A sobrinha de Lord Voldemort



Cap. 29


A SOBRINHA DE LORD VOLDEMORT


            Ayame acordou de sobressalto. Tivera um sonho muito estranho do qual não se lembrava muito bem, mas sabia ter algo a ver com Harry, ela, Voldemort...Rebecca... Hagrid...


            Espreguiçou-se na cama, esticando os braços e as pernas e então sentiu que chutava algo e ouviu um barulho de várias coisas caindo.


            __ Mas o que...


            Ela levantou-se e olhou o que derrubara: eram vários pacotes coloridos.


            Ayame franziu as sobrancelhas e esfregou os olhos. O que eram aqueles pacotes? Olhou o relógio.


            Uma hora da tarde!!!!!!!!!!!


            Combinara com Rebecca uma e meia da tarde!! Por que ninguém a acordara?? Ayame correu em direção ao banheiro, mas, enquanto saltava os pacotes, lembrou o que eles eram.


            Presentes! Seus presentes! Como ela esquecera-se de seu próprio aniversário??


            A garota esqueceu-se por um momento de seu atraso e juntou os presentes cuidadosamente, recolocando-os em cima da cama. Então, lembrou-se de seu compromisso. Se arrumou rapidamente, lavou bem o rosto e desceu as escadas.


            __ Bom dia, dorminhoca!!


            __ Parabéns!!


            __ Ah, oi, Rony, Harry, Mione, Gina… to atrasada, depois conversamos, ok? Nem me perguntem dos presentes porque não abri eles...


            E saiu pelo buraco do retrato, andando rapidamente.


           


            Rebecca acordou de sobressalto. Tivera um sonho muito estranho do qual não se lembrava, mas tinha algo a ver com Ayame, ela, Voldemort... a Sede... Snape...


            A garota respirou fundo e sacudiu a cabeça. Olhou para seu criado-mudo ao lado da cama e viu a flor que Carlinhos lhe dera na noite anterior, enquanto jantavam juntos em uma sala vazia que o Weasley arranjara. Sorriu, deixando a lembrança do sonho de lado.


            Ela já se pegara pensando algumas vezes porque ela e Carlinhos não tinham ficado juntos ainda. Estava na cara que ele gostava dela, ela sabia disso. Mas ela também sabia que não dava muita abertura para um relacionamento, agora pelo menos. Não se sentia à vontade quando pensava em namorar ou algo assim. Apesar de gostar da companhia do ruivo, não sabia se gostava dele do jeito que ele parecia gostar dela. Sua cabeça estava meio cheia demais naquele momento de sua vida para se preocupar com relacionamentos. E parecia que Carlinhos entendia isso, pois ele nunca tentara nada além de chamá-la para sair.


            Rebecca se espreguiçou na cama, fazendo o cobertor cair, e olhou para o relógio.


            Uma hora da tarde!!!!!!!!!!!!!!!!


            Ela pulou da cama. Combinara com Ayame às uma e meia. O que a irmã acharia de encontrar a outra ainda na cama??? Como pudera dormir tanto?? Foi para o banheiro, se trocou, desceu para sua sala e estava beliscando alguns biscoitos de nata que tinha em cima de sua mesa quando alguém bateu à porta e Ayame entrou.


            __ Oi__ disse ela.


            __ Oi, Ayame, quem bom que veio. Quer?__ ofereceu o potinho de biscoitos.


            A barriga de Ayame roncou. Ela sorriu e pegou vários biscoitos, agradecendo.


            __ Então... vamos começar? Sente... Na aula com os estudantes, eu acabei usando Hagrid como um tipo de cobaia....


            __ É, eu fiquei sabendo.


            __ ... Ele topou, mas achei melhor não chama-lo agora novamente, seria muito pesado...


            __ Aham.


            __ Então... pensei que... __ a mais velha hesitou por um instante, pigarreou e continuou__ Vamos fazer assim, eu te ensino o contrafeitiço e você usa-o em mim.


