De mal a pior... Loucura.



- Não acredito que vai ter a coragem de fazer isso...
- Droga! - Harry sussurrou.
- Harry?
- O.k., o.k..- ele disse, soltando um longo suspiro cansado. Harry e Hermione estavam parados no corredor que dava acesso a Torre da Grifinória. Harry estava com sua capa de invisibilidade nos braços e um sorriso maroto nos lábios. – Você me pegou senhorita Monitora-Chefe.
- Sabe que eu odeio você...
- O que? – ele questionou, pasmo.
-... odeio você e essa sua mania de interromper a gente, sem nos deixar concluir as frases. – ele completou, sibilando.
- Desculpe... – ele murmurou. – Sinto muito, mas são cinco da tarde e eu tenho todo o direito de estar aqui.
- Eu disse que você não tem?
- Bem... Não.
- Pare de me interromper!
- Certo.
- O que vai fazer?
- Você não sabe? – ele perguntou com seu sorriso se alargando.
- Ah, Merlim... Eu já imaginava! – ela falou, contendo uma gargalhada. – Certo. Por isso eu vim atrás de você.
- Cadê o Rony?
- Ficou lá embaixo copiando meu dever de Poções.
- Hum... Posso ir agora?
- Você não me deixou concluir minha primeira frase! – ela falou, séria.
- Ótimo. Dá pra deixar os sermões pra depois Mione... Ela deve estar quase desistindo...
- Inferno! – ela praguejou.
- Hei!
- O que eu estou tentando dizer desde o inicio é que não acredito que vai ter a coragem de fazer isso... Sem mim! – ela completou animada.
Harry arregalou os olhos.
- Mione?
- Sim?
- Você está bem?
- Não me pergunte isso, Harry. Ela tem tentando me atingir desde quando vocês terminaram. Eu também tenho o direito de me divertir. – ela finalizou com os olhos brilhando.
- Maravilha! – ela sorriu.
Os dois caminharam até a escada da Torre de Astronomia, ali se esconderam sob a capa e subiram os degraus silenciosamente, quando chegaram a sala de aula, não encontraram ninguém, resolveram sair da sala e ir para área de observação usada nas aulas. Atravessaram o portal e se deparam com o belíssimo dia que fazia, o céu estava tão azul e tão perto.
- Ali. – Hermione sussurrou, Harry virou e se deparou com uma Cho totalmente pirada. Ela havia aberto mais os primeiros botões da camisa que usava, e havia trocado a calça que estava usando há alguns minutos por uma mini-saia, bem mini, estava com os cabelos soltos, uma maquiagem carregada que lhe dava um ar de mulher fatal, totalmente provocante.
- Merlim! – Harry deixou escapar, bem baixinho, totalmente pasmo. – Ela é... Ridícula!
- Não é tão ridícula assim Harry... Tem um corpo bonito... – Hermione ponderou, num sussurro, observando a outra.
- Não falo do corpo e sim da atitude. Isso é... Abominável...
- Ah, realmente... Ela não devia fazer isso.
- Ela acha o que? Que ela só vai conseguir um garoto dessa maneira? Ela só se comporta assim, os garotos a vêem como uma... Uma qualquer, fácil, pra qualquer hora... – ele disse, baixo, enojado. - Ela nunca vai conseguir alguem que goste realmente dela, pelo que ela é... Eles só vêem isso... Um dia ela vai ficar velha, e tudo vai começar a cair... E aí? Como ela vai ficar?
Hermione teve que se controlar para não cair na gargalhada. Harry estava com uma cara de completa descrença, chegava a ser cômico.
Cho passou a andar de um lado para o outro, minutos depois já mexia compulsivamente no cabelo, e olhava freneticamente para o relógio. Ela estava ficando nervosa, eventualmente pegava um pequeno espelho e olhava sua própria imagem refletida, então, se ouvia um ruído ia logo encostando-se ao muro baixo da torre, numa posição que ela provavelmente achava ‘sexy’, o que fazia os outros dois debaixo da capa, ficarem roxos por prenderem o riso.
- Ele não vai me dar um bolo. – ela falou, firme, pra si mesma, olhando-se mais uma vez no espelho. – Ele não faria isso... Ele não perderia tudo isso aqui!- ela disse olhando para o espelho com uma piscadela sedutora.
Harry não agüentou, quando a risada dele começou a produzir um barulho alto, Hermione tapou a boca dele com uma das mãos, enquanto a outra tapava a própria.
