Ação e Reação



Eles pararam no meio do corredor do primeiro andar, em frente a uma sala vazia. Algumas poucas pessoas estavam passando ali no momento. Harry soltou a mão dela e lhe deu as costas.
- Qual o problema? – Ela perguntou nervosa por não saber o que estava acontecendo. – Vamos, Harry! Vamos ver o Rony!
- Não há problema algum com Rony. – ele disse, voltando a encará-la. Viu o rosto dela se contorcer.
- O que?
- Rony está bem, eu diria muito bem... Está com Sam, em algum lugar desse Castelo. – ele disse, sério.
- E por que me trouxe até aqui, enquanto quase me fez morrer de preocupação no caminho, enquanto eu pensava que um dos meus melhores amigos tinha sido atacado durante o passeio?
- Eu só quis te tirar de lá. – ele disse, vendo os olhos dela transpassarem raiva. “Te tirar dele, pra ser mais exato.”
- O que? – ela repetiu, incrédula e irritada. – Me faz vir até aqui pensando que Rony estava realmente mal, e tudo não passou de uma desculpa para me tirar de lá? Qual é o problema? Por que eu não podia continuar lá?
- Porque... Hermione! – Harry se exasperou. – Ele é um professor. Todas as garotas dessa escola ficam se oferecendo pra ele. Você simplesmente sai com ele, e vão passear de mãos dadas em plena Hogsmeade enquanto os outros alunos observam e começam a inventar horrores ao seu respeito?
Certo. Eles estavam bravos, nervosos e irritados.
Na verdade, estavam muito bravos, nervosos e irritados.
- Você acha que eu não pensei em tudo isso antes de aceitar o convite dele?
- Parece que não, porque estava parecendo uma colegial boba que consegue sair com o veterano mais bonito da escola!
- Ele é um professor! – ela retrucou, alteando a voz.
- Então você admite?!
Ela abriu a boca, mas sua indignação a impediu de pronunciar qualquer palavra que fosse.
- Eu nunca neguei. – ela disse, simplesmente.
- Entenda uma coisa, Hermione: Matthew deu aula em Bauxbatons. Aquilo é uma academia onde só estudam mulheres. Acha que ele apenas trabalhou lá? Acha que ele não se divertiu bastante? Agora ele veio para Hogwarts e espera levar a mesma vida, você só está sendo a primeira, pelo menos eu acho que é a primeira, que está caindo no jogo dele.
Hermione o fitou perplexa.
- Acha mesmo que eu me prestaria a tal coisa? Acha mesmo que sairia com uma pessoa desse nível que você está descrevendo? Se acha, Harry, você não me conhece. Jamais conheceu.
- Não me venha com essa agora...
- O que quer que te diga? – ela indagou, ferrando seus olhos nos dele, magoada. – Bom... Não importa, eu não te devo satisfação.
- Por Merlin! Ele está te enganando!
- Não. Ele não está!
- O que a fez ter tanta certeza?
- Eu o conheço.
- Não Hermione, você não conhece! – ele retorquiu, irado. – Você me conhece, pois estamos juntos desde os onze anos de idade! Você não conhece um cara que viu pela primeira vez não tem nem dois meses!
- É impressão minha ou está com ciúmes? – ela jogou, com um riso sarcástico, tentando esconder a mágoa que estava lhe atingindo.
- Ciúmes? De você? Poupe-me Hermione! – ele falou, rindo com ironia.
- Não faça pouco caso.
- Disse há minutos atrás que não me deve satisfação.
Ela se calou. O estudou por alguns segundos. Viu algumas pessoas se acumularem no corredor, assistindo a discussão do casal mais famoso de toda a Hogwarts de camarote.
