Redenção



Cap. 58


REDENÇÃO


            Harry Potter abriu os olhos lentamente, mas rapidamente os fechou novamente. Não podia se arriscar a ser visto vivo por algum partidário de Voldemort.


            Com as pálpebras fechadas,  tentou lembrar-se do fim do caminho branco de pedras, mas não conseguiu vê-lo nitidamente. A única coisa de que se lembrava era uma intensa luz branca.


            Começou a tentar sentir o lugar onde estava. Notou que estranhamente tudo estava silencioso. Ouvia somente alguns ruídos aqui e ali. Sentiu que estava deitado na grama, e que seu corpo tinha sido colocado ali carinhosamente, o que o fazia pensar que não fora um Comensal da Morte que o fizera.Não sentia frio, nem o vento, e assim concluiu que estava em algum lugar fechado. Onde, Harry não fazia idéia.


            Assustou-se ao sentir algo quente tocar sua mão direita, estendida ao lado do corpo. Demorou um pouco para notar que eram dedos da mão de alguém.


            __ Ayame?__ sussurrou ele.


            __ Sim__ respondeu ela o mais baixo possível__ Onde estamos?


            Harry resolveu abrir os olhos, e assim o fez. Realmente, acima deles havia um teto de madeira, com palha saindo pelas frestas. Ele girou milímetros da cabeça até conseguir observar tudo em volta. Estavam sozinhos.


            Levantou-se e chamou Ayame, que fez o mesmo.


            O lugar era um tipo de cômodo de paredes de barro e madeira, bem rústico, com uma entrada mais à frente que parecia dar em um corredor, mas Harry reconhecia o gramado dos jardins onde estavam sentados.


            __ Que bom__ disse Ayame__ Estava com medo de que acordássemos em um caixão debaixo da terra ou algo assim.


De repente, eles ouviram muitos gritos vindos de algum lugar do lado de fora. Brados de entusiasmo e euforia. Ao mesmo tempo, reconheceram gemidos de apreensão em algum lugar mais perto.


__ Será que é seguro sair?


Mal Ayame tinha acabado de articular as palavras, eles ouviram passos e estranhos barulhos de ferro sendo arrastado; antes que pudessem se fingir de mortos, três pessoas apareceram na entrada do cômodo.


Hermione, Rony e Rebecca estacaram, os olhos arregalados e as bocas entreabertas . Harry e Ayame também assustaram-se, e no início não souberam como reagir. Os três estavam em um estado um tanto lastimável: sujos de terra e com cortes; Hermione tinha pedaços de grama nos cabelos. Tinham algemas com correntes compridas presas aos pés.


__ Hermione__ disse Rony enfim, com a voz esganiçada__ Você por acaso... assim... está vendo o Harry e a Ayame sentados ali?


Harry sentiu uma grande vontade de rir, mas se segurou, e disse:


__ Somos nós, Rony. Não estamos mortos.


Rony piscou.


__ Você também está ouvindo eles conversarem com a gente, Hermione?


Mione não dizia nada. Ayame a fitou bem nos olhos e falou:


__ Isso não é tão inédito assim, né? Voltei de novo, amiga.


Hermione começou a rir e pareceu relaxar um pouco.


__ Do que você está rindo?__ perguntou Rony com a voz ainda mais fina e as orelhas vermelhas__ Nós estamos ficando loucos, Mione!


A garota o ignorou e deu alguns passos em direção à Harry e Ayame, que levantaram-se e correram abraçá-la. Harry se aproximou de Rony, mas este deu alguns passos para trás. O moreno então lhe deu um soco no rosto.


__ Isso foi real o suficiente pra você?


Rony esfregou a bochecha e, depois de ficar um tempo encarando Harry, o abraçou também.


