Escola, de fato.



Harry acordou cedo naquele dia, se sentindo mais leve. Tomou um banho rápido, se vestiu e desceu para o salão comunal que estava quase vazio, havia apenas um trio de terceiranistas que estavam fazendo algum dever numa mesa afastada. Ele se sentou na sua poltrona preferida e encarou as cinzas na lareira, observou o céu através da janela, Bichento veio ronronando, enlaçando-se entre os pés do rapaz. O céu estava num azul claro, um belo dia ensolarado e sem nuvens, um calor bastante agradável. Depois de alguns minutos, olhou em volta, em busca de alguma coisa para se distrair e encontrou na poltrona ao seu lado uma revista com um rosto conhecido na capa.
Ele se esticou e apanhou a revista, estranhou ao ver seu rosto estampado na capa. Riu.
- BruxoTeen... Grande palhaçada, adolescentes lêem isso? – falou pra si mesmo, procurando a matéria dele. Achou.

“Harry Potter, 17 anos, conhecido também como o menino que sobreviveu, finalmente assumiu o amor que sempre sentiu por sua melhor amiga, Hermione Granger, também 17 anos. Fontes seguras nos informaram que os dois assumiram o romance numa amostra explicita do amor que sentem um pelo outro, ainda na ida para Hogwarts. Testemunhas afirmam terem visto o casal um momento bastante intimo no corredor do Expresso, afirmam ainda que os dois assumiram a relação em alto em bom som.
Especula-se também que Potter e Granger tenham passado as férias de verão juntos, num clima romântico e cheio de paixão. Há quem diga que o casal foi visto em uma praia na Espanha no dia...”


Harry jogou a revista perto da lareira, rindo.
- Posso saber qual é a graça? – perguntou uma voz doce, atrás dele. Sentiu se pescoço ser envolvido por braços conhecidos, e um beijo na bochecha.
- Bom dia. – disse ele, virando a cabeça pro lado, para encará-la. Beijou-a também.
- Bom dia, dormiu bem? – falou ela, largando-o e se sentando na poltrona que a revista estivera minutos atrás.
- Não dormia bem assim há muitos dias.
- Que bom! Do que você estava rindo?
Harry acenou a varinha e fez a revista chegar às mãos de Hermione.
- Abra na página 17.
A garota abriu na página recomendada e começou a ler a matéria. Harry observava os olhos dela por cima da revista, eles iam de um lado para outro, se estreitando, as sobrancelhas iam subindo gradualmente. Quando ela finalmente abaixou a revista, foi possível ver um sorriso também.
- Fui para Espanha nas férias e nem fiquei sabendo. – comentou ela, entrando numa gostosa gargalhada, virando a página.
- É sim, não sabia que a noticia vazaria tão rápido.
- Você não está se preocupando com isso, está? – disse ela, encarando-o brevemente, pois uma coisa na revista chamou sua atenção, ao virar a página.
- Claro que não. O que foi? – perguntou ele, vendo os olhos de Hermione mais uma vez por cima da revista, eles pareciam bastante confusos.
- Ah, Merlim! – sussurrou ela, depois caiu na gargalhada.
- O que? O que foi? – perguntou ele, impaciente.
Ela o encarou e pigarreou, depois voltou a olhara para revista e leu:

“Se você é fã de Harry Potter e é simplesmente apaixonada por ele, leia as dicas a seguir. Seguindo todas as nossas instruções ao pé da letra, no dia que você encontrar ele por aí, alguma coisa a mais vai rolar!

