O medalhão de Slytherin



- CAPÍTULO TRINTA E CINCO -
O medalhão de Slytherin

Harry chegou na porta com um certo receio em abri-la, mas o impulso foi maior e ele escancarou a porta.
Alguns segundos depois, ele desejara nunca ter feito aquilo.
Um Basilisco, menor do que o que residia a Câmara Secreta dormia em frente à uma caixa de vidro, e dentro era possível ver um medalhão com a letra S, escrita com pequenas pedrinhas de esmeralda. Por sorte o Basilisco não havia acordado, mas certamente iria despertar se eles se aproximassem demais.
- Ele não pode acordar... – sussurrou Harry, temendo que o Basilisco acordasse, paralisasse os três e depois os comesse.
- Como vamos fazer para deixá-lo cego? – perguntou Hermione. E teve sua resposta poucos instantes mais tarde, pois Rony numa tentativa heróica bradava sua varinha enquanto gritava.
- INCÊNDIO!
O fogo e o barulho fizeram o Basilisco acordar, porém para a sorte geral do grupo, ele virou a cabeça e o fogo atingiu suas costas, fazendo apenas um borrão preto. Assim que ele se virou o primeiro a paralisar foi Rony, a segunda, seria Hermione porém ela fechou os olhos uma fração de segundo antes do Basilisco olhar.
Harry escondeu seu rosto por trás da capa e virou-se de costas. E viu no corredor, caído no chão uma das lanças que caíram na escada.
- Accio lança! – o objeto pontiagudo veio voando veloz direto nas mãos de Harry.
O garoto segurou, e preparou, deixando a ponta apontada frente, e ainda com o rosto coberto ele se virou depressa e jogou o objeto.
A ponta da lança cravou no crânio do Basilisco e a parte de trás acertou o olho direito.
- Hermione! – gritou Harry jogando a sua espada para Hermione.
A garota entendendo a ação segurou a espada e pulou para cravá-la no outro olho.
O Basilisco soltou um sibilo alto de dor, que Harry entendeu estar xingando-os e amaldiçoando-os.
Cego ele bateu com a cauda na caixa de vidro e a derrubou, fazendo-a estilhaçar no chão, e o medalhão cair por um túnel que se abrira.
- Harry! – Hermione jogou a espada de volta e Harry correu em direção á cabeça do Basilisco.
O animal, dominador de um ótimo farejo e uma excelente audição percebeu a avançada de Harry. O Basilisco deu um bote, com a boca aberta e as duas presas prontas para perfurar o corpo de Harry, porém num instante de reflexo, Harry pulou dando um giro e decapitou o Basilisco naquele instante.
No mesmo momento Rony saiu da paralisia, e Harry apontou para o buraco, onde o Medalhão havia caído.
Os três correram e pularam em seguida, Harry na frente, Rony atrás e Hermione bem colada em Rony.
Os três adentraram numa câmara, onde havia um tesouro imensurável guardado. Porém o mais impressionante era uma armadura com entalhes de criaturas estranhas e um elmo, prateado com um dragão no topo. E no fundo, bem no final do local estava o Medalhão.
Harry caía na direção do Medalhão, com os pés para cima, seus óculos refletiam o Horcrux que ele estava prestes a capturar, enquanto Rony e Hermione caiam desengonçados, e com certeza a colisão seria menos dolorida, pois ela iria ser amortecida pelas nádegas, ao contrário de Harry que iria cair com o rosto no chão.
- Accio Medalhão! – a relíquia descolou-se do chão e flutuou até Harry por as mãos nela. Um segundo depois, ele cobriu o rosto com o braço e caiu num monte de moedas de ouro.
A manga de sua veste rasgou-se toda, assim como sues braços e sua cabeça. O sangue escorria em abundancia pelo corpo de Harry, e a dor imensa se espalhava por toda a sua extensão. Harry ouviu um grito preocupado, porém não conseguia raciocinar, apenas gemer com a dor.
- Vamos sair daqui logo... – falou cerrando os dentes.
- Vamos aparatar para a Sede da Ordem.
Rony segurou o amigo e aparatou. Um segundo depois o grupo se materializava no hall da Sede da Ordem. Líforn que estava ali, contemplando admirado o busto de Dumbledore, correu até eles preocupado.
- O que aconteceu? – perguntou o elfo desesperado – Vocês estão bem?
- O Harry não! Procure ajudo Líforn! – falou Hermione quase chorando. Porém não foi preciso. Quim Shackebolt que estava na recepção correu até eles.
- Harry? – ele pegou o jovem no colo e o levou até o Centro Médico de Hogsmead. Um dos cinco medibruxos que ficavam de plantão correu até Harry.
- Coloquem-no na maca! – falou ele. Quim o depositou e o medibruxo entrou correndo numa sala, com Harry.

