muito bem, os três. Era o que eu esperava.


            A prof. Trewlaney, que estava ao lado, começou a falar:


            __ Lembro-me até hoje de quando fiz meu teste de aparatação. As coisas não mudaram muito desde aquela época. Eu...


            Mas Harry não prestou atenção no resto, não porque o discurso parecia chato, mas porque uma luz prateada chamou sua atenção perto da porta do Salão.


            Um patrono.


            O garoto apontou a raposa prateada para os amigos. A professora de Transfiguração notou e olhou também. O patrono veio na direção deles.


            __ É...__ disse ela__ É o patrono de Rebecca. Fiquem aqui, vou chamar o professor Dumbledore.


            A raposa se postou na frente de Harry e dos outros. As pessoas já estavam curiosas a respeito dela, e o moreno tinha certeza de que o patrono carregava uma mensagem, mas ele não dizia nada.


            __ Vamos para um lugar mais reservado__ pediu Dumbledore quando chegou. Harry, Rony, Mione e a prof.MacGonagall acompanharam o diretor até uma porta no fim do salão, a mesma sala em que Harry entrara depois de ser escolhido para o Torneio Tribruxo.


            __ Realmente, é o Patrono de Rebecca__ disse ele quando todos entraram. Então, se voltou para a raposa prateada, que os havia seguido, e disse__ Revele sua mensagem.


            A raposa abriu o focinho e falou, na voz de sua conjuradora.


            Quando o Patrono terminou, Harry e os amigos de entreolharam. Ele olhou para o diretor, mas este observava o patrono com o olhar intrigado.


            Então Harry soube que todos ali tinham encontrado o mesmo problema que ele.


            Ninguém entendera o que o Patrono dissera.


            Não como Ayame fizera, demorando para interpretar a mensagem.


            É que a raposa prateada de Rebecca falara em uma língua desconhecida.


 


            Ayame aparatou em uma rua lateral àquela do Orfanato. Andou rapidamente, observando as pouquíssimas pessoas que estavam naquele lugar, empunhando a varinha. Avistou Rebecca na frente de uma construção grande e velha, com grades altas e desgastadas, observando quase que hipnoticamente o prédio.


            __ Raquel!__ chamou ela.


            Rebecca se virou.


            __ Ayame? O que você... Ora, isso não é importante, você não sabe o que acaba de acontecer! O ingrediente da varinha, está aqui!__ ela apontou para o orfanato__ Eu... eu ouvi uma voz dizendo isso.


            __ Uma voz?__ indagou a garota.


            __ Sim... E uma luz estranha brilhou dentro do prédio. Eu sei que parece estranho, e não sei como sei disso, mas eu tenho certeza absoluta de que está aqui.


            Ela falou isso com grande convicção, e Ayame resolveu acreditar.


            __ Bem__ disse a mais nova__ E o que vamos fazer? Eu mandei seu patrono avisar Harry e Dumbledore, esperamos por eles?


            Rebecca franziu as sobrancelhas.


            __ Que patrono? Eu não conjurei nenhum patrono.


            Ayame franziu a testa.


            __ Claro que conjurou. Sua raposa prateada, eu tenho certeza de que era a sua. Ela foi me avisar que você tinha encontrado um ingrediente.


            __ É sério, eu não mandei meu patrono.


            As duas se encararam por um momento.


            __ Isso foi estranho__ disse Rebecca__ Mas sinto que devemos agir logo.


            __ E o que faremos então?


            Rebecca se virou para o prédio.


            __ Entrar nesse orfanato velho e abandonado?


            Ayame também de virou para o orfanato.


            __ Parece ser uma ótima idéia.


 

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