Redenção



Entrou em silêncio no quarto escuro. Eram tantas coisas nas quais pensar que preferiu esvaziar a mente e deixar rolar... O que tiver de ser, será... Não há como mudar.
Corpo tenso, dolorido, respiração sôfrega e difícil. Dirigiu as mãos para o primeiro botão da camisa e o abriu, depois o segundo e um ranger da porta anunciou a entrada de alguém no cômodo.
Seus dedos abriram o terceiro botão.
Seu corpo pedia descanso, mas sua mente parecia não querer descansar. Seus músculos gritavam por descontrair, mas sua mente estava elétrica, ligada e sem vontade nenhuma de se deixar desligar.
Era como se sua bateria estivesse no fim, mas lutando para durar mais um pouco... Era um sacrifício, um abismo, uma tortura cansativa e cruel.
Tinha que recarregar, precisava de conforto, precisava de paz...
- Não sei o que dizer... – a voz dele ecoou num tom que nunca ouvira antes.
- Não diga nada. – respondeu com sua voz firme, quase fria. Estava ligada no automático, fora o único tom que usara durante todo aquele dia.
Hermione virou-se para Harry, parado lá no outro extremo do quarto.
Exausta.
Sem forças.
Era o fim... Por que seu corpo ainda continuava de pé?
Ele a olhou, contra o luar que entrava pela grande janela do quarto dela.
A luz contornava seu corpo, via sombra da camisa aberta, o corpo rígido, uma fortaleza.
Como ela conseguia?
Ficou parado, observando-a desabotoar o último botão.
Era pra ser diferente, não assim... Não desse jeito.
Nenhum dos dois estava se importando com a situação... Tudo era tão difícil, tão além daquilo simplesmente... Eles não se importavam com o que estava acontecendo ali, era mais que aquilo, o problema, a vida e as dificuldades era a única coisa que se enxergava com clareza. Havia barreiras... Barreiras que estavam os tornando insensíveis.
- Quer que eu vá? – ele perguntou, indiferente.
O efeito da guerra.
A falta de sensibilidade, a indiferença, a comodidade.
Tudo estava uma droga.
E tudo era feito na base do sacrifício.
E eles estavam se acomodando... Se acomodando aos horrores que aquela guerra causava.
Não podia acontecer, mas de certo modo, a guerra parecia mais próxima e mais real agora.
Estavam dentro, estavam nela, efetivamente.
Sem escapatória ou saída.
Era aquilo e pronto.
Iam mesmo se submeter?
Iam mesmo se deixar envolver pela maldição que a guerra lançava?
Iam mesmo se curvar e se sujeitar aquela situação toda?
Nunca haviam se submetido.
Nunca haviam se deixado envolver.
Nunca haviam se curvado ou se sujeitado.
Porque nunca estiveram tão próximos da maldição. Ou tão vulneráveis a ela.
Sempre lutaram contra os horrores e os sentimentos horríveis que a guerra causava... Iam deixar de lutar agora que a realidade era tão iminente?
- Não! – ela gritou e deu um passo na direção dele.
Ele a fitou, a luz perolada da lua iluminava a renda branca do sutiã dela.
- Tenho que ser forte... Tenho que ser forte... Tenho que ser forte... – ela sibilava pra si mesma, fitando o chão.
O encontro dela com Malfoy pela manhã estava a levando a loucura.
Literalmente.
- Hermione... – ele sussurrou, preocupado.
- Tenho que ser forte... Tenho que ser forte... Tenho que ser forte...
- Hermione...
- Tenho que ser forte... Tenho que ser forte... Tenho que ser forte...
- Hermione! – ele chamou, alto.
Os olhos dela o encararam suplicantes...
Deus! O que fizeram com ela?, ele pensava, com um desespero súbito tomando conta de si.
- Eu preciso de você. – ela sibilou, se entregando ao desespero.
Fora demais.
Tudo o que passara... O que ouvira...
Demais.
Estava exausta, dominada por um sentimento que não sabia definir.
Medo, angústia, desespero, agonia, aflição...
Quando seu corpo pareceu ceder à exaustão, o corpo de Harry se juntou ao dela.
Ela o abraçou como se fosse sua única chance de viver...
E naquele momento realmente o era.
Como ele queria não ter que fazer aquilo, como ele queria não ter que ver, que sentir aquilo... Como queria poder apagar tudo da mente dela, como queria poder colocá-la numa redoma e protegê-la de tudo e todos, até o fim...
O despedaçava vê-la assim, se sentia tão impotente... Não podia fazer nada pra evitar, não podia protegê-la, não podia...
Nada.
Não havia nada que pudesse fazer... Mas ele se fazia em cacos vendo-a daquele jeito.
- Daria tudo, qualquer coisa pra te proteger... Para que não tivesse que passar por isso... – ele sussurrou desesperado, abraçado-a mais forte e mais forte, era quase impossível dizer que havia duas pessoas ali de juntos que estavam.
- Eu sei...
- Sabe que daria minha vida... – ele disse, se afastando para fitá-la. Não havia lágrimas no rosto dela.
- Eu sei...
- Minha alma...
- Harry...
- Qualquer coisa...
Hermione o encarou, viu uma lágrima rolar no rosto dele.
- Eu sinto muito... – ele disse num sussurro rouco, sem saber mais quem era ou o que estava fazendo.
Os dedos dela tocaram os lábios dele suavemente... O acariciaram por alguns segundos, os olhos dele se fecharam... A realidade tão perto e tão difícil, ao mesmo tempo, tão inalcançável.
- Eu te amo... – ela sibilou, sem som algum, segundos depois viu os olhos fechados do rapaz se abrirem lentamente.
Uma das mãos dele foi de encontro ao rosto dela, seu polegar passeou pela bochecha da garota e seus olhos a fitaram.
- Também preciso de você. – ele sussurrou.
E os sentimentos confusos, as sensações tão perdidas, e a carga do dia exaustivo que trouxera a realidade tão cruelmente, tão perto... E a ânsia por um minuto de paz, um minuto de fuga, de prazer, de vida.
Tudo isso junto, formando uma grande teia na qual estavam perdidos e que precisavam destruir.
O enfraquecimento, a vontade de sumir, de largar tudo, de... Morrer.
Naquele momento, ambos estavam perdidos numa angustia e num desespero infinito e incomensurável.
Eles nunca tinham sido tão afetados... Nunca havia sentido tanto o impacto.
Desesperança.
Medo.
Só tinham um ao outro e se agarravam com unhas e dentes a isso.

