As outras peças




- CAPÍTULO VINTE E SETE -
As outras Peças


Harry saiu da casa, prometendo à si mesmo, que independente de qualquer ataque, ele voltaria para dar à Pablo um enterro digno. E teria que ser breve, pois os primeiros raios de sol já se aventuravam por trás das montanhas.
- Logo irá amanhecer, precisamos nos apressar. – falou Harry, apertando o passo.
Depois de cruzar três ou quatro ruas, eles chegaram à avenida principal, onde ficava o cemitério. Ele parecia abandonado, o portão de ferros finos e corroídos estava torto e frágil, quando o arrastaram para poderem entrar ele rangeu assombrosamente.
A grama estava morta e várias folhas se decompunham pelo caminho. Harry procurou a lápide de Tom Riddle, o pai trouxa de Voldemort. Pois fora ali, que o bruxo retornara, e ali seria um ótimo local para guardar uma relíquia, como recordação do dia. Porém para Harry, as recordações eram terríveis. Ele revia Cedrico caindo morto no chão, Voldemort rindo sobre o corpo, a batalha, onde as duas varinhas criaram um elo.
- Achei! – anunciou Harry, avistando o local, onde tudo acontecera. Ele correu até ficar de frente com o túmulo de Tom Riddle. Analisou alguns segundos a estátua e depois apontou a varinha para o chão. – Inflactionari!
A terra, por baixo da grama em tom marrom começou a se revirar e em pouco tempo, jorrava terra pelo ar, formando um grande buraco, quase até uma cratera, de uns quatro metros de profundidade e uns cinco de largura.
Harry pulou no interior, caindo sentado, com as pernas doloridas, devido ao impacto. Foi seguido por Rony e Hermione, que desde que entraram no cemitério não haviam dito uma palavra.
- Cavem aos arredores daqui. Alguma coisa me diz, que este é o lugar. – falou Harry decidido.
Os três cavavam túneis paralelos, por vários minutos, e quando Harry estava prestes a desistir, Rony gritou entusiasmado.
- HARRY! Achei essa caixa! – disse ele, que veio correndo, segurando uma caixa de madeira, trancada com um delicado cadeado.
- Tente abri-lo usando a chave! – falou Hermione.
Harry hesitou. Ficou a uma distância segura e enfiou a chave no cadeado, ansioso para ver a provável Horcrux.
O desenho da chave se encaixou perfeitamente no cadeado, e com um giro, surgiu um estalo simples, e o arco de metal se abriu. Deixando a caixa desprotegida.
Harry esticou a mão, na direção da caixa e disse:
- Open! - a tampa superior abriu lentamente, de forma graciosa, e uma almofada cor de mostarda, protegia um objeto, que inacreditavelmente, era... Outra chave.
Harry sentiu um calo incomodo subir até sua cabeça. E como uma panela de pressão, excedendo a sua capacidade ele explodiu.
- COMO ASSIM? MAIS UMA CHAVE? – ele respirou, contou mentalmente até dez, dando tempo a si mesmo para pensar. – Voldemort deve ser chaveiro... Ou então está ficando louco!
- Hum... Eu fico com a segunda opção. – falou Rony, coçando o queixo, se fingido de pensativo.
- Parem de brincar vocês dois e olhem para o céu. – impaciente, a jovem Hermione disse.
Harry olhou e ganhou uma grande surpresa. O céu estava totalmente azul, o sol e a lua dividiam o grandioso céu, apesar de o sol ser mais chamativo e brilhante.
- Então temos que torcer para que ninguém vá à casa dos Riddle. – falou Harry, com olheiras sobre os olhos, causadas pelo sono.
- Mas e se alguém quiser entrar lá? E ver o cadáver dele no chão. – falou Rony.
- Acho difícil, ele disse que todos achavam que a casa era mal assombrada. Ninguém deve entrar lá! – retrucou Harry, com segurança.
- Tomara... – cochichou Hermione num canto, solitária.
- Vamos continuar a busca, temos que descobrir alguma coisa aqui, ou então Bartolomeu não nos mandaria até aqui. – falava Harry, com menos segurança em relação a este assunto.
- Tudo bem... Mas onde você acha que pode estar o outro objeto? – perguntou Hermione.
- Sinceramente, eu não faço a mínima idéia.
- Me empreste as chaves, por favor? – pediu Hermione, porém Harry, mesmo sem entender o porquê a emprestou. A garota examinou os objetos de meta, até que disse.
- Hum... Realmente, como eu suspeitava. Olhem! – ela juntou os dois objetos de uma forma estranha, fazendo com que os dois se encaixassem perfeitamente. Um brilho apareceu, e o metal ficou branco, e as duas chaves já não eram duas e sim uma, que se fundiram. Harry observou, na mão de Hermione agora estavam uma chave grande, com as letras LV escritas.
- O que significa LV? – perguntou Rony.
- Ora, é claro... Lord Voldemort! E essa deve ser a verdadeira chave, que nos ajudará na captura da Horcrux! – concluiu Harry
- Não, acredito que ainda não... – aquilo fora com um tapa na cara de Harry, que sentiu todo o seu animo se esvaindo dele.
- Como assim? – falou Rony com indignação.
- É que isso é uma prática comum, entre grandes bruxos que desejam guardar objetos raros. Porém, todos eles, usam três chaves. E aqui, nós ainda temos só duas, precisamos encontrar a terceira.
- E onde vamos achar a outra chave? – perguntou Harry, sem idéias.
- Não sei... Depois pensamos nisso, pois primeiro precisamos retirar o corpo de Pablo daquela casa.
- Tudo bem... Depois que o enterrarmos nós procuramos a outra chave.

