A Captura



E lá estava ele, mais uma vez, sentado na última mesa da biblioteca, com as pernas de Hermione sobre as suas, olhando inutilmente para um livro, enquanto ela se mantinha concentrada em sua tradução.
Concentrada demais, Harry pensou, ela parecia até mesmo esquecer de respirar, com sua testa franzida produzindo um fundo vinco no meio da mesma, olhos estreitos sem saber onde ficar, indo e vindo entre o grande livro e o pergaminho. Os cabelos castanhos largamente cacheados presos num suntuoso rabo-de-cavalo, e a franja jogada de lado que a deixava impaciente quando lhe caía sobre os olhos. Sua pele alva, o perfil fino e quando deu-se conta, Harry estava com a cabeça apoiada na mão, cotovelo apoiado na mesa, a observando tontamente, há muito tempo, mas ela parecia não notar.
Parecia.
- Algo errado, Harry?
- Hãm?
- Algo errado... Comigo? – ela perguntou sem tirar os olhos do que estava fazendo.
- Hum... Hã... Não... Por quê?
- Está me observando há muito tempo?
- Quem... Eu?
- Só notei agora. – ela comentou distraidamente. – Quer me perguntar alguma coisa?
- O que... Eu...? Não... Perguntar...?
- Então...?
- Então...? O que?
Ela o encarou, finalmente, se segurou para não cair numa gargalhada gostosa, ele exibia um olhar completamente confuso, lembrando penosamente Luna com seu ar aéreo.
- Nada, Harry. – ela disse com um sorriso singelo, voltando à atenção para o pergaminho.
Harry se sentiu estranhamente ridículo naquele momento. Porém, alguém pigarreou fazendo-o olhar em volta.
- Ah não, Madame Pince! Faltam vinte minutos para a biblioteca fechar, e senhora não...
- Não Potter, eu não vim aqui pra isso. Ainda. – ela deu um sorrisinho afetado. – A diretora me mandou avis...
- Qual parte do urgente você não entendeu, Pince? Há mais de quinze minutos eu mandei chamá-los. – disse a professora McGonagall severamente irritada, lançando um olhar que provavelmente reduziria a bibliotecária a pó. – Preciso que vocês corram em seus dormitórios e apanhem alguns pertences. Passarão o fim de semana fora. Rápido, os encontro em vinte minutos no Saguão de Entrada.
- O que...? – perguntou Harry sem entender nada. Porém Hermione parecia ter entendido, pois com um aceno breve de sua varinha fez o seu material e o de Harry se organizar quase que milagrosamente.
- Estaremos lá, Professora. – ela disse, agarrando a mão de Harry e o puxando pra fora.
- O que está havendo? – ele perguntou sendo arrastado corredor a fora.
- Reunião da Ordem, provavelmente.
- Ah! Claro!- ele exclamou, entendendo o óbvio.
- Pegue o básico para fim de semana, te encontro aqui em dez minutos. – disse Hermione assim que entraram no Salão Comunal apinhado de gente no momento.
- E Rony?
- Já deve ter sido avisado.
- Será que tenho que pegar Edwiges?
- Vamos deixá-la aqui. Vou deixar Bichento também, apesar de ter de suspender tudo que estiver no quarto para ele não devorar. Voltaremos logo, levá-los só dará mais trabalho.

