O caminho de volta



Cap. 57


O CAMINHO DE VOLTA


            Lilian Potter os conduziu um pouquinho adentro do caminho do leste; Harry e Ayame iam na frente, logo atrás dela, e os outros um pouco atrás.


            Depois de pouco tempo caminhando, os dois começaram a avistar algo no meio da estrada de pedras brancas: um suporte, baixo, de duas pernas e de vidro, em cima do qual havia uma redoma de cristal transparente, redonda e pequena.


            Pelo o que Harry notara, não havia sol nem nada que emitisse luz ali, mas o cristal da redoma brilhava e reluzia como se vários raios incidissem nele. Ele apertou os olhos e então viu que a luz que brilhava não vinha de fora da redoma, mas de dentro dela.


            Tão logo Harry compreendeu isso, ele sentiu Ayame estancar ao seu lado. Olhou para ela, e viu que a garota encarava a redoma, agora a poucos metros de distancia, com os olhos arregalados e quase incrédulos. Ela então soltou sua mão e andou mais rápido em direção ao suporte de vidro. Parou ao lado de Lilian, ainda encarando a redoma.


            Harry começou a andar um pouco mais rápido para alcançá-la, desviando o olhar da garota para a redoma, para observá-la melhor. Ali mais perto, ele podia ver que a luz que flutuava dentro do cristal era densa, como um pequeno sol de luz azulada e branca, e parecia aumentar e ficar mais forte a cada passo que eles davam em direção à ela. Harry então começou a sentir algo estranho, uma nostalgia, um sentimento de paz. Porém, ao mesmo tempo, sentia seu coração apertar.


            Notou que chegara ao lado de sua mãe. Ayame já saíra dali e estava bem na frente da redoma, com as mãos erguidas, mas sem tocar o cristal. Harry sentiu Lilian afagar seu braço.


            __ Vá até lá__ sussurrou ela__ Você vai entender.


            Harry piscou e assentiu, andando. O sentimento estranho que se apossara dele foi crescendo, até que ele parou bem ao lado de Ayame.


            A garota tinha uma expressão um pouco confusa, como se soubesse o que significava aquilo mas não entendesse completamente. Ela levantou os olhos para Harry e o fitou por alguns momentos. Depois, voltou o olhar novamente para a luz e então novamente para Harry.


            De repente, Ayame entreabriu os lábios e soltou um gemido de compreensão, erguendo as sobrancelhas, como se a visão de Harry tivesse lhe mostrado o real significado daquela luz. Ela voltou o olhar para a redoma e caiu de joelhos na frente dela, sem retirar os olhos da luz, que agora estavam marejados. Ergueu a mão trêmula e tocou o cristal, como se o afagasse, com uma expressão de carinho e amor.


            Harry desviou o olhar novamente do que acontecia com Ayame e fitou a luz mais uma vez.


            Subitamente, era como se a visse pela primeira vez, e compreendeu tudo o que ela significava.


            Compreendeu porque Ayame reagira daquele jeito. Entendeu o que ela sentia, pois naquele momento ele sentia o mesmo.


            Ajoelhando-se ao lado dela, sentiu o coração bater mais rápido, repleto de algo que ele ainda não compreendia o que era, mas sabia muito bem que já sentira várias vezes. Só para confirmar pelos lábios de sua amada o que ele já sabia, Harry perguntou:


            __ É...?


            __ Sim__ sussurrou ela, e ele pôde sentir no ar o amor que emanava da sua voz__ Esse... é nosso filho, Harry.


            Ele sorriu e colocou sua mão acima da mão de Ayame, sobre a redoma, e sentiu que o cristal estava morno. A luz dentro dele subitamente aumentou quando ele fez isso.


            Quando ambas as mãos de seus pais estavam tocando-o.


            Algum tempo se passou enquanto os dois ficaram ali, observando e sentindo o calor e a luz que emanavam da vida de seu filho. Então, Lilian e Sara aproximaram-se.


            __ Cuidaremos dele__ disse Sara__ Como se fosse nosso próprio filho.


            Ayame ergueu os olhos e enxugou as lágrimas.


            __Obrigada... mamãe.


            Harry levantou-se e ajudou Ayame a ficar de pé também. Os outros se aproximaram.


            __ Infelizmente, nosso tempo está acabando__ disse Sirius__ Não podemos permanecer na Encruzilhada por muito tempo.


            __ É melhor vocês seguirem o caminho que escolheram__ disse Carlos.


            __ Sim__ Harry assentiu__ Obrigado por tudo o que vocês fizeram por nós.


            Lilian sorriu e abraçou o filho com força.