O grupo retornou à casa que continuava intacta, ninguém havia entrado e nem encontrado o corpo do jardineiro Pablo, que já começava a amontoar em volta, ratos e outros animais nada agradáveis.
- Precisamos tirá-lo rápido daqui. – falou Rony, tampando o nariz para evitar o mau cheiro da carniça rasgada pelos dentes afiados das ratazanas.
- Impervius! – falou Hermione, apontando a varinha ao corpo. Todos os animais foram jogados e o corpo foi envolvido por uma capa mágica, que curou os rasgos e fez desaparecer o cheiro horrível.
- Vamos enterrá-lo no buraco que nós já cavamos no cemitério.
- Então vamos depressa.
Eles caminharam de volta ao cemitério, com Pablo sob a Capa de Invisibilidade. Chegaram ao local onde a pequena cratera estava aberta e despejaram o corpo no buraco. Harry sentindo repugnância de si mesmo, por dar ao homem que morrera inocentemente um enterro tão miserável. Porém ele não tinha tempo, nem recursos para dar algo melhor ao homem.
Assim que terminaram o nada solene enterro, despejaram uma carta anônima à Polícia da cidade, avisando sobre a morte e logo depois, foram à um restaurante, comer e discutir onde estaria a terceira chave.

- Como vamos achá-la? Já fomos aos dois lugares importantes de Voldemort aqui nesse vilarejo. Não há mais aonde se procurar.
Harry, num momento de iluminação, deu um pulo da cadeira e se lembrou da visão que teve, enquanto estivera desmaiado. Ele ligou a aparência do local, com a aparência da floresta que envolvia Little Hangleton.
- Está na floresta! – exclamou Harry, aos amigos curiosos.
- como você sabe? – perguntou Hermione, intrigada.
- Eu vi, enquanto estava desmaiado eu estive naquele local...
- Mas mesmo assim, a floresta é grande, como vamos saber onde exatamente está a chave?
- Perto de um lago! Eu também vi. É só perguntarmos à alguém da cidade.
Sem hesitar, Harry chamou um garçom que passava por perto. Ele perguntou sobre o tal lago, e o homem dissera que havia dois, porém o maior e mais conhecido era o Lago Tiour. E que ficava ao leste, da cidade.
- Vamos andando? – perguntou Rony.
- É claro! Ou você quer ir rolando? – retrucou Hermione irritada.
- Mas nós não vamos andando mesmo. – Hermione se virou para Harry sem entender nada – Vamos aparatar!
- Mas a gente nunca foi lá?
- Eu já fui. Por sonho, porém fui. Acho que consigo aparatar lá.
Harry pegou na mão dos amigos, se concentrou no local e aparatou.
Caíram exatamente onde Harry havia estado. A visão que ele tinha naquele momento era idêntica, porém não havia o homem desconhecido sentado.
Ele se aproximou do lago, e observou que ao fundo alguma coisa brilhava.
- Deve ser a outra chave! – exclamou Rony se aproximando.
Harry esticou a mão, com a varinha empunhada e disse – Accio!
O objeto brilhante decolou do fundo da água numa velocidade impressionante e logo chegou á superfície. Assim que saiu do lago, inúmeras gotas de água voaram para todos os lados, formando uma torre líquida em volta do objeto que Harry reparou e realmente era uma chave.