Dez minutos depois Harry viu Hermione descer com um belo casaco, uma bolsa à tira colo e o livro de Dumbledore nas mãos.
- Vamos?
- Pegou a Capa? – ela questionou em voz baixa.
- Sim.
- Vamos.
Os dois saíram em passos rápidos pelos corredores do Castelo, ao chegar ao Saguão de Entrada encontraram a Professora e o Professor McGonagall.
- Matt? – disse Hermione animadamente, sorrindo para o professor que correspondeu com um sorriso devastador.
- Sou parte da Ordem agora.
- Que ótimo!
Harry notou um certo tom de intimidade entre os dois. Desde Hermione chamá-lo pelo apelido – afinal, ele era um professor – até o sorriso terrivelmente charmoso dele. Essa intimidade causou certo incomodo em Harry que agradeceu mentalmente quando Rony se juntou a eles segundos depois, e já nos portões, Hagrid passou a acompanhá-los.
Uma vez fora de Hogwarts o grupo aparatou no Largo Grimmauld sob a vigilância de Hagrid.
A Mansão Black continuava da mesma forma que Harry a deixaram há pouco mais de um mês, a diretora foi os conduzindo pelo corredor que dava acesso a cozinha.
- Harry Potter, senhor, seja bem vindo. – esganiçou-se Dobby, passando a andar ao lado de Harry no corredor.
- Obrigado Dobby!
- Potter, eu tomei a liberdade de mandar Dobby arrumar as acomodações para todos durante o fim de semana. – disse McGonagall.
- Ah, claro, sem problemas.
- Quem virá Dobby? E quem ficará aqui? – questionou a Diretora.
- A família Weasley, com exceção de Carlinhos e a caçula. Estão nos mesmo quartos que estiveram no verão, Dobby os arrumou do jeito que fez antes. Ninfadora Tonks e Remo Lupin no terceiro andar, primeiro quarto á direita. Professora McGonagall no primeiro a esquerda, Professor no segundo, ao lado de sua mãe. Virão todos esses e ainda Olho Tonto Moody e Quim, mas não ficarão aqui.
- Hei... Lupin e Tonks já estão dormindo juntos, é? – questionou Ron, com graça.
A diretora pigarreou, cortando a graça de Rony.
- E Harry Potter e Hermione Granger em seus quartos. – concluiu o elfo, num ar imponente.
- Oh! Você tem um quarto próprio aqui! – disse Matt, em tom de brincadeira, andando ao lado de Hermione.
- Sim, eu tenho, mas não o uso muito. – ela respondeu entrando na brincadeira, com uma ligeira piscadela para o professor, que riu.
Harry achou a cena patética e ao mesmo tempo animadora. Matt não sabia, mas Hermione estava dizendo a verdade: Ela não usava o quarto dela, usava o quarto dele, de Harry.
- Certo Dobby, muito obrigada. – disse a diretora severa, entrando na cozinha, seguida pelo grupo. Lá estavam Quim e Lupin.
- Que bom que chegaram, só estávamos os esperando, precisamos resolver algumas coisas antes da reunião. – disse Lupin, colocando sua capa de viajem surrada.
- A reunião será as dez, até lá todos já terão chagado. Os Weasley vêm com Arthur, assim que ele sair do Ministério. – disse Quim, andando até a porta depois de cumprimentar todos.
- Tonks chegará a qualquer momento. – Lupin falou abotoando a capa.
- Hei, Remo! – Hermione falou, mais alto do que de costume. – O que é isso?
Todos olharam em direção aonde o olhar de Hermione parara. Uma aliança de ouro na mão esquerda do ex-professor.
- Ah! Eu e Tonks, nós... Nos casamos. – ele falou meio acanhado.
- Ah, meu Deus! Isso é ótimo! – disse Hermione, correndo para abraçá-lo e desejar os parabéns.
- Quando? – perguntou Harry acompanhando Hermione nos cumprimentos.
- Há duas semanas. Não havia como avisar sabe, podia ser perigoso, achei melhor contar pessoalmente. Foi no Ministério.
- No Ministério? – Harry questionou.
- É Harry, como se fosse casamento no Civil para os trouxas. – explicou Hermione.
- Precisamos ir agora, até mais tarde.
- Até! – os outros responderam em uníssono, vendo-os deixar a cozinha.
- Também tenho que ir, trabalho terminado por aqui. – disse Hagrid com um sorriso torto, se despedindo dos demais.
- Achei que fosse ficar, Hagrid! – comentou Rony.
- Não... Não... Alguém tem que cuidar da escola! Eu vou cuidar da escola. – ele disse orgulhoso.
O gigante saiu da cozinha e a diretora se virou para eles.
- Quero que todos subam e se acomodem. A reunião começa as dez e não tem hora para terminar, portanto sugiro que descansem o máximo que puderem. Agora, subam, vamos...
Os três garotos e o professor voltaram pelo corredor deixando a diretora e um Dobby extremamente atarefado na cozinha.
- Preciso... ir. Até a reunião. – disse Rony, assim que chegaram ao andar de cima. Harry e Hermione trocaram olhares, mas nada disseram.
- É... Bom, até mais tarde. – disse Matt com um aceno, indo em direção ao próximo lance de escadas.
Hermione virou-se para ir para seu quarto e Harry olhou em volta. O professor havia parado no meio da escada, provavelmente esquecera de dizer alguma coisa a Hermione. Harry o viu girar sobre os calcanhares e agiu por puro extinto. Agarrou o braço de Hermione e trouxe pra si, fazendo-a virar de frente.
- Por que vai usar o seu quarto dessa vez? – ele indagou, olhando-a maroto. Ela sorriu com a brincadeira.
- Eu só estava esperando um convite. – ela respondeu entrando na brincadeira dele, se deixando levar para o quarto de Harry, sem notar a cara pasma e decepcionada, quase triste, do professor que voltou a subir a escada.

