O retorno de Fawkes e mortes



- CAPÍTULO TRINTA E SEIS -
O retorno de Fawkes e mortes

Assim que sua pele entrou em contato com a névoa negra, todo seu corpo pareceu queimar em chamas, um urro de dor arrepiante saltou da boca de Harry, que caía de joelhos de contorcendo de dor. Seu suor escorria em abundância e ele estava prestes a desmaiar, quando uma explosão de luzes e cores surgiu no céu, formando uma ave formosa e vermelha. Com seu pescoço esticado e suas asas batendo graciosamente no ar, ela olhou para Harry e entrou num mergulho veloz, correndo para salvar o garoto. Aquela era Fawkes, a fênix de Dumbledore, que sumira na noite de sua morte, e só voltara agora, no momento que Harry mais precisava dela.
Ela pousou ao lado de Harry e deixou cair uma única gota de lágrima, no rosto de Harry, esta logo escorreu para a boca, e toda a dor do garoto cessou. Ele se esticou no chão, olhando para a ave, que piou alegre.
- Obrigado... – murmurou Harry ofegante e logo em seguida fechou os olhos, aliviado com o sofrimento, que havia evitado.
Passaram-se alguns minutos, enquanto Harry respirava deitado, estendido no chão, com os olhos fechados, recuperando energia e colocando os fatos ocorridos, tentando aceitar que Voldemort estava ainda mais próximo de ser mortal.
Harry já havia destruído três Horcrux, o Diário, a Taça, o Medalhão, enquanto Dumbledore destruíra um, o Anel. Ao todo tinham sido destruídas quatro só faltavam duas Horcrux, mais o fragmento da alma que habitava no corpo de Voldemort. Harry suspeitava que uma das Horcrux que faltava era a cobra Nagini, porém faltava saber qual era a outra, a última.
Provavelmente seria algum objeto de Godric Gryffindor, ou de Rowena Revenclaw.
Um pio gracioso despertou Harry. Ele abriu os olhos e sorriu ao ver Fawkes parada ao seu lado.
- Vamos embora! – falou ele pondo-se em pé. A Fênix levantou vôo e após dar algumas voltas circulares no céu negro, desceu e pousou no ombro de Harry.
- Então você vai ficar comigo? – outro pio ressoou no ar, indicando que sim.
Juntos – e com todo o grupo que fora assistir a destruição da Horcrux, Harry retornou à Hogsmead, desejando mais do que tudo, uma boa noite de sono.

