Lembrança



E tudo estava escuro, era como um jardim, mas as folhas eram negras, assim como a grama fofa no chão. Harry se aproximou de uma fonte, que no lugar de jorrar água, expelia um liquido vermelho bem escuro.
O rapaz se aproximou, era sangue, tinha certeza, mas ele reluzia, Harry podia ver sua própria imagem refletida nele. Deu um passo pra trás, sentiu o chão abrir sob seus pés e ele caiu numa imensidão fria e escura por algum tempo, e com um baque se viu sentando num lugar conhecido e bem iluminado.
A sua frente havia um arco velho com um véu preto balançando levemente mesmo na ausência de brisa. Aquele lugar não lhe trazia boas recordações.
- Não se preocupe. Está tudo bem, Harry! – disse uma voz animada do seu lado.
O rapaz olhou e viu seu padrinho sentado ao seu lado, com um belo e jovial sorriso no rosto.
- O que...?
- Ah, eu disse que voltaria, não disse? – Sirius disse, com uma piscadela.
Harry ficou sem reação, esperando que o homem continuasse, mas este não o fez.
- Então...? – Harry começou, se sentindo repentinamente envergonhado por não ter pensado com mais cuidado no que Sirius lhe disse em sua ultima visita. O homem apenas sorriu mais. – Não seja tão enigmático dessa vez, Sirius, por favor!
Sirius caiu numa gargalhada gostosa.
- Harry! Desde quando você se tornou preguiçoso para desvendar enigmas? Desde pequeno você solucionou problemas incríveis, juntou peças, construiu quebra cabeças que seriam dificílimos de serem resolvidos. Por Merlim! Não pode deixar a preguiça tomar conta agora!
Harry bufou, derrotado, e olhou par ao chão.
- Isso tudo é tão... Estúpido! – ele cuspiu as palavras, com raiva. – Seria tão mais fácil poder desistir de tudo, seria menos doloroso...
- Pare já com isso! Não diga tamanha besteira Harry. – falou o homem, em tom de advertência, franzindo o cenho. - Você vai conseguir, tenho fé em você. Todos têm em fé em você. Dumbledore sempre teve. Hermione tem.
Harry o olhou apreensivo, Sirius apenas lhe mandou um leve sorriso em resposta.
- Certo, então. O que vai ser dessa vez? – ele perguntou, enfadonho.
- O mesmo de antes.
- Da ultima vez, você disse que o que eu mais queria estava muito mais perto do que eu imagino. – disse Harry, entediado.
- Acho que devo fazer uma mudança aí. – disse Sirius, maroto. – Uma das coisas que você mais quer, que você pensa estar longe, está mais perto do que você imagina. – Harry o olhou como uma grande interrogação. – Porque a outra está debaixo do seu nariz e você finge não ver.
O homem parecia estar se divertindo, Harry se enfezou com isso.
- Ótimo! É só isso que tem pra me dizer? Que sou um tolo cego?
- Não... Não... – Sirius falou, tentando conter o tom de motejo. – Bem... É... Na verdade é!
Harry se levantou, enfurecido.
- Como eu saio daqui? – ele perguntou, depois de algum tempo olhando em volta, enquanto enfiava a mão nos cabelos negros, num sinal de nervosismo alarmante.
- Não vai sair enquanto não entender o que eu realmente quero dizer, Harry. – disse Sirius, sério.
- Então me diga logo.
- Entenda uma coisa, Harry: A Mansão Black é um lugar que esconde muito mais coisas que você jamais pôde imaginar. – disse o homem, abaixando o tom de voz, anormalmente sério. – É parte de Voldemort.
Harry olhou para o padrinho, sem entender exatamente o que ele queria dizer.
- Mas, Sirius, a Mansão...