Dez dicas para conquistar Harry Potter:
1- Harry adora quadribol, portanto, se quiser conquistá-lo comece a pesquisar sobre o assunto;
2- O gato é bastante modesto, então não saia por aí contando vantagem das coisas que ele vez, se quiser conquistá-lo evite o assunto de Você-Sabe-Quem;
3- Harry não gosta muito de ler, por esse motivo NUNCA dê-lhe de presente um livro;
4- Ele também adora as férias de verão, quando volta pra casa e reencontra a única família que lhe restou. Para pegá-lo de jeito, conquiste a família também;
5- O menino-que-sobreviveu é alérgico a perfume, usa uma fragrância desenvolvida especialmente pra ele. Fique alerta: evite perfumes fortes.
6- Sua estação do ano favorita é o inverno, para curtir um dia frio ao lado de quem ama, bem juntinho. Se você gosta do verão, melhor rever seus conceitos;
7- Harry é um exímio dançarino. Que tal pedir para ele te dar umas aulinhas?
8- Ele gosta de garotas inteligentes, cultas e determinadas, que sabem o que fazer e quando fazer. Se você é insegura, melhor mudar seus hábitos...;
9- Potter simplesmente AMA seus olhos verdes. Em hipótese alguma, deixe de se referir a eles durante uma conversa. É tiro e queda!;
10- Como todo Grifinório, Harry é corajoso e valente, gosta de aventuras e tem uma quedinha por quebrar regras, portanto não tente prendê-lo demais, isso pode enfurecê-lo.”