Cho olhou em volta, os outros dois deram uns passos pra trás, ela olhou de novo para o relógio e suspirou.
- Ele disse que demoraria por causa da Granger... Aquela sangue-ruim metida, acha que vai conseguir segurá-lo... Eu sou muito melhor que ela... – a garota tentava se convencer inutilmente.
Mas nessa hora nem a mão de Hermione segurou a gargalhada de Harry.
- Harry? – Cho falou, ouvindo uma risada vir de algum lugar. – Harry, você está aí? – ela foi andando em direção do portal, o que fez Harry e Hermione terem que recuar alguns passos.
A garota foi avançando, enquanto Harry tentava se controlar e fugir dos passos que Cho dava em sua direção.
- Harry? Sei que está aí! – ela jogou, esperando que ele aparecesse.
Hermione olhou para Harry, rindo baixo. Ele deu de ombros. Cho continuava avançando na direção deles, mais alguns passos, estariam cercados, encurralados conta a parede, sem escapatória. Era agora ou nunca.
- Corre. – Harry sussurrou.
- Você enlouqueceu? Não vamos conseguir com a capa, é...
- Eu disse, corre! – ele falou, puxando a mão dela em direção a Cho que estava quase os prensando contra a parede. Quando chegaram bem próximos da garota, Harry desviou ligeiro, puxando Hermione consigo, os dois andaram em passos rápidos até a escada, tentando se manter sob a capa, desceram os degraus o mais rápido que podiam, se apoiando nas paredes...
- Harry...? Harry? – gritava Cho, desanimada.
Os dois riam, mas estavam mais ocupados em correr juntos debaixo da capa, era uma tarefa difícil, seus pés provavelmente estavam correndo sozinhos por aí...
- Harry! – eles ouviram, um grito seguir pela escada.
- Ela está descendo!- disse Hermione, quase em pânico.
- Corre!
- Mais? – ela guinchou, pasma, sentindo a mão de Harry tomar a sua e puxá-la com força. – Harry... A capa... Nossos pés... Vendo...
Ela não conseguia falar nada com muito nexo, mesmo assim, Harry entendeu a mensagem, puxou a capa, fazendo-os visíveis, e jogou-a de qualquer jeito sobre um ombro.
- Anda Mione... – ele falou, correndo alucinadamente com a amiga presa a si. Eles terminaram as escadas, atravessaram o corredor, ouvindo alguns passos nervosos.
- Filch? – Hermione sugeriu, sem fôlego.
- Provavelmente.
- E agora?
- Você é monitora-chefe.
- Justamente. O que... Monitora-Chefe... Correndo... Louca? – ela soltou, totalmente sem ar, descendo outro lance de escadas.
- Meu Deus! – Harry disse, parando de chofre no corredor. De um lado vinha Filch alisando sua gata, de outro, a Professora McGonagall lendo um longo pergaminho.
- E agora? – Hermione sussurrou, tentando recuperar o fôlego. Mas antes que o fizesse, já estava correndo como uma louca de novo, guiada por Harry, seguindo em direção a... McGonagall?
- Harry... Enlouqueceu?
- Ainda... Não.
Hermione não entendeu, mas num instante estava correndo em direção a diretora e no outro, com um solavanco brusco, sentiu seu corpo ser puxado sem dó pra esquerda, fazendo seu braço estralar, suas costas bateram forte contra uma parede fria e uma porta fechou levemente ao seu lado.
- Ai... – ela falou, passando a mão no braço.
- Desculpe... – Harry sussurrou, sem ar, apoiando uma das mãos na parede, sobre o ombro de Hermione, pendendo sua cabeça pra baixo.
Eles ficaram em silencio por um tempo, tentando recuperar o ar, estavam totalmente sem fôlego, ofegantes e respirando com dificuldade.
Até que Harry ergueu a cabeça e encarou Hermione, ela estava totalmente vermelha. O olhar dela cruzou com o dele e no mesmo instante os dois caíram numa gargalhada gostosa.
- Você viu a cara dela? – Harry disse.
- Coitada... – Hermione disse, segurando a barriga, com lágrimas nos olhos.
- Coitada? Coitada nada... – Harry resmungou em meio o riso.
Os olhares deles se encontraram de novo, eles voltaram a rir loucamente, Hermione chorava, Harry tremia, estavam totalmente esgotados, com o corpo mole.
- Ela estava precisando... – ele disse.
- Ela nos viu!
- Não... Ela nos ouviu, o que é muito diferente.
- Ela sabe que estávamos lá.
