O baile



Cap. 43


O BAILE


           


            Ayame quase deu um pulo de felicidade.


            __ Você vai? Jura?


            __ Eu vou. Você tinha razão. Sr.Potter, chame seus amigos de volta para a casa. Dê isso ao taxista como pagamento__ ele lhe estendeu uma nota azul com um peixe estampado e um ‘100’.


            Harry, que estava um tanto eufórico também, mas um pouco confuso, foi chamar Rony e Hermione.


            Raoul virou-se para Ayame.


            __ Desculpe pelo o que eu fiz no escritório. Você nunca teve medo de mim, não é agora que eu devia ter a assustado.


            A garota sorriu delicadamente.


            __ O fato de você ter aceitado fabricar a varinha para a gente já acaba com todo o seu carma.


            Ele riu e pediu que ela o acompanhasse. Eles caminharam de volta à mansão, subiram as escadas até o segundo andar e foram até o fim do corredor. Raoul entrou no quarto mas Ayame hesitou.


            __ O que foi?


            __ Este é o seu quarto. Eu... nunca entrei aqui.


            Raoul voltou até a porta e pôs a mão em seu ombro.


            __ Vamos, não seja boba__ disse ele__ Eu quero te mostrar uma coisa.


            Ela entrou, olhando em volta. Não era maior do que os outros quartos daquele andar, mas parecia bem mais... misterioso. A cama tinha uma cortina, fina e quase transparente, como naquelas camas antigas. Havia um guarda roupa, este maior do que os outros, e um criado mudo de madeira escura encostado na parede oposta à janela,cujas cortinas eram pretas e pesadas, e em baixo de um quadro. Quando os olhos de Ayame pousaram na pintura, ela ofegou.


            __ É... é... é a Mona Lisa??


            Raoul olhou para ela e riu.


            __ É, mas não a verdadeira. É a única peça na casa que é uma réplica.


            A garota suspirou, um tanto espantada, e foi até onde o vampiro estava. Ele tinha pegado uma caixinha de porcelana branca do criado mudo e estava sentado na beira da cama.


            Ayame sentou-se e ele disse:


            __ Eu vou poder fabricar a varinha, mas saiba que esse é um processo que deve ser feito na hora certa para dar o mais certo possível. A varinha que vocês me propuseram é muito especial, por isso escolherei um momento especial. Como você sabe, todo ano há um pequeno evento aqui em minha mansão.


            A face de Ayame se iluminou.


            __ Você chama a maior reunião de bruxos que vivem na América Latina em um só lugar de pequeno evento?


            __ Há bruxos da Europa também. Alguns.


            Ayame continuou sorrindo.   


            __ Esse pequeno evento__ continuou Raoul__ Acontecerá essa semana, aqui, como sempre. Mais precisamente na quinta.


            __ Essa semana?__ exclamou a garota__ Quer dizer que poderemos participar? Isso é ótimo! Daquela vez que eu vim, foi tão... tão...


            __ Mágico?__ completou o vampiro, sorrindo__ É por isso mesmo que eu decidi fabricar a varinha nesta noite.


            __ Tudo bem__ disse ela__ No que podemos ajudar?


            __ Por enquanto, em nada, mas quero que fiquem na festa. Serão meus convidados de honra.


            __ Obrigada.


            __ Tem mais uma coisa. Uma condição para que eu fabrique a varinha.


            Ayame assentiu, esperando Raoul dizer qual seria a condição (ela aceitaria qualquer coisa__ bom, quase qualquer coisa), mas ele abriu a caixinha de porcelana em silencio e retirou um saquinho de veludo vermelho de dentro.


            Ele abriu o saquinho delicadamente e tirou um anel.


O anel mais bonito que Ayame já vira. Prateado, com um diamante pequeno e delicado lapidado em formato de um coração. Os raios de sol batiam nele formando um pequeno arco-íris, que projetava-se na colcha branca da cama onde estavam sentados.


Quando a garota viu o anel, sua expressão foi de deslumbramento, mas logo deu lugar a uma expressão de apreensão e medo.


Um turbilhão de imagens passou pela mente de Ayame: o anel em seu dedo; um vestido branco; ela e Harry fugindo; Raoul atrás deles; o vampiro atacando Harry, e entao o corpo dele em uma cama, inerte; ela em cima de uma sacada, pensando em pular; Raoul mordendo seu pescoço...


Ela quase deu um pulo, o coração acelerado.