Cerca de quarenta minutos depois, Harry saiu da sala, com o braço cheio de bandagens e os cortes maiores na cabeça todos cobertos e medicados.
- Não foi nada muito grave. Harry teve apenas alguns cortes fundos e o braço direito estava quebrado, porém já o coloquei no lugar e as feridas estão sob curativos. O Potter já está liberado.
Harry retornou para a Sede da Ordem da Fênix, um tanto atordoado. Os acontecimentos desde sua despedida da Fortaleza de Gelo haviam sido rápidos demais. Em poucas horas ele estava na companhia de uma sociedade de Elfos, e agora, ele já havia passado por várias emboscadas, uma luta, havia capturado um Horcrux, fora ferido e levado à um pequeno hospital. Tudo isso, em questão de horas.
Assim que chegou ao hall, uma série de bruxos curiosos veio questionar Harry, com perguntas intermináveis, interrogando-o sobre os mínimos detalhes. Certamente, as fofocas corriam rápido em Hogsmead. Harry não estava afim de ser estúpido e dispensar todos, e por sorte Hermione havia percebido isso, porém havia percebido também sua exaustão, e gritou, no meio das pessoas.
- SILÊNCIO! – berrou ela, e todos silenciaram no mesmo instante – Vocês não vêem que ele está exausto? Ele precisa repousar, deixem-no em paz!
Harry agradecendo mentalmente a Hermione viu a multidão se dispersar aos poucos, e um corredor em direção à escada se abrir. Harry não hesitou, saiu em disparada rumo ao andar de cima.
A Cada degrau, seu corpo pedia por cama, a cada arfada para puxar o ar, que parecia estar sumindo, sua mente pedia por descanso, a cada movimento, por mais simples que fosse Harry ameaçava desmaiar, desabar no meio da escada.
O último andar finalmente chegou. A porta de seu gabinete surgiu, ela estava fechada, porém destrancada.
Harry se arrastou cansado até a sua poltrona e desabou.
Contou sua aventura desde a Fortaleza de Gelo, até a captura da Horcrux, nos mínimos detalhes, ao quadro de Dumbledore, e pediu para que ele repassasse a mensagem à Minerva McGonagall.
-... Diga também, que assim que eu acordar desejo falar pessoalmente com ela.


Voldemort xingava de maneira quase descontrolada, um servo apenas por derrubar algumas gotas de água, no chão, enquanto levava um balde. Era nítida a raiva excessiva de Voldemort nos últimos dias. Ele sentia que Harry Potter vinha ganhando força e por mais que ele se esforçasse, não conseguia deter aquele maldito garoto.
O servo de joelhos, enxugava com a própria roupa esfiapada e surrada o chão molhado, enquanto o bruxo que dominava o mundo mágico humilhava-o, na frente dos outros que passavam. O Império de Lord Voldemort ia bem, seu castelo particular era grande, seu exército também e ele ainda tinha sob controle toda a sociedade bruxa. Porém por quanto tempo?
Ele não sabia o quanto iria continuar no poder, se Harry continuasse avançando no ritmo acelerado que vinha.
- Eu preciso daquela ruiva... – sussurrou Voldemort, enquanto o servo se afastava, tremendo. O plano de Voldemort era capturar Gina e assim chantagear o Harry da maneira mais cruel possível, dando a ele apenas a chance de escolher se queria sofrer mais ou menos.
- SEVERO! – chamou, e o general do exército logo apareceu. Com manchas roxas no rosto e alguns cortes na face, sinais principalmente dos castigos cruéis aplicados por Voldemort.
- Sim, mestre? – falou Snape, fazendo uma reverencia.
- Tu me disseste que Potter e alguns outros lutavam com espadas, certo? – perguntou Voldemort.
- Perfeitamente.
- Então não poderemos ter desvantagem em relação a isto! Quero que instrua os principais Comensais, começando por você mesmo, depois Bellatrix, Lucio Malfoy, Draco Malfoy, Rabicho, Fenrir, Narcisa e quem mais julgar necessário. Depois comece a ensinar a massa.
Snape se levantou, e saiu do salão, meditando na ordem, dada pelo seu lorde.
Reuniu os Comensais citados por Voldemort e entregou-lhes uma espada para cada um, sem saber como começar. Até porque, ele sabia o básico e teria de aperfeiçoar suas próprias técnicas.


