Plano em prática



Cap. 16
PLANO EM PRÁTICA

Ayame, Juliano e Maria Eduarda pararam ofegantes em um corredor no segundo andar.
__ Nunca...mais...faça...isso__ disse a morena, apoiando-se em uma armadura e apontando um dedo para o garoto.
Juliano, enquanto os três passeavam por Hogwarts e Ayame explicava a origem de alguns quadros para Maria, resolvera se divertir um pouco e se separou das duas. As garotas mal sentiram falta dele quando ele veio correndo de um corredor lateral, gritando:
__ Corram!!
__ Mas o que....??
__ Eu lancei um feitiço no Pirraça e ele ta cabreiro, cara!! Muito bravo!
__ Você o quê???
No momento seguinte, Pirraça passou voando por cima da cabeça deles, atirando lama e bombas de bosta para todos os lados. No momento, depois de quase dez minutos correndo, eles tinham conseguido despista-lo.
__ Você é louco, Juliano__ reclamou Maria, limpando com a varinha uma mancha de lama em sua calça.
__ Ah, mas foi divertido, não foi?__ o garoto disse, encostando-se na parede.
__ O que é divertido?__ veio uma voz de trás da parede, e Juliano pulou de susto.
__ Murta!__ exclamou Ayame quando a fantasma atravessou a parede. Ela acabara de notar que estavam na frente do banheiro assombrado.
__ Q-quem é você??__ perguntou Juliano.
__ Quem...quem sou eu??__ Murta pareceu ofendida, e Ayame não demorou a tentar consertar:
__ Esta__ disse ela__ é Murta, a fantasma do banheiro do segundo andar.
__ Ah__ fez Maria, e olhou para Ayame, dando uma piscadinha__ Aquela que ajudou na solução do caso da Câmara Secreta, não é....
__É, eu mesma__ a fantasma se empertigou toda.
__ Perai, você quer dizer a Murta-que-Geme??__ indagou Juliano.
Ayame fez uma careta; esse não era um nome pelo qual Murta gostava de ser chamada.
__ Aiin__ gemeu a fantasma, afetadamente, se virando para o garoto__ Você...
Murta parou um instante.
__ Hum, eu não gosto de ser chamada assim, mas vejo que você é novo aqui em Hogwarts... Não gostaria de dar uma voltinha por aí?
A fantasma deu uma risadinha fina e se aproximou de Juliano, pegando em seu braço.
O garoto lançou um olhar aterrorizado às garotas à sua frente. Ayame notou que Murta ficava olhando para o seu braço flutuante e de um transparente esbranquiçado para o braço moreno de Juliano, como se gostasse do contraste entre as duas cores.
__ Sua pele tem um tom muito bonito__ riu a fantasma, de um jeito preocupante. Juliano olhou suplicadamente para Ayame.
__ Murta, nós temos que ir, desculpe__ a garota puxou Juliano pelo outro braço, seguida por Maria, que empurrou as costas do garoto para o lado oposto. Os três se afastaram antes que a fantasma pudesse reclamar ou ter outra idéia, mas não o suficiente para Ayame deixar de ouvir Murta resmungar:
__ Essa Ayame... sempre rouba os garotos que eu gosto... primeiro o Harryzinho, agora o morenão...
Os três riram ao ouvir isso, e trataram de se dirigirem para o mais longe possível do banheiro do segundo andar, enquanto o sol já se punha lá fora.

Ayame e Juliano se despediram de Maria, que iria para a sala comunal de Corvinal, enquanto os outros dois rumavam para a sala da Grifinória. Falaram a senha quando chegaram à frente da Mulher Gorda (Hipogrifos dourados) e entraram. Por insistência de Ayame, Juliano foi fazer seus deveres, e a garota resolver ver se tinha algum recado no mural da sala.

AULAS DE APARATAÇÃO

Informamos que a primeira aula de Aparatação será realizada nesse fim de semana, no sábado, das duas às três e meia da tarde, no Salão Principal. Contamos com a presença de todos os alunos do sexto e sétimo anos.