Seu cérebro se desligou do sonho, e acordou. Harry manteve os olhos fechados, tentando voltar ao sonho, tentando restabelecer sua conexão com Sirius. Tentou se concentrar no lugar, na cena que na qual estivera segundos atrás, fez todo o esforço que pôde, mas foi inútil. Abriu os olhos, derrotado e frustrado, observou a cortina que estava fechada em volta da própria cama.
Quantos enigmas, quanta dificuldade.
E ele não saíra da estaca zero até então. Nenhuma Horcrux achada, muito menos destruída. Estava começando a sentir uma pontada de incapacidade, e um enorme desespero. Dumbledore confiava nele para acabar com Voldemort.
E sua mente começou a vagar em suas lembranças...
As reuniões na sala do Diretor no ano passado, as coisa que descobrira e que vira. A bizarra lembrança da velha metida e tola que confiara cegamente em Voldemort ao lhe mostrar dois artefatos que ele fez de tudo para conseguir; lembrar da mulher fez Harry rir... E os acontecimentos do quinto ano, a AD da qual ele sentia tanta falta. Até mesmo de Zacarias Smith, o Lufa-Lufa chato que implicara desde o inicio com a formação do grupo.
E tudo parecia ser um sonho distante, imensamente distante da realidade que...
Levantou-se num pulo. Uma euforia irradiante começou a borbulhar dentro de si. Afastou a cortina e olhou para a cama ao lado: Rony, para variar, roncava como um porco. O ruivo vinha se distanciando um pouco dos amigos nos últimos tempos, visto que a estava cegamente apaixonado, quase não permanecia ao lado de Harry e Hermione... Apenas durante as aulas. Eram raros os momentos que Rony compartilhava com os outros dois amigos fora da sala de aula.
Harry ponderou, não ia adiantar contar a Rony, ele estava alheio demais aos progressos feitos para acompanhar o raciocino de Harry.
O rapaz levantou-se silenciosamente, apanhou sua Capa e o Mapa do Maroto. Saiu do quarto sem fazer um ruído sequer.

