O Pesadelo.



Hermione sabia que estava sendo carregada até sua cama, mas não abriu os olhos, se sentia extremamente bem ali nos braços de Harry. O garoto a deitou na cama, a cobriu e acariciou a testa dela com uma das mãos, ela se sentiu maravilhosamente confortável... Ele ficou ali por vários minutos, olhando-a dormir, depois ele virou e foi embora para o quarto do outro lado do corredor. Depois daquilo, ela não conseguiu mais dormir, ficou sonhando acordada.

* * *


Uma tempestade se formava agora, uma chuva forte açoitava as janelas, o vento uivava alto. A água agora invadira todo o quarto de Harry, que dormia com a porta da sacada aberta.

* * *


Harry estava mais uma vez, no nível mais alto de uma série de degraus de pedra, numa sala retangular, que tinha o centro afundado, no fundo do poço havia um estrado, sobre ele um arco de pedra antigo que sustentava um véu preto que esvoaçava levemente. Ao lado do estrado estava Sirius, sorrindo e acenado pra Harry.
O coração do rapaz se encheu de felicidade ao ver o padrinho, ali tão perto, vivo e sorrindo. Harry começou a descer os degraus pra chegar até Sirius, quando chegou na metade da escada disse:
- Vem Sirius, vem comigo... Vamos pra casa... - Harry olhou pro padrinho, que agora parara de sorrir, ele subia no estrado, parecia que ia se jogar para além do véu. - Não Sirius, não faça isso... SIRIUS NÃO... DE NOVO NÃO SIRIUS... NÃO PULE, VENHA PRA CÁ SIRIUS, VENHA COMIGO... NÃO...
Harry foi descendo cada vez mais depressa, tentando chegar a tempo de salvar o padrinho, impedi-lo de cometer aquela loucura.
- PARE SIRIUS, FIQUE PARADO... NÃO FAÇA ISSO... NÃO ME DEIXE DE NOVO... NÃÃOO!
Tarde demais, antes que Harry pudesse terminar de descer os degraus, Sirius se lançara para além do véu. Numa queda lenta e graciosa, ele sumiu e não apareceu mais.
- SIRIUS... SIRUS? NÃO... NÃO... SIRIUS VOLTE... POR FAVOR SIRIUS, VOLTE... NÃO...
Harry berrava o mais alto que podia, queria que Sirius o ouvisse e voltasse, mas não voltou. O rapaz sentiu novamente uma sensação de perda, uma tristeza, um vazio inexplicável dentro de si.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOO!