Atenciosamente,
Meturisca Hilopyu – Coordenadora de Área Escolar do Ministério de Magia.
Alvo Dumbledore – Diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Ayame sorriu, entusiasmada. Seria muito bom saber aparatar, e a primeira aula seria dali exatamente uma semana. Mal acabara de ler o recado, ouviu o buraco do retrato se abrir e Hermione e Rony entrarem, conversando. Pensou na sua decisão de fazer as pazes, e resolveu bota-la em prática.
__ Ei, Rony, Mione!__ chamou ela__ Olhem isso, nós teremos aulas de...
Os dois pararam de conversar na hora e ficaram sérios.
__ Ah, desculpa, Ayame, mas estamos ocupados__ disse Hermione, dando as costas ao mural e rumando em direção ao dormitório.
__ Mas não é nada, eu só queria avisar que...__ Ayame retomou, mas foi interrompida novamente.
__ Agora não__ Mione lhe lançou um olhar duro e começou a subir as escadas para seu quarto.
Ayame franziu as sobrancelhas e lançou um olhar intrigado à garota, mas esta não estava mais olhando. Então, se virou para Rony, mas este lhe olhou seriamente, deu de ombros e também subiu para seu dormitório.
A garota sentiu um ímpeto de subir até seu quarto e tirar isso a limpo com Hermione, mas resolveu que era melhor deixar, se queria fazer as pazes. Então, sentou-se em uma poltrona e ficou ali, um tanto emburrada.

Harry entrou na sala comunal, voltando da biblioteca onde estivera fazendo um trabalho de Adivinhação, e deparou-se com Ayame andando de um lado para o outro na frente da lareira.
__Ah, Harry__ fez a garota, mas quando parecia que ia falar mais alguma coisa, calou-se.
O garoto lembrou-se do que combinara com Hermione, de ignorar Ayame,e voltou a andar em direção ao dormitório. A garota, porém, voltou a falar:
__ Ali, no quadro de avisos, tem...
__ Tenho certeza que Hermione pode me contar isso amanhã. Estou cansado agora, Ayame, então vou tomar um banho e dormir.
A garota abriu a boca para falar algo, mas Harry a interrompeu.
__ Boa noite__ e desapareceu subindo as escadas.
Debaixo do chuveiro, Harry pensava se o que estavam fazendo era realmente preciso. Então, lembrou-se da briga que tivera com Ayame no dia anterior, e resolveu não questionar mais o plano de Hermione.

Na domingo, Ayame acordou cedo e desceu as escadas para a sala comunal. Hermione estava ali, sentada, lendo um livro sobre documentos escritos em runas. Ayame a cumprimentou, mas ela não respondeu, e a morena não sabia se era porque não tinha ouvido ou porque não queria mesmo, mas deixou pra lá. Sentou-se em uma poltrona e esperou, até que Rony e Harry desceram as escadas de seus dormitórios. Hermione fechou o livro e disse “bom dia” para os dois. Os três começaram a rumar para o buraco do retrato, e Ayame os seguiu.
Harry lhe lançou um olhar indagador quando Ayame se aproximou deles, como se perguntasse o que ela estava fazendo ali, e a garota estranhou o olhar, mas não disse nada e continuou andando atrás deles.
Hermione puxou um assunto sobre as aulas que eles estava tendo, e como Ayame não estava participando, não entendia muito. Porém, algumas vezes tentava fazer algum comentário, mas mal abria a boca, outra pessoa falava algo e ela se calava. Depois de algum tempo, contentou-se em só ouvir.
Enquanto tomavam café, no Salão Principal, o mesmo ocorria. Quando eles terminaram de comer, Harry, Rony e Hermione levantaram-se, mas Ayame permaneceu sentada, e apesar de já estar satisfeita, pegou mais um pão com geléia.
__ Não terminou ainda?__ perguntou Rony.
__ Não, depois eu alcanço vocês... Onde vocês vão estar...?
Mas os três já estavam andando e se ouviram a pergunta não fizeram questão de respondê-la.
Ayame ficou remexendo o seu pão até a geléia se espalhar toda no prato. Com certeza ela notara que Harry, Rony e Hermione estavam agindo muito diferentemente com ela, e no fundo sabia o porquê disso.
Foi interrompida de seus devaneios por uma voz conhecida.
__ Ayame! Ei...
__ Oi? Maria, Juliano... tudo bem?
__ Aham__ Juliano sentou-se do lado dela__ Terminou seu pão?
__ Não quero mais, pode comer...
O garoto atacou os restos do prato de Ayame enquanto esta conversava com Maria Eduarda.
__ Você também vai ter aulas de aparatação?__ perguntou a morena.
__ Corvinal vai ter sim, mas não sei se eu e Juliano podemos... Pelo o que eu sei, o teste daqui não vale lá no Brasil, mesmo que passássemos, teríamos que fazer outro...
__ Ah, mas vale a pena tentar não é?__ disse Ayame__ Se passarem aqui, já sabem que podem passar lá.
Juliano concordou com a boca cheia.
__ O que vocês querem fazer hoje?__ perguntou a morena novamente, sorrindo.
__ Não sei... __ disse Maria__ Na verdade, eu pensei que você fosse ficar com Hermione, Rony e Harry hoje.
Ayame continuou sorrindo, mas seu sorriso não mais chegava aos olhos.
__ Não__ respondeu ela__ Eu acho melhor ficar com vocês hoje.
__ Pchodimus...__ Juliano engoliu o pão com esforço__ Podemos jogar alguma coisa! Lá fora!
As duas garotas concordaram, e eles começaram a conversar animadamente sobre isso.

