PÁRA!



Harry entrou no quarto e encontrou Dobby ao lado da cama, segurando alguma coisa sob o nariz de Hermione.
- Como ela está Dobby? - perguntou ele, tentando se acalmar.
- Ela já está consciente, Harry Potter, senhor. Dobby conseguiu acordá-la.
Dobby se afastou da cama, a fim de deixar Harry ver a garota, que mantinha os olhos fechados. O rapaz se aproximou e se sentou ao lado dela:
- Mione...
- Harry?
- Como você está se sen...
- Eu quero tomar um banho.
- O que?
- Um banho, eu só preciso de um banho...
- Mas você ainda está muito fraca, sem condições de...
- Eu preciso de um banho, e eu vou tomar um, com ou sem sua ajuda. - interrompeu ela, muito firme. Não estava abalada, não chorava, só teve um pouco de dificuldade na hora de levantar da cama, ainda estava meio zonza, mas Harry a ajudo. Levou-a até a porta do banheiro, e ela disse:
- Eu estou realmente fraca, mas eu preciso tomar banho... Fique aqui por aqui, seu eu precisar, te chamo.
- Mas Mione... E se você desmaiar de novo? Eu não vou saber... O que eu faço?
- Hum... Se eu demorar mais que 15 minutos, você entra no banheiro. Eu não vou trancar a porta. - disse ela entrando no banheiro.
- Mas... - começou Harry, meio sem graça.
- Você tem minha permissão pra entrar. - concluiu, fechando a porta.
Harry ficou parado ali, por quinze minutos, com aquela imagem o atormentando, Malfoy a agarrando, beijando-a a força. Ele não conseguia explicar o ódio que nascia dentro dele ao lembrar-se disso, ele seria capaz de matá-lo com as próprias mãos, sem varinha ou magia, apenas com as mãos. Queria fazer justiça. Mas o que mais deixava Harry confuso era o fato de Hermione não estar abalada, chocada ou, até mesmo, paralisada com o que havia acontecido. Ele sabia que ela era forte, muito forte, mas uma coisa desse tipo abalaria qualquer mulher, qualquer garota que passasse pelo que ela havia passado. Estava calma. “Como ela pode estar calma? Só um banho? Só um banho é o suficiente pra tudo ficar bem?”
Harry começou a se preocupar, não só com a integridade física de Hermione, mas também com a psíquica. Ele bateu na porta, já se passara vinte minutos desde o inicio do banho.
- Mione? Está tudo bem?
- Tudo bem sim, Harry. Estou saindo.- respondeu ela.
Hermione abriu a porta e saiu do banheiro com o cabelo molhado, usando seu conhecidíssimo roupão rosa pink.
- Você está bem, Mione? - perguntou Harry, preocupado.
- Ah, claro. Eu só precisava de um banho... Está tudo bem agora.
Ela se deitou na cama, e apoiou as costas nos travesseiros, se cobriu e ficou olhando para suas mãos, sobre as pernas. Harry se sentou ao lado dela e insistiu:
- Você tem certeza que está tudo bem?
- Ah, Harry, não se preocupe comigo... Não aconteceu nada demais... - começo ela, numa voz embargada.
- Como assim não aconteceu nada demais? - repetiu Harry, sem acreditar no que ouvia. - Ele te agarrou a força Mione, não há como negar isso! Te beijou e quase conseguiu o que realmente queria e você acha que isso não é nada demais? - relembrou ele, em voz alta, voltando a ficar nervoso. - Pára de querer ser durona, pára de diminuir o que aconteceu, pára de fingir que não teve importância... PÁRA! Eu sei que você é forte, muito mais forte do que eu, mas você precisa cair na real. Pára de reprimir o que você está sentindo... Isso só vai te prejudicar. Grita, chora, xinga... Faz o que você quiser fazer... Mas descarregue tudo que você está sentindo... Vamos Mione! Eu estou aqui, estou pronto pra te ajudar, não quero ver você chorando, mas ficar guardando tanta tristeza e mágoa só vai te fazer mal... Por favor...
As palavras de Harry entraram na cabeça de Hermione produzindo o mesmo efeito de uma onda que passa por um castelinho de areia... A destruiu. As paredes da fortaleza tinham sido bombardeadas palas palavras dele, ela não pôde mais agüentar, desmoronou. Ela tentou, agüentou até onde pôde, não queria dar mais motivos de preocupação a Harry, não queria ser mais um problema na vida dele. Mas ele, o próprio Harry, a fez voltar a dura realidade.