- Matt não está me enganando. Eu não me prestaria a tal ridículo. Outra coisa: ele pode querer o que for comigo, se eu não quiser, esqueça.
- Então quer dizer que é você que manda na relação?
- Não há relação alguma!
- Qual nome vocês dão, então?
- Deixe de ser hipócrita!
- Deixe de ser burra! – Harry bradou. As pessoas em volta prenderam a respiração, os olhos de Hermione ficaram turvos. – Estou tentando te proteger, não vê?
- Tenta me proteger me atacando?
- Não estou te atacando!
- Me comparar a essas garotas fáceis e fúteis não é uma maneira de atacar? De magoar?
- Você sabe que eu não quis dizer...
- Quis sim Harry. Quis dizer até coisa pior, mas talvez sua consciência não deixe... Vai saber. – ela falou, magoada e entristecida.
- Só quero entender por que ele? O que há nele? Hermione, ele é um professor, você é uma aluna, é antiético, ainda estamos dentro da escola!
- Olha só, quem está falando de ética! – ela motejou perspicaz, Harry a fuzilou com um olhar.
- Você prometeu... Que nada nem ninguém... – ele começou, com seu orgulho tentando frear as palavras.
- Nada nem ninguém desfaria nossa amizade... Foi isso que prometi. Mas Matt talvez seja mais que um amigo, isso o exclui da linha da promessa, não? – ela provocou.
- Ah, é claro. O exclui sim. – ele retrucou, hostil – Talvez o fato de você estar com ele também me exclua da sua vida, não é?
Harry a observou. Tinha a magoado, tinha certeza. Mas fizera tudo para fazê-la ver a realidade. Ela não podia ficar com um professor. Era para o bem dela.
- Só queria que soubesse Harry, que estou fazendo isso por você. – ela não pretendia dizer isso. Não queria que ele soubesse que aceitara o convite de Matt em troca de um favor. Um favor que beneficiaria Harry de maneira colossal.
Ouvir isso deixou Harry cego de raiva. Então ela saia com o professor e dizia que o fazia por ele?
- E quando você dorme com ele, também o faz por mim? – as palavra escaparam sem ele conseguir frear. Estava explodindo de tanta raiva e uma dor que ele não sabia distinguir.
Os olhos dela se estreitaram, ela sentiu ser apunhalada pelas ultimas palavras dele. Sentia raiva, tristeza, mágoa, ira.
- É. Talvez eu esteja! – ela retrucou, ouvindo um murmúrio inquietante tomar o lugar.
- O que é que está acontecendo aqui? – uma voz feminina perguntou, saindo do mar de gente, indo parar bem atrás de Harry.
Hermione a olhou, sentiu vontade de vomitar.
- Cho! – Harry exclamou ao virar-se. – Estava mesmo precisando ver você.
Outro murmúrio, dessa vez de surpresa, correu o lugar quando Harry tomou Cho nos braços e a beijou vorazmente.
Hermione limitou-se a rir amargamente, sentindo a ferida que ele acabara de lhe provocar aumentar mais, puro orgulho ferido.
Ela deu as costas para a cena deprimente e caminhou lentamente, queria chegar ao seu quarto, trancar-se lá, quem sabe? Apesar de Harry não merecer nada: nem a tristeza dela, nem a mágoa, nem as lágrimas que queriam vir.
Ele a machucara, a despedaçara. Ela estava arrasada. A última pessoa no mundo que ela imagina que a machucaria o fizera com maestria, isso a fazia sentir-se pior.
Não queria chorar, mas as lágrimas teimavam em cair. Acabou disparando pelos corredores às cegas tentando, inutilmente, conter a onda avassaladora de tristeza que a inundava.

