Eu e você



Matt olhou para seu relógio. Passava da uma da manhã, terminara de ler um livro bastante interessante. Ele acabara de alcançar o terceiro andar da Mansão, seguindo para o seu quarto. Teria que voltar para Hogwarts cedo... Tinha coisas a fazer.
Ouviu um barulho no andar debaixo. Olhou para trás.
Viu Hermione com uma calça de moletom larga e uma simples blusinha de alcinhas atravessar o corredor e entrar no quarto de Harry sem sequer bater. Bichento pareceu zangado pela dona ter fechado a porta em seu focinho e desceu as escadas com seu rabo de escovinha imponente.
O professor ficou ali parado por algum tempo.
O que é que ele estava fazendo?
Tentando começar uma luta por uma causa já perdida?

***


Hermione entrou no quarto de Harry e logo passou seus braços em volta de si mesma. A porta da sacada estava aberta, estava muito frio.
Ela viu Harry de costas pra si, encostado na balaustrada.
Atravessou o quarto e saiu na sacada, o frio gelou-lhe até os ossos visto que não vestia sequer uma blusa.
- Hei... – ela disse, assim que o alcançou.
Ele virou-se pra ela e lançou-lhe um olhar desaprovador.
- Enlouqueceu? Está muito frio. Não percebeu, não?
Ela riu quando ele a abraçou por trás, fazendo-a encostar-se à balaustrada como ele estivera segundos atrás.
Harry a envolveu forte entre os braços e apoiou seu queixo na cabeça dela.
Ela se deixou abraçar. Era bom estar ali, assim, com Harry. Ele se passava uma segurança inexplicável. Enquanto pudesse estar nos braços dele, ela tinha certeza, que ainda havia esperança e havia por que lutar.
Passou seus braços pelos dele, unindo suas mãos.
- Estava te esperando. – ele disse.
- Achei que te encontraria dormindo. Foi um dia cheio.
- Justamente por isso eu estava te esperando. – ele disse, com graça.
Hermione riu.
Eles ficaram algum tempo em silêncio, até que a garota decidiu rompê-lo.
- Está na casa de Helga Hufflepuff. – disse, com simplicidade.
- O que? – ele indagou, sem entender sobre o que ela estava falando.
- ‘De volta as origens’. A taça era de Helga. Ela voltou ao lugar aonde pertencia, as origens... A taça está no porão da velha casa de Helga.
- Mas... Seria um tanto quanto óbvio não? – Harry falou, apertando os braços envolta dela.
- Não. Não seria. Quem roubaria a taça e a levaria de volta para o lugar de onde saiu? – Hermione disse, começando a animar-se com a nova perspectiva. – A casa de Helga, era uma velha mansão, está abandonada desde sua morte. Não é freqüentada, é mantida intacta, como uma lembrança de uma das fundadoras de Hogwarts. Mas é lacrada. Ninguém tem acesso, parece que a casa se lacrou quando ela morreu.
- Como sabe?
- Eu li Hogwarts, Uma História. – ela disse, com um sorriso.
- Certo. Supondo que a Horcrux esteja lá. Se a casa está lacrada não poderemos entrar certo?
- Errado. – Hermione disse, triunfante. - Você viu o que ele fez? Ele usou o sangue da Hepzibah pra proteger a Horcrux.
- Sim... E daí?
- Isso quer dizer que só um descendente poderá pegá-la, não é obvio Harry? Hepzibah Smith era descendente de Helga. Usar o sangue dela para proteger a Horcrux deixa bem claro que a única pessoa que poderá quebrar aquela barreira é um verdadeiro descendente de Helga Hufflepuff.
Harry se calou sob tal perspicácia. Hermione era surpreendente. Quando o enigma parecia impossível, ela o desvendava sem o menor esforço.
- Isso quer dizer que... – Harry começou.
- Se quisermos pegar essa Horcrux, teremos que levar Zacarias conosco! – ela concluiu. – Isso é, se ele for mesmo descendente da velha Hepzibah.
- Ora, ora... Missão impossível a vista, Senhorita Granger. – ele disse, rindo.
- Por Merlim! Põe impossível nisso! A chance de Zacarias nos acompanhar é de uma em um bilhão.
- Vamos ter que dar um jeito. Nem que...
- Não! Harry. – ela disse, em tom de advertência. – É ilegal, você sabe disso.
- Mas em último caso...