__ Como...?__ soltou Rebecca, que ficara muda e sem reação o tempo todo.


__ Contamos depois__ respondeu Ayame__ Depois que acabarmos com isso.


 


Rony, Rebecca e Hermione levaram-nos ao corredor, que no fim era somente isso, um corredor, curto, sem mais saídas a não ser a entrada da sala onde eles estavam e uma porta de ferro, onde estavam presas as correntes que prendiam os três. Havia mais uma argola de ferro na porta. Eles explicaram que, logo depois de Harry e Ayame terem caído no chão, ouve uma grande euforia. Voldemort imediatamente aclamou vitória. Mandou alguns Comensais construírem aquele abrigo com magia, e colocar os corpos lá dentro. Alguns dos prisioneiros também foram trancados lá, mas a maioria dos alunos e professores ficou na arquibancada para assistir ao espetáculo de horrores que se seguiu.


__ Fomos trazidos para cá, junto com Dumbledore__ disse Rony__ Hagrid foi levado para algum lugar perto da floresta, nós não vimos. Foi horrível. Vocês fizeram a gente passar os piores momentos das nossas vidas se fingindo de mortos.


__ Não estávamos exatamente fingindo__ corrigiu Harry__ Mas continue.


__ Cuidamos de vocês, porque os Comensais botaram vocês de qualquer jeito lá dentro__ disse Mione__ Queriam fazer coisas piores, mas Voldemort os convocou para alguma coisa. Depois de um tempo, vieram buscar Dumbledore. E agora, ao que parece, ele está duelando com Voldemort.


__ Quanto tempo se passou depois de Voldemort ter nos acertado com o feitiço? __ perguntou Harry.


__ Mais ou menos uma hora__ respondeu Rebecca.


Ayame e Harry se entreolharam. Onde estavam, o tempo pareceu bem maior.


__ O que faremos agora?__ a garota perguntou.


Antes que Harry pudesse responder, algo aconteceu. Uma grande leva de brados ecoou lá fora, e um segundo depois uma luz intensa e branca encheu o corredor.


Quando a luz diminui e a iluminação voltou ao normal, todos ficaram espantados.


Na mão de Rony, que ele encarava bem aberta na frente de seu rosto, nenhum dedo faltava. O dedo anular, que fora dado em troca da fibra de coração de dragão, estava lá.


__ E cada sacrifício será quitado e desfeito a medida que o ciclo de cumpre__ disse Ayame, sorrindo.


Rony, Hermione e Rebecca ficaram encarando a garota, pedindo explicações com o olhar, mas Harry interrompeu:


__ Temos que sair daqui.


__ Peraí__ a moça retrucou, franzindo a testa__ Sair? Você quer ser morto de novo? Há milhares de Comensais armados lá fora.


__ Morto não__ respondeu Harry__ Mas ser visto seria uma boa idéia.


 


 


            Alguns minutos depois, Harry, Ayame, Rebecca, Rony e Hermione estavam sendo levados por três Comensais confusos e espantados até a arena onde tudo acontecia. Eles nem tinham precisado armar um plano para chamar a atenção dos Comensais para que abrissem a porta e vissem Harry e Ayame misteriosamente vivos lá, pois a luz intensa fizera isso por eles.


            A cabana ficava uns dez metros do campo de quadribol. Eles entraram por uma entrada lateral, que saía perto do trono de Voldemort, montado agora mais perto da arquibancada, no centro.


            Na arena, Harry viu o Lorde andar em círculos, segurando a Varinha e sibilando algo para Dumbledore. Este também estava em estado físico lastimável, mas permanecia altivo, segurando a varinha com força. De onde estava, Harry não conseguia ver seu rosto, mas sabia que veria determinação nele.


            Antes que os Comensais que os levavam pudessem avisar aos outros, Voldemort ergueu a varinha no duelo e lançou um feitiço. Logo isso aconteceu, a luz intensa mais uma vez voltou, e quando passou, Rebecca segurava em sua mão, espantada, sua própria varinha.