***


Hermione sentou-se no parapeito da janela e lançou um olhar a sua cama.
Ele dormira.


------


E numa vontade louca de emergir da escuridão na qual fora submetido tão repentinamente, Harry uniu seus lábios aos de Hermione.
O fez como se fosse sua única chance de sobrevivência, seu último suspiro, sua vida...
Explorou todo o possível e ela retribuiu com a mesma selvageria e desespero.
- Preciso... Preciso de você... – ele sussurrou indo de encontro ao pescoço dela.
Pensariam nas conseqüências daquilo depois. Estavam num estado que sequer lembravam o próprio nome.
- Sou sua. – ela respondeu, convicta e entregue.
Harry se separou dela e a fitou. Estavam cegos, perdidos e entorpecidos.
Os olhos sem foco e opacos dela exibiam o reflexo do brilho da lua.
As mãos de Harry percorram o corpo dela e despiu a camisa já aberta da garota com facilidade.
- Não é certo... Não assim... – ele disse, enquanto se perdia no pescoço dela.
- Vamos esquecer o certo. – ela falou, surpreendendo-o. Isso só comprovava que ela estava totalmente fora de si.
- Mas tem o amanha.
- Amanha decidimos o que faremos com ele.
- Hermione... – ele sussurrou ao senti-la suspirar contra sua boca.
As mãos dele corriam as costas da garota numa possessão egoísta. Ao sentir os lábios macios dela na curva do seu pescoço Harry ficou louco, não tinha nem noção de quão sensível era aquele ponto.
- Me toque... – ela sussurrou, fitando-o. Ele estava sério e concentrado... Surpreso também, não conhecia aquela Hermione, sequer sabia que existia.
Voltou a beijá-la, mas calmamente dessa vez, suave, doce... Em passos curtos ele a conduziu pra cama e deitou-se sobre ela.
Sua boca fugiu da dela e percorreu o pescoço e o ombro da garota. Foi descendo até que se viu no vale entre os seios dela. Ali estava o fecho do sutiã.
Ele a encarou, ela ergueu a cabeça e fez o mesmo, se aproximando dele.
- Faça amor comigo, Harry. – ela disse, baixinho, no ouvido do rapaz.