Hermione terminou de ler e o encarou, ele estava com a cara mais idiota do mundo, parecia meio torta.
- Gosta de inverno, é? Achei que preferisse a primavera... – comentou Hermione, recomeçando a rir.
- De onde tiraram tudo isso? – disse ele, se levantando e tomando a revista das mãos dela para ter certeza que era verdade. As “Dez Dicas” estavam num quadro cor de rosa, com enfeites na borda. Cada tópico de uma cor. “Simplesmente ridículo!”, pensou Harry.
- Não sei, acho que deduziram... Não Harry! Não rasgue! – disse Hermione, sem parar de rir, quando viu Harry fazer menção de rasgar a revista no meio. Ela se levantou e tomou a revista das mãos dele. – Não rasgue Harry, a foto está tão bonita.
Harry a encarou, perplexo.
- O que? – sibilou ele.
- Ah, Harry, pelo amor de Deus, vai dizer que está feia? – disse ela e abrindo a revista em frente o rosto dele. Realmente Harry estava lindo na foto, sorrindo, seus olhos pareciam bastante intensos. Ele mexia a cabeça como numa negativa, mas não deixava de sorrir.
- Quando tiraram essa foto?
- Não faço idéia. – disse ela, colocando a revista sobre outra poltrona, voltando a se sentar. – Não está ligando pra tudo isso, está?
- Não, acho que não. – disse ele, mais calmo.
- Bom saber. Já passamos por isso uma vez, me estressei demais, à toa. Estou me lixando para mais essa.
- Tem razão, no quarto ano, aquela horrorosa da Rita fez aquelas matérias terríveis sobre nós dois. Nos preocupamos demais, tentamos negar e acabamos atiçando ainda mais. A melhor coisa é nós ficarmos quietos, não negar, nem confirmar, ficar impassível. Logo eles esquecem.
- Acho que era eu quem devia dizer isso, sabe... – eles riram. – Mas você está certo.
- Eu sei que estou. – disse ele, erguendo uma sobrancelha.
- Já te disse que você é muito convencido?
- Acho que sim. Eu já te disse que te adoro? – disse ele, sorrindo, se sentando no braço da poltrona dela.
- Ah, já sim, só que esse tipo de comentário nunca é demais. – disse ela, sorrindo também, encostando sua cabeça na altura do estômago de Harry.
- Bom saber. Te adoro. – disse ele, mexendo no cabelo dela.
- Eu também te adoro.
- Bom dia!
- Bom dia, Ron. – disse Hermione, se levantando
- ‘Dia. – falou Harry, se levantando também.
- Por que levantaram tão cedo, temos o primeiro tempo livre hoje, não temos?
- Sim. Eu levantei porque dormi muito bem durante a noite, não tinha mais sono.
- O mesmo se aplica a mim. – disse Harry. – Vamos descer para o café?
- Vamos. – disseram os outros dois.
O trio saiu pelos corredores, e quando chegaram ao Salão Principal o encontraram ainda pouco cheio. Sentaram-se e se serviram, rindo das palhaçadas de Rony. Foi um café da manha bem animado, como não acontecia a muito tempo, aos poucos o salão foi se enchendo e Neville e Gina chegaram e se sentaram junto com os três, aí que o riso rolou solto, a ruiva com seu senso de humor cruel fazia comentários maldosos e alarmantes de todos que entravam no Salão, arrancando gargalhadas de Neville e repreensões de Hermione que não agüentava e ria também.
- Merlim! – gritou Gina, fazendo todos se sobressaltarem. – O que foi que Lilá fez com o cabelo dela? Pois fogo?
Todos olharam na direção que Gina olhava, Lilá acabara de aparecer no salão com os cabelos ofuscantemente vermelhos. Neville iniciou mais uma gargalhada, Rony se mexeu de maneira desconfortável, Harry soltou uma risadinha rala enquanto Hermione observava com os olhos arregalados.
- Como ela teve coragem? Como ela conseguiu isso? – falou ela, com a voz fraca.
O sinal tocou Gina se despediu com pressa e sumiu em direção a aula de Transfiguração. Neville também saiu dizendo que precisava falar com a Professora Sprout. Com um barulho estrondoso uma revoada de corujas entrou no Salão Principal.
- Estão atrasadas hoje, não estão? – comentou Harry vendo Hermione depositar um nuque na bolsinha da coruja que trouxera o Profeta Diário para ela.
- Sim, acho que estão verificando toda a correspondência que entra e sai do castelo, por isso a demora. – disse Hermione, abrindo a jornal. – Há tanto tempo que não leio o jornal.
Ela sumiu atrás das paginas, Rony olhou para Harry com certa surpresa.
- Pra quando vai ficar os testes, Harry?
- Não sei ainda, preciso me organizar. Acho que algumas pessoas que faziam parte do time no ano passado saíram da escola.
- É, também não vi algumas pessoas. Escuta, ouvi o Dino falando que você é alérgico a perfume... Isso não é verdade, é?
Harry riu.
Alguns minutos depois os três resolveram ir para os jardins, enquanto esperavam o sinal para a aula de Poções.
- Alguma coisa importante? – perguntou Harry, quando viu Hermione guardar o jornal na mochila.
Eles estavam sentados sob a tão costumeira faia de arvore. Harry estava com as costas encostadas no tronco, ao seu lado estava Hermione, Rony estava sentado à frente deles, lendo alguma coisa que pegara na mochila.
- Nada, a não ser as mil e uma insinuações que estão fazendo o possível para encontrar pistas de Voldemort. Sabe como é, o mesmo de sempre.
- Que é isso Rony? – perguntou Hermione depois de algum tempo.
Rony não respondeu, continuou lendo.
- Rony? – dessa vez foi Harry quem falou. Nada.
- Ronald! O que é que... – antes que ela pudesse terminar, Rony explodiu numa gargalhada.
- O que...? – começou Harry, vendo Hermione se esticar para tomar a coisa que Rony lia.
- Ah... – exclamou ela, rindo. - É isso?
- Dez dicas para conquistar Harry Potter... É pior coisa que eu já li na vida. – disse Rony, tentando se conter.
Harry riu, enquanto Hermione voltava a sentar ao seu lado.
- Ridículo, não é? Nem metade dessas coisas está certa. Não tem o que inventar, começam a mentir sobre mim...
- Ah, Harry, você disse que não estava preocupado. – disse Hermione, virando-se pra ele.
- Não estou, acredite. – disse ele, encarando-a. Os raios do sol brilhavam nas pupilas de Hermione, deixando seu rosto mais radiante. – Só não quero que dêem risada de mim por isso. É tudo mentira.
- Quem se importa se é mentira ou verdade. Tenho certeza que todas as garotas da escola vão começar a rever seus conceitos. Todas elas vão começar a odiar o verão e vão sentir muito mais frio nesse inverno. - disse Rony, voltando a folhear a revista.
- Não vão conseguir nada com isso. Se fossem espertas o suficiente saberiam que Harry prefere a primavera, pois tem condições perfeitas para jogar Quadribol. O sol não é muito forte, as chuvas são passageiras, e o céu fica mais claro. – disse Hermione, olhando para o lago.
Harry e Rony a encararam, surpresos.
- Como sabe de tudo isso? – perguntou Rony.
- Conheço Harry há sete anos. Seria uma tola se não soubesse. – respondeu ela, calmamente, sem olhar pra nenhum dos dois.
- Qual é a minha estação do ano favorita? – perguntou Rony.
- Todas ou nenhuma. Você é sempre o mesmo em qualquer uma delas. Eu sei a do Harry porque ele sempre parece mais feliz nessa época do ano. Já você, nunca muda. – disse ela, num tom casual, agora encarando o ruivo.
- Tem razão, pra mim não tem diferença. – disse ele, voltando para revista, a garota voltou a olhar o lago calmo e Harry continuou observando-a.
O sinal tocou, fazendo-os se sobressaltarem. Pegaram as mochilas correndo e entraram no castelo, seguiram para a sala do Professor Slughorn.
Ele não mudara nem um pouco, continuava com a mesma aparência e o mesmo jeito amável de sempre. Quando viu Harry abriu um sorriso enorme.
- Harry, quanto tempo... Como foram as férias, hein?
- Bem, obrigado, senhor. – limitou-se Harry, se desse corda era capaz do professor passar o resto da aula falando com ele.


