'Sempre Juntos'



As pessoas foram se dispersando silenciosamente.
A manhã fria e melancólica, extremamente cinzenta, parecia compartilhar dos sentimentos dos que estiveram presentes.
Edwards jazia sob o pequeno monte de terra ali em frente. Ao lado deste, uma lápide recente trazia o nome do pai do rapaz, que estava ao lado de uma outra lápide bem antiga, segundo Moody, era a mãe do jovem.
As pessoas da Ordem que estavam ali começavam a se afastar e falar sobre os novos planos, porém, Lupin permaneceu perto de Harry. Fora loucura deixá-lo vir a publico dessa forma. Era estranho que nem mesmo um único Comensal, ou até mesmo Voldemort, não deduzira que eles enterrariam o rapaz e grande parte dos seguidores de Dumbledore estariam presentes. Harry Potter, principalmente.
- Vamos direto para Hogwarts. – Lupin disse, focando as costas de Harry, que permanecia parado, olhando para o recente monte de terra.
Ele apenas assentiu.
Rony e Hermione observavam o amigo de longe, respeitando o tempo e os sentimentos dele.
A garota ainda derrubava algumas lágrimas silenciosas, abraçada a Rony, que apenas afagava os cachos dela, era a única forma que conhecia que pudesse confortá-la.
Alguns minutos se passaram, os outros membros da Ordem tinham aparatado para seus destinos. Ficaram Tonks e Estúrgio Podmore, há alguns passos dos outros, apenas esperando por Harry.
O rapaz olhou em volta, viu os dois amigos a alguma distancia de si, juntos, olhando para ele. Harry, naquele momento, teve certeza que jamais estivera realmente sozinho. Sempre os tivera, em todos os momentos que precisou, Rony e Hermione estavam ali, como estavam naquele momento, esperando por ele e, de certa forma, vivendo por ele. Eram uma família, os três. Família essa, que se formara há sete anos, quando se encontraram dentro do expresso Hogwarts.
Olhando para eles, Harry reparou em com eles haviam mudado, ambos, não eram mais as crianças de outrora... Eram adultos. Diferença visível nos dois e no próprio Harry. Mas ainda havia a essência, que eles, mesmo sem combinarem e demonstrarem, mantinham. As mesmas crianças que se uniram depois de um incidente com um trasgo.
Sorriu inconscientemente. Era paradoxal, eram os mesmos, porém, eram diferentes.
Ali, uma certeza reconfortante tomou conta do coração de Harry. Ele tinha uma família, uma bela família. Nunca estaria sozinho.
Viu os dois cochichando alguma coisa e logo Hermione soltou-se de Rony e começou a caminhar em sua direção.
- Acho que já é hora de ir... – ela disse, baixo, aproximando-se dele.
Ele assentiu, fazendo um gesto para Rony se juntar a eles. Logo, o ruivo estava chegando para formar o trio.
- Acho que nunca os agradeci por tudo que já fizeram por mim... – Harry, disse, vendo os olhares deles um tanto quanto confusos. – Não estaria aqui hoje se não tivesse vocês comigo por todos esses anos. Encontrei em vocês, a família que eu nunca tive... Obrigado por tudo...
Harry parou de falar por não encontrar mais palavras. Viu Rony sorrir com sinceridade e Hermione voltar a chorar.
Lupin sorriu ao ver os três jovens se unirem num único abraço, forte e longo.
Eles se separam e Harry olhou para Lupin.
- Eu... Já volto. – ele murmurou, e saiu andando pelo cemitério.
As folhas que caiam das árvores estavam secas, dando ao lugar um tom amarelado, bem típico da estação. O cemitério era bem conservado, apesar das lápides antiqüíssimas, estava em bom estado. Se não fosse um cemitério, poderia até se dizer que era bonito.
O rapaz caminhou decidido pelo lugar, sem saber direito aonde ir, só sabia que tinha que ir. Seus olhos corriam as inscrições nas lápides, algumas, de tão velhas, já estavam ilegíveis.
Tonks aproximou-se do marido com cara assustada.
- Vai deixá-lo sozinho? Ele é Harry! Harry Potter. Não podemos deixá-lo sozinho.
- Precisamos deixá-lo sozinho. – Lupin disse, pegando a mão de Tonks. – Ele foi ver Tiago e Lily...
E eles permaneceram ali, apenas esperando.