- Ela acha que estávamos lá... Ah, vai se julgar louca, no mínimo.
O acesso de riso foi passando aos poucos, depois de muito tempo eles se encaram e não riram.
Talvez não tenham rido porque tomaram consciência do quão perto estavam.
- Você terá problemas amanhã... – Hermione disse, tentando ignorar o fato de Harry estar completamente próximo de si, com um das mãos apoiadas na parede ao lado de sua cabeça, o que a fazia sentir encurralada.
- Por quê?
- Ela vai querer explicações.
- Problema dela.
- Harry...
- Eu não devo explicações...
- Deve sim, você pediu pra que ela esperasse, ela ficou lá como uma idiota te esperando, fazendo poses sexys, com uma roupa sedutora, apenas esperando você aparecer. – Hermione falou, sorrindo, fazendo Harry rir.
- Ela não estava sexy.
- Não?
- Não. Estava vulgar.
- Hum... Você é o único garoto que acha isso.
- Porque eu sou o único garoto decente dessa escola. – ele falou, sorrindo.
- Quem disse que você é decente?
- Vai dizer que eu não sou?
- Sei lá... – ela disse, sem nem saber mais no que pensar. Ele estava assustadoramente próximo, ela sentia a respiração dele sobre si, podia sentir o calor que emanava do corpo dele de tão perto. Era loucura. Só podia ser.
- Hermione? – ele chamou, vendo-a sair de órbita.
- Que? – ela falou, evitando os olhos dele.
- Tudo bem?
- Tudo ótimo. Acho que Cho não está mais atrás de nós, podemos ir agora. – ela falou, escorregando seu corpo pelo lado livre.
- Espera. – Harry colocou a outra mão na cintura dela e a trouxe de volta a posição na qual ela estava antes. – Está fugindo de novo?
- Fugindo? De novo? Do que é que você está falando? – ela ficou tensa, mesmo assim o encarou.
- Nada... – ele disse, fitando-a. Loucura. Só podia ser. Totalmente. Loucura, loucura... Loucura. Como é que ela conseguia deixá-lo daquele jeito? Como ela conseguia deixá-lo confiante, com a certeza de que tudo pode dar certo; e deixá-lo temeroso a ponto de fazê-lo recuar?
Loucura.
Não tinha outra explicação.
Era piração da cabeça dele.
Antes fosse... Só na dele.
A cabeça dela trabalhava furiosamente. Nunca acontecera isso, mas de uns tempos pra cá era assim, um passo mais próximo e ela já sentia suas pernas tremerem feito gelatina?
Loucura.
Realmente... Loucura.
- Você tentou fugir de mim aquela vez na minha casa. Você saiu correndo, me fez ir atrás de você... Eu só queria te agradecer... – ele relembrou sorrindo. ‘Qual é? É Hermione’, pensava ele estranhando o fato de seu coração estar batendo em sua garganta.
- O que...? – ela não estava entendo.
- Foi aquele dia, pouco antes do... – Harry ficou sério e desviou seu olhar de Hermione. A ficha caiu de repente em algum lugar da consciência dele, o qual ele não queria enxergar, não era Hermione há algum tempo. – Vamos, Rony deve estar nos procurando.
Hermione precisou de alguns segundos para se situar... Fugir... Na casa dele... Pouco antes do...? Do que? Ela sentiu suas mãos gelarem, quando lembrou. Ele tinha que tocar nesse assunto? Só pra deixá-la mais confusa?
- Vamos Mione? – ele falou, abrindo a porta, ao lado dela.
- Vamos... – ela respondeu. Ele deu uma olhada pelo corredor, estava vazio, ele deu passagem pra ela depois deixou a sala, fechando a porta.
Eles caminharam em silencio pelo corredor. Estavam no corredor do sétimo andar, demoraria pra chegar até os jardins e encontrar Rony, percorrer tudo sem falar ao menos uma palavra seria terrível, Harry não parecia zangado, mas estava sério o que a deixava...
- Espera aí. – ela falou, de repente.
- Que foi?
- Estávamos na Sala Precisa?
- Acho que sim. Ela apareceu lá...
- Você pensou em uma sala para nos esconder?
- Não... Ela simplesmente apareceu... Acho que ela apercebeu que estávamos precisando. – ela falou, com um leve sorriso.
- Talvez... Boa amiga ela... Sempre nos ajuda nos momentos mais difíceis.
Harry riu. Isso fez Hermione relaxar, e até esquecer o que havia acabado de acontecer. Continuaram o caminho falando da Sala Precisa, e do quanto ela fora útil nas reuniões da extinta AD...