            __ Em você? Mas isso não quer dizer que você vai ter que lançar o feitiço em si mesma...?


            Rebecca assentiu.


            __ Qual o problema?__ perguntou ela, dando as costas à irmã para Ayame não ver o sorriso que se desenvolvia em seu rosto.


            Ayame relaxou a face indignada e respirou fundo.


            __ Nada... tudo bem.


            Rebecca estava feliz por sua irmã ter se preocupado com seu bem estar. Virou-se, se esforçou para fazer desaparecer o sorriso, e disse:


            __Vamos começar?


   


           __ Sectumsempra!


            __ Curar!


            __ Epa... Ayame, calma! Você está dizendo o contrafeitiço muito rápido, não dá nem tempo de você ver o que o feitiço faz!


            __ Ora, talvez eu não queira ver... e... além de tudo, é forca de hábito dizer os contrafeitiços rapidamente...


            Rebecca franziu as sobrancelhas.


            __ Mas assim você não aprende. De novo...


            As duas praticaram esse e mais o feitiço Interiurs Sectumsempra; desta vez, Ayame fez as coisas certas e, é claro, lançou o contrafeitiço logo ao ver Rebecca com os efeitos do feitiço.


            A mais velha levantou-se ofegante.


            __ É isso aí... obrigada.


            Ayame sentou-se numa mesa, também cansada.


            __ Eu que agradeço... Hermione já me disse que foi atingida por esse ultimo feitiço. Deve doer.


            Rebecca fez uma careta. Ayame pegou mais um biscoitinho de nata. As duas ficaram caladas por um tempo.


            __ Você ensina bem__ comentou a mais nova.


            Rebecca sorriu.


            __ Você também, principalmente pra alguém da sua idade...__ a moça de repente soltou uma exclamação__ Idade! Hoje é seu aniversário, Ayame!! Eu esqueci completamente, desculpa...


            __ Não se preocupe, eu também esqueci...


            Rebecca pareceu não ter ouvido e subiu as escadas no fim da sala para o seu quarto rapidamente, dizendo:


            __ Espere aqui, eu vou pegar uma coisa que comprei pra você...


            Ela voltou alguns instantes depois com um pacotinho vermelho e o estendeu à Ayame. Esta abriu-o: era um pequeno espelho, que cabia na palma da mão, emoldurado de dourado e azul.


            __ Feliz 18 anos.   (lembrem-se q Ayame é um poko mais velha que Harry e os outros...)


            Ayame sorriu e agradeceu muito.


            __ É lindo.


            Rebecca sorriu. Aquele espelho era de sua mãe, que ela guardara com carinho por muito tempo. Já era hora de passá-lo adiante, mas resolveu não contar de quem o presente era no momento.


            Ayame embrulhou o espelhinho novamente. Virou-se para agradecer à Rebecca mais uma vez, mas esta não estava onde estava antes.


            __ Rebecca?


            Ayame deu um volta em si, olhando ao redor, e encontrou a irmã mais velha no fundo da sala.


            __ Ayame__ disse ela__ Acho que está na hora de você ir. Até outro dia.


            A garota franziu as sobrancelhas, mas agradeceu mais uma vez e saiu.


 


            Ayame encontrou Harry no corredor das cozinhas. Ficou muito feliz em vê-lo; seu rosto se iluminou.


            __ Harry!


            __ Ei, Ayame!


            Harry a abraçou forte.


            __ Eu estava indo até as cozinhas comer alguma coisa, já que não tomei café direito e já passou da hora do almoço...


            __ Não, vamos até a casa de Hagrid, ele nos chamou para comer lá.


            __ An... tudo bem... entao__ a garota deu um passo, mas Harry a segurou.


            __ Espera...Eu tomei a liberdade de entrar no seu quarto e pegar meu presente de lá, já que você não abriu ainda. Queria entregá-lo pessoalmente.


