Impulso



...quando a sensação de estar sendo observada a fez abrir os olhos...
...aí ela se deu conta da loucura que estava cometendo...
...Harry, que voltara a beijar a boca dela, parou quando percebeu que ela não retribuía mais o beijo.
- Nós não podemos, isso está errado...- sussurrou ela, completamente tonta.
- Por que não? Eu quero... Você também quer... - falou Harry tornando a beijá-la, ela se entregou ao beijo por alguns segundos, mas resistiu colocando uma das mãos na boca do rapaz.
- Não, pára, pára... Não está certo, nós estamos confusos... - falava ela baixinho.
Harry a olhou, ela tinha um ar desesperado, e como se acordasse de um devaneio, ele saiu de cima dela.
- Onde é que eu estou com a minha cabeça? – falou ele indignado, se sentando. – Me desculpe Hermione, eu...
- A culpa não é sua, nem minha... Nós estamos confusos, apenas isso. Estamos confundindo amizade e gratidão, com amor e paixão. – falou ela se sentando também. Ela dizia aquilo, achando que era a mais pura verdade. Sua cabeça estava a mil, completamente confusa, como aquilo podia ter acontecido? Como?
- É, você tem razão, estamos confusos... Nos deixamos levar pelo impulso... – disse ele tentando convencer a si mesmo que tudo aquilo foi apenas um impulso. – Me desculpe, eu nem sei o que dizer...
- Eu proponho que nós esqueçamos isso. – “Como se eu pudesse esquecer o melhor momento da minha vida... Hã? O que é que está acontecendo comigo?” - Vamos fingir que não aconteceu, afinal, nós passaremos a semana juntos, não seria muito legal se nós nos afastássemos por uma coisa tão sem cabimento...
- É, você tem toda razão, vamos esquecer tudo isso... – “Como? Por favor... Alguém me diga como eu vou esquecer isso!” pensava ele amargurado, saindo do quarto dela. Ele já estava entrando no seu quarto, quando se lembrou de uma coisa. Voltou à porta de Hermione e bateu.
- Entre, Harry... – ela respondeu.
- Eu me esqueci de te dizer que Lupin veio aqui, ele e Tonks...
- E por que a Tonks não veio me ver?
- Ela tinha um compromisso, só passou aqui pra...
- Pra...?
- Agarrar o lobinho dela... – riu Harry, tristemente.
- Como assim?
- Quando eu entrei na cozinha eles estavam dando um ‘Senhor Amasso’, ficaram vermelhos quando me viram... – contou Harry, sem emoção.
- Hum... – murmurou Hermione, sem nenhum interesse. – Por favor, Harry, não fique triste comigo...
- Eu não estou triste com você Mione, nem poderia... Estou triste com a situação... Nós não podíamos... Somos amigos, eu não quero estragar nossa amizade por uma burrice minha... – desabafou ele, com medo de perder a amizade da garota. A última coisa que queria no mundo era o desprezo e a indiferença dela. Se fosse preciso, ele resistiria bravamente a todo desejo que viesse a sentia por ela, só para tê-la sempre ao seu lado.
- Não foi burrice sua, e nós não vamos estragar nossa amizade, sabe por quê? Em primeiro lugar, nós vamos esquecer tudo isso, e em segundo, a nossa amizade é forte de mais, não vai ser destruída por causa de um deslize nosso... – falou ela, indo até o amigo. – Preste atenção no que eu vou te dizer: eu não me arrependo de nada, só que seria melhor se não tivesse acontecido. Agimos por puro impulso, nós jamais faríamos isso em sã consciência. Agora, melhora essa cara, não gosto de te ver triste assim... – falou ela passando a mão pelo rosto dele, depois se virou para desligar o rádio.
Ele saiu do quarto dela silenciosamente e foi se refugiar na sacada pra ver se aquela vista maravilhosa o consolaria. Ele se sentou no chão e olhou para o sol que estava se pondo quando ouviu um barulho no quarto, ele se virou e viu uma pilha de toalhas sendo colocadas no guarda-roupa, ele piscou os olhos e viu que por trás da pilha estava Dobby, o elfo doméstico.