- Esqueça. – ela disse. – Não precisaremos disso. Faremos do impossível algo mais possível do que podemos imaginar. Pegaremos essa Horcrux. Nós vamos conseguir.
Eles voltaram a cair num silêncio confortável.
A noite, apesar de fria, estava bonita. Muito estrelada. E a lua era apenas uma fina linha no céu.
- Preparada para conhecer a namorada do Rony? – Harry perguntou, rindo.
Oh, não!
Esquecera-se completamente que tinha prometido a Rony que iria a Hogsmeade com ele, Harry e Samantha, para conhecê-la.
- Eu... – ela optou por não dizer nada por enquanto. Tinha a leve impressão que quebraria toda a magia gostosa da noite que eles haviam criado até ali, se dissesse que sairia com Matt. – Eu acho que estou.
- Ele está feliz. Está realmente apaixonado.
- Ah, isso é notável. – ela disse, com certa aversão. Harry riu.
- Alguma coisa contra?
- Ele está... Anormalmente aéreo. Isso está começando a afetá-lo de forma preocupante.
- Ele está apaixonado! – Harry disse, achando graça.
- Você nunca ficou num estado tão... Deplorável.
- Talvez porque eu nunca tenha me apaixonado. – Harry respondeu.
- Ah, Harry... Por favor!
- Certo... Certo... Apaixonado talvez sim. Coisa passageira. – ele disse, maneando a cabeça. – Mas nunca gostei de alguém de verdade, como Rony está gostando dela.
- Você quer dizer... Amor? – ela indagou, em voz baixa.
- Sim.
- Oh, meu Deus! Isso é... Bizarro. – ela disse, caindo numa gargalhada gostosa, virando-se para ficar de frente de Harry. Encontrando-se entre ele e a balaustrada. – Rony... Amando?
- Nunca ouviu dizer que os brutos também amam? – Harry disse, rindo com ela.
Eles voltaram a ficar em silêncio.
Até Hermione fitá-lo e encontrar os olhos verdes dele a observando.
- Eu... Eu me sinto tão feliz por ele. – ela disse, baixo. – Ele merece ser feliz, muito feliz. Eu espero que ela seja boa o suficiente pra ele. Apesar de tudo, Rony é uma pessoa maravilhosa. Cometeu erros graves, mas... Quem não os comete?
- Também quero que ele seja feliz. – ele disse, sem deixar de olhá-la. – Quero que você seja muito feliz.
O comentário a pegou de surpresa. Mesmo assim, sorriu, colando seu corpo no dele para manter-se aquecida.
- Não importa o que aconteça, Mione... Não importa o que aconteça nessa guerra... Não importa o que aconteça comigo ou com os outros. Quero que me prometa que irá buscar sua felicidade...
- Não fale assim, Harry... Não quero pensar... – ela baixou os olhos, encostando a cabeça no peito dele. – Não quero pensar que posso ficar sem você.
- Você nunca ficará sem mim. – ele disse, fazendo-a encará-lo. – Sabe que não importa onde eu esteja, como eu esteja... Nós estaremos sempre juntos. Eu te prometi isso, não vou deixar de cumprir.
Os olhos dela brilharam.
- Como poderei ser feliz sem você ao meu lado? Para me aquecer quando estiver frio? Ou para me acordar de madrugada com idéias malucas?
Eles sorriram.
- Eu estarei sempre aqui... – ele murmurou, tocando-a com uma das mãos, na altura do coração dela. – Sempre com você...
- Sempre juntos. – ela disse, colando sua testa na dele.
O nariz dele roçou no dela, o choque térmico foi sentido. Ela sorriu levemente, enquanto ele enlaçou a cintura dela com força, fazendo-a ficar na ponta dos pés.
- Eu... Adoro você. – ele sussurrou, fechando os olhos a contento enquanto seu rosto perpassava o dela, provocando um contato delicado, que fez com que ela suspirasse. – Prometa pra mim, que não importa o que aconteça comigo...
- Eu não vivo sem você. – ela sussurrou em resposta, no ouvido dele.
Hermione pôde senti-lo arquejar contra si, a respiração dele ficou difícil.
Estava começando de novo... Eles não podiam evitar.
- Não diz isso... – ele murmurou, quase inaudível, era tudo que ele precisava ouvir para perder o pouco de consciência que lhe restava. Não podia passar do limite. Tinha que ter cuidado com o que estava fazendo. Precisava manter-se são.