***


- Mione... – ele sussurrou, tentando ser suave para não assustá-la. Mais uma euforia incomensurável crescia dentro dele, que o fazia querer pular, e gritar o que acabara de lhe passar na mente para que Hermione lhe ouvisse.
- Hum... – ela murmurou, ainda adormecida.
- Mione... Sou eu...
- O que houve? – ela sussurrou, abrindo um dos olhos, cheia de preguiça. Harry sorriu diante da imagem.
- Acho que descobri como chegar a uma das Horcruxes. – ele disse, levantando-se, andando de um lado por outro, sem conter sua inquietação.
- Não podia esperar até amanha para dizer-me isso? – ela disse, levemente zangada, virando o rosto.
Ele a olhou perplexo.
- Você ouviu o que eu disse?
- Huhum...
- Hermione! – ela falou, alto.
- Harry! Eu adoro você. Adoro mesmo. Faço qualquer coisa por você. Mas é demais você vir me acordar as quatro da manha pra me dizer uma coisa que você poderia muito bem me contar daqui três horas, quando nos encontraremos no café da manha! – ela disse, numa voz pastosa.
Ele ficou bravo. Voltou até a cama dela, e sentou-se ao seu lado.
- Hermione... – chamou, suplicante. - Fale comigo!
- Depois... Vá dormir!
- Eu não vou conseguir dormir!
- Deite-se aí, posso te fazer cafuné até você pegar no sono. – ela disse, virando-se de costas pra ele.
Opaaa! A oferta era tentadora. Muito tentadora. Mas a euforia lhe corroia por dentro, ele não conseguiria ficar parado.
Ele debruçou-se sobre o corpo dela, que estava deitado de barriga para baixo, e sussurrou em seu ouvido.
- É com um enorme pesar que eu recuso essa sua oferta tentadora.
Ela despertou.
A proximidade fez ela se arrepiar.
- Harry... – ela disse, numa voz rouca.
- Eu sei como chegar à taça de Helga Hufflepuff. – ele tornou a sussurrar.
Hermione levantou-se num pulo, encarou Harry com os olhos arregalados.
- O que quer dizer com isso?
Harry apenas sorriu. Aaah, como queria gritar.
Hermione o olhou, apreensiva, percebeu que ele estava realmente animado.
O rapaz fitou a amiga, e a observou. Notou que o pijama que ela usava essa noite era uma blusinha de alcinhas, bem fina. Não podia ver o resto, ela estava coberta. A noite estava fria, a lareira não estava acesa.
- Porque não acendeu a lareira? – ele perguntou, debilmente.
- Porque não estava com frio sob minhas cobertas até você vir me acordar. – ela respondeu, apanhando a varinha sob o travesseiro. Com um aceno, belas chamas começaram a crepitar, aquecendo o quarto gradativamente. – Então...?
- Então...? – ele repetiu.
- O que descobriu? – ela indagou, com impaciência.
- A velha dona da taça se chamava Hepzibah Smith. – Harry falou, com triunfo.
Hermione o olhou, desgostosa.
- Me acordou para dizer isso?
- Hermione! Junte as coisas, deixe de ser preguiçosa! – ele falou, lembrando-se das palavras de Sirius. Ela pareceu se ofender com o comentário, envolvendo-se nos próprios braços.
- Me acordou para me ofender?
- Eu... – ele começou, arrependido do que dissera. Mas o olhar dela fez ele se calar. Ela acenou a varinha para um moletom largo e gigante que estava sobre uma poltrona, que veio até ela. Hermione o vestiu e se levantou, pisando duro.
Harry notou que ela provavelmente não estava usando parte debaixo do pijama, visto que o blusão, mesmo que comprido, deixava boa parte das pernas dela a mostra.
‘Tortura de novo...’, ele pensou, ao vê-la caminhar pelo quarto.
- Certo. – ela resmungou, sentando-se em uma das poltronas. – Termine de dizer o que veio me dizer e me deixe dormir em paz.
Ele engoliu seco, ela estava brava.
- Hepzibah Smith era descendente de Helga Hufflepuff e tinha a taça...
- E o medalhão. – Hermione adicionou.
- Sim, mas o medalhão nós já sabemos que fim teve. Sumiu de onde estava escondido.
- Sim...
- Helga Hufflepuff... Lufa-Lufa... Hepzibah Smith... – Harry começou a dizer e repetir as palavras.
- Zacarias Smith! – Hermione gritou, levantado-se num pulo, olhando radiante pra Harry, que sorriu igualmente feliz.
- Ah, meu Deus, Harry! – ela disse, eufórica, saltitando até ele. – Zacarias é da Lufa-Lufa, deve ser descendente de Hepzibah, a família dele deve...
Ela não conseguiu completar de tanta alegria que sentia.
Eles permaneceram em silêncio por alguns momentos, curtindo aquele êxtase de felicidade, que foi cessando conforme eles iam pensando mais afundo no problema.
- Você disse que sabia como chegar à taça. – ela disse.
- Sim.
- Como?
- Não tenho certeza.
Ela o olhou, frustrada.
- Harry! – ela advertiu.
- Temos que falar com Zacarias.
- Mas a taça sumiu, não se tem registro dela, você bem sabe. Depois da morte de Hepzibah, nunca mais...
- Ela nunca mais foi vista na casa de Hepzibah.
- E...?
- Precisamos pedir a Minerva para que nos dê permissão para sair. Enquanto esperamos por isso, vamos pesquisar o que for possível sobre Helga e sua família.
- Sim... Mas... – Hermione começou. Toda a euforia que quase a sufocara, agora era tomada por uma sensação estranha... Incerteza. – Se não tiver nada a ver uma coisa com a outra? Se estiver errado, Harry?
Ele pôde ver um pouco de tristeza perpassar os olhos castanhos dela, ocultos pela penumbra do quarto.
- Vai estar certo... Sinto que estamos no caminho certo. – ele disse, tentando encorajá-la. Ela lhe ofereceu um meio sorriso nada animador.
Harry lembrou-se de uma coisa que esquecera a algum tempo, quem sabe poderia ajudá-lo?
- Volto num instante, meu anjo. – ele disse, e saiu pela porta, cobrindo-se com a Capa.
Hermione sentou-se numa das poltronas em frente à lareira observando o crepitar das chamas, abraçou as próprias pernas enquanto seus pensamentos vagavam nas possibilidades. Estava terminando a tradução, mas pouquíssimas coisas dali poderiam ser aproveitadas para a destruição das Horcruxes. Até o ponto em que chagara, praticamente nada era aproveitável. O livro não falava sobre magia das trevas. Ela se sentia desapontada, tanto trabalho e de nada lhe rendera até então. Bichento pareceu incomodado em seu cesto, mexendo-se ameaçadoramente.
Ouviu Harry voltar a entra no quarto alguns minutos depois, sequer virou-se para vê-lo. Alguma movimentação atrás dela a fez perceber que ele trouxera algo consigo.
Segundo depois ele caminhou até ela, e ajoelhou-se no chão, fitando-a.
- Acho que me esqueci de uma coisa realmente importante. – ele disse em tom de desculpas.
Ela o olhou sem entender muito bem.
Harry lhe estendeu algumas coisas, que logo ela identificou como um frasco e uma carta.
Ela voltou a fitar Harry e lhe sorriu. Sabia que pra ele era difícil ter de mexer com as coisas de Dumbledore... Principalmente as coisas que ele lhe deixara.
- Quer fazer isso agora? – ela indagou suavemente.
Ele apenas assentiu. Hermione enfiou uma de suas mãos nos cabelos rebeldes dele, e sorriu ao vê-lo fechar os olhos enquanto o acariciava.
- Só pra te dar coragem. – ela sussurrou, se levantando.
- Espere! – ele disse, fazendo-a se sentar novamente. – Acho melhor lermos a carta antes.
- Ah, claro. – ela disse.
Hermione voltou a sentar na poltrona e enlaçar suas pernas, enquanto Harry sentou-se no chão, com as costas encostadas na poltrona dela. Ele abriu o lacre o envelope, havia bastante conteúdo dentro dele.
Ele tirou os papéis que estavam lá dentro e foi direto no que tinha a caligrafia fina e inclinada que ele tão bem conhecia.
- Pronto? – ela sussurrou, tocando o ombro dele.
Ele assentiu novamente e pôs-se a ler a carta em voz alta.
Hermione fechou os olhos, prestando a máxima atenção no que Harry lia, podia ter pistas nas entrelinhas... Quem sabe?