***

- Hum... Isso aqui é bem melhor que a biblioteca! – Harry falou meia hora depois de chegarem.
Ele estava sentado na cama, com as costas encostadas à cabeceira, apoiada em vários travesseiros, e Hermione estava sentada com as costas em seu peito, envolvida pelo braço dele.
A situação não era muito diferente da biblioteca, mas no lugar da mesa, a cama estava coberta por livros nos quais os dois estavam concentrados há algum tempo.
- Sem dúvida. – ela respondeu, virando a página de um livro qualquer.
- E a tradução?
- Estou cansada. Não quero nem vê-la durante esse fim de semana.
Harry riu, vendo Hermione bocejar preguiçosamente, espreguiçando-se.
- Temos trabalhado muito ultimamente, não?
- Nem me fale, durante o dia e durante a noite. – ela disse, preguiçosa, largando o livro e virando-se para Harry.
- Quase não dormimos mais, se não fosse aquela sua poção...
- Acho que vou arrumar café também, para nossas próximas aventuras noturnas na biblioteca.
- Seria ótimo! – Harry disse rindo. – O problema seria nós ficarmos elétricos demais e fazer o que não devemos.
- Como o que, por exemplo? – ela perguntou, sorrindo com uma cara de sono, erguendo a sobracelha.
- Pular da janela direto para o lago. – ele disse rindo da cara de horror que a o rosto dela tomou.
- Por Merlim, Harry!
Eles se encararam por muito tempo. A cara de sono dela a deixava mais bonita, de alguma forma, talvez o ar preguiçoso e frágil, como quem precisa de alguém.
- A reunião só começa as dez.
- E não tem hora pra acabar... – ela concluiu desanimadoramente.
- Ainda são seis e meia. – ele observou, olhando brevemente para o relógio pesado, de ferro, no criado-mudo.
- É... Cedo, ainda... – ela falou, quase que num sussurro.
- Não é pecado dormir um pouco... – Harry disse, jogando o livro que tinha nas mãos no chão.
- Oh, obrigada! – ela disse, tirando seu casaco e jogando-o no chão, ficando com uma simples e fina blusinha branca de alcinha.
- Eu que agradeço. – ele falou, aliviado, vendo que ela aprovava a idéia de dormir um pouco.
Hermione se levantou e fechou a porta da sacada e apagou a luz, enquanto Harry pegava cobertas no armário.
Eles se deitaram, como sempre, Hermione se aninhou a ele com a cabeça em seu ombro, e ele a envolveu nos braços.
- Boa noite... – ela sussurrou no ouvido dele, conseguindo definir seu perfil somente pelos feixes de luz que entravam no quarto entre as frestas da porta.
- Bom descanso... – ele disse, fechando os olhos. Sentiu o rosto dela se afundar em seu pescoço e uma das mãos dela agarrar a sua camiseta com força. Harry sorriu, ela sempre fazia isso. Será que ela pensava que ele poderia deixá-la...?
“Impossível.”, ele pensou antes de cair no sono.