Ela não disse nada, apenas começou a chorar. Harry percebeu que suas palavras surtiram efeito, era horrível vê-la chorando, mas essa era a única maneira dela se livrar de boa parte da raiva que sentia. Ele a abraçou, e ali ela chorou por muito tempo, por horas, talvez. Harry não disse uma palavra, apenas a abraçou forte e esperou ela se livrar de todo o rancor que sentia. Hermione era grata a ele, grata ao abraço silencioso dele, grata por ele estar ali, grata por ele existir. Depois de muito tempo, ela conseguiu unir forças pra falar:
- Estou com nojo de mim... Do meu corpo... Não há banho que resolva isso...
- Não diga isso... O tempo vai tratar desse problema, não se preocupe. O importante é que você está bem e que, por favor, não se deixe abalar por isso, Mione. Vamos seguir em frente sem olhar pra trás, não fique presa a esse momento, e sim, livre-se dele. Eu sei que é muito difícil, mas tente, consiga!
- Obrigada. - sussurrou ela, olhando pra ele, depois de muito tempo.
- Não há o que agradecer. Agora esqueça tudo... Vou pedir para o Dobby fazer alguma coisa pra você comer, já volto.
Harry saiu do quarto e voltou quinze minutos depois com uma bandeja, que tinha, um pedaço de bolo de chocolate, um copo de leite quente e torradas com geléia.
- Dobby achou que você devia comer algo leve, por mim, eu traria um prato com comida de verdade e muita carne, mas ele achou melhor não...
- É, Dobby tem toda razão. - riu ela, tristemente.
- Você promete pra mim que vai ficar bem?- perguntou Harry, voltando a se sentar na cama, colocando a bandeja ao lado de Hermione.
- É claro que prometo... Não vou ficar assim pra sempre! - disse ela, pegando uma torrada.
- É assim que se fala... - disse Harry, rindo.
Ela comeu tudo que estava na bandeja, quando terminou, olhou pra Harry e levou a mão ao rosto do rapaz, acariciou-o e disse:
- Obrigada por tudo, por tudo mesmo. - ela sorriu. Ele a abraçou forte, mais uma vez, e ela retribuiu.
- Deixe-me ir agora, porque você precisa dormir, deve estar cansada, precisa descasar. - disse Harry, ao largar garota.
- Não, por favor... Não me deixe sozinha. - pediu Hermione, segurando o braço de Harry.- Não hoje.
- Mas...
- Por favor, fique. - pediu ela, num tom quase de súplica, ainda segurando o braço de Harry.
- O.k., vou ficar só mais um pouco...
- Não, fique aqui comigo, durma aqui.
- O que? Ah, não Mione...
- Por quê? Eu não quero ficar sozinha, por favor...
- Você sabe que isso não está certo...
- Por que não? Não estamos fazendo nada errado... Ótimo, se você não quer ficar, vá. Boa noite, até amanhã. - disse ela, triste.
- Mas não é bem assim...
- Como não?- perguntou ela, olhando-o com um olhar triste. - Não quer, não fique...
- Oh, não fique brava comigo é que... - Harry ia se explicar, mas desistiu. - O.k., eu fico aqui com você, mas não quero mais ver você triste.
Ela sorriu e se deitou. Harry tirou a bandeja de cima da cama e colocou sobre a escrivaninha, depois voltou a se sentar ao lado dela.
- Você não vai ficar aí a noite toda, vai? - perguntou ela.
- Não se preocupe, estou bem assim...
- É claro que não está, venha, deite aqui. - disse ela se afastando e dando espaço e travesseiros a Harry. - Sentado aí é que você não vai ficar. Vem...
Harry não achava certo, mas ela estava pedindo, não estava em condições de receber um ‘não’. Ele não queria admitir, nem pensar nisso, mas fundo, ele queria, sim, passar a noite ali com ela, perto dela. Ele se deitou ao lado da garota, e ela o cobriu, depois ela deitou sua cabeça no peito dele, se aninhou ao rapaz, como já fizera outras vezes e fechou os olhos, decidida a esquecer tudo o que havia acontecido. Ali estava protegida, se sentia bem, nada no mundo poderia perturbá-la, estava um pouco chocada ainda, mas se sentia calma.
Ele, por sua vez, assustou-se um pouco com a atitude da garota, porém, logo entendeu que ela precisava de alguém a quem recorrer, um porto seguro pra ancorar, não era nada pessoal. Harry se ajeitou de uma maneira que se sentisse confortável e que confortasse Hermione também.
No momento em que se sentiram maravilhosamente confortáveis, Hermione suspirou e Harry fechou os olhos.