- Ora, ora Harry. O que foi que aconteceu hoje? Estava desconcentrado? – perguntou o professor, quarenta e cinco minutos depois, quando foi checar as poções dos alunos. Ele tinha mandado os alunos iniciarem o preparo de uma poção da paz, só para revisar o conteúdo. Segundo o professor era um tema que caía com freqüência nos exames práticos dos N.I.E.M.’s. As aulas de Poções eram junto com a Sonserina, “Só pode ser praga!”, pensou Harry, enquanto via Parker lançar olhares famintos a Hermione, isso estava o enojando.
- É, acho que sim. – respondeu Harry, baixo. Sabia que naquele ano o professor de poções com certeza se decepcionaria com ele, “o coitado acredita que eu sou bom em fazer poções”, pensou Harry enquanto guardava seu material.
- Vejamos, já que o nosso brilhante Potter cometeu alguns deslizes hoje, acho que quem merece a honra da melhor poção com certeza é a Senhorita Granger. Vinte pontos para a Grifinória. – disse o professor enquanto batia o sinal.
Hermione parecia bem feliz, não ouvia isso desde que Harry ‘roubara’ seu lugar de melhor aluna da sala quando resolveu seguir as instruções de um livro que depois descobriram pertencer a Snape.
- Vou desapontá-lo esse ano. – disse Harry, quando já estavam chegando ao Saguão de Entrada.
- Ah, Harry, não se preocupe. Se precisar de ajuda é só pedir, o.k.? – disse Hermione, animada.
- Não estou nem um pouco a fim de dois tempos de Herbologia agora. Queria tanto poder largar...
- Mione largou. – disse Harry.
- Largou? – repetiu o ruivo, parando de repente.
- Sim, larguei, tenho dois tempos livres agora. Vou aproveitar para fazer o dever de Poções.
- Como você conseguiu?
- Conversei com a McGonagall. Ela permitiu que eu largasse.
- Será que se eu conversar com ela, eu também consigo uma permissão? – perguntou ele, esperançoso, pra Hermione.
Harry e Hermione se encararam por um instante, depois riram.
- Vejo vocês no almoço. – disse ela, voltando a subir em direção a biblioteca.
- Eu poderia tentar, não poderia? – questionou o ruivo, enquanto ele e Harry tomavam o caminho das estufas. Juntamente com a turma da Lufa-Lufa.
Como todas as outras aulas, a professora falou sobre os N.I.E.M.’s e de quais criaturas começariam a estudar agora.
- Nesse ultimo ano vamos lidar com plantas raras de se encontrar, e que se camuflam com facilidade. Plantas que vocês podem passar perto e nunca mais serem vistos depois disso. – disse ela animada, arrumando seu chapéu remendado. Foi possível sentir a turma prender a respiração. – Ah, não, não... Não se preocupem, aprenderemos como lidar com elas.