            Ele retirou uma caixa média branca do bolso. Ayame a pegou, sorrindo, e abriu. Dentro da caixa havia uma redoma de vidro pequena, e dentro desta uma flor que desabrochava e fechava novamente, repetindo o movimento constantemente, mudando de cor a cada vez__ de vermelho para azul, e entao para anil, lilás e branco__ num tipo de caleidoscópio cintilante.


            __ É... é linda! Ah, Harry, obrigada...


            __ Achei que você ia gostar mesmo.


            __ Lembrei de uma coisa__ disse a garota, colocando os braços em volta do pescoço de Harry__ Eu não te dei nada de presente no seu aniversário.


            __ Você não estava aqui... você estava...


            __ É, eu sei...


            __ Mas ter você de volta já foi o melhor presente que eu poderia ter ganhado.


            __ Hum... mesmo assim tenho uma idéia melhor...


            E entao ela o beijou ternamente.


            __ Caham! Harry, era pra você chamar a Ayame, não ficar aí com ela se beijando!


            Harry e Ayame se separaram, ambos corando.


            __ Ah, Gina... e você supostamente era pra estar na casa do Hagrid!


            __ Isso não vem ao caso... vamos logo!


            Ayame soltou uma longa risada espontânea, contagiando a ruiva e o namorado, e os três caminharam entao para a casa do amigo gigante.


 


            O café da tarde na casa de Hagrid era, na verdade, uma pequena festinha surpresa para Ayame, onde ela abriu os demais presentes. Estavam lá o pessoal da Grifinória, Luna, Cho, Maria Eduardo e Juliano, além de Rony, Hermione, Harry, Gina e Carlinhos, é claro.


            Dumbledore e a Prof. MacGonagall passaram lá também. O diretor ficou conversando animadamente com os alunos, que ficaram deslumbrados com a simplicidade de Alvo Dumbledore. Ayame chamou Harry num canto e perguntou:


            __ Ninguém chamou a Rebecca?


            __ É verdade, ela não está aqui... Mas tenho certeza que a chamamos... Ela disse que vinha.


            __ Hum...


            Dado momento, depois de Dumbledore e Minerva terem ido embora, Hagrid pegou uma garrafa de rum do armário sujo e pediu licença aos alunos para toma-lo, junto com Carlinhos. É claro que Gina deu um jeito de triplicar o conteúdo da garrafa e surrupia-lo para os copos dos alunos.


            Harry, depois de Ayame conversar com ele, observou de longe a arte de Gina em pegar a bebida e distribuí-la, aos olhos nada treinados dos dois adultos que bebiam e já estavam corados e risonhos. Então, chegou ao lado de Hermione, que também participava de longe, e disse baixinho:


            __ Eu vou chamar a Rebecca. Ela não veio e a Ayame perguntou dela. Acho que ela queria que ela estivesse aqui.


            Mione assentiu e Harry saiu de fininho.


            O garoto subiu os jardins para o castelo o mais rápido possível, esperando que voltasse antes que notassem sua falta ou até que Mione conseguisse enrola-los. Entrou pelo Saguão e foi caminhando rápido até a sala de Rebecca.


            __ Olá? Raquel?__ disse ele, batendo na porta da sala.


            Ninguém respondeu. Harry bateu e chamou mais uma vez.


            Depois de esperar mais um pouco, Harry desistiu. Provavelmente ela não estava ali. Foi até a sala dos professores, mas ela também não estava lá. Pensou em ir até a sala comunal e pegar o Mapa do Maroto, e se encaminhou para lá.


            Quando acabara de descer uma escada e virava a esquina de um corredor, Harry sentiu uma sensação muito estranha. Sua cicatriz deu uma fisgada. Ele parou um pouco, esfregou a testa e continuou andando. De repente, uma rajada de vento frio passou e fez seus cabelos se arrepiarem.


            Harry olhou para o fim do corredor, imerso em penumbra.


            __ Rebecca?


            O garoto enxergava uma pessoa nas sombras.


            __ Harry.


            Ele reconheceu a voz da pessoa que procurava.