O dia seguinte chegou, porém Harry não acordou cedo. Ficou na cama até a hora do almoço – só levantou porque Dobby foi chamá-lo para a refeição – Harry comeu a deliciosa refeição, que continha desde o arroz mais simples, à uma apetitosa batata gratinada, com molho branco. A comida preparada pelos Elfos Domésticos era realmente boa, principalmente pelo motivo deles nascerem para servir, ou seja... O maior dom deles, era fazer serviços domésticos, entre eles, cozinhar.
Após a refeição animada no refeitório da Sede da Ordem da Fênix, Harry voltou ao seu gabinete, onde relaxou durante a tarde. Não fez nenhum serviço pesado, e com regularidade parava para conversar com o quadro de Dumbledore. Harry descobriu que ele era uma ótima companhia, durante o tempo ocioso.
À noite Harry jantou logo no seu inicio e dormiu cedo também, fazendo aquele dia, um dos mais tranqüilos dos últimos meses.
Durante a noite teve alguns pesadelos curtos, em que revivia o momento do impacto com a névoa negra que saíam das Horcrux. Sentia toda a agonia novamente, porém por sorte, isso logo passava e ele ou acordava ou mudava o rumo do sonho.
Logo que o sol nasceu Harry despertou dos sonos conturbados que tivera na noite anterior. Espiou pela sua janela a alvorada belíssima, enquanto agradecia por poder contemplar aquela visão, pois Harry sabia que o dia da Batalha Final chegaria, e ele sabia também que poderia morrer na luta e então deixar para trás todos que ama, deixar saudades em todos que o amam e deixar morrer a esperança de vencer essa guerra para a sociedade bruxa.
Ele não sentia medo em enfrentar Voldemort, o único receio que tinha, é que se morresse... O que seria de Gina? A pobre ruiva ficaria solitária para sempre ou trataria de esquecer Harry a ser feliz ao lado de outro homem? Qualquer um dos dois pensamentos era aterrorizante para Harry e por isso ele desejava cada vez mais, sobreviver à batalha e depois poder viver feliz ao lado de Gina.
E por outro lado, ele pensava... O que seria de mim? Caso Gina morresse, certamente Harry iria lutar sedento por vingança, mas depois de conquistá-la, o que iria fazer? Sentiria um vazio imenso dentro de si, um vazio assustador, um vazio assombroso. Pois ele sabia que seria infeliz até o fim de sua vida medíocre, sentiria falta de Gina todos os amanheceres e todos os pores-do-sol. Ele tinha a certeza de jamais conseguiria amar outra mulher, então caso a ruiva morresse, seria decretada também a morte de Harry Potter. Pois a vida é uma morte, se não há felicidade.
Harry balançou a cabeça para espantar os pensamentos que só o faziam sofrer com antecedência – e talvez sem necessidade. Olhou para Edwiges, a ave estava quieta em sua gaiola, olhando fixamente para o dono, mostrando-se comportada e disciplinada certamente por ciúme de Harry, que ganhara uma nova ave, e não era uma simples ave, era uma Fênix, e não era também uma simples fênix. Era Fawkes, a Fênix de Dumbledore e que servira para fazer duas das mais poderosas varinhas, a dele e de Voldemort.
- Ora Edwiges. Não precisa ter ciúmes, eu te amo como antes! E além de tudo, Fawkes já me salvou duas vezes!
A coruja branca soltou um pio emburrada, Harry sentiu pena da coitada e decidiu soltá-la, ela teria um dia livre para caçar pela floresta.
Harry colocou uma veste de bruxo e saiu de seu quarto. Foi até o refeitório e comeu várias torradas com geléia de framboesa, e um delicioso suco de abacaxi com cenoura.
Satisfeito – e de barriga cheia – tirou também um dia livre, com Rony e Hermione... Para passearem por Hogsmead junto com os alunos de Hogwarts e assim poderia matar um pouco a saudades do tempo de escola.
O dia foi agradável, Harry, Hermione e Rony passearam pelo vilarejo como antigamente, e à tarde voltaram à sede.
- HARRY POTTER! – gritou um homem, que usava vestes sociais.
- O que foi que aconteceu? – Harry o reconheceu, era um dos espiões da Ordem da Fênix.
- Venha comigo! – o homem segurou o braço de Harry e aparatou. Surgindo no centro de Londres, onde vários corpos estavam estendidos pelo chão, inclusive de crianças e idosos. A Marca Negra pairava no céu escuro. E Harry soube na hora, que os mortos eram todos trouxas, indefesos contra Voldemort.
- Achamos esse bilhete! – ele tirou um pedaço de pergaminho.

Ousou me desafiar, e agora sofrerá as conseqüências. Massacres como esses continuarão até o dia que você morrer ou que decidir se render!

Lord Voldemort.