Depois de um ‘pequeno’ escândalo feito por Cho na segunda feira, em pleno corredor na troca de aula, a semana correu normalmente. Bom... Tão normalmente quanto dava pra ser, já que a carga de deveres havia triplicado e cada intervalo era motivo pra correr até a biblioteca e fazer breves anotações. Hermione sumiu durante aquela semana, nem nas refeições aparecia, Harry estava preocupado com a amiga, mas o único momento que a via era durante as aulas, nas quais eles não podiam nem sonhar em falar. Rony estava num estado deplorável, via-se que a qualquer momento ele sentaria no meio do corredor e choraria de desespero.
- Daqui pra frente só vai piorar. – disse a Professora McGonagall no fim da aula de sexta-feira. Todos os alunos estavam tão esgotados que sequer reclamaram ao ouvir isso. O sinal tocou e Hermione saiu correndo.
- Merlim, será que nem no almoço da sexta-feira ela pára? – Rony falou, exausto, pegando seu material com sacrifício.
Harry não respondeu. Aquilo estava indo longe demais, o máximo que falava com ela era um ‘bom dia’, ela passava correndo pela biblioteca, pegava vários livros e sumia. Não comia, e nem dormia, pela cara dela, Harry nunca a vira tão abatida, tinha uma expressão meio doentia.
- Ron?
- Que?
- Ela anda meio...
- Abatida? – Rony, falou, seguindo para o Salão Principal. Harry assentiu. – Sim, parece doente, ela não come, não dorme, sequer respira. Cara, ela está ficando paranóica, que obsessão doentia é essa?
- Domingo é aniversario dela.
- Nossa eu tinha me esquecido, completamente.
- 19 de setembro. Ela nem deve se lembrar. – Harry falou, tristemente.
- Do jeito que ela anda, não sei nem se ela tem tomado banho... – comentou o ruivo, fazendo Harry rir.
Os garotos almoçaram correndo, para dar tempo de passarem na biblioteca para terminar o dever de Poções e Herbologia, antes das aulas da tarde.
- Eu não agüento Harry. Não agüento. – Rony disse, empurrando os livros pra longe dele.
- Eu terminei. – ele falou, quando o sinal tocou.
- Como consegue?
- Não durmo enquanto faço. – Harry respondeu juntando tudo e correndo para a aula de DCAT.
- Tenho tanto dever pra esse fim de semana... – o ruivo gemeu.
- Ah, não se esqueça do testes de quadribol, amanha à tarde.
Rony não respondeu.


