Despedida



Chegara meia hora antes do combinado.
Preferiu ir logo, antes que deitasse e caísse no sono, deixaria Hermione esperando, e não estava nem um pouco a fim de ouvir o sermão que viria depois. Principalmente na situação que estavam.
Meio... Delicada.
Sentou-se na já tão familiar mesa da biblioteca, recostou a cabeça e fechou os olhos.
Várias coisas passaram por sua cabeça.
Milhares.
Certo... Vamos fazer uma análise sobre os últimos acontecimentos, se era isso que sua mente parecia tanto querer fazer, trazendo imagens de Hermione, Matt, Cho, Horcruxes, Espada...
Ele respirou fundo, lentamente.
Puxando pela memória...
Ele ficara louco da vida ao ver Hermione com Matt, sua ira extrapolara qualquer limite possível, afinal, fora procurar por... Vingança? Poderia chamar o que fizera de vingança? Não, não podia... Porque se machucara demais procurando algum consolo em Cho. Hermione soubera o que tinha feito. Ficara furiosa – Com razão!, Pensou -, ficou tão arrependido que, inexplicavelmente, conseguiu o perdão da amiga. E agora estava ali. Tentando não fazer nada de errado, tentando não decepcioná-la, tentando não falhar em mais nada.
Por quê?
Porque a mínima chance de ter Hermione longe de si simplesmente o fazia tremer de desespero.
Por quê?, Ele se perguntou, por que essa necessidade incessante de ter Hermione ao seu lado?
Abriu os olhos e passou as mãos pelo rosto, cansado.
Tinha que admitir pra si mesmo. Se mordera de ciúme dela quando a viu com o professor.
Tentou fazer com que ela se sentisse enciumada também.
Conseguira?
- Não... – murmurou pra si mesmo, sabendo que a raiva de Hermione veio pelo desapontamento e decepção, e não por ciúme e coisa do tipo.
E desde quando sentia ciúme de Hermione?
O ciumento sempre fora Rony, por gostar dela e...
Empertigou-se no banco, com os olhos arregalados.
Não, não, não...
Não estava gostando de Hermione. Não como Rony gostava.
Não.
Eram amigos, sempre foram.
Se tivesse que se apaixonar por ela, devia ter sido no começo da amizade e não agora que estavam há tanto tempo juntos, com uma relação sólida, contra tudo e todos.
Não, não, não.
Não podia negar que já pensara na idéia, mas ela parecia simplesmente absurda demais para dar importância.
Mas agora? Agora que ele dera o maior ataque de ciúme dos últimos tempos!
- Oh, não! Merlim... – sibilou, derrotado, voltando a fechar os olhos.
Não estava apaixonado por Hermione.
Fora só ciúme de amigo, só...
Ele riu alto.
A quem está tentando enganar?
Era o fim.
O fim dos tempos, o fim de todo o sentimento inocente que nutria por ela.
Assumir pra si mesmo que gostava dela era o mesmo que dizer adeus a amizade inocente que tinham. Era perder tudo que construíram... Era começar a construir uma idéia nova de quem era Hermione... Era perder a amiga e ganhar nada, afinal, ela jamais o corresponderia.
Não.
Não podia arriscar. Não podia perder o que tinham.
E não perderia.
Trataria de esquecer a idéia absurda que o acometera aquele momento.
- Esquecer... Esquecer... Esquecer...
De repente, um sonho esquecido aflorou em sua mente.
- Faça amor comigo, Harry.
Ele abriu os olhos assustado.
Sonhara mesmo que Hermione dizia isso a ele?
Merlim... Aquilo estava indo além do permitido.
“Isso está errado!”
“Não estou apaixonado por Hermione, é só uma besteira passageira. Tudo que temos enfrentado juntos nos últimos meses, a nossa ralação se intensificou porque Rony arrumou uma namorada para se preocupar, temos que nos apoiar em alguém para suportar tudo isso... Nos apoiamos um no outro. É cumplicidade mútua. Só isso. Esqueça o resto... Esqueça...”
- Esqueça...
- Esquecer o que?
Ele pulou de susto.
- Hermione?!
- Ora, Harry, porque está tão vermelho? – ela riu, sentando-se de frente pra ele. – Em que estava pensando? Não faz idéia do quão corado está!
Ele quis sumir.