            __ Faríamos muito mais__ sussurrou ela__ Mas vocês devem traçar seus caminhos sozinhos.


            Harry retribuiu o abraço o mais forte que pôde. Então, abraçou o pai, Sirius e Snape, e depois que Ayame despediu-se de sua família, também deu adeus a Sara, Carlos e Ayume.


            __ Ayame__ chamou Sara depois que a filha despediu-se dos pais de Harry__ Nós... eu, seu pai e sua irmã... temos um recado para Rebecca.


            Ayame aproximou-se da mãe e assentiu.


            __ Diga a ela__ começou Carlos, mas parou, engolindo em seco e piscando muito__ Diga que...


            __ Diga que nós a perdoamos__ completou Ayume, e ela também tinha lágrimas nos olhos__ Do fundo do coração.


            __ E que a amamos muito__ continuou Sara.


            __ E que estaremos sempre cuidando por ela__ terminou Carlos__ e por você.


            Ayame abraçou os pais mais uma vez.


            __ Eu direi a ela.


            Sara, Carlos e Ayume Vermefire, Lilian e Tiago Potter, Sirius Black e Severo Snape então postaram-se ao lado da redoma de cristal, que emitiu um brilho ainda mais intenso.


            E então, Harry e Ayame observaram aquelas pessoas começarem a desaparecer, lentamente, até que a única coisa que ficou foram os sorrisos deles gravados em suas mentes.


            Ayame enxugou as lágrimas dos olhos e, dando as mãos a Harry, os dois voltaram as costas para a estrada do leste e começaram a caminhar na direção oeste.


 


           


            O caminho de pedras brancas parecia interminável, mas nenhum dos dois estavam cansados de andar, nem tampouco sabiam quanto tempo tinham permanecido caminhando.


            Por todo o caminho, ficaram de mãos dadas, entrelaçando os dedos com força, como se isso pudesse dar-lhes mais determinação de continuar. Quando Harry estava prestes a perguntar o que aconteceria agora, ambos avistaram um vulto que subitamente aparecera a alguns metros à frente.


            A estrada fazia uma curva leve, e logo depois dela havia um homem, vestindo um manto azul marinho e com uma barba branca e curta. Ele estava na beira do caminho, à frente de um pedestal de madeira que possuía um suporte plano, onde ele escrevia algo com uma pena vermelha e comprida.


            Harry e Ayame aproximaram-se lentamente, atentando a esses detalhes. Postaram-se à frente do homem, mas ele não lhes deu atenção e continuou escrevendo.


            Os dois continuaram ali na frente por um tempo.


            De repente, o homem levantou a cabeça e os fitou com dois olhos muito intensos e azuis.


            __ Olá__ disse ele, e sua voz ecoou pela lugar.


            Harry e Ayame hesitaram.


            __ Hm... Oi__ disse o garoto enfim, seguido pela garota.


            __ Vejo que escolheram o caminho do oeste__ disse ele, e cada palavra retumbava no ar.


            __ Sim__ murmurou Ayame.


            __ E encontraram pessoas muito importantes__ continuou o homem.


            Harry assentiu.


            O homem voltou o olhar para o que estava escrevendo, que agora Harry podia enxergar, era em um livro grande e de páginas amareladas; mas o garoto não conseguia ver o que ele escrevia. Ainda redigindo, o homem falou:


            __ O que estão fazendo aqui?


            Nenhum dos dois respondeu.


            __ Vou repetir a pergunta de outro modo. O que os trouxe aqui? Porque estão aqui na minha frente?


            Ayame hesitou um pouco, e então disse:


            __ Nós não... sabemos muito bem.  Escolhemos o caminho do oeste.


            __Bom__ o homem ergueu os olhos novamente__ Se não sabem, não tem o porque estarem aqui. Deviam regressar e escolher o caminho do leste.


            __ Não podemos__ disse Harry.


            __ Por quê? A estrada continua ali.


            __ Nós... escolhemos o caminho do oeste porque queremos voltar. Temos algo... a fazer.


            __ E o que seria isso?


            Nenhum dos dois sabia como explicar.


            __ Vou repetir a pergunta novamente__ disse o homem__ O que os trouxe aqui? Porque estão aqui na minha frente?


            E então, fitou cada um deles intensamente com seus olhos azuis. Harry sentiu uma estranha calma, e Ayame suspirou.