***


Harry acordou sentindo falta de peso sobre si, abriu os olhos e mirou o relógio, eram nove horas ainda. Ponderou, se dormisse de novo tinha certeza que só acordaria na manhã seguinte, então resolveu tomar um banho para espantar o cansaço. Olhou para o lado e viu Hermione esparramada na cama, de barriga pra baixo com os braços sob o travesseiro e o rosto virado pra porta, proporcionando a Harry uma bela vista de sua cabeleira castanha e cacheada.
Ele sabia que Hermione o mataria se soubesse que ele acordou e não a chamou, mas ela estava tão cansada, estavam trabalhando tanto ultimamente, eram raros os momentos de descanso... “Depois do banho eu a acordo.”, ele pensou, levantando-se com todo cuidado.

Ao sair do banheiro com uma toalha na cintura, Harry mirou sua cama e o corpo da garota.
- Certo, vamos lá... – ele engatinhou até ela, sobre a cama, e respirou fundo olhando para os cabelos dela, preferia nem olhar para o rosto da garota senão perderia a coragem de acordá-la. – Mione...
Bom, ele queria ser mais firme, mas tudo que conseguiu foi chamá-la num sussurro.
- Mione...? – Ela resmungou alguma coisa. - Mione, acorda... Vamos perder a reunião, são quase dez...
- Não são não. – ela disse, preguiçosa, sem abrir os olhos.
- Tá, tudo bem, não são. Mas será daqui quarenta minutos e... – ela soltou um muxoxo, Harry se aproximou mais e tirou o cabelo dela de sua face.
- Faz tempo que você acordou?
- Vinte minutos...
- E por que não me acordou? – “Até que demorou pra perguntar...”
- Estou acordando agora. – ele respondeu, se achando esperto.
- Mas agora eu não quero acordar! – ela disse, abraçando o travesseiro mais forte.
Ele bufou e a olhou perplexo. Por essa ele não esperava. Num ato impensado e espontâneo ele mergulhou no pescoço dela e o beijou, quando deu-se conta a pele dela estava arrepiada contra seus lábios.
- Levanta agora eu te jogo pra fora dessa cama. – ele sussurrou no ouvido dela, sentindo mais um arrepio.
- Tem alguma coisa molhando minhas costas. – ela disse, debilmente, tentando se recuperar da imobilidade que Harry lhe causara.
Ele se afastou um pouco.
- Ah, me desculpe, não me sequei direito.
Hermione se virou e caiu na gargalhada.
- Isso é assedio sexual!
Ele a olhou com os olhos arregalados, ela estava a ponto de chorar de rir.
- Assedio sexual é você, toda sexy deitada na minha cama! – ele retrucou, entrando na brincadeira, observou o rosto dela corar levemente.
- Você é tão idiota...
- E você é tão exagerada... Assédio sexual, eu...? Quem disse que eu preciso assediar alguém, hein? – ele motejou.
- Convencido!
- Realista. – ele retrucou sob o olhar de reprovação e graça dela.
- Narcisista!
- Realista.
- Petulante!
- Realista.
- Presunçoso!
- Realista.
- Pretensioso!
- Mas você não vive sem mim.
Ela abriu a boca para retrucar, mas a fechou e o encarou. Ele mantinha aquele sorriso, aquele que ela só via quando estavam juntos, aquele sorriso de gracejo, de canto, maroto, aquele que demonstrava paz tirada sabe-se lá de onde, aquele que acalmava tudo, parava o mundo, e que transbordava doçura ao mesmo tempo que pedia carinho. Era o sorriso com o qual ele demonstrava que estava apenas brincando, que havia respeito, que estava tudo bem... O sorriso de Harry... Ele era o único que sabia sorrir daquele jeito.
