A segunda profecia



Cap.27


A  SEGUNDA PROFECIA


            Trelawney parou na porta da sala dos professores. Harry e Rony até agora não tinham conseguido se livrar dela, e na verdade Harry estava pressentindo que não deviam abandoná-la.


            __ Oh, Raquel, querida, como vai?


            __Ah, Sibila, tudo bem? Sr. Potter e Sr. Weasley, também...


            __ O que uma moça bonita como você faz sozinha aqui bem na hora do jantar, querida?


            __ Ah, bem, eu...


            __ Ora, vamos, estávamos mesmo indo para o Salão, não é garotos, porque não nos acompanha?


            Trelawney se virou para fora da sala e então aconteceu.


        Seus olhos se reviraram nas órbitas e então ela os arregalou. Avançou para Harry e agarrou seu braço. Ela estava rígida, as veias do pescoço saltando para fora. Seus olhos então desfocaram e sua boca afrouxou, mas o aperto no braço de Harry não.


        __ Professora... Professora!


        __ Eu vou chamar alguém!__ disse Rebecca avançando para a porta.


        __ Não!__ exclamou Harry.


        Ela já vira isso antes. Fora por esse tipo de comportamento que Dumbledore contratara Trelawney, que mais parecia uma charlatã, mais de dezessete anos atrás. A boca da professora começou a se mexer e Harry teve um sobressalto, ansioso para ouvir, mas não conseguia. Ela murmurava muito baixo.


        __ O que, professora? Não estou conseguindo ouvir...


        Trelawney de repente apertou mais ainda o braço de Harry e falou, sua voz soando alta e rouca:


        __Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima...


            O coração de Harry saltou. Conhecia aquela frase muito bem...


            __ Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima__ repetiu a professora. Ela  soltou o braço de Harry e começou a andar para fora da sala.


            __ O que é que está...__ perguntou Rony, confuso, indo atrás de Harry, que seguia a professora.


            __Shh!__ fez Harry.


            __Nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês... __ continuou Trelawney, andando aparentemente sem rumo__ e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece...


            __ Harry__ disse Rebecca, aproximando-se deles enquanto andavam__ Ela está falando de você!


            __ Eu sei!__ respondeu o garoto, nervoso por essas interrupções__ Essa é a minha profecia, minha e de Voldemort, que ela está repetindo...


            A prof. Trelawney virou no corredor e eles correram para acompanhá-la.


            __ E um dos dois deverá morrer na mão do outro pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver...


            As palavras ecoavam na cabeça de Harry enquanto ele seguia a professora. Ela então virou mais um corredor, e o garoto sentiu cheiro de comida e ouviu pessoas falando.


            __ Harry!__ exclamou Rony__ Ela está indo pro Salão Principal!!


            __ Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar... Aquele que tem o poder que o Lorde desconhece...


            Rebecca correu para alcançar a professora, mas ela se desvencilhou e continuou andando em direção ao Salão. A moça puxou a varinha.


            __ Não!!__ exclamou Harry__ Se pará-la agora, ela não vai terminar a profecia!


            Trelawney correu para a porta do Salão, os olhos ainda arregalados, e falou na voz alta e rouca, bem na frente da porta aberta:


            __ Aquele que possui o poder de derrotá-lo com aquilo que ele não possui... Para cada uma das três espécies deve procurar... E cada fragmento deve encontrar... Daquilo que derrotar-lhe-á... Só aqueles que possuem o poder podem encontrar, na hora e lugar certos em que aparecerem, mas em troca algo deverão entregar... E assim produzir... Aquela que escolhe o bruxo... Para aquele que possuir o poder maior!!


            O Salão estava em silencio. Harry ouvia aquela parte nova da profecia sem entender. Ele observava a professora Trelawney sem vê-la.


            A professora parou de falar, ofegante, e então caiu no chão, desmaiada.


            O Salão Principal explodiu em barulhos e gritos. A grande maioria das pessoas não tinham entendido nada do que estava acontecendo e estavam assustadas. O olhar de Harry vagou estranhamente pelas mesas e ele viu algumas pessoas gritando, outras cochichando assustadas e outras observando tudo sem entender. Seu olhar parou na mesa da Sonserina, onde várias pessoas pareciam bravas e ansiosas ao mesmo tempo. Um garoto do sexto ano saiu da mesa furtivamente, acompanhado por Goyle, e desapareceu. Harry observou isso mas não captou o acontecimento.


            Ouviu alguém o chamando. Mas tudo parecia distante.


            __ Harry!!__ ouviu a voz de Hermione__ Vai logo!


            Ela o empurrava para longe do Salão. Ele viu Hagrid carregando Trelawney, correndo em direção à enfermaria, acompanhado pelo prof. Flitwick. Viu Snape sair em direção ao gabinete de Dumbledore, e Ayame conversando nervosamente com Rebecca e Rony.


            __ Acalmem-se!__ ele ouviu a voz da prof. MacGonagall lá dentro do Salão__ A prof. Trelawney já foi levada para a enfermaria, ela ficará bem. Agora, se fizerem o favor de ficarem quietos, por favor...