Tentou esquecer tudo que estivera pensando até então.
Riu, um riso ridiculamente falso, que fez Hermione franzir o cenho.
- Besteira minha... – ele disse. Depois pigarreou. – Mas então... Cadê o Rony?
Ela não pareceu satisfeita com a resposta dele, mas preferiu não insistir.
- Disse que vai se atrasar um pouco, parece que Sam se feriu na aula de Herbologia, ele ia vê-la na Ala Hospitalar pra depois vir.
- Certo. – disse, rápido.
Fitou-a por um instante, ela estava com aquele olhar de quem queria descobrir alguma coisa apenas o analisando.
- Não me olhe assim, Hermione. – implorou.
- Não olharia se não tivesse certeza que me esconde algo. – ela disse depois sorriu. – Mas não importa, acho melhor deixarmos essa conversa para depois. Olhe isso.
Ela tirou uma revista da mochila e jogou para ele.
- De novo não! – ele disse com uma careta, ao ver seu rosto estampado na capa.
- Aí tem uma matéria de três páginas contanto em detalhes como foi o término do nosso suposto romance. – ela disse, prática. – Segundo a revista, que deve ter tido uma conversa cedida por nossa querida amiga Cho Chang, eu fui tragicamente traída por você. Potter e Chang vinham escondendo um relacionamento clandestino há algum tempo, até que eu os peguei no flagra.
Ele pareceu embaraçado, preferiu olhar para a revista, ao invés de olhar pra ela.
- O que você acha? – ela perguntou, quase irônica, não poderia deixar passar a oportunidade. – Alguns fatos aí são quase verdade, não?
- Hermione...
- Oh, não. Não se explique. – ela disse teatralmente. – Seu cachorro, não quero nunca mais vê-lo na minha frente!
Ela o olhou brava, ele ficou assustado, depois os dois caíram numa gostosa gargalhada.
- Tolos... – ela disse, depois de rir por um bom tempo. – Só não gosto de ter sido a corna na história. Muito menos que algumas pessoas pensem que você é capaz de fazer uma atrocidade dessas. – ela completou, olhando para revista. Depois de algum tempo o fitou, séria. – Ou será que Cho o fez mudar de opinião quanto a atrocidades como essa também?
A voz dela soou afiada. Harry engoliu seco.
- Olá! – disse Rony, jovial.
- Oi. – ela respondeu, como se nada estivesse acontecendo. – Como está Sam?
- Ótima, obrigado. – ele disse, sentando-se ao lado de Hermione.
- E então? Sobre o que falavam?
- Nada de importante. – ela respondeu, sorrindo, lançando um olhar maldoso a Harry, que preferiu fingir não notar. – Então, meus queridos amigos, devíamos comemorar, não? Duas Horcruxes destruídas numa única semana.
- É! – Rony socou a mesa. – Nós somos demais!
Harry riu.
- Agora... Só falta encontrar algo de Rowena, alguma que desconhecemos e a que está no próprio Voldemort. – Harry falou.
- Melhor nos concentrarmos apenas na de Rowena por enquanto. – disse Hermione, séria. – Alguma idéia?
Os dois se olharam parecendo ofendidos com a pergunta.
- É você quem sabe das coisas, e não nós! – disse Rony, indignado.
Hermione pareceu contrariada, ma continuou.
- Ótimo, estive lendo alguns livros e... – Rony soltou um muxoxo, ela o ignorou. – pelo que consta a varinha de Rowena Revenclaw sumiu logo depois que ela morreu.
- Acha que...? – Rony começou,
- É uma idéia.
- Como sumiu? – Harry perguntou.
- Não faço idéia. Apenas diz que sumiu e desde então ninguém a encontrou. Ou alguém a esconde... Li alguma coisa como haver colecionadores dessas raridades que não revelam os bens que têm. Talvez alguém tenha essa varinha e não revele a ninguém.
- Colecionadores? – Harry perguntou, interessado.
- Sim... Pessoas que colecionam relíquias que pertenceram a bruxos importantes.
- Como descobriremos se alguém guarda essa varinha?
- Se é que guardam... Há também a possibilidade dela estar perdida, realmente.
- Oh, Merlim, lá vamos nós outra vez! – Rony murmurou, cansado.
- Tem uma foto dessa varinha? – Harry perguntou.