- Boa Tarde, Harry Potter, senhor. – cumprimentou ele com uma reverencia exagerada.
- Olá Dobby... O que você esta fazendo aqui? – perguntou o rapaz, ao elfo.
- Dobby foi mandado pra cá pra cuidar da limpeza da casa de Harry Potter, Dobby está muito feliz em poder servir Harry Potter na casa dele, senhor. – explicou o elfo com um enorme sorriso.
- A que horas você chegou?
- Faz tempo já... Dobby veio logo depois que Remo Lupin foi embora.
- E por que você não foi me ver, me avisar que tinha chegado? – perguntou o rapaz.
- Dobby procurou Harry Potter pela casa, e encontrou quando subiu a escada. Harry Potter estava no quarto do outro lado do corredor, Dobby viu porque a porta estava aberta, Harry Potter estava muito ocupado...
- Não... Eu não me lembro de estar ocupado... O que eu estava fazendo? – perguntou Harry inocentemente.
- Dobby viu Harry Potter... Beijando a Srta. Hermione... – falou Dobby baixinho, querendo ser discreto.
- Ah, claro... É verdade... Dobby, não comente o que viu com ninguém, por favor, não quero que isso se espalhe...
- Ah, não se preocupe Harry Potter, senhor, Dobby não vai contar nada, a ninguém... Então Dobby não quis incomodar o senhor e vim logo arrumar esse quarto que estava bem bagunçado... – Dobby parou de falar de repente, chegou mais perto do guarda-roupa e começou a bater a cabeça furiosamente contra o móvel. Harry levantou correndo e segurou o elfo, mantendo-o bem longe de qualquer outra coisa.
- Por que está se castigando Dobby?
- Dobby mal, reclamou que quarto estava bagunçado, Dobby não pode reclamar do serviço que faz...
- Ah, Dobby, eu o proíbo de se castigar, faça ou fale o que quiser, não se castigue... E você tem toda razão... O quarto estava bem bagunçado, Hermione que espalhou tudo isso durante essa noite, eu passei mal, tive febre e ela cuidou de mim... – comentou ele, se lembrando do que acabara de acontecer entre eles, triste com o fato de ter se deixado levar pelo momento, ele não se arrependia, mas preferia que não tivesse acontecido, ou melhor, que acontecesse e fosse até o fim... Ou tudo ou nada... Mas as coisas ficaram pela metade, isso o deixou balançado, até onde eles foram, ambos estavam muito bem, estavam na mesma sintonia, no mesmo ritmo, os sentimentos e os gestos eram mútuos... Mas ela parou, quebrou a conexão entre eles, isso o fez voltar à realidade, a explicação dela era que eles estavam confusos, mas será que estavam? Harry ficara mais triste com a idéia de Hermione ter realmente confundido os sentimentos, ele era capaz de jurar, a julgar pelo beijo, que ela sentia algo a mais por ele, mas se enganara. Ela estava frágil no momento, passou por uma provação muito grande durante a noite, estava abalada, apenas se deixou levar, seguiu o impulso. E, felizmente, resistiu ao impulso a tempo.
Mas, deixando de pensar nos sentimentos dela, Harry olhou pra si mesmo, pros próprios sentimentos. O que ele sentia realmente por ela? Ele vasculhou na memória indícios de sentimentos, mas não encontrou nenhum, teve que assumir pra si mesmo que sempre vira Hermione como um a irmã, sequer sentia ciúmes da garota. Só prestara atenção nela, de verdade, no dia do casamento. E por que, só naquele dia? Porque foi quando ela se apresentou como mulher, realmente, uma linda mulher, com um corpo perfeito, que chamaria atenção de qualquer homem, isso o deprimiu mais ainda: “Então, o que eu sinto por ela é só atração física? É só vontade de tocá-la, de estar em contato com ela... Que belo canalha eu sou...”