***


Uma hora depois de terem pegado no sono, Harry acordou com os movimentos de Hermione. A garota estava inquieta, mexia-se constantemente, sua respiração estava descompassada, suava muito, um dos braços dela batiam freneticamente contra o peito de Harry, onde estava apoiado. O outro fazia movimentos largos, e batia no colchão.

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De volta a mesma ruazinha estreita, Hermione estava mais uma vez envolta pelos braços de Malfoy, ele tentava beijá-la, sussurrava em seu ouvido, ela tentava de todas as maneiras se livrar dele, mas era inútil.
- Não, me larga Malfoy... Não, pára com isso... Não... Me solte... Larga... Meus braços estão... Ah... Me solte... Me largue... Por favor... Socorro...


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- Mione... Acorda! - chamava Harry, sem sucesso. Ela estava cada vez mais agitada, gritava cada vez mais alto. - Por favor, Mione?

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Malfoy não cedia, continuava a tentativa de beijá-la, cada vez fazia mais força pra segurá-la.

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Harry passou a mão pelo rosto da garota, afastou os cabelos dela para trás e falou baixinho, quase que no ouvido dela:
- Acalme-se Mione, eu estou aqui com você, calma...
Ele foi dizendo palavras de conforto e ela foi se acalmando, se aquietando.
- Estou aqui, nada vai te acontecer, estou aqui...
- Harry... - falou ela, fracamente, abrindo os olhos. Ela demorou alguns segundos e só então se lembrou do pesadelo que tivera. Ela se sentou e lágrimas teimosas rolaram pela face da garota.
- Acalme-se, agora está tudo bem Mione, estou aqui, nada de ruim irá te acontecer... - disse Harry sentando-se também.
- Foi ele de novo, me agarrou... - ela tentou explicar, mas não pôde terminar, chorava compulsivamente. Abraçou Harry e se perdeu no peito dele, ali era o único lugar no qual se sentia protegida, ele correspondeu ao abraço, e disse:
- Não se explique, sei o que aconteceu... Afinal, você gritou bastante. - disse ele, em tom de brincadeira.
- Gritei? O que eu gritei? - perguntou a garota, se separando dele, para poder olhá-lo.
- ‘ Oh, Harry, venha me salvar...’ - disse Harry, imitando a voz de Hermione, levando uma das mãos a testa e fazendo cara de quem está sofrendo. Ela riu.
- Eu não acredito que disse isso... Não fiz essa cara, fiz? - perguntou ela, relaxando e ficando mais descontraída com as brincadeiras de Harry.
- Bom, você tem um rosto mais bonito que o meu, então a cara não ficou tão feia. - explicou ele rindo.
- Hum... Me desculpe. - falou ela abaixando a cabeça.
- Te desculpar do que? - perguntou ele, sem entender.
- Estou te dando trabalho, fazendo você perder uma noite de sono, te dando mais preocupações, como se já não bastasse as que você já tem. Estou sendo um peso...
- Não diga isso Mione. - falou ele, sério, olhando fundo nos olhos dela. -Você também já perdeu noites de sono comigo, e você não é um peso na minha vida, nunca vai ser, eu me preocupo com você porque eu só quero te ver feliz, só quero o seu bem, e nada mais. Agora pare de pensar nisso, esqueça tudo. Vamos dormir.
Harry se deitou de novo e ficou esperando que ela fizesse o mesmo. Não demorou muito Hermione voltou a deitar no peito de Harry, e o abraçou mais forte que antes. Ele começou a mexer no cabelo dela e minutos depois ambos já estavam dormindo.