Minutos depois, Harry colocou o papel de lado, fitando o nada.
Hermione levantou-se de onde estava e sentou-se de frente pra ele, no chão. Viu os olhos dele marejarem.
- Hei... Tudo bem...
- Sim... – ele fungou. – Tudo bem. Acabo de descobrir que a Espada de Gryffindor me pertence. Que meus pais tinham uma outra casa, na praia que tinham acabado de comprar, para passarem as férias e que sequer puderam freqüentar porque morreram antes disso. E que a lembrança que ele me deixou foi conseguida como um milagre. E que de toda a tradução que está fazendo, apenas um parágrafo nos interessa.
- E isso não é bom? – Hermione falou, aproximando-se dele. – Você tem uma nova casa em Brighton, tem a Espada que já te ajudou salvar sua vida e de Gina uma vez e tem uma lembrança que pode ser de suma importância para nós.
Harry voltou a pegar o envelope, o resto dos papéis que havia lá dentro eram as escrituras da casa que fora passada para o nome dele.
- Meu Deus! – ele murmurou.
Sentia-se estranhamente magoado. Era triste saber que seus pais haviam comprado uma casa, onde tinham combinado que passariam as férias... Era casa onde Harry passaria as férias e os feriados... Pra onde ele iria aos fins de semana, pra onde poderia levar seus amigos e brincar na praia enquanto sua mãe fazia bolo pra eles.
Sem querer, ele suspirou e fechou os olhos. Sentiu os braços acolhedores de Hermione o abraçar, ele deitou sua cabeça no ombro dela, enquanto se sentia familiarmente confortável ali junto dela.
- Podemos deixar o resto para amanha se preferir. – ele balançou a cabeça, mas continuou ali. Hermione o apertou mais contra si, pousando seu queixo sobre a cabeça dele.
- Você irá lá comigo? – ele indagou. Ela pôde sentir tristeza na voz dele, talvez algum medo. Entrar na casa onde os pais dele haviam decidido passar momentos felizes devia ser realmente doloroso, sabendo que nunca puderam desfrutar de tais momentos.
- Claro que sim, se quiser. Sempre juntos. – ela sussurrou.
E bastou isso para o coração de Harry se acalmar.
- Vamos... Usar a Penseira. – ele murmurou, levantado-se desajeitadamente.
Os dois caminharam até a escrivaninha onde Harry havia deixado a bacia de pedra.
O rapaz abriu o frasco e despejou o conteúdo na Penseira. Respirou fundo.
- Harry? – Hermione chamou, em voz baixa, com medo de atrapalhar.
- Sim?
- Eu... Eu nunca usei isso. – ela disse, apontando pra Penseira.
Harry riu com o tom que ela usara.
- Não é difícil. – ele falou, oferecendo-lhe uma das mãos, que ela aceitou e apertou firmemente. – Pronta?
- Acho que sim. – ela respondeu, ligeiramente nervosa.
Harry inclinou-se sobre o objeto, junto com Hermione, e de repente eles estavam caindo no meio do nada, até que bateram os pés num piso de madeira muito bem encerado.
O lugar estava parcialmente iluminado. Não era possível distinguir muita coisa.
- Abra! – disse uma voz fria.
Harry e Hermione olharam para o lado. Viram o jovem Voldemort, ainda bonito, dar a ordem a alguém.
- É Hepzibah! – Harry disse a Hermione, assim que observou melhor.
Voldemort e a mulher estavam em frente a uma espécie de cofre. Hepzibah obedeceu sem contestar, a mulher tremia violentamente, parecia choramingar.
- Rápido! – no intuito de se apressar, a mulher acabou se atrapalhando.
Minutos depois, Tom Riddle tinha nas mãos a pequena taça de Helga Hufflepuff e o medalhão de Slytherin. Um sorriso quase ofídico brincou em seus lábios ao olhar para os objetos.
A mulher aproveitando o momento de distração do homem tentou fugir, mas um pequeno aceno de varinha, ele a fez parar onde estava e cair num baque surdo no chão.
- O que... O que vai fazer...? – ela murmurou, apavorada.
- O medalhão me pertence por direito. Não estou roubando, querida, apenas reavendo. – ele disse, com um sorriso cínico.
- E a taça? A minha taça? – a voz dela tremeu.
- Vai voltar às origens. – ele disse simplesmente.
Um nevoeiro denso cobriu a cena, Hermione apertou mão de Harry, aproximando-se mais dele, não era possível enxergar um palmo diante do nariz.