            __ Mas o que...?


            A luz chamara a atenção dos partidários de Voldemort que estavam na arquibancada, que desceram e se viraram para ver o que acontecia. Mais do que depressa, Rebecca nocauteou os três Comensais e apontou a varinha para Harry e Ayame, lançando-os um feitiço Desilusório.


            __ É melhor dar uma surpresa para Voldemort__ piscou ela.


            Os dois saíram de perto do alvoroço que se formaria ali, e desviaram até chegar ao trono de Voldemort. Lá, Ayame fez alguns sinais a Harry e caminhou até o outro lado da arquibancada, cuidando para não deixar marcas de pés.


            Enquanto isso, os Comensais tinham prendido Rony, Hermione e Rebecca novamente, e tentavam descobrir como a moça conseguira aquela varinha. Voldemort, tomando atenção do que acontecia, interrompeu mandando que trouxessem Rebecca até a arena e segurassem os outros dois lá.


            __ Vai ser interessante ver como vocês dois__ ele indicou Dumbledore e Rebecca__ reagem a mim.


            __ Eu tenho uma outra idéia__ disse Rebecca enquanto era empurrada para o duelo__ Vai ser interessante ver como você, titio, reage ao perceber que seu maior inimigo venceu a morte e você não.


            Ela se postou ao lado de Dumbledore, que não a olhou mas franziu levemente a sobrancelha ao ouvir o que a moça dissera. Voldemort a fitou por alguns momentos e depois riu.


            __ Tola__ sibilou ele__ Não sabe do que está falando. Eu venci a morte. Não posso ser derrotado. Eu matei meu maior inimigo. A morte o venceu, mas nunca me vencerá, e por isso que sou mais forte que ele.


            Rebecca sorriu misteriosamente. Harry, que subira no trono de Voldemort para ter uma visão melhor, notou que o Lorde tentava ler a mente da moça, mas não conseguia.


            __ Você me ensinou bem Oclumencia__ disse ela__ Se arrepende agora?


            Voldemort ergueu a varinha e apontou para ela:


            __ Disso não me arrependerei. Avada Kedrava!


            O coração de Ayame saltou ao ouvir isso, mas então ela notou que nada acontecera. Nenhum raio verde.


            A Varinha não funcionava mais com Lord Voldemort.


            Voldemort arregalou os olhos, e olhou frustrado para a Varinha que segurava. A arena entrou em um silencio de medo, confusão e constrangimento.


            __ Tragam minha varinha!__ mandou ele.


            Harry olhou para o trono e viu a varinha de Voldemort ali em cima. Levantou os olhos e então notou que Dumbledore olhava em sua direção. Mesmo com o feitiço Desilusório, de algum modo o diretor sabia que ele estava lá. Dumbledore sorriu discretamente.


            __ Nunca imaginei que fosse ver isso algum dia__ uma voz falou, fazendo com que o silencio de medo se aprofundasse, pois era a voz de Ayame__ O grande Lorde das Trevas, tão poderoso, incapaz de fazer um feitiço!


            Voldemort virou a atenção para o local de onde a voz vinha, mas não viu nada.


            __ Boa brincadeira__ ele voltou-se para Rebecca e Dumbledore.


            A moça moveu levemente sua varinha para que o feitiço que lançara em Ayame se desfizesse e ela ficasse visível. Num estalo, ela apareceu na arquibancada atrás deles.


            Voldemort arregalou os olhos ao vê-la, mas logo se recompôs.


            __ Surpreso em me ver, Voldemort? Pensei que fosse sentir minha falta. Nossa falta.


            __ Você é um fantasma__ disse ele confiante.


            __ Não teria tanta certeza assim.


            Voldemort franziu os lábios de raiva e frustração, pois sabia que era verdade, apesar de não entender o que acontecera.Voltou-se para o seu trono e caminhou em sua direção, já que os Comensais tinham ficado tão confusos que nenhum tinha buscado sua varinha.