* * *


- Harry?
Hermione, que estava cochilando, acordou assustada com o grito de Harry, levantou, pegou a varinha e correu para o quarto do garoto. Quando entrou, encontrou metade do quarto molhado pela chuva que entrava pela porta aberta, ela foi até a sacada e fechou a porta e se voltou para Harry. Ela se desesperou com o que viu.
Os lençóis em que Harry estava enrolado estavam molhados de suor, assim como a roupa que ele vestia, uma camiseta tipo regata branca, que estava transparente e uma bermuda azul escura. Ele não parava de gritar, na verdade, ele urrava de dor, como se estivesse agonizando, sendo torturado, parecia preste a morrer. Hermione se desesperou ao ver aquilo, ela foi até a cama, sentou-se do lado dele e disse:
- Harry? Harry, você esta me ouvindo? HARRY!- o garoto não respondeu, só urrava cada vez mais alto. - Harry, fala comigo, por favor, FALA COMIGO! – ela levou a mão até o rosto do garoto e percebeu que ele ardia em febre, o rosto dele pegava fogo – O que eu faço? Pelo amor de Deus, Harry, ACORDA! – ele não parava de gritar, parecia não ouvir nada, só se contorcia. “Deve estar delirando por causa da febre...” pensou Hermione.
A garota foi até o banheiro, encheu uma tigela com água fria, pegou uma toalha e voltou para quarto. Sentou ao lado de Harry, mergulhou a toalha na tigela, torceu-a e colocou-a na testa do garoto. Deixou a toalha lá por alguns minutos, depois voltou a molhá-la na água fria e colocou novamente na testa de Harry. Hermione fez isso por muito tempo, mas a febre não cedia. Ela pensou muito e a única solução que encontrou foi dar um banho de água fria nele, já que não queria incomodar ninguém da Ordem, pois todos deviam estar trabalhando. “Se ele não melhorar até o amanhecer, eu vou ter que comunicar a Ordem...”, pensou ela.
Sem pensar duas vezes, ela sentou Harry na cama e tirou a regata molhada do garoto e jogou-a no chão. Carregou-o até o banheiro, o que foi uma tarefa muito difícil, pois ele era muito pesado pra ela. Sentou o garoto no chão do banheiro e ligou o chuveiro pra que a água morna caísse sobre ele, o deixou lá por alguns minutos. Foi ao quarto, abriu o malão de Harry e apanhou uma camiseta velha, a primeira que ela viu, depois trocou todos os lençóis da cama dele e jogou os que estavam molhados pelo chão. Abriu o guarda roupa, pegou uma toalha e voltou para o banheiro. Harry continuava lá, do mesmo jeito que Hermione o colocara, mas agora parara de gritar, parecia mais calmo, mas ainda murmurava coisas sem sentido. Ela desligou o chuveiro, secou-o e colocou a camiseta seca nele. A bermuda azul do amigo, que já estava molhada de suor, agora estava encharcada, mas ela achou melhor não trocá-la, não queria responder a perguntas embaraçosas quando o garoto acordasse, apenas a secou superficialmente com um feitiço. Carregou-o de volta pra cama (com muito sacrifício!), deitou-o e cobriu-o. Sentou ao lado dele e verificou a temperatura do garoto, tinha dado uma ligeira abaixada.
- Vamos, Harry, você é forte, lute contra essa maldita febre, por favor... Eu não sei o que seria de mim se alguma coisa te acontecesse... – falou ela, passando a mão pelos cabelos rebeldes dele.
Hermione ficou ali, sentada ao lado dele, verificando a temperatura de tempos em tempos. Ficou extremamente feliz ao constatar, horas depois do banho, que a temperatura baixara consideravelmente, ela olhou para o relógio, sobre o criado-mudo: cinco horas da manhã. Ela olhou pela porta da sacada, parara de chover, era possível ver o sol saindo de trás da montanha... Estava amanhecendo, Hermione sequer fechara os olhos, passou a noite velando o sono de Harry, que estava cada vez mais tranqüilo. A garota deitou de frente pra Harry, passou a mão nos cabelos do garoto e fechou os olhos, dormiu instantaneamente.
Harry abriu os olhos, pois sentira alguém passando a mão na sua cabeça. Ele viu Hermione, dormindo, com uma aparência muito cansada, ele se aproximou dela e colocou a cabeça da garota em seu peito, puxou a coberta para cobri-la e ela se mexeu, mas não acordou, apenas se aninhou a Harry, como uma criança carente, pousou uma das mãos no peito de dele, ao lado da cabeça, suspirou e não se mexeu mais. Harry terminou de cobri-la e apoiou a cabeça na da garota abaixo dele, e dormiu de novo.