- Oh, meu Deus! Rony, você está bem? – perguntou Hermione, preocupada, se levantando e indo até o amigo. Harry e Rony acabara de entrar no Salão Principal, para o almoço.
- Está, só que ele esqueceu que a planta estava camuflada. - disse Harry, ajudando o amigo se sentar. Rony estava coberto de alguma coisa marrom, uma gosma esquisita, suas roupas estavam um pouco rasgadas nos braços.
- Deviam ter me avisado que ela estava camuflada. – reclamou ele, olhando para si mesmo e fazendo uma careta.
- Rony a aula era justamente sobre plantas que se camuflam. Você não esperava que a gente te avisasse, né?
Ele bufou e se serviu, comeu depressa pra poder tomar um banho antes do inicio das aulas da tarde.
- Temos um tempo livre agora, não é? – disse Harry, servindo-se de pudim.
- Não, eu tenho Aritmancia. – disse Hermione observando ele comer.
- Precisa mesmo estudar isso?
- Eu gosto. É melhor do que Herbologia com suas plantas camufladas. – respondeu ela, distraidamente.
- Mas se pensa em ser auror, precisa fazer Herbologia, não precisa?
- Precisa. Mas eu conversei com a professora Sprout, ela me disse que pode me dar umas aulas extras durante os feriados e essas coisas, como um intensivo sabe? Pra eu aprender o que realmente é útil para os aurores. Assim eu aprendo e não aperto meu horário.
- Será que eu também poderia fazer isso?
- Duvido que a diretora deixe, seu horário não é apertado como o meu.
- Hum... Vai querer mesmo ser auror?
- Acho que é a profissão pra qual eu tenho mais inclinação. – disse ela, contornando a borda do copo com o dedo indicador, enquanto encarava Harry.
- Acho que formaríamos uma boa dupla não acha? – perguntou ele, sorrindo.
- Com certeza, todos irão ter medo. Falou em Potter e Granger, todos começarão a tremer, e quando nós entrarmos no nosso departamento, haverão pessoas que nos farão reverências, como os súditos aos reis. – disse ela, séria e irônica.
- Estou falando sério, Mione. – disse Harry, rindo dela.
- Eu também! – afirmou ela, sorrindo.
- O.k., o.k.. Mas, falado sério agora, eu adoraria trabalhar com você, na mesma profissão. Acho que seria bastante divertido.
- Hum, eu acho que você está querendo usar isso como desculpa para nunca me perder de vista. – disse ela, com um olhar penetrante. Harry ficou sério.
- Como assim?
- Simples. Você diz que quer trabalhar comigo pelo simples fato de não poder mais viver longe de mim. Trabalhando na mesma profissão que eu você vai ter a desculpa perfeita pra estar sempre ao meu lado e ao mesmo tempo me vigiar. – disse ela, séria.
Harry a encarou com um olhar indecifrável, ela retribuiu.
- Como sabe? – perguntou ele, ainda sério.
- Não sei como sei. Só sei que apenas sei. Sabendo. – disse ela, sorrindo pra ele.
Ele fez uma careta.
- Quer dizer que eu encontrei uma pergunta que você não sabe responder?
- Pode-se dizer que sim. Encontrou.
- Eu devo ficar feliz com isso?
- Se você não quer e nem precisa de uma resposta. Sim, pode ficar feliz.
Ela levantou e pegou a mochila, jogou sobre um dos ombros e o olhou novamente, ele continuava sério.
- Acho que essa é a primeira vez que você me decepciona.
- Por quê? – perguntou ela, ficando ligeiramente nervosa.
- Porque eu realmente queria uma resposta. – ele sorriu.
Ela soltou o ar como se estivesse aliviada, respondeu com um sorriso, depois piscou e saiu.
Harry encarou sua colher melada com a calda do pudim, mas uma vez sentiu uma raiva súbita de Hermione. Ela estava certa, mais uma vez.