[N/a: UOU!!!]

------


Sentou-se num pulo, respiração difícil e descompassada, estava suado e assustado.
- O que houve? Pesadelo? – ele a ouviu perguntar. Seus olhos correram o aposento escuro, virou-se e tateou o crido-mudo em busca dos óculos. Os achou e colocou. Voltou a olhar em volta e a viu sentada no parapeito da janela, ela estava com a sua camisa, somente. Ele olhou pra si e viu que estava com a regata branca que sempre usava sob a camisa.
- Que horas são? – ele perguntou, mas sua voz saiu falha.
- Quase três da manha. O que houve? Sua cicatriz? Pesadelo?
Ele não respondeu, permaneceu em silêncio, tentando regularizar sua respiração.
Aquilo fora sonho?
“Merlim! Socorro!”, foi a única coisa que ele conseguiu pensar. Ainda bem que acordara antes... Antes que sonho ficasse notável demais.
- Harry? Está tudo bem? – ela perguntou, ficando preocupada.
- Por que está acordada? – “Parecia tão real...”, ele estava totalmente desesperado. Como podia sonhar esse tipo de coisa? “Tão real...”
- Porque não consegui dormir depois do que aconteceu. – ela respondeu, voltando a olhar para além da janela.
O sangue dele gelou nas artérias.
- O que aconteceu? – ele perguntou, receoso. “Parecia tão real... Real demais... Aconteceu...?”, sentiu seu corpo começar a tremer.
Não, não, não.
- Ora, Harry. Está tudo bem mesmo? – ela falou, saltou do parapeito da janela e veio na direção dele, sentou-se na cama e estendeu mão para tocar-lhe o rosto, mas Harry a impediu, segurando o pulso dela.
- O que foi, Harry? Está suado... O que foi? – ela perguntou mais uma vez, começando a se preocupar com a atitude dele.
- O que aconteceu? – ele repetiu.
Ela estranhou. Ele estava esquisito. Nunca se esquivara de um toque. Nunca agira daquela forma.
- Tudo. Minha conversa com Malfoy, lembra? – ela falou, com paciência, tentando compreender o que estava acontecendo.
- E depois?
- Tive uma reunião com toda Ordem, para contar tudo que Malfoy me falou. Me senti sob uma pressão mortal. Foi difícil pra mim, foi dolorido e cruel. Você estava lá, você viu! – ela explicou, em voz baixa.
Sim, até aí se lembrava, mas não era disso que queria saber.
- E depois?
- Eu estava acabada. Subi, você apareceu. Nós conversamos, estávamos desesperados... As coisas serão diferentes agora.
- E depois? – ele repetiu, ainda segurando o pulso dela, sem perceber que o fazia com força.
- Fomos dormir. Na verdade você se deitou e eu me sentei lá. – ela disse, fazendo um aceno para a janela. – Nos calamos e você dormiu.
- Só isso?
- Acho que foi o suficiente, não? – ela falou, completamente confusa com o jeito dele. – Se importa de soltar meu pulso? Está doendo.
Ele a fitou brevemente e a soltou.
- Desculpe. – sussurrou, se levantando.
- Está tudo bem, Harry? Está estranho.
- Não... Eu...
- Com que você sonhou, que o deixou tão perturbado? – ela indagou, acompanhando-o com o olhar.
- Com uma coisa que não podia passar pela minha cabeça em hipótese alguma. Não posso pensar nisso. Não devo pensar nisso. – ele dizia, baixo, pra si mesmo.
- Mas você quer pensar nisso?
Ele a fitou. Estava tão confuso. Não podia sonhar com esse tipo de coisa... Nem pensar... Nem considerar a mínima possibilidade que esse tipo de coisa poderia existir.
- Talvez. – ele sussurrou pra si mesmo, derrotado.
- Escuta Harry, - ela falou, se levantando e indo até ele. – Seja o que for, você não pode levar em consideração. Estamos exaustos emocionalmente e nos apegando a qualquer coisa que possa parecer uma luz no fim do túnel. Não fique se culpando por sonhar o que quer que seja... É normal ter reações que nós não esperamos.