__ Calma__ disse Raoul, dando um sorriso torto__ Eu não vou te pedir em casamento, Ayame.


A garota sentiu-se terrivelmente aliviada. Aquela era uma das coisas que ela não aceitaria.


__ Por mais que você seja parecida com Christine__ continuou Raoul__ Você não é ela. Eu sei disso. Este anel era nossa aliança de casamento. Eu só queria mostrar ele a você.


__ É lindo__ respondeu Ayame__ Simplesmente perfeito.


O vampiro pegou o saquinho de veludo e retirou novamente algo de lá. Era outro anel, mas este era grande, largo, dourado e sem pedras, mas muito bem trabalhado. Raoul o olhou por um instante.


__ Este__ disse ele__ É um anel que identificava os fabricantes de varinhas na minha época.


Ele o colocou na mão esquerda.


__ Graças a você, agora voltarei a usá-lo.


Ayame sorriu para ele. Raoul entao virou o corpo para ela e segurou sua mão.


__ Agora, a minha condição.


A garota assentiu e ouviu atentamente.


 


 


            Quando Ayame saiu do quarto de Raoul, encontrou Harry no andar de baixo, saindo com Rony do quarto deles.


            __ Ora, aí está você__ disse o ruivo__ Estávamos colocando novamente as malas no quarto.


            Hermione estava no quarto delas, arrumando suas coisas também. Os outros três entraram lá, onde Ayame contou-lhes as boas noticias.


            __ Uma festa?


            __ Uma grande festa.


            __ Tudo bem, isso vai animar a coisa__ brincou Rony.


            __ E sobre a condição que você mencionou, Ayame?


            __ Não é nada muito complicado não, é até legal. Raoul quer que eu cante com ele na festa. Não sei se eu disse, mas foi ele quem me ensinou a cantar. Acho que por causa da semelhança com Christine. Ela era uma bela cantora.


            __ Falando em canções__ indagou Hermione__ Raoul, Christine, Erik... são todos nomes do Fantasma da Ópera, não?


            __ Fantasma?__ disse Rony__ Já não basta vampiros, agora há fantasmas também??


            __ Ora, Rony, você nunca ouviu falar do Fantasma da Ópera?


            O ruivo balançou negativamente a cabeça, assim como Harry.


            Ayame e Hermione se entreolharam, como se dissessem ‘meninos!’, e a última começou a explicar.


            __ É uma história, que virou um musical muito famoso, sobre esse homem, Erik, que morava em um velho teatro de ópera, e ensina uma das atrizes, Christine Daée, a cantar muito bem. Todos pensavam que ele era um fantasma, pois ele não aparecia para ninguém devido a uma doença que o deixara deformado, e ele ameaçava os donos do estabelecimento para colocarem Christine nas peças. O Fantasma queria casar-se com a moça, mas ela amava seu amigo de infância...


            __ Raoul__ terminou Harry, dedutivamente.


            __ Isso__ disse Ayame__ Raoul, o nosso Raoul, me contou uma vez sobre isso; ele disse que o tutor dele criou uma historia em cima do que acontecera a ele. Esses manuscritos, depois que o tutor morreu e Raoul foi embora, acabaram passando de mão em mão até chegarem na França, onde o autor atual criou a história que conhecemos sobre o Fantasma da Ópera, usando os mesmos nomes, e algumas características, como o talento de Christine no canto, a sua opção por Raoul e o fato de Erik ser um bruxo abortado. Como naquela época os abortos eram muito mal vistos, ele foi retratado como um homem doente e deformado. Acho que a parte do vampiro foi deixada de fora. Quanto às músicas, Raoul disse que escreveu dois poemas, os quais se perderam juntamente com os manuscritos, que no final acabaram se tornando as musicas que Raoul e Christine cantam no musical e aquela que estréia a garota no mundo da ópera. É essa que eu irei cantar na noite da festa.


            Nos três dias seguintes, eles ajudaram Marina com algumas coisas da festa, como a decoração e a escolha de alguns itens do cardápio. Raoul guardou os ingredientes da varinha, que Harry lhe entregou, em seu quarto, garantindo que lá eles estariam seguros. Na maioria do tempo, porém, eles ficavam nos jardins, subindo nas árvores, comendo frutas, correndo pelo gramado. Na terça e na quarta, foram na praia deserta entre a cidade e a mansão, e não cansavam de ficar na água, pulando as ondas e mergulhando. Na quarta também foram à cidade, dar uma andada, conhecer o porto.