Assim passou-se a segunda semana de setembro. Ayame começara a passar a maior parte do seu tempo livre (na verdade, do tempo livre de seus amigos) com Juliano e Maria Eduarda. Ela ajudava-os a fazer as lições (do seu modo) e a escrever melhor as redações (que, no caso de Juliano, estavam péssimas). Quando estes estavam em aula, ela ficava perambulando pelos corredores, às vezes com um Feitiço de Ilusão para não ser vista (ela preferia não pedir a capa de Invisibilidade para Harry), e algumas vezes fazia o Fantasma dos Perdidos nos Corredores voltar à ativa. Aliás, ela teve que conversar com Nick Quase sem Cabeça e os outros fantasmas de Hogwarts sobre isso, para que eles não se ofendessem com um fantasma que entrara sem permissão na escola. Em outros momentos, ajudava Tiny na sala comunal e até chegou a fazer algumas visitas à cozinha, onde gostava de observar a pequena elfa se atrapalhar toda quando Dobby falava com ela, e este se atrapalhando todo para fazer um belo sanduíche para a garota.
Harry, por sua vez, passava a maior parte do seu tempo livre fazendo lições e trabalhos dados pelos professores. Na outra parte, ficava conversando com Rony sobre o Campeonato Interescolar, suas chances no jogos e quem seria um bom jogador no time. Falando nisso, ele conversou com a prof. MacGonagall e marcou testes para novos jogadores de quadribol para a semana seguinte, na terça-feira, do horário da última aula (a qual ele, e também Rony, tinham livre) até mais tarde, pois assim quem tivesse horário livre nesse período iria primeiro e quem não tivesse poderia ir depois também.
Além disso, Harry, Rony e Hermione continuavam com o plano de ignorar Ayame. Eles notaram que, na maior parte daquela semana ainda, ela tentava conversar com eles, mas a partir de um ponto nem sentava mais ao lado deles na mesa do Salão Principal. Hermione era a que mais se empenhava em dar cortes na garota, sendo por vezes bastante cruel, mas Harry não a culpava.
Rebecca, com seu disfarce de Raquel, estava gostando de dar aulas, principalmente para os anos mais avançados, que era onde trabalhava mais profundamente seu novo método. Ainda não apresentara os feitiços e contrafeiticos que os Comensais da Morte tinham confeccionado; segundo Dumbledore, era melhor esperar os alunos “se adaptarem novamente” ao ritmo de estudos. Por enquanto, estivera começando a apresentar seus pensamentos, ouvindo o que os alunos tinham a dizer sobre as Artes das Trevas também, e por algumas vezes ouvia cochichos, geralmente vindo dos alunos de Sonserina, que deixavam claro sua preferência por aquele tipo de magia, o que a fazia lembra-se de seus dias iniciais como Comensal.
Estivera, além disso, conversando com Severo Snape também. Os dois preferiam não tocar no assunto que tinham primeiramente em comum, mas acabaram encontrando certa cumplicidade entre ambos e assim encontraram mais coisas sobre o que falar. Snape lhe falara sobre sua Poção Polissuco, como encontrara a trouxa de quem arrancou de forma indolor alguns fios de cabelo, uma moradora rural nos arredores de Londres. Rebecca lhe falava sobre suas impressões dos alunos, sobre como era estar na frente deles, e Snape ouvia tudo fazendo comentários maldosos sobre os alunos da Grifinória e elogiando certos alunos de Sonserina. A moça não o repreendia por isso, mas deixava claro quando não compartilhava da mesma opinião do outro professor.
E assim a semana passou em Hogwarts, e logo o dia da primeira aula de Aparatação chegou.

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