- Desculpe o atraso professor. – Harry falou, tomando seu lugar ao lado direito de Hermione, enquanto Rony sentava no esquerdo.
- Tudo bem Sr. Potter. – o professor respondeu, ligeiro, recolhendo os pergaminhos dos deveres com um feitiço. – Vamos começar hoje, retomando o assunto da nossa ultima aula...
- Mione... – Harry chamou, baixinho.
- Harry... Depois. – ela sussurrou, encarando-o brevemente, depois voltando sua atenção para a aula.
Ele respirou fundo, olhou para Rony... O ruivo dormia por de trás de um livro de pé na mesa.

***


- Primeiro os artilheiros, por favor. Todos que farão testes para artilheiro fiquem aqui. – berrava Harry no campo de quadribol, no sábado, logo depois do almoço.
Um grupo de grifinórios se agrupou no lugar indicado por Harry. Pelo menos naquele ano não tinha platéia, pensou Harry, lembrando dos testes do ano passado. Bom, tinha uns... idiotas! Que sequer sabiam voar e estavam na fila para os testes. ‘Paciência...’, pensava ele, enquanto observava os candidatos voando em volta do campo. Depois que todos voltaram ao chão – um garoto do segundo ano caiu da vassoura e voltou ao chão de um modo mais doloroso... foi direto para a enfermaria.- Harry eliminou três quartos de todos que estavam lá.
Alguns minutos depois, quando testava os batedores, Harry viu Hermione vindo em direção a arquibancada com o livro de Dumbledore na mão.
- HARRY! – ela gritou e apontou, Harry virou-se para trás e abaixou rápido, a tempo de escapar de um balaço mandado por um garoto do quarto ano.
- Hei, não é pra acertar o capitão! Somente o adversário! – ele berrou, sentindo sua voz falhar.
- Isso vai ajudar. – Hermione entregou a Harry um apito. ‘Como não me lembrei antes?’. Ele apitou forte, todos pararam onde estavam.
- Ótimo. Desçam todos e esperem alguns minutos, já volto com o resultado! - ele disse, alto. Depois se voltou para Hermione com um ar zangado. – Onde estava?
- Ora, onde acha que eu estava?
- Pelo amor de Deus, Mione... – ele começou, mas ela fez uma careta. Harry olhou em volta e percebeu que todos olhavam pra eles. – Certo... Depois conversamos.
Ela não disse nada, apenas virou-se em direção a arquibancada.
- NÃO FUJA! – ele gritou, quando ela se sentou. Hermione sentiu suas mãos gelarem novamente. Essa coisa de ‘Não fuja’ estava perturbando-a demasiadamente.