Harry andava já há algum tempo, sem certeza exatamente do que estava fazendo. Tinha planejado este momento, mas não imaginava que seria assim tão depressa.
Ele já não podia ver os outros que deixara pra trás, seus pés pisavam nas folhas que faziam barulho ao serem esmagadas. Os olhos verdes varriam atentamente cada nome, mas não achava o que queria.
Mais alguns passos e ele parou.
Seu coração pareceu se comprimir dentro do peito. Num mármore bem limpo e bem cuidado, numa única lápide, brilhava em dourado dois nomes:

Líliam Potter e Tiago Potter
31 de Outubro de 1981


Harry não soube nem ao menos o que sentir. Era doloroso, saber que eles estavam ali, e que eles haviam morrido a poucos metros de distância. Eles estavam ali, para que ele pudesse estar vivo naquele momento.
Suas pernas bambas foram cedendo, ajoelhou-se no chão de folhas secas sentindo sua garganta queimar.
Como ele os queria vivos, perto dele, para dar forças, para ajudá-lo, até mesmo para lhe dar broncas.
Sentiu uma revolta apoderar-se de si, sentiu-se injustiçado. Por que ele? Por que justo ele fora fadado a tal destino?
Não era justo... O que ele fizera de tão ruim para ser obrigado a viver sem seus pais e ainda carregar o peso do mundo sobre os ombros?
Ele se sentou no chão, e seus dedos correram pelas letras cravadas no mármore. Ele sentiu que iria explodir, e de fato, o fez. Começou a chorar como nunca fizera antes... Os queria vivos, os queria com ele, queria sua família de volta. Precisava do abraço de sua mãe, que sentia falta, mesmo sem lembrar-se de como era. Precisava ver seu pai sorrir e lhe ensinar as coisas da vida... precisava deles desesperadamente, e eles não estavam ali para ajudá-lo. E Harry não podia tocá-los... o mais perto que chegava, era a terra fria que os cobria naquele momento. Sentiu uma vontade súbita de estar ali, junto a eles, queria desistir, queria largar tudo. A vida fora injusta com ele, não era sua obrigação salvar o mundo para que a vida dos outros fosse mais justa.
O que ele tinha de mais precioso lhe fora tirado, nada mais importava naquele momento.

Hermione quase pulou ao sentir alguma coisa queimar dentro de suas vestes.
- Vou atrás do Harry. – ela disse, decidida, sem dar mais explicações. O pingente ardeu contra sua pele, ela o puxou pra fora da blusa. Em passos firmes ela saiu pelo cemitério, sem saber onde ele estava, carregando apenas a certeza de que o encontraria.

Uma mão leve e conhecida pousou em seu ombro, Harry a olhou e a encontrou abaixada, atrás de si, olhando-o com ternura e compreensão.
Ela se sentou ao lado dele, Harry se aninhou a ela, totalmente frágil. Ela era tudo que ele precisava naquele momento, não entendia como ela aparecia sempre nas horas que ele mais precisava. Hermione o abraçou com força, deixando que ele depositasse todo seu peso sobre ela, passando-lhe segurança e força... E principalmente, deixando claro que estava li, pra ele e por ele.
Ele chorou compulsivamente, balançando-se contra ela. Hermione apenas o apertou mais, sentindo os cabelos dele roçarem em seu queixo, o rosto do rapaz escondido em seu busto. Uma das mãos dela afagou o cabelo preto e desalinhado com carinho, puxando-o cada vez mais contra si.
Longos minutos se estenderam daquela forma, Hermione fitou a bela e bem conservada lápide, os nomes brilhando em ouro, podia imaginar, talvez, o que Harry estava sentindo; mas nada falaria, porque, ela não sabia o que ele estava sentindo, e isso bastava para se calar e esperar o tempo dele.
O que lhes pareceu muito tempo depois, o choro dele foi acalmando, limitando-se a pequenos soluços, Hermione beijou a testa dele lentamente.
- Estou aqui, Harry... – Ela disse, baixinho. – Estou aqui...
Ele se aninhou ainda mais a ela, coisa quase impossível, tentando pegar um pouco da força dela pra si.
- Sinto falta deles... – ele murmurou, entre o choro.
- Eu sei...
- Tenho vontade de...
Ela não o deixou terminar.
- Não diga besteira, Harry. Eu tenho fé em você, acredito na pessoa que você é. Eles nunca desistiram de você, por isso não estão conosco. Não desista Harry, eles não gostariam que o fizesse.
Ele separou-se ligeiramente dela para poder fitá-la. Hermione viu os olhos verdes dele tristes, e vermelhos em volta.
- É tão injusto...
- Sim, Harry. Realmente o é. Mas isso nos faz querer lutar por justiça.
Ele tornou a aninhar-se a ela, agora, olhando para lápide.
Só naquele momento reparara que havia uma outra inscrição abaixo do nome deles.
Hermione seguiu o olhar de Harry, observando também.
Foi possível sentir ambos os corações deixarem de bater por alguns segundos.