            __ Procurando isso?


            A varinha de Voldemort começou a flutuar no ar, à frente de seu trono. Com mais um pequeno aceno da varinha de Rebecca, Harry apareceu sentado no trono, segurando a varinha dele.


            O Lorde das Trevas estacou.


            __ Potter__ sibilou ele__ Como é possível...?


            __ Diria que foi amor, Voldemort__ respondeu Harry, levantando-se.


            __ Foi essa maldita varinha__ o Lorde segurou com força a varinha que tinha na mão__ Não funciona do modo certo. Nenhum feitiço dá certo com ela.


            __ Ela funciona sim__ respondeu Harry__ Mas não foi feita para você usá-la.


            Nesse momento, algo aconteceu nas arquibancadas. Os Comensais e outros partidários de Voldemort estavam espantados e assustados demais para prestarem atenção ao que acontecia à sua volta, e isso deu a chance para que vários professores e alunos os dominassem e recuperassem suas armas. Aos poucos, foram se libertando, e uma batalha foi se formando na arena.


            Ayame correu até onde sabia que estava sua varinha. Os Comensais que a guardavam estavam tão assustados que ela conseguiu recuperá-la sem esforço, com um pouco de ajuda de Hagrid, que apareceu na arquibancada.


            __ Você!__ bradou ele__ Isso não é uma alucinação, é?


            __ Não!__ respondeu a garota, rindo__ Onde você estava?


            __ Tinham me levado para a floresta__ respondeu o gigante depois de abraçar Ayame com força__ Mas, sabe como é, tenho vários amigos lá que me ajudaram a escapar. E quando resolvo voltar, encontro isso!


            Recuperada a varinha, Ayame voltou para ajudar Rony e Hermione a escapar, enquanto Hagrid auxiliava a prof. MacGonagall, e Rebecca e Dumbledore cuidavam de alguns Comensais mais fortes que os atacavam.


            __ Você vai perder, Potter__ Voldemort sibilou para Harry, raivosamente.


            __ Olhe à sua volta!__ retrucou o garoto, fazendo um gesto amplo com as mãos__ É você quem está perdendo, Voldemort.


            De repente, a varinha de Voldemort, que Harry segurava, saiu voando de sua mão. Procurando em volta, ele viu Belatrix Lestrange olhando com raiva para ele, a varinha erguida. Não teve muito tempo de analisar a situação pois, além de Rebecca aparecer atacando a inimiga, ele notou uma movimentação e viu Voldemort recuperando sua varinha.


            Num gesto de desespero, Harry esticou o braço em direção ao Lorde, que segurava em sua mão as duas varinhas: a sua própria e a Varinha. Esta última, como se correspondesse ao movimento de Harry, saiu da mão de Voldemort e foi voando para a mão dele.


            __ Não vai escapar dessa vez!__ gritou o Lorde, apontando a varinha para Harry.


            Num reflexo, Harry ergueu aVarinha que segurava em sua mão, apontando-a para Voldemort.


            Num segundo, pareceu que tudo tinha parado. Todo o barulho ao redor de Harry cessou.


            E ele viu o jato de luz verde que saíra da varinha de Voldemort chocar-se com o jato de luz branca que saíra da Varinha e empurrar a Maldição da Morte lançada pelo Lorde das Trevas.


            E ele viu Voldemort empalidecer por um momento; e viu o jato de luz branca acertá-lo, jogando seu corpo alguns metros para trás.


            E então todo o som voltou ao normal.


            E com ele, o som mais horrível que Harry escutara.


            Desta vez, não era o grito de Voldemort, mas sim do espírito maligno que habitava seu corpo. Todos se paralisaram enquanto assistiam a coluna de fumaça negra deixar o corpo do Lorde e, com um som horrivelmente indescritível, que dava sensação de morte e desesperança, se dissolver no ar.


            O espírito maligno estava derrotado.


            Harry segurou a varinha com mais força, caso Voldemort se levantasse, mas passaram-se alguns minutos de silencio total e isso não aconteceu.