            __ Ah, eu estava te procurando. Você esqueceu da festa surpresa da Ayame, na casa do Hagrid?


            Rebecca saiu das sombras. Harry sentiu um arrepio estranho.


            __ É que apareceram assuntos urgentes. Harry, eu preciso da sua ajuda.


            __ O que foi?


            __ Eu descobri uma coisa muito importante. Sobre a profecia.


            Harry arregalou os olhos.


            __ O que?


            __ Sim, mas eu preciso que você me conte o que você, Dumbledore e os outros descobriram sobre ela, para saber se minha teoria está certa.


            __ Mas pensei que você já soubesse de tudo, Ayame nos disse que você já estava a par das coisas.


            Rebecca piscou por um momento.


            __ Não. Ninguém me disse nada ainda.


            Harry também piscou.


            __ Está bem, mas qual sua teoria?


            A moça estendeu a mão para tocar o braço de Harry. Ele sentiu o coração dar um pulo e deu alguns passos para trás.


            Rebecca franziu as sobrancelhas.


            __ O que foi, Harry? Parece que tá com medo de mim. Sou eu, poxa.


            O garoto relaxou a face. Parecia que estava se preocupando demais mesmo. Rebecca pôs a mão em seu ombro e disse:   


            __ Vamos para um lugar mais tranqüilo.


            Os dois caminharam até uma sala vazia, com somente algumas cadeiras.


            __ Então, qual a sua teoria, Rebecca?__ perguntou Harry, sentando-se. A moça permaneceu em pé.


            __ Por favor, Harry, eu preciso que você me conte o que você sabe sobre a profecia antes. Porque, se eu te contar a teoria agora, antes de confirmar o que penso sobre isso com suas informações, posso confundir vocês ainda mais e causar um certo...Ah, Harry, por favor, só confie em mim.


            Harry franziu as sobrancelhas.


            __ Vamos, Harry, você foi uma das primeiras pessoas que confiou em mim aqui. Confie agora também. Eu sei o que estou fazendo. Por favor.


            O garoto suspirou e assentiu levemente com a cabeça.


            __ Bom, nós descobrimos que...


 


            __ Hermione, você vai contar onde o Harry está agora ou eu penduro suas calcinhas pra fora da torre da Grifinória.


            __ Que? Não precisa exagerar, Ayame... Poxa, foi ele quem me pediu pra não contar! Mas se você insiste... ele foi até o castelo procurar Rebecca. Nós sabemos que você gostaria que ela estivesse aqui também.


            Ayame piscou e fez uma careta, disfarçando.


            __ Hum... se ele foi... então... ele deve estar bem né?


            __ É, só que já faz algum tempinho. Será que aconteceu alguma coisa?


            __ Ora, ele deve estar procurando ela, ou pegando mais comida__ disse Rony, com a boa cheia de chocolate__ Vamos, vocês duas, vão continuar jogando ou não?


            Eles estavam brincando de imagem e ação, os garotos contra as garotas, mas o jogo estava quase empatado.


            __ Não se preocupe, Ayame, ele deve estar vindo logo__ tranqüilizou Hagrid, que fazia o papel de juiz.


            __ Está bem... Vamos voltar ao jogo então.


            __ É bom mesmo, senão como as meninas iam vencer da gente?__ disse Carlinhos__ Mesmo com duas a mais vocês não conseguem!


            Os garotos riram.


            __ Calem a boca, não foram vocês que adivinharam defenestrar!__ disse Gina.


            __ Ora, isso nem é uma palavra...


            __ Claro que é...


            Ayame olhou pela janela da cabana. Já estava anoitecendo, e ventava um pouco lá fora.


            Ela sentiu que algo de errado estava para acontecer.


 


            __ Então os Comensais da Morte nem o Lorde das Trevas podem encontrar esses ingredientes?


            __ Sim, foi isso que entendemos.


            __ Isso é.... ótimo__ Rebecca piscou, e de repente se contorceu, colocando a mão na cabeça.


            __ Você está bem? Rebecca?


            __ Ah... tudo bem, só foi minha cabeça.... está doendo.


            Ela se endireitou e olhou para o garoto.