Sempre juntos.


Era o que se lia ali.
Lílian e Tiago Potter haviam feito daquelas palavras um fato real. Estavam juntos por toda a eternidade.
As mãos dos dois, enlaçadas, apertaram uma a outra; sem tirar o os olhos das palavras ali escritas.
E, de alguma forma, eles sabiam, era inevitável... E se deixaram envolver pelos sentimentos que, de repente, ficaram extremamente expostos naquele momento.
Como se aquelas duas palavras tivessem o poder de despi-los de toda e qualquer máscara ou barreira que ainda era mantida entre eles e por eles.
As palavras de Tiago e Líliam haviam quebrado a tal barreira, talvez, devido a fragilidade sob a qual estavam. Era como se a linha tênue da amizade tivesse sido desfeita. Não havia nada que os impedisse de ultrapassá-la, a não ser eles mesmos.
A vulnerabilidade os assolava de tal forma que perder o rumo era compreensível. Mas mais um impulso, ou um deslize não melhoraria a situação dos dois.
Harry fitou Hermione, que ainda olhava para as duas palavras, que a fizera sentir-se anestesiada, de alguma forma. Logo, os olhos dela encontraram os dele, e eles souberam que aquilo os atingira da mesma forma.
Ler aquilo ali lhes causava um sentimento que ia além de qualquer palavra que fosse usada na tentativa de descrevê-lo.
Nada foi dito, mais palavras eram totalmente dispensáveis. Tudo que lhes importava estava cravado naquele mármore frio e lustroso.
Uma das mãos dele tocou o rosto dela com suavidade e firmeza, segurando-o com certeza.
- Harry...? Finalmente eu os achei. – disse Rony, aparecendo em meio a névoa cinzenta que deixava o lugar com uma visibilidade precária.
Hermione sorriu levemente para Harry, limpando as poucas lágrimas que haviam sobrado no rosto dele.
Rony se aproximou e leu a inscrição da lápide. Logo abaixou-se, apertando o ombro de Harry com força, tentando passar o recado de que estava ali e compartilhava os sentimentos dele.
O moreno colocou sua mão sobre a do amigo num sinal de que estava tudo bem.
Os três se levantaram a tempo de ver Tonks, Lupin e Podmore aparecerem em meio a névoa.
Porém, Hermione deixou os outros irem a sua frente e com floreio da varinha, alguns lírios foram conjurados, ela os colocou sobre a sepultura, em frente a lápide, secando com rapidez um lágrima que correu em seu rosto.
Os seis se juntaram e caminharam até a entrada do cemitério, onde aparataram para Hogsmeade.
Ela não sabia, mas Harry estivera a observando de longe, as suas costas.