Ele caminhou até a janela.
- Tem razão.
- É inconsciente. Nossos atos e pensamentos... O fazemos sem pensar nas conseqüências... O desespero nos leva a isso. E...
- Sonhei com você. – ele disse, baixo, interrompendo-a.
- Comigo? Mas... – ela se calou quando ele virou para encará-la. Podia ter uma idéia do que o deixara em tal estado. Via nos olhos dele as mesmas coisas que vira quando ele a encarou depois de beijá-la no Largo Grimmauld. – Oh, Harry...
- Inconsciente. – ele disse, tentando se convencer.
- E inconseqüente. – ela completou, em meio um sorriso.
A postura e maneira correta de ser de Harry o impedia de ficar e agir normalmente com a situação. O respeito que nutria por ela era tanto, que ficava transtornado em pensar em tal coisa. Hermione entendia, era ‘inconsciente’... Não podia achar ruim.
A vulnerabilidade o levara a tal extremo. Não era culpa dele.
A vulnerabilidade também os levara àquele beijo no Largo Grimmauld.
Hermione sorriu, mas achou melhor não se aproximar. Tentar passar conforto, não estava zangada, queria que ele soubesse disso.
Então ele sorriu também.
- Por que não conseguiu dormir?
- Não sei. Coisas demais na cabeça. Me sinto meio entorpecida.
- Dorme que passa. Eu também me sentia assim antes de dormir e...
- ...sonhar comigo.
Eles riram.
- É. Antes de dormir e sonhar com você.
- Por que tem que ser tão difícil e doloroso, Harry? – ela perguntou, depois de um tempo em silêncio, olhando para as próprias mãos.
- Não sei... Mas nós vamos superar... E quando tudo passar seremos heróis vitoriosos, seremos capazes de qualquer coisa... Nos sentiremos capazes de qualquer coisa, se conseguirmos acabar com a guerra.
Ele a fitou e lhe estendeu os braços. Hermione venceu a distância que os separava e o abraçou.
- Ficou linda com a minha camisa. – ele observou, pousando o queixo sobre a cabeça dela.
- Ah, me desculpe, mas é que a minha era justa demais, estava me sufocando...
- Deu pra perceber... Ficou bem claro quando você a despiu na minha frente sem nem se importar. – ele provocou, rindo.
- Harry! Estava quase entrando em paranóia, acha mesmo que eu ia ligar pelo fato de estar me despindo na sua frente? – ela respondeu.
Ele riu.
Silêncio novamente.
- Eu achei que iria morrer sufocada nas sensações que tudo isso me causou. – ela falou, baixinho.
- Eu estava desesperado... Te ver sendo pressionada daquele jeito e sem poder fazer nada...
- Você fez tudo que eu precisava ainda há pouco. Estava indo a loucura...
- Eu fiquei preocupado.
- ...estava na beira de um abismo, você me puxou de volta com aquele abraço. Obrigada.
- Não há o que agradecer, eu também estava transtornado, de certa forma ainda estou. A sensação de impotência, de não poder te salvar me sufoca.
- Você entrou no quarto e no momento que eu olhei pra você... A partir dali foi tudo tão...
- Intenso.
Exatamente.
Fora único.
Único e intenso.
- Você precisa dormir... Vem. – ele falou depois de muito tempo.
- Não quero...
- Você precisa. – Harry a puxou pra cama sob os protestos dela.
Minutos depois estavam deitados, como sempre, a cabeça de Hermione estava no ombro de Harry, abraçados.
- Como conseguiu entrar aqui pela porta? – ela perguntou, quase sendo vencida pelo sono.
- Usei o Cavaleiro Sem Espada. – ele respondeu.
Talvez ela não tenha ouvido, pois um suspiro longo anunciava que Hermione finalmente caíra no sono.