            Então, um alvoroço se seguiu nas arquibancadas, pois todos os que eram contra Voldemort começaram a gritar, eufóricos, aclamando vitória. Harry podia ouvir Hagrid berrando em algum lugar, de felicidade, e notou que os Comensais da Morte tentavam fugir, mas eram barrados e encurralados, ou entravam na manifestação, fingindo algo como um arrependimento.


            Porém, dentro de si Harry sentia que aquilo não estava certo.


            Não acabara ainda.


            Seu olhar encontrou-se com o de Ayame, do outro lado da arena, e ambos então voltaram a atenção para o corpo imóvel de Lorde Voldemort, bem no centro do gramado.


            Lentamente, Harry desceu do trono e foi caminhando até chegar perto do inimigo. Algo estranho estava acontecendo.


            Ele se aproximou, e quando o fez, Voldemort abriu os olhos.


            Harry ergueu a varinha por puro instinto, porque na verdade não sentia que aquele ser era uma ameaça.


            Pois os olhos de Voldemort não eram mais fendas vermelhas e cruéis.


            Sua pele não era mais branca e lisa como a de uma cobra.


            E sua voz não era mais aguda e fria como sempre fora.


            __ Potter__ sussurrou ele, com a voz rouca, diferente.


            E então Harry soube que aquele não era mais Lorde Voldemort.


            Aquele era Tom Riddle.


            Ayame, encorajada pela iniciativa de Harry, se aproximara também, e ficara espantada com aquele homem de pele e olhos acinzentados, deitado quase imóvel no chão.


            __ Harry Potter__ chamou Riddle, novamente, procurando Harry com o olhar até encontrar.


            Harry não respondeu, mas abaixou a varinha.


            __ Ele me deixou__ continuou Tom__ Não sou mais imortal. Nunca fui.


            Ele piscou uma vez, lentamente. Harry então notou que Dumbledore se aproximara deles, e toda a euforia tinha cessado. A arquibancada estava em silêncio.


            __ Alvo__ disse Riddle ao ver Dumbledore.


            __ Tom__ respondeu o diretor, com a voz rouca.


            Riddle novamente virou o olhar para Harry.


            __ Chegue mais perto, por favor.


            Harry hesitou, e olhou pra Dumbledore. O diretor fitava o homem deitado a seus pés, e assentiu sem olhar para o garoto. Ayame mostrou a Harry que tinha pego a varinha caída de Voldemort, e assim não haveria perigo dele usá-la.


            O garoto ajoelhou-se ao lado dele.


            __ Durante a maior parte da minha vida__ disse Riddle, com a voz falha e fraca, fitando o céu__ eu fui cegado pela minha busca pelo poder. Quando parte de mim percebeu que eu estava fazendo tudo errado, já era tarde demais. Já estava tomado.


            Ele virou os olhos para Harry. Estes estavam, pela primeira vez que o garoto já vira, marejados.


            __ Sinto muito pelo o que fiz.


            Harry entreabriu os lábios, com a intenção de falar algo, mas não fazia nem idéia do que dizer. Observando Tom Riddle ali, ele percebeu que nos olhos que fitava, bem no fundo deles, havia arrependimento. E também percebeu que ele mesmo fitava Riddle não com raiva ou medo, mas com compaixão.


            __ Deixe-me ir__ pediu Tom, fracamente_ Aqui não é meu lugar.


            Harry piscou, confuso e um pouco amedrontado pelo pedido. Depois do que vira e do que estava sentindo naquele momento, achava que não conseguiria pronunciar as palavras. Não poderia matar Tom Riddle.


            __ Por favor__ o homem tornou a pedir.


            Harry de repente sentiu a Varinha vibrar em sua mão. Lentamente, ergueu-a e ficou observando-a.


            Então, estendeu a mão e tocou a varinha na testa de Tom Riddle.