Da mesma forma que veio, o nevoeiro se dissipou. E eles haviam mudado de lugar.
Encontravam-se num lugar realmente escuro e frio, o cheiro era estranhamente enjoativo... Lembrava lugar fechado, mofo. Uma fresta de luz foi se transformando numa grande fonte de claridade quando uma porta bem ao fundo do lugar se abriu.
Harry e Hermione puderam distinguir o local como um porão muito, mas muito velho e mortalmente abandonado.
Hepzibah entrou no lugar aparentemente empurrada por um força invisível, logo atrás dela veio Voldemort.
- Por favor... Por favor... Deixe-me em paz! – ela implorava enquanto era cruelmente empurrada para mais perto de onde estavam os dois que assistiam a cena.
- Cale a boca! – ele ordenou. – Já disse que logo mais não terá com o que eu se preocupar.
E com um aceno de varinha ligeiro, saiu do montante de coisas velhas e podres do porão uma espécie de pedestal e uma pequena arca, que mais parecia um baú.
Riddle largou a mulher pra trás e caminhou até a pequena arca, a abriu, estava vazia. Com exímio cuidado ele retirou a taça da capa e depositou-a dentro. Fechou a tampa e com um sorriso traiçoeiro e cheio de prazer, ele trouxe a velha Hepzibah pra perto de si e segurou um de seus braços.
- O que...? – ela começou, mas o resto foi exprimido num grito de dor, quando ele abriu um corte fundo no braço dela. Passou a varinha sobre o sangue que começava a escorrer com abundância, depois, com gestos amplos e bem coordenados, começou a apontar para a arca sobre o pedestal, e uma espécie de redoma brilhante foi se criando e crescendo em volta do baú que guardava a Horcrux.
Ele passava a varinha sobre o sangue da mulher que se retorcia ajoelhada no chão, e este ia desaparecendo.
Parecia que ele estava fazendo aquela proteção com o sangue da velha.
Minutos depois ele sorriu satisfeito.
- Vamos, pequena infeliz. Não diga que sou um homem cruel, vou deixar você morrer em casa.
E a imagem se dissipou, ao mesmo tempo em que Harry e Hermione sentiam ser puxados para cima.
Estacaram de volta no quarto dela, Hermione se desequilibrou quando seus pés tocaram o chão, Harry a segurou pela cintura.
- Tudo bem...? – ele indagou.
Ela assentiu, incerta.
- Que... Horror! – ela disse, assustada.
- Sim... – ele limitou-se a dizer, retomando tudo que acabara de ver.
- O que acha que era aquilo? Aquele lugar? O porão de Hepzibah?
- Não, não. Óbvio demais. Ele disse que a taça voltaria às origens... – Harry falou, pausadamente, enquanto Hermione sentava-se em sua cama.
Eles permaneceram em silêncio por alguns minutos.
- Esqueçamos isso por enquanto. – disse Harry, mentalmente exausto demais para pensar. – Sonhei de novo com Sirius.
Hermione empertigou-se na cama, mostrando atenção.
- Ele falou em você desta vez. – ele disse casualmente, sentando-se ao lado dela.
- O que disse sobre mim?
- Que você tem fé em mim. Que não posso desistir. – Ele murmurou. Hermione o fitou, ele fez o mesmo.
- Ele está acerto. – ela disse, com um sorriso.
- Acho que esse é o único motivo pelo qual eu continuo lutando. O porquê de eu ainda não ter desistido.
O olhar da garota o analisou, e mais uma vez Harry sentiu-se nu sob o olhar dela, aquele olhar que tinha o poder de lê-lo por inteiro.
- O que mais ele disse?
- Que era pra eu deixar de ser preguiçoso e começar a juntar as peças. E que a Mansão Black esconde parte de Voldemort. – disse ele, com indiferença.
- Ele disse isso? – Hermione indagou, voltando a ficar eufórica.
- Sim. – disse Harry, sem entender o que ela tinha visto de interessante nisso.
- Meu Deus! Harry! Será que há uma Horcrux na Mansão? – ela perguntou, animada.
Harry limitou-se a rir.
- Mas que absurdo! O que uma Horcrux estaria fazendo lá, na mansão Black? Bem debaixo do meu nariz?
Hermione ponderou. Talvez ele tivesse razão. Porém Sirius prometera ajudá-lo.
- Harry...
- Esqueça, meu anjo. Acho que já foram emoções demais por hoje. Temos uma hora até o café da manha. Volte a dormir.