McGonagall andava atônita pelo seu gabinete. As informações que o quadro de Dumbledore havia acabado de lhe passar eram demais para seu pobre, velho e cansado coração. Harry Potter havia enfrentado uma batalha enorme sem ela saber, a Equipe Espártaco, que não passavam de quinze pessoas eram os únicos bruxos do bem, presentes na batalha, pois do resto ele havia sido auxiliado por uma legião de elfos.
Porém o mais importante era que ele havia vencido, Snape e seus subordinados haviam perdido, ou melhor, fugido como gazelas medrosas. Além disso, ainda havia o fato de ele ter capturado mais um Horcrux. O Medalhão de Slytherin, o maldito medalhão, que ele e Dumbledore haviam ido procurar, naquela noite amaldiçoada, onde o antigo diretor fora assassinado.
Uma lágrima escorreu pelo olho da diretora, uma sensação de infelicidade invadiu suas entranhas. Onde aquela guerra iria terminar? Quantos bruxos amados ainda iriam partir? Será que ela própria sairia viva daquela situação?
Tais perguntas martelavam insistentemente sua mente atordoada. Ela, Minerva McGonagall estava cansada de tanta opressão, de tantas batalhas, pela sua idade, se fosse uma bruxa ou até mesmo uma trouxa normal, ela estaria agora sentada em sua humilde casa, fazendo tricô, tranqüila ou então algumas poções simples e corriqueiras. Não. Ela não deveria estar altamente envolvida numa guerra sangrenta e destruidora, mas se era aquele destino que estava reservado à ela, por onde fugir? A única opção era dar o melhor de si, e o melhor que sua idade permitia para ajudar o bem, ajudar o ideal que ela acreditava a vencer, não desistir diante de um inimigo poderoso, que quando se enfurecesse, poderia esmagá-los como formiguinhas, e que sua única esperança, era num garoto, órfão de dezessete anos.
Isso daria um belo livro... Pensou ela, com desgosto.
- Pensando em que, Minerva?
- Na minha vida Alvo, em tudo que ocorreu nos últimos anos.
O quadro de Dumbledore apenas sorriu bondosamente. Era exatamente o que ela precisava, daquele sorriso confortante, daqueles olhos calorosos, mesmo que aquilo não fosse nem metade do Dumbledore de verdade, que já não vivia mais.