***


No mesmo domingo, à noite, estavam todos dentro da cozinha da Mansão Black.
- Foi uma benção Harry ter demorado mais tempo no cemitério. – dizia a Sra. Weasley, que não parar a de chorar desde que chegara.
Minerva entrou na cozinha em seus passos firmes, a mulher ruiva pulou da cadeira.
- E então, Minerva?
- Papoula disse que ele está inconsciente sob uma Maldição pouco conhecida que causa a imobilidade por um longo tempo. Mas ficará bem. A Srta. Granger foi atingida pelo mesmo feitiço no quinto ano e está viva. Não se preocupe, Molly, ele ficará bem.
A Sra. Weasley soltou um suspiro de alivio, voltando a chorar. Logo o Sr, Weasley se aproximou da mulher e a abraçou com carinho.
- E Matt? – Hermione perguntou, causando um incomodo em Harry.
- Já está acordado, mas precisará ficar de repouso amanhã. – disse a Diretora, sentando-se a mesa.
- Graças a Deus eles estão bem... Cheguei a pensar que teríamos outro enterro amanhã. – disse Fleur, um tanto quanto nervosa.
- O importante é que Harry permaneceu ileso ao ataque. – disse Quim.
- Não! Parem de se importar só comigo. Há outras pessoas que se feriram, não percebem? – Harry disse, zangado, andando pela cozinha.
Todos se calaram por um instante. Foram pegos de surpresa.
Assim que o primeiro grupo desaparatara do Cemitério para Hogsmeade, um grande grupo de Comensais estavam à espera. Houve uma bela batalha, muitos comensais feridos e um morto. Do lado da Ordem, Jorge foi atingido pelo tal feitiço pouco conhecido e Matt fora estuporado por três ao mesmo tempo.
Muitos ali ainda estavam em estado de choque por causa do ataque repentino, Gui fez Fleur aparatar para a Toca no instante que seus pés tocaram Hogsmeade e ele viu o primeiro jato de luz atravessar o lugar.
Harry, Rony, Hermione, Tonks, Lupin e Podmore só chegaram a Hogsmeade algum tempo depois do fim da batalha, quando ambos os lados já haviam saído da pequena vila.
Depois de alguns minutos de conversa, todos se dissiparam, voltando as suas casas, visto que o dia seguinte era segunda feira e a maioria teria de trabalhar em seus empregos regulares, além do serviço que prestavam a Ordem.
McGonagall recomendou a Harry, Rony e Hermione que passassem aquela noite ali, pois já passava da meia noite e seria muito tumultuado se eles voltassem à escola àquela hora.
- Gui e Fleur ficarão também. – disse a Diretora, depois de um monte de recomendações, sendo a ultima a deixar a casa.
Quando os cinco se encontravam sozinhos, cada um tomou o rumo para seus respectivos quartos, exaustos pelo dia conturbado que tiveram.