- Harry... – Ela falou vendo-o se afastar, ajoelhando-se sobre o colchão.
- Lembro como se fosse agora... É só fechar os olhos e eu posso sentir... – ele falou, deixando o ar de brincadeira, tomando seu tom sério e equilibrado. Fechando brevemente os olhos enquanto Hermione o observava. – Foi ali na sacada, estava frio e você estava chorando, eu tinha te decepcionado, estava quebrado em milhões de pedaços, você secou uma lágrima em meu rosto frio com sua mão quente, me abraçou e disse que não vivia sem mim. – ele abriu os olhos e fitou a face terna dela. - Aí meus pedaços se refizeram, colaram, sem deixar marcas, trouxe novo ânimo, esperança, paz, leveza... Coisas que só você consegue me proporcionar...
Harry a viu sorri docemente e se ajoelhar de frente pra si, e o abraçou de novo, como naquela noite, e Harry pôde sentir a mesma sensação e a mesma energia passando dela pra ele. Hermione passou seus braços em volta do pescoço dele sem ligar para fato de estar com a roupa molhada agora que seu corpo encostara-se ao dele.
- Sabe que estarei sempre aqui, pra tudo, qualquer coisa, juro. Sempre ao seu lado. Sempre juntos.
- Eu sei... Sei. – ele disse apertando o corpo dela contra o seu. – Preciso de você... – ele disse mais pra si mesmo do que pra ela, de tão baixo que a frase saiu.
- Harry... Eu... – ela começou, mas foi interrompida por batidas frenéticas na porta. Hermione se sobressaltou e largou Harry imediatamente.
- Quem é? – ele perguntou, indo em direção a porta.
- Professora McGonagall. – ouviu-se uma voz enérgica responder do outro lado.
Harry abriu a porta, deixando apenas metade de si a vista. Nem em seus piores pesadelos a Diretora poderia ver Hermione em seu quarto, na sua cama, enquanto o garoto desfilava de toalha. Toalha essa que vez o olhar da professora medir o rapaz no momento que pôs os olhos sobre ele. Ela se recompôs com certa dificuldade, com certeza achando o maior dos absurdos ser recebida daquela forma, e continuou.
- Reunião em vinte minutos. Espero que seja pontual.
- Serei, não se preocupe professora.
- Viu a Srta. Granger?
- Quem...? – ele indagou, fingindo-se de desentendido.
- A Srta. Granger?
- Ah, Hermione? Não, não a vi. Talvez esteja lendo no quarto dela.
- Não está, já bati lá e não houve resposta.
- Ah, então não sei onde ela possa estar. Talvez Rony saiba, professora.
- Obrigada. Até breve, então.
- Até. – e no momento que o rapaz teve certeza que nada poderia fazer a Diretora notar a presença de Hermione em seu quarto, ouviu-se o barulho de alguma coisa caindo dentro do quarto e um grito de dor abafado.
Harry ficou sem ação, a Professora o encarou com seu olhar mais penetrante. Ele pôde ver as sobrancelhas dela formar uma única linha fina e rígida.
- Potter...? – ela disse esperando alguma explicação.
Ele a ignorou e voltou-se para Hermione, que estava sentada no chão, com uma cara terrível de dor, massageando seu pé direito.
- O que aconteceu...? – ele perguntou, ajoelhando-se ao lado dela.