            __ Nós...__ começou o garoto__ Nós fizemos uma busca e produzimos uma varinha... que derrotaria Lorde Voldemort. Uma profecia dizia que sacrifícios deveriam ser feitos para que a varinha fosse construída, e foi isso o que aconteceu: uma varinha pelo pedaço de madeira que constituiria a Varinha; um dedo pela fibra de coração de dragão...


            __ Um poder de fogo pela pena de uma fênix...


            __ E enfim... uma alma para fornecer a magia de que a Varinha precisaria para funcionar. Foi assim que viemos parar aqui. Foi parte do sacrifício para que a varinha pudesse funcionar.


            O homem piscou uma vez, lentamente, e falou:


            __ Uma alma, você diz, pela magia da varinha. Só que aqui estou vendo duas. Só uma pode ser sacrificada.


            Harry e Ayame se entreolharam.


            __ Eu...__ começou a garota, mas Harry a interrompeu.


            __ A escolha foi minha__ disse ele__ É a minha alma que deve ser sacrificada.


            Mesmo sem saber o que aconteceria dali por diante, Harry sabia que aquilo era o certo a fazer. Ele fora o único a efetivamente não sacrificar nada pela varinha até aquele momento: Rebecca dera sua varinha, Rony perdera o seu dedo, Ayame abrira mão de seus poderes. E ele sabia que, por mais que aquela varinha fosse para o bem de todos, composta por todos, era ele quem deveria derrotar Voldemort, ele quem deveria fazer o maior sacrifício.


            __ Mas...__ Ayame ia dizer algo, mas Harry a calou segurando seu rosto com as mãos. Olhando bem em seus olhos, disse, suspirando:


            __ Essa é a minha decisão.


            A garota continuou fitando os olhos de Harry e então assentiu. O que quer que acontecesse, ela também sabia que Harry estava fazendo a escolha certa.


            De repente, eles ouviram um som que conheciam muito bem, mas pensavam nunca mais ter que escutá-lo de novo.


            Uma voz profunda e retumbante, vinda de todos os lados, que repetia as mesmas palavras que uma vez eles já tinham ouvido:


 


Aquele que possui o poder de derrotá-lo com aquilo que ele não possui


Para cada uma das três espécies deve procurar


E cada fragmento deve encontrar


Daquilo que derrotar-lhe-á


 


Só aqueles que possuem o poder podem encontrar


 na hora e lugar certos em que aparecerem,


 mas em troca algo deverão entregar


 


E assim produzir


Aquela que escolhe o bruxo


Para aquele que possuir o poder maior


 


Vocês passaram por todos os desafio e provaram o amor que existe dentro de vocês.


 


Nada é por acaso;


As escolhas tem poder, o destino é meramente uma palavra.


O caminho mais fácil nem sempre é o correto.


O sacrifício é a escolha mais nobre; através dele tudo se salva.


 


E pelas mãos daquilo que ele mais condena ele se salvará.


 


E enfim a paz reinará entre todos aqueles que residem no amor.


 


            E nos últimos versos, subitamente Ayame e Harry notaram que a voz que ouviam vinha do homem à sua frente; a Voz, grave, profunda, retumbante, que a tanto deviam e esperavam, pertencia a ele.


            Eles permaneceram mudos enquanto o homem saía de trás do pedestal de madeira, repousando a pena ao lado do livro, e se aproximava deles sorrindo; e aquele sorriso transformava tudo, e o fazia ser mais acolhedor do que antes parecia.


            __ O coração de vocês guiou-os todo esse tempo para as escolhas certas__ disse ele, a mesma voz, agora um pouco menos avassaladora__ E agora é a hora de vocês entenderem tudo o que aconteceu.


            O homem sorriu mais uma vez para eles, e indicou duas pedras brancas mais altas, que Harry e Ayame só tinham notado agora, para eles se sentarem. Ele próprio se sentou numa pedra à frente das outras duas.


            __ A profecia__ começou ele__ está para ser completamente cumprida. Como vocês já devem ter entendido, todos os passos que vocês deram os conduziram a esse momento. Para cada ingrediente que vocês conseguiram, um sacrifício foi feito. Entendem o por que disso?


            __ O universo não dá nada de graça__ repetiu Ayame__ Tudo o que se recebe deve ser pago na mesma moeda.


            O homem riu.


            __ E o que raios isso significa?


            Vendo que nenhum dos dois saberia como responder, ele continuou:


            __ Realmente, o universo não dá nada de graça. Realmente, tudo o que se recebe deverá ser pago na mesma moeda. Mas essa lei se aplica aos dois lados da moeda. Por tudo o que vocês receberam, deram algo em troca, pois todas essas coisas são pertencentes ao universo em si: a madeira da Varinha pertence à arvore; a fibra pertence ao dragão, mesmo ele dando-a de bom grado; e a pena pertence à fênix. O universo somente rege essas trocas entre vocês, os buscadores, e os fornecedores, ao mesmo tempo em que cada uma desses objetos são parte do universo.