- Maldito! – exclamou Harry furioso. – O que faremos?
- Obliviadores que trabalhavam no Ministério antes dele ser dominado estão trabalhando para apagar a memória de todos, enquanto bruxos voluntários se esforçam para retirar os corpos daqui.
- Quantas vítimas?
- Registradas até agora... Cento e três.
- Todos trouxas?
- Sim. – afirmou o espião com pesar.
- Dobby! – o elfo doméstico se materializou na rua sangrenta, ele arregalou os olhos e soltou um gemido de medo ao ver a cena. Sem querer torturá-lo mais, Harry foi breve – Chame Rony, Hermione e qualquer outra pessoa da Ordem para vir aqui ajudar!
Dobby balançou a cabeça afirmando e sumiu no ar.
Um calafrio percorreu a espinha de Harry, fazendo seus cabelos da nuca ficarem em pé. A Marca Negra se movimentava lentamente, a serpente saia e entrava na boca do crânio. As linhas verdes-esmeralda em contrasta com a escuridão da noite tinham um tom muito macabro.
Poucos instantes depois, enquanto Harry caminhava entre os cadáveres para analisar a situação, um grupo aparatou no meio da rua.
Rony, Hermione e Gina estavam à frente do grupo, atrás estavam Moody, Lupin, Tonks, Quim e Hagrid.
- Que bom que vieram! – falou Harry, enquanto corria na direção deles. O olhar aterrorizado de todos não confortou Harry.
- Ajudem a tirar os corpos daqui! Levem para aquele abrigo que estão usando! – Harry apontou para um banco, que havia sido arrombado pelos bruxos para esconder os defuntos.
Harry e Rony correram juntos para a esquerda do desastre, Harry pegou um homem com o rosto e as roupas manchadas de sangue pelas mãos, enquanto Rony pegara com os pés. Foram levando o homem que balançava até o banco, onde depositaram num pilha de corpos sem vida, que estavam fazendo. Umas três fileiras de corpos chegavam até o teto, tamanhas era o número de gente morta.
Em algumas horas todos haviam sido retirados, e o número de crianças indefesas mortas era surpreendente. Isso só fez aumentar o ódio de Harry e ter mais vontade em acabar com Voldemort. No total, cento e noventa pessoas morreram, sendo que cerca de setenta eram só crianças. Havia inclusive um bebê, com o crânio fraturado.

Harry estava sentado sozinho numa sarjeta de Londres. Sangue escorria por baixo de suas pernas, rumando em direção ao bueiro. As manchas ficariam fixadas no asfalto, por bons longos anos, torturando a Harry e a todos que passarem pelo local diariamente.
A lembrança implantada na mente dos trouxas era que havia ocorrido um atentado terrorista no centro da cidade, e já aproveitaram para usar o banco arrombado como o local onde a bomba explodiu.
No dia seguinte seria notícia em todos os jornais trouxas, a mesma coisa... Somente no Profeta Diário sairia a real notícia, sobre o massacre de Voldemort.
O sol começava nascer na cidade, e Harry se lembrava do último amanhecer que ele vira. Fora belo e tranqüilo, porém ele lamentava pois sabia que aquele poderia ser o último. Harry acertara logo na primeira. Fora uma de suas piores madrugadas, nos últimos tempos.

Harry voltou à sede da Ordem da Fênix, acompanhado por Rony, Hermione e Gina. Quando chegaram, todos foram direto para seus aposentos, ninguém tinha ânimo ou vontade de conversar normalmente todos queria afundar a cara do travesseiro e tentar esquecer a cena de terror causada por Voldemort.
Naquele momento ele devia rir na penumbra de seu castelo negro, cercado por sombras e escuridão... O ambiente perfeito para ele.
Aos poucos, a mente foi ficando lenta, a visão escurecendo, a noção do real e do fantasioso sendo perdida e o mundo dos sonhos se fundindo com a vida.
Até que Harry adormeceu.

A manhã seguinte chegou acompanhada de uma inquietação no piso inferior, que irritou Harry. Não eram nem sete horas da manhã, e alguém – ou alguma coisa – estava fazendo um grande alvoroço no hall. Harry só torcia que para que não fossem bruxos enviados por Voldemort para destruir a Ordem da Fênix, no café da manhã.
Harry se trocou emburrado, e desceu para ver quem causava a bagunça. Descia as escadas, observando o barulho que aumentava. Eram várias vozes, a maioria masculina, porém mesmo assim eram doces e suaves.
Continuou descendo os degraus de mármore, ficando cada vez mais encantado com a beleza e suavidade das vozes, até que chegou ao térreo – no hall – e viu, três fileiras de elfos, enfileirados, falando com Lupin e Moody. Quem liderava o grupo eram Líforn e Jynn.
- Oh Harry! Ainda bem que você acordou. – falou Lupin, que tinha um sorriso estranho no rosto.
- O que está acontecendo? – perguntou Harry confuso, olhando para os elfos, que agora estavam em silêncio observando-o.

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