- Eu discordo! – disse Hermione, firme.
Estavam na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, haveria dois tempos naquela tarde. Um já havia se esgotado e estavam chegando à metade do segundo. Todo esse tempo gasto numa longa e interessante explicação de como se criava azarações.
- O que disse? – questionou o professor, feliz, de frente para Hermione, que se mantinha firme em sua decisão.
- Discordo. – ela repetiu, encarando o professor de uma maneira quase fria.
- Discorda de tudo? – perguntou ele, num sopro. Parecia achar graça no fato de uma aluna confrontar um professor de tal forma. Mas não achava graça de uma maneira debochada, ele apreciava a maneira firme e determinada dela, desde o dia do pequeno incidente no Expresso Hogwarts. Admirava Hermione pelo fato dela defender suas idéias, se manter firme nelas. E principalmente por ter coragem para discuti-las.
- Não de tudo, mas da ultima parte.
- Do que, exatamente, a senhorita discorda, Srta. Granger?
- Discordo no ponto em que o senhor falou que primeiro deve-se produzir um esboço do feitiço que se deseja inventar, pra depois poder determiná-lo.
- Mas é assim que acontece na maioria dos casos, senhorita Granger. – disse o professor com sua educação indiscutível, sorrindo aquele sorriso, enquanto encarava a aluna.
- Mas, não seria mais fácil eles pensarem no resultado que eles querem obter, pesquisar a fórmula cabalística que possa representá-lo e depois produzir o feitiço, sem nem precisar de um esboço? Imagino que pouparia tempo e trabalho. – ela explicou, confiante, sem deixar de encarar os olhos verdes claros do professor.
Ele a fitou por alguns instantes, depois alargou mais seu sorriso.
- Podemos conversar sobre isso depois? – perguntou ele, gentilmente.
- Por que não agora? O assunto não é pertinente a meteria? – perguntou ela, friamente.
- É, até certo ponto. Sinto lhe informar que a maior parte dos alunos aqui presentes não tem a mente brilhante que a senhorita tem. Portanto nem que eu quisesse, poderia falar sobre isso, é complexo demais. Assunto estudado apenas por quem se aprofunda nas Artes das Trevas. – disse ele, abaixando o tom da voz para que somente ela ouvisse. – Se importa em esperar alguns minutos depois do término da aula?
- Claro que não, se eu realmente for obter uma resposta satisfatória. – respondeu ela, agora mais amigável, depois do elogio.
- Ótimo. – disse ele, sorrindo de maneira mais leve ao perceber que ela quebrara o gelo. – A propósito, adoro a maneira desafiadora que você me faz perguntas. A aula fica bem mais interessante.
Ele voltou a andar pela sala explicando o que iria querer na tarefa de casa.
- Trinta centímetros de pergaminho com um resumo do processo de criação de azarações. Nada muito cansativo, mas sejam coerentes em suas explicações. Vinte pontos para Grifinória pelo excelente comportamento em sala de aula. – finalizou ele (lançou um olhar bastante significativo a Hermione), depois sorriu para a turma alegre, que deixou a sala ao ouvir o sinal.
- Você não vem, Mione? – perguntou Rony, quando viu que Hermione permanecia sentada.
- Vou tirar algumas duvidas encontro vocês depois.
- Você sabe que temos aula de Astronomia...
- Sim, Rony, eu sei, não vou me atrasar. Não se preocupe.
Os garotos saíram da sala e o professor se sentou ao lado de Hermione, o lugar onde Harry ocupara durante a aula. Ele se largou ali, esticou as pernas e encostou a cabeça na parte de trás da cadeira.
- Tem toda razão. – disse ele, mirando o quadro negro a sua frente.
- O que? – perguntou ela, ainda surpresa pela forma ‘informal’ que o professor se comportava, isso o fazia parecer mais humano, no ponto de vista de Hermione.
- Disse que tem toda razão, a forma que você descreveu é muito mais fácil e leva bem menos tempo. Só que o tempo é reduzido na parte prática, pois sem esboços o tempo que você tem que se dedicar a pesquisa das fórmulas tem que ser bem maior e mais assíduo. Está me acompanhando?
- Claro que estou!
- Oh, me desculpe, não quis ofender. – disse ele, encarando-a, finalmente.
- Não se preocupe. – ela sorriu, isso o surpreendeu.
- Então, entendeu?
- Entendi. Economiza-se tempo na prática, porém gasta-se mais nas pesquisas, porque sem esboços, querendo chegar direto ao ponto, sem tentativas antes, o tempo de pesquisa tem que ser maior e mais cansativo porque não pode haver a possibilidade do erro, certo?
- Perfeito. – ele sorriu, Hermione retribuiu. – Na essência é isso, mas há variações, é uma coisa complicada e chata, então, se quiser saber mais me procure quando tiver com bastante tempo disponível.
- Certo, farei isso. E se me permite dizer professor...
- Ah, por favor, me chame de Matt. Limite o professor e o senhor apenas para o horário de aula, me faz me sentir tão velho...
- Mas isso não é certo, senhor. – disse ela, contrariada.
- Por que não? Sou seu professor, tem que fazer o que eu mando! – disse ele, em tom de brincadeira.
- Mas é, estranho...
- Eu pareço um velho pra você? – perguntou ele, conversando com ela como se fossem amigos de infância.
- Não, é claro que não! – disse Hermione, que agora ria da situação. “Isso é o tipo de conversa que se tem com um professor?”
- Então não me venha com o senhor, ou o professor. É formal demais, me sinto um velho sargento. Só falta a continência. – disse ele, sorrindo.
Ela não segurou e deu uma gargalhada gostosa, o que o fez fazer o mesmo.
- Você realmente não parece um professor. Pelo menos não se comporta como um. – ela disse, encarando-o.
- Detesto ser taxativo. Pareço uma pessoa legal? – perguntou ele, fazendo uma careta de duvida.
- Sim. – ela respondeu brevemente. Nunca imaginara ter que responder esse tipo de pergunta a um professor.
- Que bom, no começo eu achei que... Não sei, você parecia achar que eu era um metido a sabe tudo...
Hermione se engasgou.
- Na verdade... Eu achava.
- Sério? – perguntou ele, se sentando direito para encará-la corretamente.
- Sim, achava. Mas era justamente o que eu ia dizer, Matt. – ela sorriu, ele também. – Você me parece bem mais humano agora.
- Isso é um elogio?
- Ah, é sim.
- Então, obrigado. Obrigado também por tornar minha aula mais interessante hoje, odeio essas aulas paradas, que ficam na mesmice.
- Que bom, e não se preocupe quanto a isso. Se depender de mim, suas aulas ficarão cada dia mais interessantes.
O sinal tocou.
- Tenho uma turma agora.
- Ah, Deus! A aula de astronomia... – ela gritou e se levantou num pulo, jogando a mochila nos ombros. – Obrigada prof... Matt. Até amanha.
- Até! – ele respondeu, mas ela já havia sumido. Matt achou o resto daquele dia bem mais interessante.