            Ele parou um momento, observando as reações de Ayame e Harry.


            __ Mas é agora que os papéis se invertem. Para completar a Varinha, é preciso magia. Essa magia está armazenada na alma de cada pessoa, e foi preciso que uma delas fornecesse isso.


            Ele olhou diretamente para Harry e falou:


            __ Harry, sua escolha final coloca um ponto nisso tudo, e encaminha a profecia para seu fim. Esse seu último sacrifício de amor completa o ciclo. Agora só falta a prática.


            __Mas...__ Ayame disse__ Harry não pode ficar aqui, pode? É ele quem deve derrotar Voldemort.


            __ Não__ o próprio Harry respondeu__ A profecia dizia que eu deveria produzir a varinha, e é exatamente isso o que eu estou fazendo, não? É a minha magia que a fará funcionar.


            __ Mas__ a garota virou-se para ele__ E a outra profecia, Harry? Aquela que diz que aquele que tem o poder de derrotar o Lorde das Trevas nasceria no fim do sétimo mês,que teria um poder que o Lorde desconhece e que Voldemort o marcaria como seu igual...


            Ela colocou a mão na testa de Harry, delicadamente.


            __ É você.


            Harry pegou a mão dela, mas não disse nada. Não sabia o que responder. Só sabia que estava fazendo a escolha correta. Desviou o olhar do rosto de Ayame e notou que, estranhamente, no pedestal à frente deles, atrás do homem de barba branca, a pena escrevia sozinha no livro.


            __ Sabe__ disse o homem, interrompendo suas observações__ Se vocês perguntassem essas coisas para mim, talvez eu pudesse esclarecer.


            Os dois se viraram novamente para ele, que sorriu mais uma vez.


            __ Vocês estão mortos?


            __ Não__ Ayame respondeu__ Mas também não estamos vivos.


            __ Pois bem__ continuou o homem__ Saiba, Ayame, que uma vez que a pessoa morre de verdade, ela não volta. Aqui nesse lugar, você ainda pode voltar ao mundo dos vivos. E eu digo que Harry está exatamente no mesmo patamar que você.


            O homem apontou para o lado, para a estrada por onde Harry e Ayame tinham chegado. Eles viram que ela tinha desaparecido.    


            __ Para a Encruzilhada você não pode voltar. O único caminho a seguir é em frente, Harry.


__ Quer dizer...__ disse o garoto__ Que eu posso voltar para o mundo dos vivos também?


            __ Mas e o negócio todo da alma?


            O homem riu.


            __ Vocês interpretam a profecia de um modo muito literal. Como eu disse antes, agora os papéis se inverteram. A alma é algo único de cada ser, e apesar de cada ser pertencer ao universo, a alma dele é sua posse. Agora, é o universo que pede algo em troca, a magia dessa alma, então é o próprio universo que deve pagar na mesma moeda. O mecanismo do universo trabalha de um modo que os humanos não entendem muito bem. Com o sacrifício da alma, a magia é liberada, mas ao mesmo tempo essa mesma alma não perde sua própria magia. É como se fosse somente um ato que desencadeasse uma reação, que seria o despertar da magia da própria Varinha. A alma sacrificada não fornece a magia, somente é o sacrifico necessário para que a varinha libere sua própria magia.


            Ele parou de falar para que os outros dois absorvessem.


            __ Mas__ perguntou Harry__ O que o universo dará em troca?


            O homem levantou-se e foi até o pedestal. Pegou o livro e o trouxe até eles, mas nenhum dos dois conseguiu ver a capa. Ele o folheou um pouco e então colocou-o na frente de Harry e Ayame, numa página com somente duas linhas escritas:


           


E, como pagamento da essência da magia


 cada sacrifício será quitado e desfeito à medida que o ciclo se cumpre.


 


__ Os sacrifícios serão desfeitos?__ indagou Ayame.


O homem não respondeu, mas sorriu.


__ É assim que vocês poderão voltar__ ele disse depois de um tempo__ Como o pagamento do sacrifício. E a segunda profecia estará cumprida. A partir daí, caberá a vocês terminar a primeira.


Todos ficaram em silencio por alguns momentos.  Então, Harry perguntou:


__ Porque tudo isso acontece? De onde vêm essas profecias? Como elas se realizam, assim?


O homem balançou a cabeça.