***


O mês de outubro ia avançando trazendo uma brisa fria, acompanhada, às vezes, de um vento cortante. O sol aparecia todos os dias, apenas para marcar presença, pois o frio começava a ficar intenso, eliminando qualquer possibilidade de aquecimento.
Os jornais chegavam trazendo noticias de desaparecimentos misteriosos, e ataques de Dementadores em comunidades bruxas. Comensais que invadiam casas de trouxas por diversão, sempre com tortura e mortes.
Quanto às pessoas da Ordem, e os supostos candidatos a lista do Lorde haviam recebido proteção extra, novos métodos de seguranças criados eram mantidos sob absoluto sigilo, ninguém sofrera nenhum ataque até então.
Algumas reuniões eram convocadas com urgência, após batalhas e duelos árduos. A Ordem estava trabalhando duro na proteção da comunidade bruxa, e também a trouxa. Era difícil, mas cada vez mais pessoas se alistavam a causa, a luta contra Voldemort ganhava cada vez mais seguidores.
Através de Hagrid foi possível saber que Grope, depois de uma excelente campanha pelas montanhas, conseguira muitos aliados que além de ajudar em ataques surpresas em lugares mais isolados, ainda viajavam para outras colônias de gigantes procurando aumentar o numero de combatentes.
Harry se sentia estranho, levando uma vida normal dentro da escola, estudando como nunca fizera antes, sabendo que a qualquer momento, um passo em falso e um nome poderia ser riscado da lista.
Depois da captura de Malfoy, a Ordem conseguira acabar com uma grande quantidade de comensais em seus encontros. Uma onda de sorte estava do lado bom da causa, a Ordem permanecia ilesa, enquanto alguns dos mais importantes comensais do círculo intimo de Voldemort tinham tido o que mereciam, entre eles: Rodolfo Lestrange, marido de Belatriz – pelo que se soube, ela sequer lamentou a morte do marido -, e Dawlish, que morreu nas mãos de Tonks.
Quim insistia em dizer que a situação mudaria em questão de tempo, pois tudo parecia ‘bom demais para ser verdade’. Mas todos os outros comemoravam a cada batalha.
Malfoy continuava preso, e graças aos contatos de Lupin, um plano de resgate ao Draco foi totalmente desarmado, resultando numa bela batalha na pequena Hogsmeade.