- Seu despertador, caiu no meu pé... Esbarrei nele quando levantei... – ela explicou, num tom de desculpas, vendo o tamanho da encrenca que arrumara.
- Srta. Granger? – falou a professora entrando no quarto.
- Sim? – respondeu Hermione, timidamente.
- Entrou aqui como...? Voando? – a mulher indagou, irritada.
Hermione não respondeu.
- O que está havendo aqui...? Estava passando e ouvi um barulho de algo quebran... – Matt parou no meio da frase assim que entrou no quarto de Harry e olhou para baixo.
- Está tudo bem Matt. – disse Hermione, tentando se levantar. Harry a ajudou totalmente envergonhado com a situação.
Agora estavam a Diretora e seu filho olhando para ele apenas com uma toalha na cintura e Hermione com uma blusinha branca que ficara toda molhada.
- Reunião em quinze minutos. – disse a Professora McGonagall deixando o quarto com impaciência.
Matt permaneceu ali parado por alguns segundos, tentando absorver o que acabara de acontecer. Olhava para Harry e Hermione com uma cara que beirava a incredulidade.
- Hã... Está tudo bem professor. Hermione já está bem. – Harry disse, tirando o professor de seus pensamentos.
O homem não respondeu, apenas deixou o quarto fechando a porta.
- Uau, o que foi isso? – Harry falou, sentando Hermione na cama.
- Com certeza, se não estamos encrencados é porque estamos na sua casa. Mal posso imaginar o que nos aconteceria se nós estivéssemos na escola... – ela disse, ligeiramente apavorada.
- Acho que escapamos por pouco. Na escola ela teria... Ah meu Deus, nem quero imaginar. Eu assim, com você no meu quarto... Assim!
Hermione o encarou, Harry abriu um sorriso leve.
- Assim como...?
- Sua blusa, molhou.
- Sim, eu sei... – ela disse, indo até o espelho, em passos mancos. – Oh, meu Deus!
Ela viu sua cor fugir ao reparar que sua blusinha ficara quase que totalmente transparente.
- Quero sumir! – ela sussurrou, virando-se pra Harry.
- Oh, não se preocupe... Você é linda, não motivo pra ter vergonha. – ele disse, com simplicidade, caminhando para o banheiro.
Hermione esqueceu-se de respirar. Sentiu todo seu sangue afluir em sua bochechas e a sensibilidade de seus dedos evaporarem.
- Não pode estar falando sério! – ela retorquiu, com descrença.
- Estou. – ele falou do banheiro.
- Um professor acabou de me ver... Assim!
- Não se preocupe Hermione. Seu sutiã não é vermelho e você não está com uma cinta-liga. – ele disse, displicente, saindo do banheiro abotoando a calça. – Não estávamos fazendo nada errado.
- Mas eles não sabem disso. – ela disse, quase surtando com o pouco caso de Harry.
- Isso não interessa. O que importa é que nós sabemos e ponto final.
- Ah, Harry, por favor! – ela praguejou, alto.
Ele a encarou e se aproximou.
- Sei que a situação não foi das melhores, mas pelo menos não era você que estava só de toalha, andando no meu quarto. Aí sim a situação seria muito pior.
Ela ponderou.
Sim.
Seria bem pior.
- Vou colocar uma roupa que não mostre minha roupa intima. – ela falou, com sagacidade, caminhando até a porta. – Me lembre de nunca mais chegar perto de você quando estiver de branco.
Ele sorriu, e ela deixou o quarto.