            __ Isso é algo mais profundo de ser entendido do que eu posso explicar agora. Um dia vocês entenderam. Mas saibam que as profecias só são feitas quando muitas energias se concentram numa coisa só. Por exemplo, o que vocês mais queriam era um modo de derrotar o Lorde das Trevas. Então, uma profecia foi criada para que vocês pudessem conseguir isso. Mas essa mesma profecia só é realizada com os seus esforços. Talvez vocês não saibam, mas há inúmeras profecias por aí, que não se concretizam, pois o esforço de seus participantes não foi suficiente. No final, são vocês que acabam fazendo a própria profecia. É tudo uma questão de energia, que pode ser complicada ou simples. E tudo é regido por uma energia maior e mais forte. Aquilo que os humanos chamam de Deus.


            Eles entraram em silencio mais uma vez, absorvendo as palavras. O homem então levantou-se e disse:


            __ Mais alguma pergunta?


            Ayame de repente levantou-se também, olhou para Harry e então para o homem novamente.


            __ Eu...__ começou ela__ Meu sacrifício. Não foi minha alma. Foi....


            __ Seus poderes, sim__ o homem interrompeu, assentindo seriamente.


            Harry levantou-se também, entendendo o que ela queria dizer.


            __ Mas... o sacrifício seria desfeito...mas ela não sacrificou a alma... isso quer dizer que...


            O homem levantou a mão para que Harry se calasse, e suspirou.


            __ Ayame__ disse ele__ Você lembra do que aconteceu com você há um ano atrás, quando se sacrificou por Harry?


            A garota franziu as sobrancelhas.


            __ Eu fui parar num lugar escuro__ respondeu ela__ E fiquei lá até me encontrar com Rayearth e voltar.


            __ Além disso, você se lembra de algo mais?


            A garota balançou a cabeça.


            __ Você esteve aqui__ disse o homem__ Conversou comigo.


            Ayame levantou as sobrancelhas.


            __ Você não passou pela Encruzilhada, por causa da magia de proteção dos Elementares, mas esteve aqui. Isso foi entre seu período de escuridão e seu encontro com o Lobo de Fogo, mas você não se lembra de nada. Naquela época, porém, você fez sua escolha aqui.


            __ Eu escolhi__ a garota se pegou dizendo__ sacrificar meus poderes?


            __ Sim, e depois Rayearth confirmou isso, pois você não se recordava de sua própria escolha. E agora... mais uma vez você está aqui.


            Ayame piscou algumas vezes e então abaixou a cabeça.


            __ Eu... posso ter meus poderes de volta.... mas para isso não posso voltar com Harry.


            O homem assentiu.


            __ A escolha é sua.


            Ayame levantou a cabeça e então sorriu.


            __ De que vale poder controlar o fogo se não vou estar com a pessoa que mais amo no universo?


            O homem sorriu também e os olhares deles se encontraram. Harry, observando tudo, sentiu uma estranha cumplicidade entre os dois.


            __ Está feito. Mas saiba de duas coisas, querida__ o homem colocou a mão no ombro de Ayame__ Como o Lobo de Fogo lhe disse, o poder nunca te abandonará. Uma vez Elementar, sempre Elementar.


            A garota assentiu.


            __ E também__ continuou ele__ Essa é a segunda vez que nos encontramos, e a segunda vez que você volta para o mundo dos vivos. Na terceira, não terá mais volta.


            Ela assentiu novamente, confiante.


            __ Obrigada.


            O homem sorriu e se afastou dos dois, apontando o caminho de pedras brancas à frente, que continuava.


            __ É chegada a hora.


            Harry e Ayame deram as mãos novamente e encaminharam-se para a estrada. Depois de alguns passos, Ayame voltou-se para trás. O homem estava novamente atrás do pedestal, escrevendo no livro.


            __ Nós nos lembraremos de que estivemos aqui?__ perguntou ela.


            __ Não sei__ respondeu o homem sem tirar os olhos do livro__ Vai depender de vocês.


            A garota ia virar-se para frente, mas estacou. Voltou atrás e, apertando os olhos, perguntou também:


            __ Quem é você?


            Desta vez, o homem de barba branca e vestes azuis ergueu os olhos e sorriu.


            __ Alguns me chamam de Guardião das Portas. Mas eu gosto mais do nome que os humanos me deram. 


            __ E qual foi?


            __ O Destino.


            Ayame sorriu. Harry pegou sua mão novamente e eles continuaram caminhando pela estrada de pedras brancas, rumo ao seu verdadeiro mundo.

Comenteeeem beijooooooooooooos

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