            __ Obrigada, Harry. Você não sabe como isso esclareceu as coisas, principalmente a parte da varinha.


            __ Nada... Agora você pode me contar qual sua teoria?


            __ Ainda tenho que esclarecer algumas coisa, Harry. Vou até o gabinete de Dumbledore.


            __ Está bem... mas e a festa de Ayame? Você disse que ia.


            A moça franziu as sobrancelhas.


            __ Que festa?


            __ Ora, de aniversário!


            A face dela estava sem expressão. De repente, ela se abaixou de novo e gritou de dor.


            __ Reb..!


            __ Calma__ disse ela, ofegante__ É só minha cabeça. Não vou poder ir, Harry. Então hoje é aniversário de Ayame....


            Ela se virou para a porta, e antes de sair, Harry pareceu ver um brilho vermelho e estranho em seus olhos.


 


            Harry correu para o Saguão de entrada. Com certeza já tinham notado sua ausência...


            __ Harry! Onde vai com toda essa pressa?


            O garoto parou e se virou.


            __ Prof. Dumbledore! Estou voltando para a casa do Hagrid.


            O diretor se aproximou calmamente, sorrindo.


            __ Mas o que você estava fazendo aqui no castelo?


            __ Vim procurar Rebecca. Ela disse que iria à festa, mas não apareceu.


            __ Ora, ela tinham me dito que ia também. Você a encontrou?


            __ Sim. Aliás, ela está atrás do senhor. Ela disse que tinha uma teoria sobre a profecia, parecia bem importante, e me pediu para contar o que sabia sobre ela. Eu pensei que o senhor tinha informado ela sobre o que tínhamos descoberto já...


            Dumbledore franziu as sobrancelhas.


            __ E eu informei.


            Harry também franziu a testa. Seu coração deu um pulo.


            __ Ela estava estranha mesmo.


            __ Ela disse aonde ia?


            __ Ao seu gabinete.


            __ Vamos__ disse o diretor, começando a caminhar rapidamente__ E traga sua Capa de Invisibilidade.


 


            __ Já está tarde, acho melhor vocês voltarem ao castelo__ disse Hagrid aos amigos. Àquela hora, somente Rony, Hermione, Ayame e Carlinhos ainda estavam ali.


            __ Também acho. Temos que procurar o Harry__ disse Rony, que também estava preocupado com a demora do amigo.


            __ Acho que ele pegou minha mania de desaparecer__ comentou Ayame enquanto os três subiam os jardins para o castelo.


            Eles foram até a sala comunal, mas Harry não estava lá. Ayame deu a sugestão de que talvez ele tenha ido falar com Dumbledore, e deixando Rony e Hermione na torre da Grifinória caso ele fosse para lá, encaminhou-se para o gabinete do diretor.


            A garota chegou às escadas que davam para o andar do escritório de Dumbledore, andando rápido, e virou o corredor.


            Harry e o diretor encontravam-se na frente da gárgula que dava entrada ao gabinete.


            __ Harry, Professor!


            Ambos olharam para ela, no final do corredor. Ayame notou um pouco de apreensão em seus olhares. Dumbledore disse algo rapidamente para Harry, que ela não ouviu nem tampouco entendeu, e então o garoto veio em seu encontro.


            __ Estava te procurando, Harry... Por que você demorou pra voltar?


            __ Ah, eu comecei a conversar com Dumbledore... Me desculpe. Vamos?


            Ele pegou no braço de Ayame e começou a conduzi-la de volta, mas a garota olhou para trás.


            __ O que... Parece que Dumbledore não sabe a senha... Ele não entra...


            __ Do que você está falando, Ayame?__ disse Harry, puxando-a__ Vamos....


            Ela estacou.


            __ Harry, o que vocês estão escondendo... Por que você trouxe a capa?


            De repente, a gárgula a alguns passos atrás abriu-se e Dumbledore entrou, lançando um olhar aos dois parados a alguns metros à frente.