            Nesse momento, um pequeno ponto luminoso apareceu na ponta da varinha. Harry a afastou, mas o pontinho de luz continuou na testa de Riddle.


            __ Espere__ disse o homem deitado. Havia uma súplica em seus olhos__ Eu... estou com medo. O que acontecerá agora?


            O garoto ficou um pouco espantado por saber exatamente a resposta.


            __Você encontrará uma Encruzilhada e fará uma escolha__ respondeu Harry__ Não haverá nada o que temer.


            Tom sorriu, o primeiro sorriso verdadeiro que Harry já vira naquele rosto.


            E então a luz desapareceu e o vida esvaiu-se dos olhos de Tom Riddle.


            O silencio permaneceu por alguns instantes.


            __ E pelas mãos daquilo que ele mais condena ele se salvará__ disse Ayame__ Perdão. Misericórdia.


            __ Amor__ completou Harry, assentindo.


            Dumbledore estendeu a mão e fechou as pálpebras de Riddle.


            __ Todos merecem uma segunda chance__ disse ele__ Espero que Tom aproveite-a da melhor maneira possível.


            E assim morreu um dos bruxos mais poderosos de todos os tempos, e acabou-se uma das maiores guerras que o mundo bruxo já presenciara.


 


            Parte do pessoal da Ordem iria até o Ministério da Magia dar as noticias e coordenar tudo. Infelizmente, parte dos aliados de Lorde Voldemort conseguiria fugir, mas a maioria daqueles que estavam em Hogwarts iriam ser presos.


            O corpo de Tom Riddle iria ser colocado nas masmorras. No dia seguinte, aconteceria o enterro, tanto dele quanto de Severo Snape, mas mesma clareira da Floresta Proibida onde estavam o pai e a filha Vermefire. As aulas seriam suspensas por dois dias para a organização das coisas em Hogwarts.


            E enfim um grande banquete seria feito no Salao Principal para comemorar o início daquele novo tempo.


            Antes de tudo isso efetivamente acontecer, enquanto os alunos e professores se organizavam no campo, voltando para o castelo, Harry se encontrou sozinho no meio dos jardins, perto do lago, logo depois de ter se certificado de que tudo estava correndo bem no transporte do corpo de Tom Riddle.


            A Varinha ainda estava na sua mão. De repente, lembrou-se de sua própria varinha.


            Enquanto tirava os pedaços de sua varinha do bolso traseiro da calça, notou Ayame se aproximar.


            __ Sabe__ ela disse ao notar o que o garoto fazia__ Podemos pedir que Raoul faça outra pra você.


            Harry sorriu, assentindo. Mas, tinha uma certa impressão de que deveria fazer alguma coisa.


            Então, segurando a Varinha em uma mão e os pedaços de sua varinha na outra, disse:


            __ Reparo.


            E os dois pedaços de varinha juntaram-se num só, formando mais uma vez a antiga e amada varinha de Harry.


            Ao mesmo tempo, a Varinha começou a vibrar e a brilhar, e então, para surpresa de Harry e Ayame, partiu-se exatamente ao meio.


            E de dentro dela saiu uma pequena bolinha brilhante, feita de alguma substancia que eles não conheciam, ou talvez a junção de todas as coisas brilhantes do mundo.


            __ Lindo__ murmurou Ayame, fitando o grão na mão de Harry.


            O garoto fechou a mão e se virou para ela.


            __ Lembra do que a gente estava fazendo antes dos Comensais entrarem em Hogwarts?


            A garota sorriu de modo distante.


            __ Parece que foi a tanto tempo atrás.


            __ É... estávamos exatamente aqui, onde estamos agora.


            __ É verdade!__ assentiu Ayame, rindo.


            __ Lembra do que a gente estava falando?


            A garota fechou os olhos por um momento, com um sorriso nos lábios, como se visualizasse a situação.


            __ Sim.


            Harry tocou delicadamente seu rosto, fazendo-a abrir os olhos.