Harry acordou no seu quarto, estava exausto ainda, porém com forças suficientes para encarar os assuntos burocráticos da Ordem da Fênix.
Apesar de ter em suas mãos mais um Horcrux, o ânimo que aquilo dava evaporara durante o sono. Pois aquilo no futuro poderia significar mais uma dor insuportável, mais uma batalha terrível entre Comensais e Ordem da Fênix. Aquilo poderia enfurecer Voldemort ao máximo, capaz de fazê-lo vir pessoalmente atrás de Harry.
Ele olhou para a janela, a chuva fria caía do céu em grandes proporções, regando as plantas e refrescando todo ser vivente das redondezas. Uma névoa provocada pela própria chuva fazia impossível ver a mais de um quilometro dali. Poderia ocorre uma explosão que Harry não ficaria sabendo.
Com um bocejo Harry se levantou, colocou vestes mais formais e voltou ao gabinete, para analisar a renda da Ordem e a aprovação de novos membros, além de conferir o andamento dos treinamentos dos novos soldados.
Assim que se sentou na cadeira, olhou em volta, lamentando sua solidão, lamentando a morte de seus pais, lamentando o nascimento de Voldemort, lamentando seu próprio nascimento.
Por que minha vida tem que ser tão difícil? Questionou uma voz dentro da sua cabeça.
Aquela pergunta, que brotava em seus pensamentos, quase todos os dias, e que ele há dezesseis anos, não sabia responder foi afastada com a voz calma de Dumbledore.
- Harry?
- Sim?
- Deseja ainda falar com Minerva? Ela já está a par da situação.
Harry havia se esquecido da conversa que precisava ter com a diretora de Hogwarts.
- Sim, por favor, chame-a.
Alguns instantes depois a diretora se materializou na lareira de Harry. Ele não saberia dizer quem estava com o pior semblante, os dois apresentavam sinais de depressão.
- Olá, Harry.
- Olá, diretora.
McGonagall andou até a escrivaninha de Harry e sem cerimônia alguma, puxou uma cadeira e se sentou defronte ao jovem.
- Então, o que me conta? – perguntou ela, parecendo extremamente cansada, até suas rugas pareciam estarem mais murchas.
- Bom, primeiramente eu gostaria de lhe agradecer imensamente à ajuda por nos indicar a Fortaleza de Gelo, se não tivéssemos ido para lá, certamente hoje estaríamos mortos, e o exército de Voldemort teria nos esmagado.
- Não foi nada. Apenas fiz minha obrigação, e sinto-me feliz por saber que minha idéia foi útil.
- Extremamente útil – acrescentou Harry.
- Como queira. Mas agora, tratando de outro assunto, mais delicado... – a diretora fez uma pausa, porém Harry apenas olhou, não disse nada. McGonagall decidiu encerrar sua pequena pausa – Como e quando você irá destruir o Medalhão?
- Hoje à noite. Não bolei estratégia nenhuma, irei destruir do mesmo modo que fiz com a última e não importa a dor que eu sinta, serei recompensado quando a guerra acabar.
- Admiro sua coragem, porém não posso concordar Harry! Você quase morreu da última vez.
- E então faremos o que? Temos que destruí-la rápido! Não há tempo para esperarmos!
- Então faça como queira. Espero que você seja forte o suficiente para agüentar.
- Confie em mim.

A noite caiu e Harry cumpriu sua promessa. Logo depois de jantar ele se dirigia ao mesmo local que havia destruído a última Horcrux. Membros da Ordem da Fênix estavam presentes, entre eles McGonagall.
Gina tinha os olhos cheios de lágrimas, pois sabia que a cena terrível de ver seu amado, caindo possuído por uma dor incontrolável, gemendo, tremendo e gritando desesperado iria se repetir.
O nervosismo à flor da pele era visível em todos, principalmente em Harry, que caminhava lentamente como se fosse u prisioneiro condenado à forca, nos seus últimos passos em vida.
Líforn, Jynn e a rainha Galatza compareceram também para dar apoio à Harry.
- Eu te amo... – Gina sussurrou essas palavras com desgosto, entre várias lágrimas salgadas.
- Eu também. – respondeu Harry dando-lhe um beijo na testa. Logo em seguida ele entrou no círculo protetor, onde o Medalhão de Slytherin estava depositado. A partir daquele momento, seria só ele, e o Medalhão, medindo seus poderes e resistências mágicas.
Harry fitou por um último instante a bela peça, com o S cravado de esmeraldas e logo depois ergueu sua espada, desceu rapidamente sua lâmina e cravou no centro do medalhão, que se dividiu em dois.
Uma névoa negra saiu feroz de dentro da relíquia e voou em direção à Harry, que sabendo a reação se entregou à imensa dor. Com um único pensamento na cabeça...
Menos uma Horcrux! Fechou os olhos, e aguardou.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.