            __ Viu? Não é nada... Vamos...


            Mas Ayame não tinha um bom pressentimento. Ela desvencilhou-se de Harry e subiu as escadas do escritório atrás de Dumbledore.


            __ Ayame! Espera, você não pode ir entrando assim...


            O garoto a alcançou e a segurou.


            __ Olha... uma pessoa entrou no gabinete de Dumbledore, por isso ele não estava conseguindo entrar... Mas provavelmente agora ele conseguiu quebrar o feitiço que estava bloqueando a entrada, mas é perigoso lá dentro...


            __ Quem? Quem entrou?


            Harry sabia que, se contasse, iria chatear a garota. Mas ele mesmo estava muito curioso para saber porque Rebecca mentira, e não conseguiria despistar a namorada para ir sozinho.


            __ Você vai ver.


            Os dois pegaram as varinhas e continuaram subindo, devagar.


            Dumbledore estava no alto da escada, fora do campo de visão de qualquer um que estivesse dentro do gabinete. Ele olhou para os dois adolescentes e fez um sinal para vestirem a Capa de Invisibilidade. Harry a desdobrou e jogou por cima dele e de Ayame, enquanto o diretor levava a varinha à cabeça e se camuflava com um belo feitiço Desilusório.


            Ayame puxou Harry e ambos foram se postar ao lado do diretor.


            __ Aparentemente não há ninguém lá dentro__ sussurrou Dumbledore de algum lugar ao lado deles__ Mas a serpente que abre a passagem da câmara das memórias de Voldemort está lá.


            __ Alguém a usou__ disse Ayame.


            Fawkes voou de sua jaula e se postou à frente da serpente, piando.


            __ Vamos esperar o intruso sair__ disse Dumbledore, sua voz se afastando em direção ao interior do escritório__ Estaremos preparados, esperando-o aqui fora.


            Passaram alguns minutos parados, alertas. De repente, uma voz veio de trás da parede.


            __ Eu sei que vocês estão aí__ disse a voz__ Esperando uma falha minha. O que não vai acontecer.


            Nenhum dos três falou nada. Harry olhou da parede para Fawkes, e depois para o lugar onde imaginava estar Dumbledore.


            __ Eu destruí todas as provas. Ouso dizer que Lord Voldemort nunca imaginaria que vocês descobrissem onde estavam os segredos dele.


            Ayame olhava fixamente a parede. De quem era aquela voz, abafada pelos tijolos? Parecia-lhe tão familiar...


            __ Traição, foi isso...


            Então ela a reconheceu.


            __ Rebecca!__ arfou Ayame, saindo de debaixo da capa.


            __ Ora, boa noite, maninha__ disse a outra, atrás da parede, maliciosamente.


            __ Você... o que....


            __ Estava acreditando em mim, não foi? Em todos aqueles teatros...


            Harry segurou o braço de Ayame. Ele queria encontrar Dumbledore, saber o que ele achava, mas o diretor não se revelaria. Disse:


            __ Ela enganou a todos nós... Mas você não vai sair daqui a salvo, Rebecca!!


            __ Você caiu direitinho na minha armadilha, Potter... Agora Lord Voldemort sabe tudo sobre a profecia. Ninguém pode detê-lo.


            __ Nós vamos te pegar! Saia daí e venha lutar como uma mulher!__ gritou Ayame__ Isso sim que é o melhor presente que eu poderia ganhar hoje!


            __ Ninguém pode deter o Lord das Trevas, Ayame.


            Sua voz saía fina, como uma agulha espetando o ar, deslizando como uma cobra por entre os tijolos e alcançando Harry e Ayame do outro lado.


            __ Ninguém pode deter o Lord das Trevas.


            A parede de repente se abriu, e Rebecca saiu do corredor lá dentro. Atrás dela, Harry divisou a câmara dos frascos de memórias toda destruída.


            O olhar da mulher se encontrou com o de Harry.