            __ Se você se lembra do que eu te disse__ sussurrou ele, puxando a mão de Ayame que usava o anel que ele a dera há um ano atrás__ Mesmo depois de tudo o que aconteceu, aquela proposta ainda está de pé.


            Ayame sorriu.


            __ Assim como minha resposta.


            Então, Harry encaixou a pedra cintilante da Varinha no anel de Ayame, beijando-a depois disso.


            Hagrid e Carlinhos estavam subindo para o castelo, e os dois os acompanharam. No Saguão de Entrada, encontraram Rony e Hermione.


            __ Mas e os testes de fim de ano?__ dizia o ruivo__ Vão ser cancelados? Não podem ser cancelados.


            __ Nossa__ riu Carlinhos__ Sabe, essa devia ser Hermione falando, Rony.


            O ruivo mais novo virou-se para eles.


            __ Ora__ disse, fazendo todos rirem__ Mamãe nunca vai me perdoar se eu terminar a escola sem um N.I.E.M’s, nem que seja porque Voldemort foi derrotado! Fred e Jorge já fizeram isso.


            Mesmo com o humor, o fato de que Lorde Voldemort realmente fora derrotado abateu-se sobre eles, fazendo-os sentirem-se em paz depois de muito tempo.


            Ayame olhou para as paredes do castelo como se fosse a primeira vez que as via. E era como se realmente fosse. Era um novo castelo. Um novo tempo na vida deles.


            Abaixando os olhos, ela viu Rebecca à frente de uma das grandes janelas que davam para o jardim. Deixando os amigos para trás, aproximou-se da irmã, postando-se do lado dela sem dizer nada.


            Depois de algum tempo, a mais nova disse:


            __ Sabe, eu encontrei a mamãe. O papai também, e Ayume.


            Rebecca virou-se espantada para ela.


            __ O quê?


            Ayame sorriu.


            __ Eles disseram que te amam muito, e que sempre estarão te protegendo. E que perdoam você. Mas que você precisa perdoar a si mesma também.


            Rebecca ficou em silencio por um bom tempo, e então suavizou a expressão.


            __ Eles disseram isso mesmo?


            Ayame assentiu e riu:


            __ Na verdade, essa última parte fui eu que acrescentei. O que não a invalida como verdade.


            Rebecca sorriu e abaixou a cabeça.


            __ Obrigada__ murmurou ela depois de algum tempo.


            As duas se abraçaram com força. Foram interrompidas por Hermione, que chegava até ali dizendo:


            __ Ayame! Harry acabou de nos contar!


            A garota franziu a testa e perguntou:


            __ Contar o que?


            Hermione agarrou a mão da amiga, rindo:


            __ Que vocês vão se casar!!


            Depois de várias explicações, parabenizações e risadas, Ayame e Harry encontraram-se com Dumbledore. Em uma sala no segundo andar, os dois contaram grande parte do que acontecera com eles.


            __ A vida é um grande mistério__ o diretor disse__ Mas a morte é ainda mais misteriosa. Sortudos são aqueles que, como vocês, a entendem um pouco.


            __ Só um pouco__ enfatizou Ayame, sorrindo.


            Enquanto Harry e Ayame andavam pelo corredor, o garoto parou em uma das grandes janelas, observando a paisagem de Hogwarts. Observando os jardins, o lago e o céu, Ayame disse depois de algum tempo:


            __ Acabou, não é?


            Harry sorriu e levou a mão à cicatriz.


            __ Sim__ respondeu__ Mas outro ciclo acabou de começar.  Não é?


            Ayame assentiu, e os ambos ficaram ali, observando o sol começar a se por, ilustrando ciclo que estava para se iniciar.


            Pois a vida é assim: há períodos de luz e de escuridão, e cabe a nós fazer com que dia e cada noite valha a pena.



Esse é o penúltimo capitulo einh!!
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