***


Hermione saiu do banheiro com um roupão preto, recolheu alguns de sues livros espalhados pelo quarto e os colocou sobre a escrivaninha. Sentiu falta do mais importante deles, naquele momento: Hogwarts, Uma História, lembrou-se de tê-lo deixado na sala na tarde anterior.
Olhou para o relógio e constatou que ninguém devia estar perambulando pela casa a uma da manhã, saiu do quarto despreocupadamente e desceu as escadas sem fazer ruído algum.
Ao entrar na sala, logo avistou o livro, não gostava muito de ficar ali sozinha, aquela tapeçaria cheia de rostos de pessoas da família Black a incomodava muito.
Ela apanhou o livro e ao erguer o olhar não pôde deixar de observar a Árvore Genealógica da família que vivera ali por tantos anos.
Seus olhos correram desde cima, pelos parentes mais antigos e já falecidos, até o mais novos que ainda eram vivos. Poucos da geração atual permaneciam vivos. Sirius, que tivera seu rosto queimado na tapeçaria, já morrera, assim como seu irmão, que tinha seu rosto intacto ao lado do buraco causado pela queimadura do irmão.
Hermione permaneceu ali alguns segundos, sem saber exatamente o que a prendia ali. De repente, uma vontade súbita de gritar teve que ser engolida e mais que eufórica ela subiu a escada e entrou no quarto de Harry sem ao menos bater.
- Hei! – ele reclamou, assustado, verificando se a tolha em sua cintura estava bem presa, visto que acabara de sair do banho.
Hermione estava quase se sufocando na própria empolgação, abria a boca, mas as palavras não saiam seu corpo todo estava agitado e não parava de se mexer.
- O que foi? O que houve, Hermione?
O cérebro dela trabalhava furiosamente, unindo as peças, tão óbvio...
- O irmão de Sirius é R.A.B. – ela disse, quase que num grito.
Harry a encarou e se segurou para não cair numa gargalhada.
- Vá dormir, meu anjo... Suas idéias não estão fazendo sentido.
- Régulo Arcturus Black. É o irmão de Sirius. R.A.B. Ele era comensal, roubou o medalhão... O medalhão está aqui, nós o jogamos fora na faxina antes de começarmos o quinto ano!
Harry ficou sério, fitando Hermione de maneira compenetrada.
- Nós o jogamos fora? – ele perguntou, sentindo que não tinha motivo nenhum para estar feliz.
- Sim! – gritou ela, pulando de alegria.
- Então...
- Monstro, Harry, MONSTRO!
Harry não pode deixar de sorrir ao entender onde a amiga queria chegar.
- Você é... Brilhante Hermione! – ele disse, rindo. – Brilhante! Ah, Merlim, obrigado por tê-la posto na minha vida.
Ela sorriu mais ainda vendo-o pegar alguma coisa no guarda roupa.
Harry entrou no banheiro e saiu menos de um minuto depois apenas com uma calça de moletom.
- Vamos a toca nojenta do Monstro... Deve estar por lá! – ele disse, disparando pelo corredor com a garota em seus calcanhares.
Hermione tomou o corredor em passos rápidos, bateu a porta de Rony e entrou sem cerimônias, arrancando-o da cama.
Eles desceram as escadas correndo, entraram na cozinha escura lançando feitiços que a iluminassem para todos os lados.
Os três se abaixaram olhando desafiadoramente para o armário onde Monstro guardava suas preciosidades.
- É aqui. – disse Harry respirando fundo, esticando o braço para abrir a pequena porta. Pôde sentir Hermione e Rony tensos, cada um colado em um ombro seu.
- Vocês acham mesmo que tem uma Horcrux aí? – perguntou Rony, encarando a pequena porta com desconfiança.
- Nós temos quase certeza. – disse Hermione, com a voz carregada de excitação.
Harry abriu a portinha lentamente e olhou pra dentro daquela coisa que mais parecia um ninho.
Havia uma manta velha, suja, como que forrando o pequeno espaço do armário, havia muitos porta-retratos visíveis sobre a manta, muito vidro estilhaçado, devido ao fato de Monstro ter pego tais porta-retratos depois deles terem sidos arremessados no lixo, algumas peças de roupas e alguns sapatos sem par.
- Isso é... Um cesto de lixo?
- Ronald! – Hermione ralhou.
- Ora... Olhe só pra isso Mione! – ele falou, puxando a manta nojenta e encardida na qual Monstro devia se enrolar para dormir. – Vai dizer que não está digno de ir para o lixo?
Hermione parecia reprovar as ações de Rony, mas lançou um olhar de extrema aversão a manta encardida.
Harry colocou uma das mãos lá dentro, mantendo a outra apoiada no chão e passou a vasculhar o lugar a partir do tato.
- Cuidado com...
- AI! – ele gritou, tirando a mão de dentro com um profundo corte na palma.
- ...os vidros. – Hermione concluiu, com ar de tédio.
- Deixa que eu procuro! – Rony disse, colocando sua mão cuidadosamente no lugar, apalpando com cuidado.
- Espera, ou vai acabar se cortando também! – Hermione disse, puxando o braço de Rony para fora.
Apontou a varinha para dentro da toca e murmurou: Accio cacos.
Todos os pedaços estilhaçados de vidro saíram do lugar flutuando, com outro gesto da varinha, ela os fez sumir.
Rony voltou a colocar a mão dentro do pequeno armário, enquanto Hermione lançava um feitiço provisório no corte da mão de Harry.
Alguns minutos depois, Rony olhou para os outros dois.
- Eu disse que não tinha nada aqui!
- Como assim? Você não procurou direito! – Hermione resmungou, lançando vários feitiços dentro do lugar esperando que algum deles lhe revelasse a Horcrux, mas todos foram em vão. Descontente, ela enfiou a cabeça dentro do lugar com dificuldade, sentindo o cheiro de coisa velha inundar-lhe as narinas, enquanto sua varinha acesa estava presa entre seus dentes.
Harry e Rony a viram emergir do pequeno lugar com ar derrotado.
- Nada. – ela disse, olhando interrogativa para Harry.
- Estava bom demais para ser verdade! – ele murmurou, levantando-se do chão, caminhando até uma cadeira. Os outros dois fizeram o mesmo.
- O que levaram vocês a achar que tinha uma Horcrux ali? – perguntou Rony, totalmente aéreo aos últimos acontecimentos.
Harry e Hermione se entreolharam.
- Acho que tem muitas coisas das quais você precisa saber Ron. – disse Hermione, séria. – Samantha tem nos atrapalhado nesse sentido. Não podemos ficar parando nossas buscas para explicar a você o que estamos fazendo. Harry e eu temos trabalhado duro nisso, estendo que você tenha coisas muito melhores co o que se preocupar, mas nós podemos interromper o nosso plano para te explicar passo a passo o que estamos fazendo ou que iremos fazer.
Rony assentiu, compreendendo.
- Eu sei que tenho sido um mal amigo ultimamente. – ele disse, em tom de desculpas olhando para Harry.
- Não é isso, Rony! – disse o moreno, com cara de dor. – Só anda um pouco desligado. Mas o colocaremos no eixo agora.
Rony olhou para os dois amigos que revezaram por muito tempo contando todos os progressos que já tinham feito na busca das Horcruxes. Incluindo o episódio da pequena taça de Helga Hufflepuff.
Passava das três da manha quando o trio voltou a subir as escadas totalmente descontentes por não ter encontrado o que procuravam.
Rony seguiu para seu quarto com um ar extremamente cansado.
- Excesso de informação, eu acho... – disse Hermione, guiando Harry para o quarto do próprio rapaz, que riu com o comentário.
Ela o fez sentar-se na cama e caminhou para o banheiro dele.
- Não precisa se preocupar, Mione, eu mesmo cuido do corte. – ele disse.
- Se eu deixar que você cuide, daqui uma semana você estará sem mão! – ela disse, com graça, saindo do banheiro com uma espécie de “Kit de Primeiros Socorros’ cheio de poções, bandagens e coisas do tipo.
Ele se calou e parou de argumentar no momento em que os dedos delicados dela passaram a manusear cuidadosamente sua mão cortada. O toque leve, doce e quente era inebriantemente agradável.
Logo depois, deitaram exaustos, a madrugada tinha sido longa, e teriam que acordar poucas horas depois para começarem uma nova semana em Hogwarts.