            Sua cicatriz ardeu e ele encarou dois olhos vermelhos muito familiares.


            __ Sua traidora!__ Ayame correu em direção à Rebecca.


            __ Ayame, não!__ gritou Harry, correndo atrás dela para impedi-la.


            __ Harry, não!__ ele ouviu a voz de Dumbledore em algum lugar atrás deles.


            Rebecca empurrou Ayame como uma pena, e ela caiu no chão. Harry não conseguiu se conter e chegou bem perto da mulher.


            Seus olhares se encontraram. Harry arfou e sentiu algo tomando conta de si. Sua cicatriz ardeu em agonia, parecendo que ia rachar sua cabeça. Sentiu algo penetrar em seu corpo, em sua mente, em sua alma...          


            Sentia Lord Voldemort dentro de si.


            Uma dor insuportável tomava conta de Harry. Ele queria acabar com ela, queria deixar de sofrer, queria deixar de lutar... Então sentiu que aquela dor não era totalmente sua... ele sentia alguém sofrer também... Sentia Voldemort contorcer-se de dor dentro dele também...


            E então a dor cessou, abruptamente, e tudo virou escuridão.


           


            Rebecca abriu os olhos. Estava numa sala familiar... o gabinete de Dumbledore. Sentia sua cabeça em uma almofada. Ela doía muito.


            Aos poucos, as lembranças foram voltando...


            __ Ah!__ gritou ela, levantando-se abruptamente. Voldemort! Ele tinha tomado conta do corpo dela...


            Ela olhou em volta. Nada parecia fora do lugar, mas tinha a sensação de algo estar errado.


            Escutou vozes, e se virou; no fundo da sala, distinguiu Ayame debruçada em alguém, chorando.


            Rebecca sentiu um aperto no estomago. O que ela fizera?


            Levantou-se e foi até a irmã.


            __ A...


            Ayame levantou o olhar e deu um pulo, afastando-se de Rebecca, erguendo a varinha.


            Rebecca suspirou e mordeu o lábio. Olhou para a pessoa deitada; era Harry. Ele parecia estar respirando. Ainda bem.
            __ D-desculpe, eu me assustei__ disse Ayame, voltando para perto de Harry.


            __ Eu... eu...


            __ Não precisa me explicar__ interrompeu a garota mais nova__ Dumbledore me disse que Voldemort se apoderou de você.


            __ O que... aconteceu?


            __ Você fez Harry contar as coisas que descobrimos sobre a profecia. É claro que era Voldemort quem estava escutando.


            __ Eu lembro um pouco disso... tentava lutar com ele, mas... mas...


            __ Depois, você entrou aqui e destruiu todas as memórias dele__ continuou Ayame, interrompendo novamente__ E então... Voldemort saiu de você.... e tentou entrar no Harry. Mas alguma coisa não deixou.


            __ Hum...


            As duas ficaram em silencio. Ayame acariciava os cabelos de Harry, carinhosamente, o olhar cheio de ternura e preocupação. Rebecca observava a cena quase admirada. Podia sentir o amor que emanava dos olhos da irmã, direcionados àquele garoto que, assim, dormindo, não parecia ser quem realmente era.


            A porta se abriu de repente e Rony e Hermione entraram. A garota correu em direção à Harry e Ayame, e o ruivo foi logo atrás. Ao passar por Rebecca, algo fez com que eles se afastassem. A moça suspirou. Parecia que mais uma vez teria que retomar a confiança deles.


            __ Ele está dormindo?__ perguntou Hermione baixinho__ Dumbledore contou à Minerva o que aconteceu, e ela nos contou. Ele está conversando com Flitwick sobre a câmara das memórias e com Snape sobre o que poderia ter acontecido.


            __ Obrigada por estarem aqui__ respondeu Ayame.


            Harry se mexeu e abriu os olhos.


            __ Oi__ murmurou ele.


            __ Você está bem, cara?__ perguntou Rony.


            O moreno se sentou no chão.