A terceira parte do conjunto voou para a mão de Harry, que a apanhou e sentiu uma energia estranha subir pelo seu braço.
Tirou do bolso a chave maior e achou um ângulo que as chaves se encaixassem perfeitamente.
Assim como ocorrera com Hermione, as duas chaves se fundiram e um brilho enorme surgiu em volta. Poucos segundos depois, aquelas haviam se tornado em uma única chave, que repousava tranquilamente sobre a mão de Harry.
O homem que Harry vira no sonho, apareceu dentre algumas árvores altas. Ele era alto, com o cabelo branco como a neva na altura dos ombros, uma barba lisa escorria-se pelo seu rosto. Os olhos cansados denunciavam a idade avançada do homem, ele usava uma veste branca, que combinava com seus cabelos e barba, no seu pescoço havia um colar com um símbolo igual ao que se formara na chave, na sua mão direita estava um cajado de madeira, que ele se apoiava para andar.
- Olá, Harry. – falou com simpatia.
- Como me conhece? – perguntou o garoto assustado.
- Sua cicatriz é inconfundível. – o homem apresentou um sorriso. – Antes que pergunte, sou Slok, um antigo amigo de Alvo Dumbledore e Minerva McGonagall, atualmente sou o guardião desta floresta.
- E por que ela precisa de um guardião? – perguntou Rony.
- Pois, aqui está escondida muita magia negra, e estou preso a ela até o dia em que o Escolhido venha destruir essa magia. E acho que em breve estarei livre daqui. – falou, dando uma piscadela.
- Então você sabe onde está a Horcrux? – perguntou Harry.
- Ora, sei... Porém tenho que dizer que só um poderá prosseguir daqui, e neste caso, o único que tem chances é você Harry.
O estomago de Harry despencou como um pedregulho pesado. Seus olhos que haviam se animado com a notícia do paradeiro da Horcrux, voltaram a cair com tristeza.
- Vai Harry, você consegue, nós confiamos em você. – Hermione tentou animar sem sucesso.
Slok ergueu o cajado e pousou sobre os cabelos rebeldes de Harry.
- Tantum Iug Rörf! – antes que Harry pudesse perguntar o que ele havia dito, o homem traduziu – Confia em ti mesmo!
Harry sentiu uma força estranha florescer dentro de si, e uma vontade de seguir em frente brotar dentro de seu coração.
- Obrigado. – falou Harry, com humildade.
- Não há de que... Agora, tudo que tenho à dizer, é... Entre na caverna ao pé da colina... Aquele lugar é conhecido como a Câmara da Morte, embora eu nunca tenha poucas pessoas entrarem nela. Tudo bem que nenhuma voltou, mas você é o mais capacitado de todos.
Uma pitada da sua vontade foi roubada, porém não abalou sua coragem.
Harry lançou um olhar a Rony e Hermione, e depois um olhar agradecido à Slok, e partiu em direção à colina coberta por uma cor verde, que se creditava às arvores.
Ele usou sua espada para cortar alguns galhos no meio do caminho, mas conseguiu chegar sem dificuldade até o pé da colina e depois foi andando, seguindo ao leste, até achar uma abertura rochosa. Um frio no seu estomago surgiu, mas ele continuou, sem hesitar.


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