. Isso doía dentro dele, saber que colocara uma amizade em risco, só por um pouco de diversão “Mas o que eu sentia não era só desejo, tinha algo a mais, algo que eu nem sei o que é...”, pensava ele. Ficou pensando por vários minutos, em respostas para as milhares de perguntas que fazia a si mesmo, sem encontrar nenhuma solução, aceitou que ele jamais poderia explicar o que estava sentindo. Então voltou a se sentar na sacada, e pensar no beijo, naquele beijo, perfeito, que o levara ao céu, como nunca tinha acontecido antes, a maneira como ela correspondera, parecia sentir o mesmo que ele, uma vontade inexplicável tomara conta dele naquele momento, ele a queria, queria amá-la ali, naquela hora, queria que o resto do mundo se explodisse, o único foco dele era tê-la pra si. Tudo aconteceu tão lentamente, ela chorava, ele secava as lágrimas dela, ela o tocava, o acariciava, ele a abraçava cada vez mais forte, ele queria parar, mas ela o deixou continuar, isso o enlouquecia. ELA O DEIXARA CONTINUAR, CORRESPODIA A ELE COM A MESMA INTENSIDADE, depois dizia que tinha se confundido?
- Harry Potter, senhor... Está ouvindo Dobby? – perguntou o elfo, bem perto de Harry, o nariz torto da criatura quase tocava o do rapaz.
- Me desculpe Dobby, eu não te ouvi... – respondeu Harry, muito triste.
- Harry Potter parece triste, Dobby quer ajudar Harry Potter! – falou o elfo, prestativo.
- Sinto muito Dobby, mas ninguém pode me ajudar... - nesse momento, ouviu-se uma batida na porta. Harry tratou de melhorar a cara, não queria que a amiga visse que ele continuava triste.- Entre.
- Harry, eu vou descer pra fazer o jan... O que você esta fazendo aqui Dobby? – perguntou a garota surpresa.
- Dobby foi mandado para cuidar da limpeza da casa de Harry Potter, senhorita... – respondeu o elfo.
- Ah, tá... Então, é... Ah, claro, eu dizia que estou descendo para preparar o jantar Harry, o que você vai querer?
- Qualquer coisa pra mim está bom, não se preocupe.
- Eu não faço qualquer coisa... Me diga o que você quer, anda... Me diz, eu faço questão de preparar pra você... – insistiu a garota.
- Bom, já que você insiste, faz algum tempo que eu estou com vontade de comer... – aproveitou Harry, nunca na vida, alguém preparara alguma coisa especialmente pra ele, a boa vontade de Hermione levantou o ânimo do rapaz. – ... lasanha!
- Uma ótima escolha... Lasanha pro Harry e pra mim também é claro! – falou a garota saindo do quarto.
- Mione, espera, eu te ajudo... – falou Harry correndo pra alcançá-la.
- Ajuda é? Você sabe cozinhar?
- É claro, era eu quem preparava a comida na casa dos Dursley na maioria das vezes... – falou ele, descendo a escada, atrás de Hermione. – Só que nunca fiz lasanha...
- Hum... Vamos ver como você se sai na cozinha então, Sr. Potter! – riu a garota.
Eles foram até a cozinha e a viraram de cabeça pra baixo, uma bagunça enorme, molho, farinha, pratos, tomates, mussarela, presunto, massa, espalhados por todos os lados... Os dois se divertiram muito no preparo da lasanha e duas horas depois, Hermione estava servindo Harry com uma dose generosa de uma lasanha muito apetitosa.O rapaz esperou que ela se servisse e sentados ali na mesa, juntos, no meio de uma grande bagunça eles provaram a obra-prima que tinham feito juntos.
- Está divina Mione... - falou Harry.- Perfeita... Esse molho está... Maravilhoso...
- Você fez um ótimo trabalho, está realmente bom... – falou a garota.
- Nós fizemos um ótimo trabalho! – corrigiu ele.
- Sim. Trabalhamos juntos, e merecemos o mérito por isso... – ela disse erguendo sua garrafa de cerveja amanteigada, propondo um brinde.
Eles comeram muita lasanha, enquanto conversavam sobre os mais diferentes assuntos. Riam das palhaçadas um do outro, tudo estava perfeitamente normal...
Algum tempo depois, já satisfeitos, os garotos subiram para seus quartos e dormiram muito bem.