***


Mais um fim de semana chegou, era manhã de sábado quando Harry, Rony e Hermione, carregando Bichento que estava cansado de ser abandonado pela dona, entraram na Mansão Black acompanhados por Moody, Tonks e Estúrgio Podmore.
Os garotos entraram na cozinha e lá encontraram Matt McGonagall e Dobby conversando despreocupadamente.
- Bom dia! – ele cumprimentou ao vê-los entrar.
- Harry Potter, senhor! É um prazer revê-lo. Sempre um prazer. – Dobby disse, aproximando-se de Harry com seus grandes olhos brilhando de emoção.
- É ótimo vê-lo também, Dobby. – Harry respondeu, com simpatia.
- Hermione, será que eu poderia falar com você um instante? – disse Matt, levantando-se.
- É claro que sim. – ela respondeu com um sorriso. Ela saiu da cozinha com Matt em seus calcanhares, largou Bichento pelo corredor, que logo tratou de ir se ocupar.
Rony sentou-se com cara de poucos amigos. Harry fez o mesmo, sentando-se de frente para o ruivo.
- ‘Hermione’, é? – disse Rony, enfezado. – Ele está mesmo chamando uma aluna pelo primeiro nome?
- Pelo visto, ele acha que Hermione é mais que uma aluna. – disse Harry, com muito mau humor. – Duas cervejas amanteigadas pra nós por favor, Dobby.
- Sim, senhor. – respondeu o elfo, correndo para apanhar as cervejas.