            Aos poucos, os ânimos foram de acalmando dentro do Salão e o burburinho diminuiu. Hermione começou a puxar Harry em direção à enfermaria e Rony e Rebecca os seguiam. Ayame conversava com Gina, Neville, Luna, Juliano e Maria Eduarda na porta do Salão.


            __ Você vai ou não nos contar o que foi aquilo??__ indagava a ruiva.


            __ Gina, fica calma, eu sei tanto quanto você!__ respondeu Ayame__ Se soubermos de mais alguma coisa eu aviso...


            __ Vai poder avisar pra gente também?__ perguntou Juliano.


            __ Vermefire!__ Ayame teve um sobressalto. Snape estava a alguns passos de distancia, acompanhada pelo prof. Dumbledore__ Onde estão Potter, Weasley e a prof. Bungee?


            Ayame lançou um olhar de desculpas aos amigos e fez um gesto para eles voltarem para dentro do Salão.


            __ Vovô! A prof. Trelawney, ela fez uma profecia...


            __ Sim, Ayame, Severo me informou... Chame Harry e os outros, está bem? Encontramos-nos daqui a cinco minutos na minha sala. Vou resolver algumas coisas aqui...


            Ayame assentiu e correu em direção à enfermaria.


            __ Harry!__ disse ela por pensamento, esperando que ele a ouvisse__ Voltem para cá, Dumbledore precisa falar com a gente!


            Não houve resposta. Ela apressou o passo e logo estava na porta da enfermaria.


            __ Harry, Rony...__ ela disse, entrando, ofegante__ Precisamos voltar.


            Os outros a olharam e assentiram. Antes de sair, Ayame olhou a professora deitada na cama e perguntou se ela estava bem. Madame Promfey disse que sim e Ayame pediu que Hagrid ficasse ali para avisá-los quando ela acordasse.


            __ Você entendeu alguma coisa do que Trelawney disse?__ perguntou Harry baixinho para Ayame enquanto andavam, segurando sua mão.


            __ Não muito__ respondeu ela, franzindo as sobrancelhas__ Mas entendi que falava sobre um modo de derrotar Voldemort, e se você se lembra, isso é justamente o que estamos precisando.


            Cinco minutos depois os dois, junto com Hermione, Rony e Rebecca, estavam na frente do gabinete do diretor. Dumbledore abriu a porta e foi direto para o armário.


            __ Foi uma pena eu não estar presente__ disse ele, fazendo a Penseira sair do armário e depositar-se na mesa com um aceno da varinha__ Por isso vou precisar que me contem tudo.


            Harry falou rapidamente sobre desde a hora em que estavam na sala dos professores e Trelawney começou a repetir sua profecia até a hora em que ela começou a nova profecia para todo o Salão.


            __ Hum__ fez o diretor__ Teremos que juntar o que cada um de vocês viu, para ter uma visão mais detalhada do acontecimento. Por favor, depositem suas memórias do que viram aqui.


            Dumbledore deu uma batida na borda da Penseira. Rebecca levou sua varinha à têmpora e depositou o fio prateado que saiu de lá no liquido.


            Os outros ficaram parados.


            __ Vamos__ disse ela.


            __ Nunca fizemos isso__ disse Rony.


            Dumbledore sorriu e explicou:


            __ Pensem claramente na memória e só levem a varinha à sua cabeça. Sai naturalmente.


            Harry tentou e não teve nenhum problema. Os outros também o fizeram e logo uma massa prateada de fios flutuava na Penseira. Dumbledore misturou o liquido com sua varinha e então uma imagem apareceu.


            A prof. Trelawney, em pé em um local que não aparecia, começou a falar com sua voz alta e rouca, desde o momento em que começou a profecia, repetindo a parte que já conheciam sobre Harry e Voldemort e falando a parte nova.


            Todos ouviram em silencio. Quando acabou, os olhares se viraram para Dumbledore.


            __ Professor__ disse Harry__ Eu acho que nessa profecia pode estar o que estamos procurando para derrotar Voldemort. Para derrotar o espírito de Nagini.


            O diretor não respondeu em palavras, mas lançou um olhar à Harry que confirmava sua teoria.


            __ Harry tem razão__ disse Rebecca__ Agora só temos que entender o que a profecia diz.


            Dumbledore levantou-se.


            __ Sim, mas temos que fazer isso rápido__ disse ele, lançando um olhar à Penseira__ Receio que Voldemort e os Comensais da Morte já tenham conhecimento da profecia e também estejam tentando entendê-la.


            __ Como isso pode acontecer?__ indagou Rony franzindo as sobrancelhas.   


            __ Infelizmente, Sibila fez a profecia em um lugar público demais__ disse Dumbledore__ E nós sabemos que...


            __ Com certeza alguém já informou o que ouviu para um Comensal__ respondeu Rebecca__ Provavelmente a mesma pessoa que descobriu meu disfarce.


            Harry então lembrou-se do que vira na mesa da Sonserina.


            __ Isso! Eu vi um garoto da Sonserina e Goyle saírem do Salão parecendo muito suspeitos... Com certeza eles foram avisar os Comensais sobre a profecia.