***


A noite não fora das melhores... Exaustiva e nada produtiva.
Estavam no encalço de uma outra coisa... Haviam acabado de destruir o medalhão e a taça...
O cérebro de Harry parecia não querer parar, apesar de seu corpo apelar por descanso.
Abraçou o travesseiro, irritado com os roncos de Neville.
Fechou os olhos com força.
Onde estaria a tal varinha...?

- Olá, Harry! – disse Sirius, jovial, com um belo sorriso, vendo Harry se sentar ao seu lado.
- Hei... – ele murmurou, encarando o estrado com o velho pano negro esvoaçante a sua frente.
- Vocês foram incríveis... Estão fazendo um excelente trabalho.
Harry sorriu.
- Estou tão feliz...
- Posso imaginar.
Eles permaneceram em silêncio por algum tempo.
- Sabe, o medalhão...
- Ah, nem me fale! Esteve o tempo todo debaixo do meu nariz e eu... – ele parou de falar de repente, fitou Sirius. – Era...
- Exatamente.
- Oh... – Harry pareceu perplexo num primeiro momento, Sirius riu da cara dele.
- Ora Harry, venho te dizendo que havia algo que queria muito sob seu nariz há muito tempo... Acho até que você levou muito tempo para entender...
- Como pude ser tão... Tapado?
- Não faço idéia.
Ficaram em silêncio por mais alguns instantes.
- Quero que saiba que estou muito orgulhoso de você, Harry. – Sirius disse, sério. – Eu vi você a beira de desistir, agora te vejo forte, buscando as próximas aventuras, firme. Você é um homem do qual me orgulho muito de ser padrinho...
- Obrigado. – Harry disse, com um sorriso. – Obrigado pela ajuda.
- Trabalho terminado, amigo.
- O que quer dizer com isso?
- Minha missão está cumprida, Harry. Não há mais nada que posso fazer por você, a não ser torcer para que tudo dê certo.
- Isso é um adeus?
- Não. Apenas um até logo, afinal, de qualquer forma, nos encontraremos algum dia, não?
Harry assentiu, triste.
- Não queria que fosse...
- Também não queria ir, mas essas são as regras. – Sirius disse, apertando uma das mãos do afilhado.
- Você nunca respeitou as regras! – Harry retorquiu, contrafeito.
Sirius soltou aquela sua risada tão canina.
- Tenho que respeitar agora, porque as punições podem ser bem piores que polir troféus velhos.
Eles se fitaram por um momento.
- Eu te amo Harry, não importa o que aconteça, estarei com você sempre.
- Eu sei... Eu também te amo, Sirius.
O homem sorriu e puxou o afilhado para um abraço.
- Deixe-me só dizer uma última coisa. – ele disse, fitando Harry com um olhar paternal. – Deixe de ser tonto, você vê as coisas e finge não enxergá-las. É sua felicidade em jogo... Você nunca teve medo de arriscar sua vida pela felicidade das outras pessoas, pelo resto do mundo. Arrisque agora, de novo, mas arrisque por você mesmo.
Harry balançou a cabeça, sem entender o que ele dizia, atordoado pelo fato de ter que aprender viver sem Sirius definitivamente agora.
- Volte, se puder...
- Vou tentar. – o homem respondeu.
Sirius se levantou e seguiu em passos lentos até o estrado.
- Adeus! – Harry disse, assim que ele virou para olhá-lo.
- Até logo, Harry. – Sirius respondeu.
Um último sorriso e ele sumiu além do véu.