***


No dia seguinte, os jovens levantaram quase que arrastados. Todos com caras horríveis de quem tinha dormido pouco, Harry estava com a mão esquerda enfaixada, sem poder fazer muitos movimentos precisos.
Héstia Jones e Estúrgio Podmore chegaram a sede para transportar os garotos para a escola. Uma guarda fora montada em Hogsmeade para esperá-los, depois de fazerem uma varredura no local, para evitar outra armadilha.
Quando todos estavam na porta, Hermione lembrou-se que dessa vez tinha levado Bichento, e saiu pela casa o procurando. Minutos depois voltou tentando arrancar uma camiseta da boca do gato.

Eles entraram no Castelo rapidamente, apanharam seus materiais e seguiram para as aulas do dia.
A segunda-feira se arrastou lentamente para o trio que estava exausto. A noite caiu e eles foram os primeiros a jantar, logo, os primeiros a irem se deitar.

***


- Bom dia! – disseram os dois garotos, ao verem Hermione sentar de frente para eles no café da manhã de terça-feira.
- Dia... – ela respondeu com desanimo.
- O que houve?
- Bichento... Tive que mandá-lo para Hagrid dar um jeito... Acho que comeu tentar porcaria que se engasgou. Tem alguma coisa entalada nele... Nunca vi comer tanta camiseta como ele tem feito... Seria bom arrumar um psicólogo para gatos, pra saber por que ele vem se comportando dessa maneira.
- Mas, ele está bem? – Harry perguntou.
- Hagrid disse que ele vai ficar. – ela respondeu, com certo tom de tristeza.
O resto do café da manhã foi em silêncio.
Harry havia marcado treinos de quadribol para essa e para semanas seguintes, teriam o primeiro jogo da temporada no fim de novembro contra a Corvinal.
Estava sendo extremamente difícil sincronizar todos os horários, ainda arrumar tempo para ‘visitar’ a biblioteca.