***


Harry estava nervoso, irritado, irado... Como nunca estivera antes.
Abominava aquele professor, abominava Hermione que escolhera ele. Ela não cumprira com a sua promessa! Acabava abominando a si mesmo por ter acreditado nas palavras doces e promessas vãs que ela fizera.
Apertou o corpo de Cho contra si, beijando-a de forma faminta e quase grosseira.
Foi a arrastando pelo corredor até entrarem na sala vazia. Cho fechou a porta e encostou Harry nela.
A garota tomou o controle da situação a partir de então, insinuante e provocativa como só garotas como ela conseguiam ser.
Harry estava cego de raiva, estava machucado por Hermione ter escolhido o outro. Aquilo doía. De alguma forma queria fazê-la sentir a mesma dor.
- Vingue-se dela, Harry, estou aqui pra isso. – Cho sussurrou em seu ouvido, mordendo provocativamente o lóbulo da orelha dele. Harry arfou, tomando a boca dela pra si outra vez.
E na cabeça dele passavam imagens de Hermione com Matt, em Hogsmeade, e a forma como ele sorria pra ela que a fazia sorrir tão meigamente. Harry nunca conseguira arrancar tal sorriso dela... Tinha inveja, inveja e ódio daquele homem que estava tomando-a de si.
Conduziu Cho pela sala, enquanto suas mãos começaram a passear por dentro da blusa da garota.
Ela deixou a boca dele, e foi descendo alternando beijos e leves mordidas por seu pescoço, enquanto tirava a camisa do rapaz.
Eles toparam com a mesa de professor, Harry a sentou sobre esta, enquanto uma de suas mãos corria as pernas dela, visíveis sob uma saia minúscula. Ela usava uma blusinha com botões na frente, Harry, que já largara sua camisa no chão, não se deu ao trabalho de desabotoá-la, simplesmente abriu-a num puxão agressivo.
Ela sorriu satisfeita, arranhando as costas e o peito dele.
Cho permanecia sentada sobre a mesa, enquanto Harry, de pé, encaixou-se entre as pernas da garota, que logo o enlaçou.
Faria Hermione sentir o que estava sentindo.
Iria fazê-la sentir a dor que ela o estava fazendo sentir.
As mãos ágeis e experiente de Cho correram o peitoral bem definido de Harry e parou no cós de sua jeans.
Ele não a olhou em nenhum momento, apenas dirigiu suas mãos ao fecho do sutiã dela.
O abriu ao mesmo tempo em que sentiu seu jeans ser aberto também.
Iria se vingar, pagando na mesma moeda.

***


Ela quase caiu com o baque, se não fossem os braços que a enlaçaram, ela teria ido para o chão.
- O que houve? – Matt perguntou, vendo lágrimas no rosto dela. Acabara de trombar com Hermione no corredor, ela corria as cegas de forma desesperada. – Algo com seu amigo Rony?
Ela balançou a cabeça, caindo num choro compulsivo.
Matt se surpreendeu ao senti-la aninhar-se a si, encostando a cabeça em seu peito. Ele a abraçou com carinho.
- Então? Quem foi que fez isso com você? – ele indagou, suavemente.
- Harry.
Matt se enfureceu. O que Potter dissera de tão grave para deixá-la em tal estado?
- Está tudo bem agora... Estou aqui... – ele murmurou, abraçando-a mais forte.
Harry sempre dizia as mesmas palavras. E ainda que o abraço de Matt fosse reconfortante, não se comparava ao de Harry.
- Quer me contar o que houve?
- Eu... – ela titubeou, sem saber se contaria ou não. Era pessoal demais para contar a ele, mesmo que confiasse no homem.
- Tudo bem... Vem comigo, talvez um chá a ajude a se acalmar. – ele disse, conduzindo-a lentamente pelo corredor.