Harry se sentou assustado e angustiado, sentindo alguma coisa apertar dentro de seu peito.
- Sirius... – disse baixinho, sentando-se.
O ambiente parecia sufocá-lo.
Se levantou lentamente e saiu do quarto, seguindo direto para o Salão Comunal.
Sentou-se num sofá em frente a lareira e ficou olhando o pouco da chama que ainda tinha ali crepitar.
Uma lágrima quente rolou por seu rosto.
Não devia chorar... Pelo menos, dessa vez, tivera a oportunidade de se despedir.
- Olá...
- Oi.
Hermione sentou ao lado dele.
- Perdeu o sono? – ele perguntou, olhando para as chamas que se apagavam aos poucos, deixando as cinzas à vista.
- Não... Só não consegui dormir. Faltava alguma coisa ao meu lado. – ela respondeu, olhando ao redor. Viu um sorriso surgir nos lábios de dele, presunçoso, logo tratou de completar: - Mais não descobri o que é.
Ela riu ao ver a cara de decepção que ele fez. Não diria que o pingente em seu pescoço queimara ligeiramente, fazendo-a desistir das tentativas frustradas de pegar no sono.
- Certo... – ele murmurou. – Vou entender isso como um ataque nada pessoal.
- Entenda como quiser... – ela comentou, olhando atentamente pra ele. – Está tudo bem?
Ele apena assentiu.
- Mesmo? – ela tornou a questionar.
- Sim.
- Ótimo. – ela disse, sem acreditar. Se arrumou no sofá, e puxou Harry com nenhuma sutileza, fazendo-o deitar a cabeça em seu colo. – Agora vamos começar de novo, afinal não acredito em uma só palavra que disse até agora. Está tudo bem?
Ele a fitou, olhando pra cima.
Seu inconsciente martelava em alguma coisa que ele queria ignorar.
- Sonhei com Sirius. – ele disse, tristonho. Ela suspirou, entendendo o porquê daquela feição sentida que ele apresentava. – Pela última vez.
- Como sabe que foi pela última vez? – ela perguntou, afundando uma das mãos nos cabelos bagunçados dele.
- Ele me disse. – respondeu, fechando os olhos por um instante. Respirou fundo tentando evitar o medo e a dor diante do fato de nunca mais ver Sirius.
- Ele cumpriu a missão dele, Harry. Deixe-o descansar agora.
- Como sabe...?
- Desconfiei, no momento que Hagrid me disse que tirou o medalhão da garganta de Bichento, o que Sirius esteve querendo dizer todo esse tempo.
Eles caíram num silêncio confortável.
Hermione continuou a afagar os cabelos pretos de Harry, enquanto ele a observava.
- Você vai ficar bem? – ela perguntou, algum tempo depois.
- Vou. – respondeu, firme. Pegou a mão desocupada dela e começou a contornar seus dedos. – Só preciso de um momento de aceitação. Vai passar...
- Eu sei que vai.
Se calaram definitivamente dessa vez.
Hermione observou Harry adormecer lentamente, recostou a cabeça no encosto do sofá e fechou os olhos.
Agora conseguiria dormir... Pois não faltava mais nada.


- Hei... Mione!
Hermione abriu os olhos de repente.
- Ron?
- Porque estão dormindo aqui? Vai amanhecer, melhor irem para seus quartos. – disse Rony, balançando as mãos, agitado.
- Onde você estava? Acabou de acordar? – Hermione perguntou, aos sussurros, vendo que Harry não notara a agitação e continuava a dormir serenamente.
- Nem fui dormir. Estava com Sam. – o ruivo disse, sem vergonha nenhuma.
- Mas ela não estava na enfermaria? – Hermione perguntou, horrorizada.
- Ainda está. – ele respondeu com um sorriso maroto. Depois ergueu a Capa da invisibilidade. – Harry me emprestou.
Hermione pareceu zangada, mas preferiu não discutir.
- Você é... Pervertido. – ela murmurou, voltando-se pra Harry, com pena de acordá-lo.
- Não, Mione. Eu estou apaixonado. – Rony respondeu, rindo como uma criança.
- Oh, Merlim... Eu mereço! – ela resmungou, passando a mão pelo rosto de Harry. – Harry... Harry...
Ele abriu os olhos preguiçosamente.
- Rony? O que faz aqui? – perguntou Harry, sentando-se num pulo.
- Acabei de chegar.
- O que faz com minha capa? – ele perguntou, parecendo zangado. Hermione notou que ele ficava bastante charmoso com aquela cara de sono, e cenho franzido mostrando irritação.
- Peguei-a emprestada.
- Sem me pedir?
- Ora, Harry...
- Podem discutir isso no café-da-manhã, por favor? – Hermione pediu, cansada. – Até onde me consta temos mais duas horas de sono antes de nos levantarmos de fato.
Harry continuou bravo, subiu sem dizer uma única palavra.
- Até mais tarde, Mione. – disse Rony, rindo, antes de subir.
- Até.