* * *


- Mione... Mione...?Acorda, já é tarde... – falou Harry, olhando para a amiga deitada nele. De fato, estava bem tarde, eram onze da manhã.
Ela foi abrindo os olhos lentamente enquanto passava a mão no peito de Harry. Quando ela finalmente se deu conta de onde e como estava, ela se sentou em um pulo, assustada.
- Que foi, Mione? – perguntou Harry rindo do susto da amiga.
- O que é que eu estou fazendo agarrada em você? – perguntou ela, mas não tinha uma voz zangada, perecia se divertir com a situação.
- Eu não sei não, a única coisa que me lembro é que te levei pro seu quarto, e quando acordei, lá pelas cinco da manhã, você estava deitada aqui do meu lado, toda encolhida de frio. Eu te puxei mais pra perto e você me abraçou e...
- Ah, Harry, como você está? Como se sente? – perguntou a garota de sopetão, virando-se pra ele toda preocupada, colocando uma mão na testa e outra na bochecha do rapaz.
- E, Mione, vai com calma aí... Não sou eu que estou te agarrando agora...
- Deixa de ser bobo... Como você está se sentindo? – perguntou a garota, ainda com uma das mãos na testa dele.
- Bem... E por que eu não deveria estar bem? – perguntou ele, afastando a mão da amiga e se sentando ao lado dela - Estou me sentindo ótimo... QUE BAGUNÇA É ASSA AQUI?! – perguntou o garoto assustado ao ver os lençóis que estavam na cama jogados no chão e molhados, a regata que ele usara também no chão, toalhas, uma tigela com água... - H-E-R-M-I-O-N-E, o que foi que aconteceu aqui? Por que minha roupa esta no chão? Eu não fui dormir com essa camiseta. – falou ele apalpando o peito – Eu fui dormir com a regata bran... POR QUE MINHA BERMUDA ESTÁ MOLHADA?
- Você não se lembra de nada, Harry?
- Do que é que eu deveria me lembrar?
- Não se lembra de nada, mesmo?
- Do que você está falando?
- Eu, e... Você...
- Você e eu... O que?Afinal, o que é que você veio fazer na minha cama? – perguntou ele, irritado com a situação.
- O que você acha? – respondeu ela com um olhar malicioso. Só pra descontrair já que tivera uma noite difícil resolveu brincar só pra ver a reação de Harry diante da hipótese deles terem passado a noite juntos. Bem juntos.
Harry a olhou, incrédulo. “Como pode? Nós passamos a noite juntos e eu não me lembro de nada?”, pensou ele, desesperado. De repente o garoto sentiu-se nervoso, ali diante de Hermione, eles haviam dormido juntos? “Juntos mesmo? Como um homem e uma mulher?” perguntou-se ele. O desapontamento tomou conta dele, passou a noite com ela e sequer se lembrava da hora que ela entrara no quarto?
Ele acordou de seus devaneios com a gostosa gargalhada de Hermione, que agora se deitara de novo na cama e rolava de rir. Ele ficou mais nervoso ainda com a cena.
- Do que é que você está rindo?
- De... Você... – falou ela, sem ar, de tanto rir.
“O que foi que eu fiz? O que será que aconteceu pra ela rir de mim? Será que eu... falhei?” Ele a olhava, cada vez mais nervoso, ela não parava de rir. “Eu preciso saber o que aconteceu, realmente...”. Ele pulou por cima dela, passando uma das mãos pelo outro lado da garota, seu rosto estava a um palmo do dela, não tinha como ela escapar, estava presa, ele se sustentava apenas pelos braços.
- Harry? Por que você está tão bravo? Sai de cima de mim. – falou ela, tentando conter o riso.
- O que foi que aconteceu? – perguntou Harry, muito sério.
- Nada.
- Nada?
- Nada... Vai dizer que você acreditou que nós podíamos ter passado a noite juntos?
Ele a encarou, ela estava tão perto... Não tinha acontecido nada durante a noite, mas ele queria que acontecesse agora, e ele se lembraria de tudo...
“Opa! Pode ir parando por aí... Eu não quero nada!”, ele pensou, tentando se convencer.
- Então, por que você está aqui? No meu quarto, na minha cama, dormindo comigo? – disfarçou, ele.
- Essa é uma longa história... É melhor você sair de cima de mim, se não você irá cansar seus braços...
- Não saio enquanto você não me contar tudo que aconteceu. – falou ele, firme.
- O.k., mas não diga que eu não te avisei... Eu estava dormindo no meu quarto e ouvi você gritar... – começou, ela falou por vários minutos, ele ouvia a narração com muita atenção, pois não se lembrava de nada. Quando Hermione terminou, chorava como uma criança, desesperada. – Foi isso Harry, aí eu acabei dormindo aqui mesmo, estava morrendo de sono, já eram cinco da manhã e eu não tinha fechado os olhos ainda...
Ela desabou no choro, e ele não entendia o motivo. Harry saiu de cima dela e se sentou na cama, pensativo.
- Por que você está chorando? – perguntou ele, olhando pra ela, que se sentara também.
- Porque eu pensei que você fosse... Ah!
- Não fique assim, Mione, eu estou bem graças a você, te devo minha vida... - disse ele, abraçando-a.