***


Ao entrar na cozinha Hermione viu todos os membros da Ordem já lá, com exceção de Lupin e Quim que ainda não haviam chegado. Ela, Harry e Rony se acomodaram nas cadeiras enquanto esperavam os membros que faltava. Alguns membros da família Weasley estavam na sala conversando.
- Merlim, temos um comunicado a fazer! – bradou o Sr. Weasley entrando na cozinha com Gui, Fleur e a Sra. Weasley.
- O que houve Molly? – perguntou Tonks vendo a Sra. Weasley se desfazer em lágrimas.
- Gui... Fleur... – ela respirou fundo e chorou compulsivamente. Tonks olhou para o casal citado, procurando respostas, mas antes que qualquer um dos dois abrisse a boca o Sr. Weasley falou alto e claro, com uma euforia muito notável.
- Fleur está grávida!
Os rostos sombrios na cozinha, que aguardavam arduamente o inicio da reunião, se iluminaram em sorrisos... Irromperam vivas e gritos de alegria. O lugar, antes silencioso, parecia mais rua de compras em época de Natal.
- Isso é maravilhoso! – dizia Minerva, andando até o casal que recebia felicitações de todos.
Hermione e Harry sorriram e trocaram um olhar cúmplice. Rony se levantou assim que ouvira a noticia e sorria bobamente.
- Mais um Weasley! – bradava Jorge, com um dos braços sobre os ombros de Gui.
- E vai ser meio veela! – observou Fred.
- Hei! Se for garoto não vai ser meio veela! – disse Gui, fazendo Fleur rir.
- Será um Weasley meio ruivo meio loiro! – disse Fleur. – E se o primeiro sair loiro, ou a primeira, não se preocupem, faremos outras tentativas de ruivo, não é, meu amor?
Gui sorriu e beijou a esposa. Todas as atenções estavam voltadas para o casal.
- Hei, Angelina, Gui e Fleur estão grávidos! – disse Fred ao ver uma moça morena entrar na cozinha, despindo sua capa de viagem.
Harry a reconheceu instantaneamente. Era Angelina Johnson, fora capitã do time de Quadribol da Grifinória por algum tempo, era uma excelente jogadora.
- Isso é ótimo! – disse ela, cumprimentando a todos. – Hei, Harry, como vai? Ouvi dizer que tem feito um bom trabalho como capitão.
Harry apertou a mão que ela lhe ofereceu com energia.
- É ótimo te rever, não sabia que fazia parte da Ordem.
- Entrei pra Ordem junto com Fred e Jorge. Eu e Lino estamos fazendo nossa parte, afinal, não queremos que nossos filhos nasçam em meio a essa guerra infernal. – ela disse, séria, depois sorriu ao cumprimentar Hermione.
- Você e Lino...? – perguntou a garota, sem conter a curiosidade.
- Ah, sim, não souberam...? Estamos noivos. Sabe, ele sempre quis sair comigo, me venceu pela insistência. Assim que terminamos Hogwarts eu aceitei o convite dele, e acreditem , me arrependo por não tê-lo feito antes. – disse ela, sorrindo.
- Ah, meu Deus, quantas boas noticias num mesmo momento! – disse Hermione, com alegria.
- Realmente... Essa de Fleur estar grávida é novidade, é muito...
- Calados, por favor! – disse Quim, alto, entrando rapidamente na cozinha tirando sua capa, com Lupin e Lino Jordan em seus calcanhares.
- O que houve...? – perguntou a Sra. Weasley com preocupação.
Os dois homens estavam com suas capas sujas e rasgadas, como se acabassem de chegar de uma batalha. Rostos cansados e suados. Lino estava ofegante, com um pequeno corte no supercílio.
- Comensais da Morte. Acabamos de encontrar sete deles num vilarejo há algumas milhas daqui. Estavam torturando trouxas. – explicou Lino, aceitando um lenço que sua noiva lhe estendia, levando-o até o lugar machucado.
- Recebemos informações que eles estariam lá. – disse Lupin.
- Mas porque não nos chamaram? – indagou o Sr. Weasley.
- Não havia tempo, já havia gente inocente morta e... – Lupin falou.
- Eles já estavam fugindo. – terminou Quim.
- Mas, o que...? O houve? Como aconteceu? – questionou o Professor McGonagall, que seguiu Hermione com olhar ao vê-la levantar para apanhar um copo d’água.
- Tivemos que duelar, três trouxas morreram, quatro foram levados ao St. Mungus, com graus de tortura exagerados e uma criança foi atacada por um feitiço terrível, Sectusempra. – falou Quim, com sua voz firme.
- Snape estava lá, então! – disse Harry, socando a mesa e se levantando. Olhou de relance para Hermione que acabara de encher seu copo de água, com uma jarra que estava sobre a pia, e agora olhava para Quim, na ponta da mesa.
- Sim, ele estava comandando a ação. – disse Lino.
- Verme asqueroso, quando eu vê-lo na minha frente... – Harry começou entre dentes.
- Não se preocupe Harry, em breve você colocará suas mãos nele. – disse Lupin, com um pequeno sorriso.
- Como? – questionou Harry, o encarando. O mesmo fizeram todos da mesa. Todos os rostos estavam voltados para Lupin.
- Capturamos um deles, vamos poder arrancar informações! – disse ele, com um tapa na mesa, sorrindo.
Todos o olharam espantados.
- Quem? – perguntou o Sr. Weasley.

***

N/a: Quem?
Quem?
Quem????

Ooooh!

Huahsuahushauhsuahsuhaushaushuahsuahsuahsuahsuahsuas

Genteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!
Eu estou terminando a fic.

Não sumi.
Só ando extremamente²³²³²³²³²³² sem tempo.

Amo vocês, obrigada pelos comentários, e pleaseeeee comentem esse capítulo...

Beijoooos.



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