- Harry? – Rony chamou, entrando no dormitório masculino. Estava nervoso, e um pouco corado.
- Sim? – o outro respondeu, analisando seu Mapa do Maroto, visto que não tinha nada pra fazer.
- Tenho que dizer uma coisa... – ele falou, sentando-se em sua cama, olhando para Harry.
- Então é bom falar depressa porque, pelo que sei, você está sob detenção por atraso nos deveres.
- Mione está me ajudando nisso. – ele respondeu, baixando os olhos.
- O que está havendo? – Harry perguntou. – Você nunca foi muito pontual com os deveres, mas pegar detenção já é grave.
- Eu sei, eu sei. – ele murmurou.
- Você some... Você... Você não está normal. – Harry concluiu, deixando o mapa de lado, olhando para o amigo.
- Estou... – ele ficou vermelho, não era possível distinguir o que era cabelo e rosto naquele momento, se olhassem par Rony.
Harry riu, por incrível que pareça, já imaginava o que vinha por aí.
- Está...? – incentivou.
- Estou... A... A... – ele gaguejava. Harry tentava se manter sério para não piorar a situação. – Eu... A...
- A... paixonado. – Harry completou, poupando o trabalho e o esforço do amigo.
Rony o olhou perplexo e assustado.
- Pela Samantha, a menina nova. – Harry adicionou, sorrindo.
- Como sabe?
- Sempre pareceu óbvio.
- Mas... Mione...?
- Sempre soube também.
- Vocês... Vocês riam de mim pelas minhas costas?
- Claro que não. Nunca falamos sobre isso. Mas no fundo sempre soubemos a verdade. Seus sumiços, suas repentinas rondas, você nunca foi um monitor dedicado, nunca fez rondas. Do nada, começa a desaparecer, anda aéreo, prefere passear a fazer os deveres, sabendo que uma detenção lhe acarretaria uma bronca enorme da sua mãe. Você não está normal Rony. Está apaixonado.
- Merlim! – ele falou, largando-se na cama. – Estou tão tonto assim? Será que muita gente percebeu?
- Você sempre foi meio tonto... Acho que só eu e Mione percebemos que você estava tonto além do normal. – Harry respondeu, rindo.
- E agora? – Rony perguntou.
- E agora o que?
- O que eu faço? – o ruivo perguntou, olhando para o amigo de forma apelativa.
- O que quer dizer com isso? – Harry indagou, achando estranho.
- Estou... Estou apaixonado e não sei o que fazer. – ele respondeu.
- Merlim, Rony! – Harry exclamou, achando graça e ao mesmo tempo, perplexo.
- Eu...
- Vocês estão saindo há algum tempo, não estão?
- Estamos juntos há quase um mês. – Rony disse, parecendo surpreso consigo mesmo.
- E...?
- E eu simplesmente não consigo parar de pensar nela, e querer estar com ela... E parece que eu fico fora de mim quando estou com ela... E... Quando ela sorri é como se... Se tudo fizesse sentido na minha vida.
Harry segurou uma gargalhada vendo o olhar sonhador e desesperado do amigo. Ele estava debilmente apaixonado. Mas, ainda achando um tanto quanto ridículo, um sorriso familiar o fazia sentir da mesma forma.
- Certo, Ron. Já disse isso a ela?
- Disse ontem. – ele respondeu.
- E o que ela falou?
- Nós passamos a noite juntos... – Rony murmurou, desviando o olhar de Harry, encabulado.
Harry simplesmente não soube o que dizer.
- Isso é ótimo Ron! – ele exclamou, feliz pelo ruivo. – Bom... Eu pelo menos espero que tenha sido...
- Sim, foi.
- Isso quer dizer que ela também gosta de você. Gosta muito.
- Eu sei.
- Mas... Então...? – Harry indagou, sem entender o desespero do ruivo.
- É que... Quando estou com ela... Eu queria... Ah, meu Merlim! As palavras simplesmente parecem desaparecer, não é o suficiente. O que eu faço Harry?
- E porque você vem perguntar justamente a mim?
- Porque você tem mais experiência em sentimentos do que eu! Sabe... Cho e Gina...
- Nem me fale em Cho, por favor! – Harry soltou, levantando-se. – Ron, entenda que o que eu senti por ela não chega nem perto do que você está sentindo por Samantha, eu não posso te ajudar.