***


Hermione berrava, beirando a loucura. Seus gritos se uniam aos da grande multidão que parecia enlouquecida.
- Isso, Rony! – ela gritou. Vendo o ruivo fazer uma defesa particularmente difícil.
Grifinória versus Corvinal.
Para Harry e Hermione aquele jogo tinha um sabor especial: derrotar Cho Chang era o que eles mais queriam no momento.
Nenhum dos dois ousara dizer isso em voz alta, mas parecia um desejo implícito que era compartilhado vividamente por ambos.
Harry mergulhou, as arquibancadas prenderam a respiração, com exceção da Sonserina, que vaiava loucamente.
- Vamos Harry! – ela berrava. – Vamos Harry!
Rony, lá de cima, viu o mergulho súbito de Harry, estava perto, devia ter avistado o pomo. Cho, apanhadora da Corvinal, estava perto das balizas de sua equipe, muito longe para alcançá-lo. Mesmo assim guinou a vassoura direto para o mesmo ponto de Harry.
Harry sentiu a adrenalina aflorar em cada fibra do seu corpo, a pequena bola do tamanho de uma noz parecia eriçada. Iria pegá-la!
- Vamos Harry! Vai Harry! – Rony berrava, dando murros no ar.
- Preste atenção, Ronald! – Lara Collins o repreendeu, logo após de desviar uma goles arremessada para a baliza. – Harry sabe o que fazer, e você também devia saber!
Ela pareceu ofendida, Rony voltou a atenção para o jogo, porém, sempre desviava o olhar pra ver como Harry se saía.
Uma onda ensurdecedora de gritos, aplausos e canções ensaiadas invadiu o campo no momento que Harry sentiu as asas do pomo se debateram em sua mão.
Sorriu radiante.
Cho parou, um pouco mais acima.
Não parecia decepcionada, ao contrário, sorria.
Um sorriso malicioso.
O que deixou Harry atônito, parado por alguns segundos sem se mexer.
Ela voou na direção dele, passando rente ao braço direito do rapaz.
- Te espero, para comemorarmos. – ela sussurrou, saindo em disparada ao ver os integrantes do time da Grifinória voarem direto em direção a Harry para comemorar.
Ele parecia perplexo, mas foi movido pelos outros.
Soterrado pelos companheiros, se deixou levar pelas comemorações deles.

- Excelente jogo, Harry! – cumprimentou um garoto do quinto ano, ao passar ao lado de Harry.
A Torre da Grifinória fervia em festa, comemorando a vitória do time.
Harry e Rony eram aclamados e cumprimentados o tempo inteiro, ouvia-se alguns relembrando lances incríveis, outros discutiam as táticas usadas, e ainda havia os que já questionavam como seria o próximo jogo.
Enquanto recebia abraços e aperto de mãos incessantes, Harry olhou em volta a procura de Hermione. A encontrou parecendo bastante feliz conversando com Gina e Parvarti Patil, tomando uma cerveja amanteigada.
Satisfeito, ele voltou a comemoração.