***


Aquele sábado amanheceu quente e ensolarado, o sol infiltrou-se no quarto de Hermione, através da janela, os dois continuavam juntos, abraçados, igual à noite anterior. Ainda estavam dormindo e não tinham pressa nenhuma em acordar.


Mais tarde, naquele dia, Harry recebeu uma visita de Lupin. O rapaz estava na cozinha preparando chá pra levar pra Hermione que o esperava na sacada.
- Olá Harry. Onde está Hermione?- perguntou ele, aflito.
- Oi. Está lá em cima? Por quê?
- Na verdade... É que... Bem eu falei com o Mundungo... - começou Lupin, meio desconcertado.
- Ah, é? Qual a desculpa dele? Ou melhor, o que foi que aconteceu com ele naquele dia... Porque ele nunca se dá ao trabalho de inventar desculpas, as próprias atitudes dele são absurdas. - comentou Harry, começando a se alterar.
- Ele... Bem... Ele entrou n’O Caldeirão Furado pra negociar uma leva de caldeirões contrabandeados.
- Eu imaginei...
- Bom, ele entrou lá pra negociar, segundo ele, os contrabandistas eram difíceis de negócios e ele levou muito tempo pra chagar num bom preço... Por isso ele não estava presente na hora que o Malfoy... Bem... Hum... Na hora do incidente.
- Certo... Agora já passou, não adiantar explicar nada.
- Bom, Harry, eu só passei pra te dizer isso. Tenho um compromisso sério agora, preciso ir. Amanhã Tonks virá, eu acho. Dê um ‘oi’ a Hermione por mim. Até breve. - falou Lupin, muito rápido, cheio de pressa. Mal Harry respondeu, o homem já estava fechando a porta de entrada da casa.
- Até. - respondeu o rapaz, voltando sua atenção para o chá.

***


O fim de semana passou normalmente. Harry e Hermione evitavam ao máximo voltar ao assunto de Malfoy, dessa forma, os dias foram passando animados. Sem muitas opções do que fazer, os dois conversaram muito, jogaram xadrez de bruxo (Harry ganhou de Hermione por diversas vezes) e usavam suas varinhas para tentar reformas no vários cômodos da casa... Essa era a melhor maneira de se distrair, pra eles, no domingo à noite a maioria dos quartos do segundo andar já tinham sido reformados. O rendia uma bagunça absurda e vários acessos de risos.


***

N/a: That’s it!
Espero que tenham gostado.
Agradeço os votos de feliz natal!
Agradeço muito os comentários que foram feitos.
Agradeço por tudo que vocês significam pra mim.

Now... Tenho uma má notícia.
To indo viajar hoje e só volto dia 2... Portanto, não vai ter presente de Ano Novo [eu sei que não existe presente de Ano Novo, mas eu ia dar um pra vocês], então, peço desculpas pelo transtorno.
Espero que quando eu voltar, os comentários já tenham passado bastante dos 100 [está no 95, falta pouco] e que eu fique bem feliz com tudo que vocês vão comentar, fique bem animada e poste uns dois capítulos de uma só vez!!! [Obs: Isso só vai acontecer mediante a muitos comentários]

Hum... Mais um aviso: a partir do capitulo 27 [eu acho – não tenho certeza] os capítulos passam a ter muitas páginas. Muitas mesmo. [tipo 10 páginas por capítulo (Fonte Tahoma 12)] então, se vocês acharem que está muito grande, chato e cansativo, avisa que eu corto e vou postando aos poucos, ok?
Faço o que for melhor pra vocês, sempre!
Espero que vocês gostem.

E logo eles vão se agarrar de novo, Alarico! [E isso vai causar uma ‘Senhora Confusão! ’]
Haushauhsuahsuahsuhaus

FELIZ ANO NOVO!!!
Um 2008 cheio de paz e felicidade pra todos!
E muitos comentários pra mim!


Beijooooos.


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