- Vai ter um passeio a Hogsmeade no último fim de semana desse mês, antes da festa de Dia das Bruxas. Será que eu posso levá-la conosco, para ela conhecer você e Hermione...
- Mas é claro. Tenho certeza que Hermione também iria adorar conhecê-la, e saber que você está feliz com ela.
- Ela é... Incrível. – ele sussurrou.
- Imagino que seja mesmo. – Harry falou.
Ouviram-se umas leves batidas na porta. Rony e Harry se entreolharam.
- Entre, Hermione. – Eles disseram, em uníssono.
- Como sabiam que era eu? – ela perguntou, entrando no quarto, apressada.
- Porque os garotos não batem na porta do próprio quarto! – disse Harry, rindo.
- Você também não bate no me... – ela se calou quando seu olhar recaiu sobre Rony, Harry lhe lançou um olhar de censura. – Bom... É... Vim te dizer Rony que eu já terminei de corrigir todos os seus deveres que estavam atrasados, logo você estará suspenso dessa detenção se continuar assim.
- Ah, obrigado, Mione. – ele disse, com um sorriso.
Ela se sentou ao lado do ruivo e passou a olhar de um amigo para o outro.
- Sinto que atrapalhei uma conversa séria. – ela disse, depois de algum tempo em silêncio. – Me desculpem, mas é que estou nervosa... Bichento tem me levado a loucura, não pára de comer minhas coisas e tudo que encontra pela frente.
A garota se levantou.
- Não, Mione. Deixe Bichento pra lá, e fique aqui. – Rony falou, puxando-a, fazendo-a se sentar. – Tenho que te contar uma coisa.
- Pode falar.
- Eu... Eu... Estou... Eu...
- Ah, não! Vai começar de novo, Rony? – Harry disse, rindo. – Me permite?
- Sim. – o ruivo disse, como se agradecesse imensamente a oferta de Harry.
- Rony está apaixonado por Samantha, a garota nova da Corvinal. Eles estão juntos há um mês. Dormiram juntos ontem e Rony veio me perguntar se a gente se incomodaria dela ir conosco no próximo passeio a Hogsmeade.
Hermione olhou para Rony num misto de surpresa e alegria. O ruivo estava passando do estágio ‘vermelho de vergonha’.
- Não precisava dizer tudo, Harry! – ele reclamou, sem encarar nenhum dos dois.
Hermione riu.
- Ora Ron, qual o problema? – ela perguntou, suavemente. – Fico feliz por você. Realmente fico. Depois de todos os problemas que tivemos é muito bom saber que está buscando sua felicidade em alguém que realmente te mereça. – ela pausou, e ficou séria de repente. – Não há problema nenhum ela ir conosco a Hogsmeade. Vai ser bom para eu constatar se ela é boa o suficiente pra você.
Rony não pôde conter um sorriso.
- Obrigado. – ele murmurou.
- Ah, não tem de quê! – ela disse, animada, levantando-se.
- Hei Harry! Rony! – disse Neville, entrando distraidamente no quarto. Ele parou de chofre ao ver Hermione ali. – Hermione?
- Eu... Já estou de saída. Me desculpe... Eu... Vim checar uma reclamação que tive quanto a... Fadas Mordentes aqui nesse quarto. – ela improvisou, fazendo Rony e Harry virarem-se para não mostrar a Neville que riam. – Hãm... Vejo que foi alarme falso. Já estou indo. Tenham uma boa tarde!
Ela saiu ligeira, deixando Harry e Rony rolando de rir, enquanto Neville ia tomar um banho.

***

N/a: O único comentário que eu tenho pra esse capítulo é: UOU!

O resto, é com vocês.
A maiooooor bomba, por favor, vocês tem muito o que comentar, né???

Mal acostumados com as att’s rápidas, né?
Se preparem agora, porque, começo a trabalhar essa segunda, isso quer dizer, até o próximo fim de semana.
Acabei de escrever o capítulo 65, foi o mais difícil, mais bombástico, mais horrível, e mais lindo de todooooooos dessa fic.
Tenho que dizer que quando eu coloquei o ultimo ponto, eu estava me acabando em lágrimas.
Meu Deus.
Foi difícil, hein???

Então, façam essa autora feliz e comentem bastantão, porque eu estou sendo muitoooo boazinha com essas att’s super, hiper rápidas.
Mereço algo em troca, né?

Beijoooos e obrigada pelos comentários lindos.

Amo vocês.
Beijooo.





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