- Como é que vocês agüentam? – Rony perguntou, extremamente aborrecido.
- Não devíamos tê-lo trazido, ele não está acostumado... – Harry comentou, encostado a uma das estantes, observando Hermione correr o dedos pela saliência dos livros na prateleira.
- Ele precisa saber o que estamos fazendo. Não agüento mais responder perguntas idiotas. – ela retrucou, em voz baixa, sem tirar os olhos espertos que corriam os títulos dos livros.
- Estou com sono... – falou o ruivo, pela milésima vez, virando a página de um livro com brutalidade. Observou as figuras e ficou fascinado. – Uau, vocês sabiam que as mandrágoras da América do Sul crescem até um metro e meio e chegam a pesar cinqüenta quilos?
Hermione bufou, deixando o corredor dos livros, indo até a mesa do fundo da biblioteca em passos nervosos.
Ela se apoiou na mesa com uma mão, e fechou o livro com violência com a outra.
- Mandrágoras não nos interessam. Nada dessas porcarias nos interessam. Nada que interessa a você, interessa a nós. – ela disse, respirando com força. – Precisamos descobrir qual é o objeto de Ravenclaw. Se você estiver com sono, pelo amor de Merlim, vá dormir e só volte quando estiver disposto a ajudar.
Rony fez uma careta, Harry riu.
Era a primeira vez que levavam Rony para visitar a biblioteca a noite. Harry e Hermione já estavam mais que acostumados, mas as reclamações intermináveis do ruivo tinham conseguido irritar mais Hermione, do que ela jamais estivera por estar ali a altas horas da noite.
- Boa noite, cara. – disse Harry, rindo. – Ela não está de muito bom humor hoje, é melhor você ir.
Rony se levantou pegando sua pena – que era a única coisa que tinha levado para a noite de pesquisa – lançou um olhar profundamente magoado a Hermione, e acenou para Harry, deixando a biblioteca.
- Devia pegar mais leve com ele. Ele está...
- Estar apaixonado não significa que ele tem que me fazer perguntas óbvias a cada cinco minutos, e não prestar atenção no que eu digo. – ela respondeu, brava.
- Hei, meu anjo, calma. Ele já foi... – Harry disse, aproximando-se dela, encostando-se a mesa, ao lado da garota.
- Precisamos encontrar essa Horcrux Harry. Precisamos muito. Há pessoas morrendo... Há uma lista...
- Nós vamos encontrá-la, não se preocupe.
Ela respirou fundo, expirando, cansada. Harry passou seus braços por ela, abraçando-a de lado. Hermione deitou a cabeça no ombro dele.
- Ainda faltará uma... – ela disse. – Ravenclaw, a taça, o medalhão, o diário, o anel, a parte que está no próprio Voldemort... São seis...
- Nagini...?
- Não acho que seja.
- Mas matá-la não seria má idéia.
- Tem razão, podemos fazer o teste. – ela disse, com certa ironia, Harry riu, apertando os braços em volta dela.
- Vai ficar tudo bem, nós vamos conseguir.
- Não quero ver mais gente morrendo.
- Não se preocupe. Nós vamos resolver tudo... – ele sussurrou, deitando sua cabeça sobre a dela.
Harry e Hermione permaneceram ali, apenas fitando o breu do corredor entre as estantes que se esticava frio a sua frente.

***

N/a: Capítulo triste, não?

Eu sei, mas por favor, comentem o que puderem.
Foi um capítulo dificil esse. Muita emoção.
Eu ainda fico com medo de não escrever bem o suficiente essas partes.

=/


Gneteeeeeeee!!!
Quanto comentário lindo pro capítulo passado.
Não imaginava que ele faria tanto sucesso!
Obrigada, de todo coração, a todos vocês.
E sim, a Hermione se meteu numa senhora confusão aceitando o convite do Matt.
Uma confusão que vai perder os limites do aceitável.
Esperem só...


Beijoooo.

Amo vocês.

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