            Na quinta, Raoul chegou na hora do almoço com algumas sacolas, onde haviam belas roupas para eles: ternos para os garotos, com gravatas borboletas; e lindos vestidos para as meninas.


            __ Tenho quatro séculos de dinheiro poupado__ disse ele__ Não custa nada gastar com algumas belas roupas para os meus hóspedes.


Como no Brasil existia o horário de verão, além de escurecer mais tarde por causa dos dias mais longos, era claro quando os primeiros convidados começaram a chegar, por volta das sete horas. As bandejas com aperitivos flutuavam, passando pelos convidados, e atrás vinham taças cheias de vinho, champagne ou suco. A música soava pelo ar, vinda de violinos que tocavam sozinhos.


Os convidados eram dos mais variados tipos: bruxos latinos americanos, falando em português e espanhol e rindo alto; bruxos europeus que moravam na América, que já tinham incorporado alguns costumes; bruxos da América do Norte, falando em inglês americano e gírias engraçadas (Ayame encontrou uma bruxa de Nova York, com quem ficou conversando um tempão); bruxos europeus, falando em inglês com sotaque e se sentindo superiores sobre os outros. Mas o que mais chamou a atenção dos quatro foi a quantidade de vampiros que apareceram, todos pálidos e belos, sorrindo misteriosamente. Nenhum deles pareceu interessado nos pescoços de todos os vivos que estavam ali, segundo Raoul, por que ele tinha lhes oferecido um farto banquete antes da festa. Eles preferiram não perguntar o que tinha nesse banquete, já que a maioria dos vampiros não eram ‘vegetarianos’ como seu anfitrião.


O diretor da Escola Nacional, Jonas Alves, mandou um recado dizendo que não poderia ir devido a uma reunião com o Ministério da Magia da América Latina, o que os deixou mais felizes do que se ele tivesse vindo.


A lua cheia estava alta no céu, iluminando tudo, o que fazia quase desnecessárias as velas flutuantes que pairavam nos cômodos e nos jardins. Lá pelas nove horas, começaram várias apresentações, dos bruxos que queriam mostrar seu talento. Muitas vezes, era legal, como o norueguês que criou ilusões sem a varinhas, e outras engraçadas, como a velha francesa que quis mostrar seus ‘talentos naturais’ para a ópera, o que lhes lembrou muito a Mulher Gorda.


Muitos bruxos não percebiam Harry ali, mas vários deles o reconheciam quando o cumprimentaram, ficando admirados e honrados por conhecê-lo. Ele notava que, logo depois de o cumprimentarem, os bruxos começavam a cochichar, e ele sentia que falavam sobre o que estava acontecendo na Grã-Bretanha com Voldemort.


Eram onze horas quando Raoul chegou perto de Ayame, interrompendo delicadamente sua conversa com um bruxo colombiano, e pediu para ela se trocar para a apresentação deles, que seria a última da noite.


Harry estava na cozinha, conferindo se ainda havia bebidas (ele, e também os outros três, estavam ajudando Marina com esses detalhes) quando ouviu alguém descer as escadas e saiu para verificar quem era. Ofegou ao ver sua namorada, linda em um vestido medieval de cor vinho, os cabelos amarrados em um coque com fios soltos e uma flor vermelha enfeitando os cachos.


__ Como estou?__ perguntou ela, sorrindo para ele.


__ Não tenho palavras__ respondeu ele. Subitamente, ela lhe pareceu muito familiar, e seu rosto virou-se mecanicamente para o quadro de Christine que estava pendurado na parede oposta.


__ Você está igualzinha a ela. Igual em tudo... você é ela.


__ Sim, sou__ respondeu Ayame, encaixando seu braço no de Harry__ Mas somente durante a música, e talvez nem isso. Raoul que me deu o vestido; ele me queria igualzinha a Christine, mas ele sabe que não posso ser, pois ela amava ele, e eu amo você. Por isso quero que preste atenção na musica que iremos apresentar. Quero que ela se dedique a você.


__ Como se eu pudesse prestar atenção em qualquer outra coisa.


Os dois sorriram e saíram para a noite quente e festiva. O piano tinha sido levado para fora, no centro do jardim, debaixo de uma grande árvore cheia de flores grandes e amarelas.