- Sente-se aqui. – Matt falou assim que eles entraram na sala dele.
Hermione notou que ele era uma pessoa extremamente organizada.
Duas estantes enormes de livros meticulosamente bem cuidados estavam encostadas a parede oposta à porta de entrada, atrás da escrivaninha de madeira bem escura, quase negra, bem limpa e ornamentada. Sobre esta havia muitos pergaminhos, alguns livros, penas, tinteiros.
A escrivaninha ficava num degrau, mas alta que todo o resto da sala.
Ao seu lado direito Hermione podia ver uma lareira e duas confortáveis poltronas em frente a mesma. O resto da sala era ocupada por instrumentos, quadros e armários. E bem ao fundo da sala, quase atrás das estantes de livros havia uma escada, que, provavelmente, levava ao quarto dele.
A garota se sentou em uma das poltronas, tentando se conter.
- Conhece algum elfo por nome? – ele perguntou.
- Dobby trabalha aqui. Só vai a casa de Harry quando nós estamos lá. – ela respondeu, controlando o choro.
- Dobby? – ele chamou.
No mesmo instante o elfo aparatou na frente do professor.
- Chamou, Senhor?
- Sim... Traga-nos chá, por favor.
Dobby assentiu, e olhou para Hermione, com os olhos inchados e o rosto vermelho.
- Oh... Senhorita Granger. – o elfo guinchou. – Tem alguma coisa que Dobby pode fazer pra ajudar a Senhorita?
- Não Dobby. Receio que não. O chá é o bastante. – ela respondeu, forçando um sorriso.
Dobby aparatou, deixando os dois sozinhos novamente.
Matt aproximou-se dela, e agachou-se a frente da garota.
- Obrigada por...
- Não há o que agradecer.
Eles ficaram em silêncio, Matt a observando e Hermione olhando para o escritório, não queria encará-lo.
- Bonito escritório.
- Obrigado.
Voltaram a ficar em silêncio.
- Harry...
- Não precisa me contar se não quiser.
Ela finalmente o fitou, grata.
- Matt... Nós dois, hoje...
- Não se preocupe, Hermione. Você tem a minha amizade pelo tempo que quiser. – ele disse, sério.
Ela sorriu, sentindo uma nova onda incontrolável de lágrimas querendo vir mais uma vez.
Ele se levantou e sentou-se no braço da poltrona, voltando a abraçá-la. Ela chorou por algum tempo, nem viu Dobby voltar ao escritório com a bandeja de chá.
- Ele disse coisas horríveis... – ela murmurou, contra ele. – O que mais me entristece é que eu tinha certeza que a última pessoa que me magoaria no mundo seria Harry.
Dobby entregou uma xícara a Matt e outra a Hermione. Depois desaparatou.
A garota a segurou com as mãos trêmulas e bebeu lentamente.
- Às vezes nos enganamos com as pessoas.
- Eu jamais me enganaria com Harry. – ela disse, firme. – Havia algo que... Que o fez reagir daquela forma...
- O que quer dizer?
- Nada... Isso não muda o que ele fez. – ela falou, esvaziando sua xícara.
- Hoje é dia das bruxas, vai ver, foi só um acesso de raiva. Há quem diga que seja influencia dos espíritos a solta hoje... – Matt disse, em meio tom de brincadeira.
- É. Talvez seja. – ela se levantou. – Eu... eu tenho que ir...
- Não vai ao jantar? Sempre foram bons os jantares de Dia das Bruxas em Hogwarts.
- Talvez... – ela respondeu. – Obrigada por tudo, Matt.
Ela deixou a xícara sobre a bandeja que Dobby trouxera e saiu da sala.

***


- Harry... – ela chamou, com uma voz que lhe dava nojo, ojeriza.
- Me esqueça. Esqueça que eu existo. – ele bateu a porta com força e saiu pisando duro pelo corredor.
Estava bravo. Muito mais bravo do que estivera antes, pois além de estar bravo com Hermione, estava mais bravo consigo mesmo.
Estava arrependido, não podia acreditar que se deixara levar pela mágoa e pelo ressentimento: ele que sempre odiara aquele tipo de comportamento, comportara-se como tal.
Subiu para a Torre da Grifinória usando seus atalhos, entrou pelo quadro da Mulher Gorda e viu que várias cabeças viraram-se pra si.
Se sentia envergonhado de si mesmo, vergonha do que tinha feito, da maneira covarde e canalha que tinha agido.
Passou pelo Salão Comunal como um raio, direto para seu quarto. Entrou lá e estava vazio, sentiu-se bem por estar sozinho.
E alguma coisa começou a queimar em sua garganta, e doía.
E ele se arrependia do que tinha feito, sentia-se sujo, sendo engolido pela própria devassidão. Indigno de qualquer coisa, indigno do que as pessoas pensavam nele, indigno de ser julgado herói, a pessoa que salvaria o mundo de Voldemort, quando não fim não passava de um canalha qualquer. Um fraco.
E foi doendo tanto que ele encostou-se a porta e se deixou escorregar por ela, sentindo lágrimas amargas escorrerem pelo seu rosto.
Acabara de descobrir porque Hermione escolhera Matthew.
Talvez o professor fosse melhor mesmo pra ela... Porque no momento, Harry se sentia um nada. Ou alguém desprezível. Porque ele mesmo desprezava suas atitudes.
E se pudesse voltar no tempo faria tudo diferente.