Passava das quatro da tarde quando Harry finalmente viu o campo vazio. Rony correu para biblioteca na tentativa de colocar seus deveres em ordem, com certeza demoraria muito nisso... Já Harry estava exausto, com frio e com fome. Tudo isso... Pra nada. O time continuava o mesmo do ano passado, com exceção da nova artilheira, já que Cátia Bell havia terminado Hogwarts. A nova garota chamava-se Lara Collins, do quinto ano, voava muito bem e parecia bastante empenhada em fazer um bom trabalho. O resto continuava a mesma coisa: Harry, apanhador; Gina e Demelza, artilheiras com Lara; Rony goleiro e Coote e Peakes batedores.
- Quer? – Hermione ofereceu uma barra de cereal trouxa pra Harry, quando ele se sentou ao lado dela.
- Quantas têm?
- Cinco aqui e várias caixas no meu quarto. – ela falou, sorrindo. Deu quatro pra ele e pegou uma pra si.
- É assim que tem agüentado? – ele perguntou, arrancando uma mordida faminta da sua barra.
- É... Tenho de todos os sabores... – Harry riu e a encarou. Ela estava com olheiras horríveis, olhos fundos, pálida e com aparência cansada.
- Devia comer algo como comida de vez em quando Mione... Faz bem.
- Eu sei, mas não tenho tempo...
- Não me venha com essa de que não tem tempo.
- Por favor Harry, não brigue comigo, eu imploro. Eu já estou sofrendo muito sem ninguém pra me cobrar, não me faça ficar pior. – ela falou, fitando-o de forma suplicante.
- Não posso te ver assim, acaba comigo.
- Harry...
- Não quero ver você se arrastando até a biblioteca pra traduzir isso... – ele lançou um olhar feio ao livro. – Entenda Mione, não precisa fazer isso...
- Eu preciso Harry.
- Não precisa, não quero que faça.
- Mas eu quero fazer.
- Por quê?
- Porque quero você vivo... Comigo. – ela disse num fio de voz.
- Está acabando consigo mesma. – ele falou, vendo-a esgotada. Harry pegou a mão dela e apertou com força.
- Harry, entenda que minhas esperanças todas estão nesse livro. Estou me segurando nele pra não cair no desespero. – ela disse baixo, desviando o olhar dele.
Vê-la assim estava deixando-o mal, como se cada olhar suplicante dela fosse uma faca que cravavam em seu corpo... Ele lançou seus braços envolta da garota, enquanto ela deitava a cabeça no ombro dele. Hermione fechou os olhos e o abraçou forte, precisava se sentir segura... Precisava senti-lo.
- Ah não! – Harry resmungou, vendo Parker e um grupo de estudantes da Sonserina virem em direção ao campo.
- Que foi? – Hermione ergueu a cabeça e olhou na direção que Harry olhava, suspirou cansada. – Jurava que não podia piorar...
- Quer ir embora?
- Não sei o que é pior... Ficar e esperar ele vir aqui nos atormentar, ou ir e ele nos atormentar no meio do caminho.
Parker olhou em direção aos dois, sorriu malicioso, mesmo com raiva. Andou em direção aos dois, que continuavam imóveis.
- Não vou agüentar mais uma piadinha dele... – Hermione confessou quase sem voz, sentindo sua força ir embora, como se tudo que ela agüentara durante a semana só a atingisse agora. Sentiu seu corpo fraco, sua vista embaçada...
- Mione? – Harry a olhou, ela estava prestes a desmaiar. Parker estava chegando, seria a gota d’água. O que o faria recuar? O que o faria virar e ir embora sem sequer falar com eles? A cabeça de Harry trabalhava furiosamente, várias alternativas... A mais eficaz era inviável... Mas era a única maneira... Era para o bem dela, mais uma piadinha do Parker e ela... – Só há um jeito Mione...
- Hum...? – ela perguntou, erguendo a cabeça com esforço, para encarar Harry.
- É pro seu próprio bem... – Harry falou, aproximando seu rosto do dela. Sentiu o nariz dela tocar no seu, a respiração dela tão fraca... Os lábios de Harry roçaram nos dela... Ele a sentiu desfalecer. Apertou seus braços envolta dela, pra que não caísse, e a olhou. Hermione desmaiara. Certo. Agora ele entrara em desespero. Pegou-a no colo e levantou, carregando-a em passos rápidos para dentro do castelo.
Parker parou de chofre vendo Harry passar com Hermione nos braços.
- Vamos Mione, acorde... – Harry dizia enquanto entrava na enfermaria.
- Sr. Potter? – perguntou Madame Pomfrey ao ver Harry entrar na enfermaria quase correndo. – O que...?
- Estávamos lá fora... Ela desmaiou. – ele disse rapidamente, colocando Hermione sobre a cama cuidadosamente.
- Sabe se ela estava com algum problema? Comeu alguma coisa que...?
- Ela não comeu durante toda a semana.
A mulher o encarou surpresa.
- Como?
- Ela não comeu... Mas o que importa? – ele perguntou impaciente. – Não vai examiná-la?
- Sr. Potter...
- Pare de falar e examine logo... Ela... Olha pra ela... Está... – ele sentiu o chão fugir sob seus pés, nada fazia sentido sem ela... A sensação ao vê-la ali era tão... Tão... Doía tanto que ele sentia seu corpo anestesiado, como se nada pudesse o atingir mais que isso.
- Pode me dar licença? – a mulher falou, empurrando Harry pra fora da enfermaria.
- Eu não vou...
- Preciso examiná-la. Dê-me licença Sr. Potter. Por favor, não vai ajudar se ficar aqui...- ela empurrou Harry até ele sair da enfermaria, depois entrou e fechou a porta.
Suplicio.
Aquilo era um suplicio.