Ayame se aproximou do piano, juntamente com Raoul, que beijou sua mão e sentou-se para tocar. O som era suave e bonito, complementado pela voz da garota, que começou:


 


Think of me, think of me fondly, when we’ve say goodbye


Remember me, once in a while, please promise me you’ll try


 


A garota começou a caminhar, no centro do circulo que se formara, cantando para os ares.


 


And you’ll find that once again you long to take a heart back and be free


If you’re ever find a moment, spare a thought for me...


 


Nesse momento, os violinos começaram a tocar junto com o piano, formando uma bela canção que enchia o coração de todos. Ayame caminhou até encontrar-se de frente para Harry, um pouco afastada, mas ele encontrou seu olhar enquanto ela cantava:


 


We never said our love was ever green, or as unchanging as the sea


But if you can still remember, stop and think of me


 


Think of all the things we’ve shared and seen


Don’t think about the way things might have been


 


            Ela deu um giro e cantou a próxima estrofe como que se divertindo:


 


Think of me, think of me waking, silent and resign


Imagine me trying too hard to put you from my mind


 


            Recall those days, look back at all those times


            Think of the things we’ll never do


           


            Seu olhar encontrou o de Harry novamente, e ela sorriu:


 


            There will never be a day when I won’t think of you


           


            Os violinos fizeram um solo muito bonito, acompanhado magnificamente pelo piano, cujas teclas Raoul não errava nenhuma. Ayame caminhou de volta para o lado do piano, e terminou cantando para o pianista:


 


            Flowers fade, the fruits of summer fade,


They have their season, so do we


            But please promise that sometimes,


You will think of me!


           


            Ambos foram muito aplaudidos. Depois desta ultima apresentação, os convidados começaram a ir embora. Harry achou estranho, mas quando Ayame veio se juntar a eles (novamente com seu outro vestido, preto tomara-que-caia e justinho), ela disse que era para que Raoul preparasse o ritual de fabricação da varinha. Eles ajudaram a se despedir dos convidados, até que somente alguns sobraram, os quais o vampiro anfitrião avisou que ficariam para assistir.


            Entre eles, estava somente um vampiro; ela, na verdade: uma linda vampira de cabelos loiros e compridos, com intensos olhos azuis e brilhantes.


            Raoul conduziu-os até uma das passagens subterrâneas da mansão, onde havia uma câmara escura e úmida, iluminada por muitas velas. No centro do local havia um caldeirão cheio de água, fervendo a fogo baixo. Os ingredientes encontravam-se em suas redomas de vidro, em uma pequena elevação do chão de pedra, que mais parecia um altar.


            O fabricante já havia preparado os ingredientes para aquele momento: a tora de madeira estava muito mais fina e lapidada, quase do formato de uma varinha normal; o coração de dragão reduzira-se a uma fibra, um cordão de músculo em sua gaiola de vidro; a pena era a única que permanecera intacta.


            Harry podia sentir a magia que existia naquele lugar, naquela atmosfera. A maioria dela emanava dos próprios ingredientes, mas havia mais, vindo de todos os lugares, entrando pelas paredes, pelo chão, pelas pessoas, impregnando o local.


            Raoul começou, dando pouca atenção à presença dos outros. Ele pegava cada um dos ingredientes enquanto entoava algumas palavras em uma língua antiga e desconhecida por eles, e com um aceno delicado da varinha os depositava no caldeirão.


            Quando o ultimo ingrediente foi posto para ferver, a pena, houve uma explosão de luz no local e Harry pode sentir toda a magia que impregnara as paredes da câmara convergirem para aquele único ponto. Foi absolutamente incrível.


            Depois disso, Raoul disse mais algumas palavras, apontando para o caldeirão, e de lá saiu uma massa comprida e disforme, a qual ele depositou em uma redoma de vidro maior.


            __ Por enquanto está feito__ anunciou ele__ A varinha deve descansar até amanha; e entao eu a lapidarei por mais dois dias até ficar pronta.


            Estava feito. Eles tinham conseguido.


            Tinham conseguido a varinha que derrotaria Voldemort.


 OIi pessoal
desculpem pela invasao de fantasma da opera e tal, mas eu adoro (a mesma coisa com a pequena sereia) e nesses dias atrás tive varios sonhos que relacionavam harry potter com o fantasma da opera, entao interpretei-os alegremente como um sinal para botar algo relacionado na fic.
auahuahuahauhauahuahuahuah
tomara q estejam gostando!
comentem e bom nataaaaaaaaaaaal ^^

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