- Minhas mais sinceras saudações ao Grande Apanhador. – a voz soou divertidamente formal, enquanto se sentava ao lado dele, na pedra fria.
Harry estava sentado na escada externa do castelo, que dava para horta.
- Me sinto lisonjeado com seu cumprimento, senhorita. – ele replicou, sorrindo e fazendo-a sorrir. – Se me permite...
Ele tomou uma das mãos dela e levou aos lábios, beijando-a.
- Assim me deixas encabulada, Grande Apanhador. – ela disse, teatralmente, ainda que realmente estivesse um pouco corada.
- Acredite, senhorita, que não foi essa minha intenção. Aceite as minhas mais sinceras desculpas.
- Estarão sinceramente aceitas se me abraçar agora, porque estou com frio. – ela reclamou, passando as mãos pelos braços protegidos pela manga três quartos da camisa que usava.
Ele riu, se aproximou mais dela, a abraçando firmemente, fazendo a cabeça dela encaixar na curva entre seu ombro e pescoço.
- Obrigada, Grande Apanhador. – ela murmurou, aconchegando-se a ele, sentido o perfume dele lhe envolver provocante, forte, pelo banho recém tomado. – O que Cho te disse logo depois que apanhou o pomo?
- Quer mesmo saber? – ele indagou, sem vontade nenhuma de responder.
- Suponho que sim, caso contrário não perguntaria.
- Disse que me esperava para comemorarmos a vitória. – ele respondeu, com tédio.
- Vadia, vagabunda, vaca...
- Quantos mais belos adjetivos você conhece com V? – ele perguntou, rindo, apertando os braços em volta dela.
Não se olhavam, seus olhos se perdiam na horta que ascendia num pomar mais a frente. Hermione tinha sua cabeça sob o queixo de Harry, impossibilitando que eles se olhassem.
- Nem queira saber. – ela respondeu, brava. – Será que ela não percebe que quase acabou com nós dois? Será que ela não percebe que mesmo tendo quase acabado não conseguiu? Será que ainda não notou o quão insignificante ela é?
- Quantas perguntas! – ele brincou. – Isso não importa agora, importa?
- Não. – ela respondeu, firme. Depois pareceu balançar e completou – Acho que não. Tenho medo pelo que ela pode fazer. Não quero passar por aquela dor letal de novo. Não quero perdê-lo, Harry...
- E não vai. – ele garantiu, passando a mão pelos longos cabelos dela. – Juro que não vai.
- Eu sei que você não quer isso, nem eu quero. Mas há pessoas que querem... Há pessoas... Más!
- Ninguém vai conseguir nos separar... Ninguém.
Ele enlaçou seus dedos nos dela, forte.
Sentiu-a suspirar contra seu corpo.
Harry permaneceu olhando para o belo pomar que tinha ali. Não fazia idéia de como viera parar ali, saíra do banho e seus pés o guiaram.
Como Hermione o encontrara ele sabia menos ainda. Mas definitivamente, aquilo não importava.
Calou-se, sentido sua respiração se ajustar a dela, mantendo o mesmo ritmo.
Alguns minutos se passaram, nos quais eles só fitaram o céu outonal, trazendo o frio rigoroso do inverno que em breve se estabeleceria. As folhas secas deixavam as árvores, caíam na grama improlífica, e ali jaziam até Deus sabe quando.
Harry percebeu Hermione se mexer e, respondendo a provocação totalmente inocente, ele fechou os olhos, sentindo os lábios de a garota lhe deixar um beijo que ele achou insinuante, na curva de seu pescoço, onde estivera encostada. Um beijo longo o suficiente pra Harry se esquecer de onde estava... Quente, provocante, ainda que casto.
- Não vivo sem você... – ela sussurrou, numa voz rouca, no ouvido dele.
Harry engoliu seco, sentido seu corpo se arrepiar.
Tomou coragem e a fitou.
Ela não sorria, e nem exibia o olhar provocantemente sensual que qualquer mulher que acabara de fazer o que ela fizera, deveria.
- Meu anjo... – ele sibilou.
Em algum lugar do castelo o relógio badalou.
Hermione sobressaltou, tomando um susto.
- Seis horas? – ela perguntou, do nada.
- Sim.
- Ah, meu Deus! – ela se levantou num pulo e pegou a mão de Harry. – Vamos correndo, temos um compromisso.
- Temos? – ele perguntou, sem saber do que se tratava.
- Sim, e Rony já deve estar lá.
Harry não entendeu nada, e não teve tempo de fazer uma pergunta sequer, porque Hermione disparou pelo corredor, levando-o consigo.


***

N/a: Uhuu... O que acharam do capítulo?

Os próximos capítulos prometem emoções fortíssimas... Espero que gostem.

Agradeço de todo meu coração pelo comentários maravilhosos de vocês!

Amo cada um, e me sinto lisonjeada por vocês disporem uns minutinhos do tempo de vocês para mim.
Realmente, muitíssimo obrigada.

Tô sentindo falta da Thaís Mariana... Faz um tempão que ela não aparece.


Beijoooos e até o próximo capítulo.

Espro comentários.

Amo vocês.
=D

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