Devia ter insistido mais... Devia tê-la feito comer a força, feito ela parar um pouco. Mas nada parava Hermione, nada a parava se ela não quisesse parar.
‘Certo...’, ele pensava, desesperado, esfregando as mãos, ‘Ela não pode morrer por ter ficado uma semana sem se alimentar bem, pode?’
Uma eternidade depois, pelo menos pra Harry pareceu uma eternidade, Madame Pomfrey abriu a porta, ele a olhou suplicante.
- Ela quer vê-lo.
Ele sorriu. Ela não tinha morrido. Se sentiu um idiota em se dar conta que acreditara que ela poderia morrer por não ter comido, por não ter dormido... Ah, bem... Isso não importava naquele momento.
- Mione! – ele disse, sentindo seu coração se esparramar dentro peito, depois de ficar comprimido por muito tempo.
- Harry... – ela falou, fraca.
- Dei a ela uma poção fortificante, em breve ela se recuperará totalmente, mas terá que ficar em repouso até segunda feira.
- O que? – Harry questionou, encarando a mulher.
- Isso mesmo, em repouso, total, na cama, nada de subir e descer, bem quieta. Essa menina só pode ter enlouquecido, passar a semana com barras de sei lá o que e com poção pra virar a noite acordada... É suicídio... Vai enfraquecendo todo seu sistema imunológico. Vou buscar a poção que ela terá que tomar...
- Você estava tomando poção pra não dormir? – Harry questionou, virando-se pra ela. Por mais bravo que estivesse, não conseguia parar de sorrir.
- Eu precisava... – ela disse, sem encará-lo. Viu Harry sentar ao seu lado, na cama, e a mão dele acariciar seu rosto.
- Me deu um susto tão grande.
- Harry...
- Perdi o chão quando senti você desmaiar. Não faça mais isso comigo, Hermione, por favor.
Ela sorriu e o fitou.
- Não acredito que vai chorar! – ela falou, rindo, vendo os olhos dele encher de água. Ele sorriu desconcertado. – Foi só uma fraqueza, não ia morrer por isso. Você não pensou que eu fosse morrer, pensou?
Ele assentiu.
- Harry...! – ela disse, rindo dele. – Já te falei uma vez que pra me tirarem de você precisa de muito mais do que isso. – ele inclinou a cabeça, segurando o choro. Hermione sorriu docemente ao vê-lo assim, parecia uma criança. – Sabe que não importa o que aconteça... Vou estar sempre com você. Sempre juntos.
Ele assentiu mais uma vez, encarando-a, se falasse com certeza cairia no choro. Ela se sentou e o abraçou, Harry descansou a cabeça no ombro dela e a apertou forte, não queria soltá-la nunca... Queria ela sempre perto de si.
- Mione! – Rony falou, entrando correndo na enfermaria. – Parker falou no Salão Principal que você tinha desmaiado...
Harry a soltou e se levantou rápido, andou até a janela, ficando de costas para os outros dois.
- Já está tudo bem, Ron...
- Eu tinha certeza, eu e Harry comentamos ontem mesmo que você ficaria doente se continuasse assim. Ah, Mione, deixa essa paranóia de estudar assim, você não precisa disso... – o ruivo falou, sentando-se onde Harry estivera há segundos atrás. – Você já é tão inteligente, não precisa se matar dessa forma... Não é, Harry?
- É... Sim... É... – Harry falou, ainda de costas.
- Mione, Mione... – Rony disse, abraçando a amiga. – Não faça mais isso, por favor.
- Harry já me pediu isso, agora você... Acho que a maioria vence, não é? – ela falou, sorrindo. Harry continuava parado na janela, ele tinha ficado realmente abalado, Hermione não imaginava que um simples desmaio causasse tal efeito... Ele estava chocado, vulnerável, sentido...
- Quando ela vai poder ir embora, Madame Pomfrey? – Rony perguntou, quando a mulher entrou de novo na enfermaria.
- Agora mesmo, mas é repouso absoluto. Precisaremos de alguem que a leve até o dormitório feminino.
- Harry, você a leva até a Torre da Grifinória? Vou procurar Gina, ela poderá ajudar a Mione...
- Claro. – Harry falou.
- Certo. Nos vemos lá em cima. – o ruivo falou, deu beijo carinhoso na testa de Hermione e saiu da enfermaria.
- Aqui está a poção, terá que tomar três doses, uma antes de cada refeição. Espero que você realmente tenha tomado consciência que ficar sem comer só vai te fazer mal e...
- Entendi sim, Madame Pomfrey, não se preocupe. Comerei mais daqui em diante. – Hermione falou, tomando o frasco de poção das mãos da mulher. – Harry?
Ele se virou.
- Vamos? – ela disse.
- Claro. – ele a ajudou se levantar e a amparou na ida até a Torre na Grifinória. Ele queria carregá-la no colo, mas ela se negou, alegando que estava muito bem.

***
N/a: Mil obrigadas pelos comentários extremamente maravilhosos!

Assim que puder eu respondo, espero fazê-lo a altura porque vocês realmente tem se superado... To ficando pra trás já!

Hauhsuahsuahushauhsuhasuhaushas

COMENTEM esse capítulo porque tem umas coisinhas bem interessantes nele, e se preparem para os dois próximos, muita tensão física e psicológica no ar.

Ai, ai... Eu me surpreendo às vezes com a minha capacidade para torturar as pessoas.
=]

EU AMO VOCÊS!!!
Demais mesmo.
Vocês são ótimos e os comentários são lindos, fico emocionada com eles, até choro, na maioria das vezes de rir, são umas sacadas, todos são tão observadores e prestam tanta atenção na história que eu acabo me sentindo importante. Vocês são demais!!!

Beijoooo e até a próxima.

Paulinha.

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