***


Ela estava ali havia muito tempo, desde que deixara a sala de Matt.
Estava sentada no parapeito da janela, olhando vagamente para além do vidro, com seus braços envoltos nas próprias pernas, abraçando seus joelhos.
Era difícil esquecer os acontecimentos, era difícil esquecer ele. Porque o perfume dele estava em todos os lugares naquele quarto. Estava no travesseiro dela.
Ela quase caiu do parapeito quando pulou de susto ao ver a porta ser aberta lentamente.
- O que quer aqui? – ela perguntou, com indiferença.
Harry entrou no quarto, viu o por do sol pela janela onde ela estava encostada, mas não a olhou nos olhos.
- Vim pedir que me escute.
- Mais? Acho que aquilo tudo já foi o suficiente por uma vida, não acha?
Ela conseguiu deixá-lo pior do que já estava. Coisa que ele julgara impossível.
- Hermione...
- É melhor parar, Harry. Vou poupá-lo de engolir seu orgulho. – ela falou, o observando. Estranhou o fato dele não encará-la.
- Apenas escute. Por favor. – aquilo era uma súplica, e não um pedido.
- Harry...
- Por favor.
Ela estava magoada, estava ferida, ainda podia sentir as palavras rudes dele ecoar em sua mente. E se não estava chorando naquele momento, era porque, talvez, as lágrimas já houvessem secado.
Então se calou, se ele queria falar, que falasse...
- Só não garanto que vou escutar. – ela disse, com certa frieza.
- Eu só preciso desabafar. – ele falou, depois fez uma longa pausa. – Nada do que eu diga vai mudar o que eu fiz e o que eu disse.
- Que bom que sabe... – ela murmurou.
Harry continuou como se não tivesse havido interrupção.
- Só queria te dizer que eu não queria fazer e dizer nada daquilo. Só que vê-la com ele me deixou cego de raiva, e meu instinto me levou a tirá-la de perto dele e a trazer pra mim.
Ela não deu sinal de que estava ouvindo, mesmo assim ele continuou, fitando o chão. Sua voz estava mais rouca e pesada do que o comum.
- Eu estava me sentindo machucado... Como se você tivesse me trocado por ele. Aquilo doeu em mim, e eu disse aqueles horrores e fiz aquele absurdo para fazê-la sentir ao menos um pouco da dor que eu sentia, queria feri-la, como você havia me ferido.
- Mas não o feri, eu tenho direito de escolha, saio com que quiser, a hora que quiser.
- Eu sei, eu sei. Mas na hora eu não enxerguei nada, além de você e o professor, juntos. – ele voltou a fazer uma pausa, a olhou de relance, ela olhava para o por do sol. – Você me fez uma promessa, você disse que nada nem ninguém a tiraria de mim, e hoje eu senti que estava te perdendo. Você sabe que... Que tenho medo de te perder.
Ela se mexeu incomodada.
- E eu me senti triste e magoado, pensando que você havia quebrado a promessa, assim tão rápido; enquanto eu faço de tudo para manter a minha... Eu tive medo, Hermione, muito medo.
Ele era extremamente orgulhoso, já era um passo e tanto ele estar dizendo tudo aquilo. Ele tinha engolido todo e qualquer orgulho que ainda tivesse.
- Só queria que me perdoasse pelo que disse, e tenho certeza que você sabe que a última coisa que eu faria no mundo é magoar você, eu jamais te machucaria... Eu jamais quis... Eu...
- Vá embora Harry, me deixe sozinha. – ela disse, confusa.
- Mas...
- Você já disse o que queria dizer, e eu já ouvi. Agora me deixe só, por favor.
Ele não argumentou, simplesmente deu as costas e deixou o quarto.
Ela não vira os olhos dele, sequer vira-lhe o rosto direito.
E ela, mesmo sem querer, acreditava nas palavras dele, e sentiu na voz dele que ele estava triste com a situação.
Precisava pensar, ficar sozinha... Falaria com ele depois.