            __ Estou.


            Ele se lembrou de Voldemort tentando possuí-lo e arrepiou-se. Viu Rebecca sentada ali ao lado, e entendeu que o Lord das Trevas provavelmente teria controlado ela também. Olhou para Ayame, que o olhava carinhosamente.


            __ Dumbledore já está vindo__ sussurrou ela, respondendo à pergunta do olhar de Harry.


            Realmente, alguns momentos depois a porta se abriu de novo e Dumbledore entrou, acompanhado por Hagrid, Snape e Flitwick. O diretor falou por alguns momentos com o professor de Feitiços, e este sacou a varinha e murmurou algumas coisas para a parede, que já não mostrava o corredor da câmara. A serpente desapareceu.


            Snape chegou perto de Rebecca e lhe disse algo rapidamente. A garota somente assentiu. Hagrid veio diretamente até Harry, perguntando-lhe como estava.


            Dumbledore pediu que todos saíssem, menos Rebecca e Harry. Ayame deu um beijo no namorado e o abraçou, e saiu por ultimo, lançando um olhar quase imperceptível à irmã antes de fechar a porta.


            __ Muito bem__ disse o diretor, sentando-se no chão ao lado de Harry.


            __ Me desculpem...__ começou Rebecca. Harry via seus olhos se encherem de lágrimas.


            __ Não foi sua culpa, Rebecca__ disse Dumbledore tranquilamente__ Lord Voldemort tem seus métodos de conseguir as coisas. Ele não hesitou em usar de sua ligação sanguínea com ele, e nem de sua ligação mágica com Harry. Creio que, estando fraco e em uma forma não carnal, Voldemort só conseguiria apoderar-se de vocês dois, pessoas com quem ele tem algum tipo de ligação.


            __ Ele me usou para saber tudo sobre a profecia...__ disse a garota.


            __ Não a culpamos por isso, e nem a você, Harry__ completou o diretor ao notar o garoto abrir a boca__ O que tinha que ser, foi.


            __ Professor__ disse Harry__ Porque Voldemort saiu de mim tão rápido? Foi como no meu quinto ano, no Ministério.


            __ Como eu já te disse, Harry, Voldemort não consegue ficar em alguém tão puro como você. E desta vez algo o repeliu mais ainda, que foi a proteção que Ayame lhe deixou.


            __ Realmente__ disse Rebecca__ Eu notava que Voldemort sentia dor ao relar em você, Harry, quando ele estava em mim.


            __ Isso me faz concluir__ completou Dumbledore__ que o Lord das Trevas não pode encostar em você como conseguiu fazer depois que retornou usando seu sangue, Harry. Ele só conseguiu isso quando estava no corpo de outra pessoa, mas ainda com dor.


            __ Mas... eu pensei que a proteção que Ayame tinha me concedido__ disse o garoto__ Tinha perdido o efeito quando ela voltou.


            Dumbledore sorriu.


            __ Parece que não. Parece que essa proteção é mais forte do que pensávamos.


            O garoto sorriu também.


           


            Rebecca deixou o gabinete do diretor andando devagar. Ouviu alguém chama-la. Era Harry.


            __ Sim?


            __ Não se preocupe, mesmo, Rebecca. Não foi culpa sua o que aconteceu.


            __ Vocês pensaram que eu estava mentindo, que não tinha voltado para esse lado.


            __ Pensamos mesmo. Mas isso não quer dizer que pensamos isso agora. Sabemos que não é verdade. E Ayame também sabe.


            __ Você acha que ela acredita em mim?


            Harry sorriu.


            __ Tanto que ela se abalou muito hoje mais cedo, no ocorrido. Por isso acho que você nem vai precisar usar Veritaserum para convencê-la. Aos pouquinhos ela vai se abrindo mais com você.


            __ Acho que você tem razão, Harry. Obrigada.


            O garoto sorriu novamente e continuou andando.


            __ Da próxima vez__ disse ele__ Vê se não cabula a festa, einh?


            Rebecca riu e se encaminhou para sua sala.


           

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