            __ Então não temos tempo a perder__ disse Ayame__ Quando Voldemort souber da profecia, com certeza vai fazer de tudo para ela não se concretizar, como fez ou pelo menos tentou fazer com a primeira profecia...


            Dumbledore apontou a varinha para a Penseira e a memória passou-se de novo. Eles ouviram em silencio novamente. Quando acabou, Hermione estendeu um pedaço de pergaminho na mesa.


            __ Tomei a liberdade de escrever a profecia nesse papel__ disse ela.


            __ ‘Aquele que possui o poder de derrotá-lo com aquilo que ele não possui, para cada uma das três espécies deve procurar, e cada fragmento deve encontrar daquilo que derrotar-lhe-á...’__ repetiu Ayame__ Parece que está falando de uma arma ou algo assim para derrotar Voldemort, e está dizendo que ‘aquele que possui o poder de derrotá-lo’ é quem deve procurar essa arma...


            __ Ou seja, Harry__ disse Rebecca__ E assim produzir... Parece que teremos que construir a tal arma.


            __ O poder do qual a profecia fala__ disse Dumbledore__ O qual o Lorde desconhece e com o qual ele será derrotado...


            __ É o amor__ completou Harry.


            __ Mas... como que uma arma é feita de amor??__ indagou Rony__ E o que são essas três espécies e esses tais fragmentos? Essa profecia é uma confusão.


            __ Ela foi feita para que as pessoas certas a entendessem__ disse Dumbledore__ Só não sabemos se somos as pessoas certas ou não.


            __ Acho que hoje não vamos fazer muito progresso__ disse Ayame__ Estamos muito eufóricos com tudo isso, não conseguimos pensar muito claramente...


            __ Eu concordo__ disse o diretor, suspirando__ Vamos descansar e amanhã podemos continuar a desvendar a profecia. Mas por favor, tudo o que discutimos fica aqui. Não informaremos nada a ninguém até termos a entendido completamente.


            Os outros assentiram.


            __ Talvez as respostas brotem nas nossas cabeças enquanto dormimos__ disse Rebecca ao sair.


            Ayame ficou para trás.


            __ Vovô__ disse ela__ Você parece cansado. Não se preocupe, nós vamos conseguir...


            Dumbledore sorriu para a neta de criação.


            __ Sim, nós vamos, eu não duvido disso. Só estou velho, Ayame, velho...


            A garota abraçou-o. Ouviram um barulhinho e Ayame olhou para a janela: na gaiola pendurada, Fawkes acabara de brotar de um montinho de cinzas.


            __ Como seria bom se pudéssemos ser como uma fênix, sempre renascer, não é, vovô?


            __ Acho que cansaríamos, minha querida. A vida é maravilhosa, mas até os mais sábios cansam-se dela um dia.


            Ayame sorriu e deixou o gabinete.


           


 


            Ayame chamou Harry, Rony, Rebecca e Hermione para darem uma passadinha nas cozinhas, pois voltar para o Salão podia não ser uma boa coisa, e todos estavam com fome. Tiny ficou muito feliz em ver a amiga, assim como Dobby em ver Harry, e ambos ficaram ansiosos e estabanados ao tentarem fazer o melhor para os convidados.


            Depois de jantarem, Rebecca voltou para sua sala, e os outros foram para a sala comunal. Encontraram Hagrid no caminho e ele informou que a prof. Trelawney já estava de volta à sua sala e não se lembrava de nada, e Harry disse ao amigo que estavam tentando entender a profecia mas até agora não tinham feito muitos avanços. Na sala comunal, eles deram evasivas nas perguntas de Gina e Juliano.


            Ainda havia muitas pessoas na sala comunal, mas Harry subiu para o dormitório cedo. Não dormiu, só fechou os olhos, esfregando a cicatriz. Ficou observando o céu estrelado pela sua janela e então adormeceu sem perceber.


           


            Harry acordou com um sobressalto. A porta do dormitório acabara de ser aberta estrondosamente.


            __ Harry, Harry!


            __ O que... Ayame..? O que você...


            Rony acordara também e sentara-se na cama.


            __ De novo, Ayame? Essa sua carência tá passando dos limites...


            __ Não é isso, Rony...__ ela estava quase pulando. Harry esfregou os olhos: não conseguia acreditar que ela parecia tão repentinamente feliz__ Eu descobri!!


            __ Quem... descobriu o que...__ Neville estava acordando também.


            __ Fale mais baixo, Ayame...__ pediu Harry, mas ela não deu atenção.


            __ Eu descobri, Harry, veio à minha cabeça quando estava na cama... Aquelas três espécies, são os tipos de amor!


            __ An? Do que você está falando, Ayame...__ indagou Rony, mas ela o interrompeu.


            __ E, não sei como não notei isso antes, está tão na cara!__ Ela sentou-se na cama de Harry, chacoalhando as mãos.


            __ O que está na cara? Não estou entendendo...


            __ E assim produzir aquela que escolhe o bruxo, Harry, aquela que escolhe o bruxo!!


            __ Como assim, aquela que escolhe o bruxo...?


            __ Uma varinha, Harry!! A arma da profecia é uma varinha!!


           

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