***


Hermione entrou num dos quartos vazios da casa, o mesmo onde discutira com Harry ainda antes de voltar a Hogwarts, seguida de Matt.
As poltronas da ultima vez que estivera ali ainda permaneciam no mesmo lugar. Ela se sentou e esperou que Matt fizesse o mesmo, mas ele simplesmente a fitou.
- Sobre aquele pedido que me fez outro dia... – ele começou. Hermione ajeitou-se na poltrona, ansiosa. – Eu concordo em ajudá-la. Mas tem que ser sob absoluto sigilo. Os outros alunos não podem saber, e minha mãe não pode sonhar com uma coisa dessas.
Hermione sorriu satisfeita.
- Obrigada Matt. Fico realmente grata a você por arriscar-se assim para nos ajudar. – ela disse, com um sorriso que ele julgou sedutor. – E não se preocupe, ninguém saberá. Os meninos não dirão nada também, não há com o que se preocupar.
- Quero deixar claro que estou fazendo isso por você. – ele disse, em voz baixa.
- Sei disso. – ela disse, levando-se e se aproximado dele. – E sou imensa e infinitamente grata. Se houver algo que eu possa fazer por você. Não hesite em me dizer, ficarei feliz em ajudar.
Hermione havia dado a conversa por encerrada, mas Matt a fez parar a caminho da porta segurando sua mão.
Ela se virou e lançou-lhe um olhar intrigado.
- Na verdade... Há uma coisa. – ele disse. Ela podia ver a incerteza rondá-lo como um fantasma. Estava assustada, lançou um olhar as suas mãos dadas, depois voltou a encará-lo em busca de alguma resposta. – No próximo fim de semana... Tem passeio a Hogsmeade. Gostaria de saber se gostaria de ir comigo.
Ela o encarou sem reação alguma, de tão espantada.
- O que está fazendo? – não pôde impedir a pergunta, que lhe escapou sem poder frear.
- O que está pensando que estou fazendo.
Sim, Hermione. O professor aí está te chamando para sair.
Os pensamentos dela demoraram um instante para serem colocados em ordem.
Ele estava arriscando o próprio pescoço para lhe fazer um favor. Um favor que envolvia Harry... Porque se não envolvesse ela desistiria.
Ah, Deus... Ela não podia imaginar que diria...
- Sim, Matt. Eu adoraria ir com você.
Ele pareceu surpreso, mas sorriu. E que sorriso! Merlim... É de derreter qualquer mulher.
- Certo, então. – ele murmurou, sem parar de sorrir.
- Certo. – ela repetiu, sem poder conter um sorriso em resposta.
Hermione soltou a mão dele e saiu ligeira dali. Entrou em seu quarto mais que depressa e fechou a porta, encostando-se nela.

Bom... Resumindo os fatos:
Matt lhe faria um grande favor. Em troca do favor lhe convidara pra sair. Convite que ela não poderia recusar visto que ele estava lhe fazendo um favor.
Deus! Era um ciclo vicioso!
Seja vicioso o quanto for, não muda o fato de que você vai sair com um professor.
Ótimo!
Pra terminar de acabar: Hermione tinha um encontro com um professor.
Opa, amiga! Espera aí. Não é um professor. É o professor!
Todas as garotas de Hogwarts dariam tudo pra estar no seu lugar...