***

Harry acordou às oito da manhã naquela quarta-feira, levantou, foi ao banheiro, escovou os dentes, se vestiu e desceu pra cozinha que estava impecavelmente limpa. Dobby fizera um excelente trabalho durante a noite, pois não havia nenhum vestígio da bagunça feita ali. O rapaz fez café, preparou suco, pegou leite, pães, alguns pedaços de bolo, frutas e arrumou tudo numa bandeja para levar pra Hermione, que ainda não acordara. No momento que ele pegou a bandeja a garota apareceu na cozinha já vestida com jeans e um moletom azul-marinho.
- Se eu soubesse que ganharia um café da manhã na cama, não teria levantando... Bom dia!- falou ela dando um beijo no rosto de Harry.
- Bom dia! Eu estava subindo para levar pra você... Mas não tem problema, aqui ou lá em cima, não tem diferença. - falou ele recolocando a bandeja sobre a mesa, enquanto a garota colocava uma toalha branca sobre a mesma.
- Dormiu bem? – perguntou ela tirando as coisas da bandeja e espalhando-as pela toalha.
- Sim, muito bem, depois de um jantar como aquele, não tinha como não passar uma ótima noite. – respondeu ele, espalhando os pratos, copos e talheres pela mesa.
- Falando no jantar de ontem, Dobby deve ter trabalhado a noite inteira nessa cozinha, nós a deixamos realmente suja... – comentou ela, se sentando e se servido de pães doces.
- É, falando em Dobby, onde será que ele está? – perguntou Harry, servindo suco pra ele e Hermione.
- Não sei, não. Aonde será que ele dormiu?
- Vamos descobrir agora! Dobby... Dobby...? – chamou o rapaz.
Num estalo Dobby se materializou na porta da cozinha e veio andando em direção ao casal.
- Pois não, Harry Potter, senhor? – perguntou ele fazendo duas reverências, uma pra Harry e outra pra Mione.
- Onde você dormiu? – perguntou o rapaz, tomando um gole do suco.
- No tapete da sala, senhor. – respondeu Dobby, feliz. – Dobby acha maravilhoso servir Harry Potter e a senhorita.
- Nada disso, Dobby, a partir dessa noite você irá dormir em um dos quartos de hospede, e irá trabalhar das oito as oito, o resto do dia, você faz o que quiser. –disse o rapaz ao elfo.
- Não! Dobby não pode aceitar isso... O certo é servir os senhores vinte e quatro horas por dia, sem descanso, e Dobby também não pode usar um dos quartos da casa... Não pode!
- Você está se esquecendo Dobby que você é livre, e Harry irá te pagar pra você trabalhar, então você tem seus direitos trabalhistas. - disse Hermione, com simplicidade.
- Dobby não pode aceitar isso... – guinchou o elfo.
- É uma ordem Dobby, você vai dormir num dos quartos de hospedes, até os Weasley voltarem de viagem e trabalhará doze horas por dia, nas outras doze horas você tem permissão pra fazer o que quiser, desde que não saia dessa casa. – falou Harry, mordendo um pedaço de pão.
- Harry Potter é muito bom com Dobby, muito bom, Dobby nunca dormiu em um quarto só pra ele, nem trabalhou com horário... Harry Potter é muito bom, muito bom mesmo! – disse o elfo com lagrimas nos olhos.
- Depois nós acertamos o seu pagamento Dobby. – falou o rapaz concluindo o assunto.
- Como está a Winky, Dobby? – perguntou Hermione.
- Bem, ela já parou de beber e está se acostumando com a vida de elfo livre, nós até passeamos por Hogsmeade um dia desses... – falou Dobby.
- Que bom que ela está bem... – falou a garota, tomando todo o copo de suco. – Ah, que sede!
- Quer mais suco? – perguntou Harry.
- Sim, eu aceito. – respondeu ela. Harry a serviu com mais um copo cheio de suco. – Dobby, você não vai comer?
- Dobby já tomou café de manha senhorita, muito obrigado. – falou o elfo fazendo uma reverencia, ao sair da cozinha.
- Por nada... - respondeu ela.
Quando eles terminaram de comer Hermione falou:
- Nossa, como está frio... Em pleno verão e esse clima gelado. - reclamou ela passando a mão nos braços.
- É verdade, nem parece verão... Está realmente frio... – falou Harry, que estava de camiseta.
- Eu vou subir pro meu quarto, vou ler um pouco. – falou Hermione se levantando.
- Ah, não! Não vai não! – respondeu Harry se levantando também.
- Por que não? – perguntou a garota.
- Por que só estamos nós dois nessa casa, não tem cabimento nós nos trancarmos cada um no seu quarto, e só nos encontrarmos durante as refeições. – explicou ele.
- E o que você sugere? - perguntou ela.
- Não sei... Dê alguma idéia você...
- Eu não sou boa pra essas coisas Harry. Precisamos fazer algo divertido, que faça passar o tempo... Mas nesse frio, no que você está pensando? – perguntou ela, ao ver um sorriso lindo no rosto de Harry.
- Vamos aproveitar o frio, então! Você vai pra sala e acende a lareira, me espera lá, que eu já desço. – falou ele, correndo pro andar de cima.



***

N/a: Estão decepcionados?
Imagino que sim.
Mas aguentem... Coisas bem melhores estão por vir!

Sem uma quantidade decente de comentários, não tem att, ok?

Beijos!
Obrigada a todos os comentários.

Paulinha.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.