***

N/a: Juro que ficarei muitíssimo ressentida se vocês não comentarem esse capítulo. Vocês não fazem idéia de como é difícil escrever aulas, e professores e essas coisas acadêmicas. Só a mente gloriosa de JK para fazer isso com perfeição. Peço perdão se não ficou tão bom, se esperavam mais de mim, mas nesse tópico eu não sou das melhores, espero recompensá-los em outros aspectos da fic.

Ah, a parte da matéria da revista... Faz tanto tempo que escrevi isso, mas me lembro como hoje que entrei no meu quarto e encontrei uma revista desse tipo na cama da minha irmã, peguei para olhar e encontrei uma matéria [que no meu ponto de vista em nada ajuda] sobre como conquistar garotos. Eu ri vendo o tema, e de repente um clique na minha cabeça transformou tudo aquilo em dicas para conquistar Harry Potter. Espero que tenham curtido e rido um pouquinho, pelo menos.

Comentem bastante e desculpem-me pela falta de contato dos últimos dias, mas meu computador ta com uns problemas estranhos aqui... Prometo que assim que puder responderei os comentários [a coisa que eu mais amo na minha vida]. Qualquer dúvida ou palpite sobre a fic também são muitíssimos bem vindos.

Acho que é isso, por hoje. Vou atualizar todas as outras fic também, isso significa o fim definitivo da continuação de Apenas Mais Uma de Amor, portanto, não percam.

Agradeço de todo meu coração pela paciência, pelo carinho e pelos maravilhosos comentários de você.

Beijoooooo.

Paulinha.



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