Merlim!
Mais essa ainda.
Ela ia aparecer em plena Hogsmeade com o professor de DCAT!
Todos iriam ver.
E muitas garotas maldosas iriam pensar que ela estava realmente dando tudo para manter seu status de boa aluna nas aulas dele.
‘Não que eu precise, mas... Há tanta gente maldosa nesse mundo.’
E se ele estivesse pensando que ela estava interessada nele?
Porque... Porque ela definitivamente não estava. Ele era uma ótima pessoa, excelente companhia, mas, isso não queria dizer que ela quisesse um encontro de verdade com ele.
Certo.
Tinha se metido em confusão feia. Tinha certeza disso.


***


- Acho que por hoje é o suficiente. Boa noite a todos – disse Quim encerrando a reunião.
Todos os presentes começaram a se levantar e se despedir.
O clima estava pesado. Haviam acabado de saber que o pai de Tonks fora seqüestrado dentro do Ministério, ao ir resolver alguns problemas. Ela não estava lá, segundo Lupin, tinha ficado com mãe, esperando alguma noticia.
Dali sairia um grupo formado para tentar resolver o caso.
Um grande tumulto se fez na cozinha, muitas vozes, Quim dando os últimos avisos aos que iam, outros falando sobre o acontecido. Uma grande movimentação tomou conta do aposento.
Hermione se levantou disposta a ir para o seu quarto, depois de muito pensar e pesquisar, tinha chegado a conclusões incríveis.
Ela começou a andar pelo acúmulo de gente ali, esbarrando em algumas pessoas.
- Desculpe. – ela disse, quando trombou com alguem que veio de encontro com ela.
- Eu que peço desculpas... – disse uma voz grave, conhecida. – Ah, Senhorita Granger.
Hermione encarou Edwards com uma pontada de raiva começando a latejar. Ele permaneceu ali parado, olhando pra ela.
- Com licença, eu quero passar.
- Eu queria me desculpar por aquele dia. Eu realmente a tratei mal, fui extremamente insensível. Peço-lhe minhas mais sinceras desculpas.
Oh! Então aquele era o dia das surpresas. Primeiro Matt, agora Edwards, só faltava Harry lhe dizer que voltara com Cho Chang! Ela não soube o que dizer diante de tanta educação. Essa parecia ser a ultima coisa que ele tinha, quando ela o viu naquela noite, nas masmorras.
- Tudo bem... – ela disse, séria.
- Eu sinto muito, muito mesmo. Sei que a magoei. Eu não estava num dos meus melhores dias...
- Eu também não.
- ...meu pai morreu há duas semanas. Nas mãos de um Comensal. Entrei na Ordem para vingá-lo. – ele disse, com tristeza.
- Oh... – ela fora pega de surpresa. – Eu sinto muito. Sinto muito realmente.
- Eu sei que isso não justifica minha falta de educação, mas...
- Está tudo bem. Não se preocupe.
Ele sorriu, parecendo aliviado. Ela retribuiu.
- Edwards! – gritou Moody. – Venha até aqui, garoto, está no grupo de Lupin para ir atrás de Ted! Anda logo, venha!
Ele lançou um último olhar a garota e foi atender o chamado.
Certo. Ele tinha subido um pouco no conceito dela.
Hermione continuou sua caminhada, para ir ao seu quarto, viu Harry bem perto da porta. Ela passou por ele, que estava de costas, e parou rapidamente.
- Vou te ver mais tarde. – ela sussurrou no ouvido dele. Harry sorriu ainda que de costas pra ela.
A garota retomou seu caminho lançando um último olhar a cozinha cheia, reparou que Matt a observava.


***

N/a: Muitíssimo obrigada pelos comentários do capítulo passado, amei.
Que bom que vocês gostaram e não acharam minha propaganda tõa enganosa assim...
aushaushauhsuasuahushas

Bom, como vocês viram, esse capítulo tem muitas informações, hein???
Hermione se meteu em problemas, que gerarão muitos problemas piores e maiores no futuro.
a coisa vai ficar feia.. mas isso é assunto para os próximos capítulos.

Só tenho uma coisa pra dizer: Alguém vai morrer.

Ha Ha Ha

Má.


haushauhsuahsuahsuahsuhas

Beijooooos, e muito obrigada por tudo.
=D





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