***


Harry não conseguira dormir, logo cedo naquele domingo foi fazer uma visita a Hagrid. Era o único dia que era possível encontrá-lo no castelo, andava muito ocupado trabalhando para a Ordem.
Tomar chá e comer os biscoitos de Hagrid não melhorou muito o humor do rapaz, que se encontrava dentro de seu quarto sozinho, visto que era hora de almoço, pensando no que ele não devia ter feito e nas coisas que ele devia ter falado para Hermione antes de ser expulso do quarto dela. Não esperava que ela simplesmente o mandasse embora daquela forma.
Talvez ele não merecesse perdão. Tentou se colocar no lugar dela... Hermione não poderia adivinhar o que ele estava sentindo, que a vergonha e a tristeza o sufocava constantemente, sem deixá-lo em paz.
Rony entrou no quarto e assustou-se ao ver Harry com uma cara totalmente abatida, como quem tivesse dormido pouco.
- Andou chorando? – o ruivo perguntou, surpreso.
Harry o encarou, teria de contar a alguém, senão explodiria.
- Eu fiz uma coisa muito errada e me arrependo disso até o ultimo fio do meu cabelo. – ele disse, olhando para Rony.
- Dá pra perceber, você está com uma cara péssima. Qualquer pessoa que o olhe vê que está arrasado por alguma coisa.
- Rony... Eu...
- Está apaixonado também? – O ruivo perguntou, animado.
- Não. Eu magoei Hermione.
- Ah, nem me fale nela... Estou chateado por ela ter preferido aquele professor idiota a nós. Eu queria que ela conhecesse Sam. – disse ruivo, se lamentando. – Mas... Por que você está dizendo que a magoou? Isso é impossível, Harry. A última pessoa no mundo que a magoaria é você.
- Sim, eu também pensava isso até ficar cego de raiva ontem ao vê-la com o professor idiota, e inventar uma desculpa para tirá-la de perto dele e arrastá-la para o castelo.
- Você fez isso?
- Sim.
- Ela deve ter ficado brava quando descobriu o porquê que fez...
- Nós discutimos.
- Eu imagino.
- Eu a ofendi barbaramente... Não pude me conter, estava tomado pela raiva...
- Oh, Harry... Não devia ter feito isso...
- Acha que eu não sei disso? – Harry disse, amargo. – O problema foi que vê-la com o professor me machucou, e eu quis machucá-la também...
- Eu sei como é. Foi assim todas as vezes que eu briguei com ela. Eu me sentia um traste, e queria que ela se sentisse da mesma forma, por isso eu a atacava.
- Exatamente. – Harry pausou, meio aliviado por Rony entender do que ele falava. – Mas aí, Cho apareceu no meio da discussão.
- Uuuuuuuuh! – Rony resmungou, arregalando os olhos, sentando-se em sua cama, de frente para Harry.
- E então... Eu beijei Cho para atingir Hermione.
- Ooooooooh!
- As coisas saíram do controle... Eu estava cego de raiva, pensando em Hermione e o professor juntos... E Cho se aproveitou da situação e...
- E...? – Rony incentivou, sem acreditar no que viria a seguir.
- Eu fui tão idiota! – Harry disse, levantado-se, dando um murro no dossel da cama. – Fui um canalha... Eu me arrependo tanto...
- Harry, calma!
- Não dá pra ter calma, Rony! Eu agi de uma forma que eu abomino nas pessoas. Eu fui fraco, me comportei de forma ridícula, fui um tolo cafajeste...
- Acalme-se, tudo se resolve.
- Não. Rony, não resolve. Você não entende? Eu transei com a Cho.
Rony foi tomado pelo choque. Incapaz de dizer qualquer coisa.
Harry deu mais um murro no dossel na cama, neste momento Neville entrou no quarto.
- Pode entrar, Hermione... – disse ele.
Harry virou-se pra porta e viu Hermione parada no portal com a mão estendida, como se fosse bater.
Os olhos dela e os de Harry se encontraram. Os dela se encheram de lágrimas, e ele ficou sem reação.
- A encontrei aí na porta... Acho que ela veio verificar fadas mordentes de novo. – Neville comentou.
- Hermione... – Rony chamou, mas a garota deu as costas e saiu correndo.

****

N/a: Desculpem a demora, minha vida está uma loucura. Eu estou viajando, meu tempo de internet é super curto.

Perdoem-me, por favor.
Agradeço demais todos os comentários. Vocês são demais.

Aproveito para desejar a todos um excelente Natal, com muita paz e alegria pra vocês e suas familias.

Agora, quanto ao capítulo, vocês podem encará-lo como um presente, ou não.



espero comentários.

Beijooooooos.

Amo vocês, demais.

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