- Eu achei que você não sobreviveria, você gritava tanto, perecia que iria morrer de tanta dor... – soluçava ela no ombro dele.
- Agora está tudo bem, Mione... não se preocupe... – falou ele, no ouvido dela.
Ela o abraçou com mais força e disse numa voz firme:
- Prometa pra mim que você nunca vai me deixar.
- Eu não posso, eu nem sei...
- Prometa.
- Mas Hermione, meu futuro é incer...
- Apenas prometa, Harry!
- Eu prometo. Prometo que nunca vou te deixar, estarei sempre com você... Sempre.
Ele a soltou, e olhou fundo, nos olhos castanhos dela, ela fez o mesmo. aqueles olhos verdes estavam, tão perto... Tão perto... Eles podiam sentir a respiração um do outro. Ele foi se aproximando, cada vez mais...
“Eu não posso, não posso fazer isso, ele é meu amigo... Não!” pensava ela, tentando decidir o que iria fazer, ele estava cada vez mais próximo. Ela virou o rosto e se levantou.
- Eu vou descer para fazer o café da manhã... Fique deitado, e não abra a porta da sacada, para não tomar friagem, eu não quero passar outra noite em claro. – falou ela sorrindo pra ele que estava com uma cara do tipo ‘Não entendi!’. Ela saiu do quarto e ele ficou ali, sentado, no mesmo lugar, sequer se mexera... “Por quê? Por que ela fugiu? Ela me faz prometer que eu nunca vou abandoná-la e foge desse jeito? Ela só pode estar brincando... Passa a noite agarrada em mim, depois finge que nada aconteceu? Chora feito uma criança, com medo de eu morrer, e me larga aqui, na vontade? Eu tenho hormônios, ela acha que eu vou agüentar até quando?”, pensou ele revoltado.
Ele se levantou e foi pro banheiro tomar um banho, ainda revoltado. Uns minutos depois, lá estava Harry, no chuveiro, deixando a água quente rolar pelo seu corpo, enquanto pensava em tudo que tinha acontecido. “Onde é que eu estava com minha cabeça quando tentei beijá-la? Quando pensei em beijá-la? Ela é minha amiga, eu não poderia fazer isso, nem pensar nisso, nem ficar bravo com o fato dela ter fugido... Eu estou enlouquecendo, o que ela deve estar pensando de mim agora? Ela me vê como um amigo... Só um amigo, tentei beijá-la, ela fugiu, e eu ainda tenho a cara-de-pau de ficar revoltado? Ela é que está certa... É só amizade... Nada mais... Mas como eu vou resistir àquele corpo, àquela pele, àquela boca...”, ele deu um tapa em seu próprio rosto, “Como eu posso pensar nisso?Deixa de ser tarado...”, ralhava ele, consigo mesmo.
Meia hora depois Hermione estava subindo as escadas com uma bandeja cheia de guloseimas para Harry, bolos, pães, frutas, suco, leite, café... Ela entrou no quarto e encontrou Harry, apenas com uma toalha enrolada na cintura, procurando alguma coisa dentro do guarda-roupa.
- Desculpa, Harry, esqueci de bater. – falou ela colocando a bandeja em cima da cama.
- Tudo bem... Eu já volto. Vou me vestir. – falou ele, olhando pra ela.
- O.k.. – respondeu ela, olhando pra ele. “Meu Deus! O que é isso?”. Harry já não era mais o garoto magricela de antes, continuava magro, mas agora seu tórax era bem definido, seus ombros eram largos, seus braços musculosos, e sua barriga era de tanquinho. Tinha um corpo perfeito! Ela piscou os olhos, desviou o olhar e foi indo pra fora do quarto.
- Espera aí... Eu me visto no banheiro, fica pra tomar café comigo... – falou ele, indo para o banheiro. Ela se sentou na cama, e esperou, pouco tempo depois Harry entrou no quarto com uma roupa de moletom.
- Nossa! Quanta coisa, Mione... - disse ele, olhando pra badeja.
- Você tem que se alimentar muito bem, se você estiver fraco, é mais fácil ficar doente...
- E você, não vai comer, não?
- Não, obrigada.
- Ah, tá brincando? Eu não vou comer tudo isso sozinho, vai, come também... – falou ele, rindo, e pegando um pedaço de bolo na bandeja. – Que delícia, esse bolo, é de que?
- Chocolate com coco, chama-se prestígio. – respondeu a garota, com a boca cheia de pêssego.
- Onde você comprou?
Ela lançou um olhar mortificante ao garoto, que não entendeu o porquê.
- Fui EU quem fez o bolo. – respondeu ela, pouco zangada.
- Você, Mione?
- Sim, eu!
- Meus parabéns, o bolo está divino!
- Obrigada.
- Mas como você conseguiu fazê-lo tão rápido?
- Alguns feitiços domésticos me ajudaram... – falou a garota olhando desconfiada pra Harry, que devorava o segundo pedaço do bolo.
- Por que você está me olhando assim? – falou ele, de boca cheia.
- Você realmente achou que eu não era capaz de fazer um bolo?
- Não, é claro que não... – defendeu-se Harry.
Os dois riram, e acabaram com toda a bandeja de comida, quando deu uma hora da tarde, eles estavam extremamente satisfeitos.


***

N/a: Espero que tenham gostado e que COMENTEM!!!
Sem comentário não tem atualização.
^^

Parte H² muito em breve!!!!


Bjux.
Paulinha.

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