Harry correu seu rosto pelo dela lentamente, sentindo a pele fria dela roubar o calor da sua.
Ela permanecia presa nos braços dele, sem vontade nenhuma de sair dali. Sentiu ele ir descendo para o seu pescoço, e tudo aquilo estava indo além do que deveria.
Harry não conseguiu frear, agindo por impulso, beijou a curva do pescoço dela lentamente, pôde sentir as unhas dela cravarem em seu peito, onde estavam apoiadas.
- Harry... – ela disse, com voz rouca e baixa. Sua respiração estava descompassada. – Harry...
- Também não vivo sem você. – ele sussurrou. E toda a pele dela se arrepiou, e Harry teve certeza que não era por causa do frio.
Pronto.
Agora ela não conseguia mais controlar nada. Nem pensamentos, nem ações.
E como se alguém o tivesse cutucado, ele abriu os olhos de repente e a ergueu, tirando os pés dela do chão, começou a caminhar lentamente. Ouviu-a rir, a fitou.
- O que pensa que vai fazer? – ela perguntou, ligeiramente nervosa com a resposta que viria.
- Vou te pôr pra dormir. – ele respondeu com um sorriso doce.
A carregou até entrarem no quarto, pegou-a nos braços e a deitou na cama. Deitando-se ao seu lado, em seguida.
As luzes estavam todas apagadas, e toda a claridade que se tinha era fornecida pela pouca luz da noite que entrava pela porta da sacada.
Ela se aninhou a ele, enlaçando suas pernas nas dele e respirou fundo, parcialmente feliz.
‘Alguém entre nós dois tem que ter juízo, não?’, ela pensou.
E aquela fora a vez dele quebrar a conexão.
Que estava cada vez mais forte, diga-se de passagem. A qualquer momento seria impossível de ser quebrada. Aí tudo iria se tornar uma grande confusão.
Ou não.’, ela ponderou.
Qual é? O que ela estava pensando? “Harry, amigo. Harry, amigo. Amigo, amigo, amigo...”, ela repetia sem parar em seus pensamentos, era quase cômico a forma usada para tentar se convencer.
Harry pegou uma das mãos dela e enlaçou na sua levemente, de forma que pudesse movimentar seus dedos entre e com os dela.
Ficaram algum tempo olhando para suas mãos juntas, tocando-se levemente, como se estivessem se conhecendo. Passaram longos minutos assim, em silêncio.
Até que Hermione decidiu quebrá-lo.
- Eu entrei na mente de Malfoy aquele dia. – ela disse, com simplicidade.
Harry pareceu refletir sobre isso, sem quebrar o contato com ela.
- Você o fez por que quis?
- Não exatamente. Eu queria fazê-lo, mas não sabia como... De repente, eu estava irritada com ele e o encarei nervosa. Simplesmente aconteceu. Não sei como, mas aconteceu.
- Foi assim comigo também, na noite que entrei na sua mente. – ele falou, calmante.
- Eu vi Malfoy encontrando a lista. Voldemort o pegou no momento que ele ia tocá-la. Vi a raiva dele, o castigo que aplicou em Malfoy. Foi horrível... – ela disse em voz baixa.
- Eu sinto muito que tenha visto.
- Como você conseguiu agüentar por todos esses anos? Essas visões terríveis? – ela perguntou, sem desviar olhar das mãos juntas.
- Acho que acabei me acostumando. Foi bom algumas vezes... Outras não... Preciso aprender a lidar com isso.
- Eu disse que daria um jeito. Não se preocupe. Nós aprenderemos a lidar com isso. – ela falou, confiante.
Eles voltaram a mergulhar no silêncio. Mas dessa vez foi Harry que o quebrou.
- Como foi encontrá-lo de novo? Malfoy...
- É como se ele despertasse todas as coisas ruins que há dentro de mim. Senti ódio, raiva, repulsa... Por um momento eu quis matá-lo com minhas próprias mãos. – ela disse num tom como se pedisse desculpas e tivesse envergonhada por tais coisas. – Ele está horrível, Harry... Quase irreconhecível.
- Sentiu pena?
- Não.
- Acha que ele está arrependido?
- Não. Só acho que pra ele é conveniente estar conosco. É seguro pra ele.
- Você não chorou. – ela notou que não era uma pergunta.
- Não.
- Você foi incrível. – ele sussurrou no ouvido dela, unindo a ponta de seus dedos. – Você é incrível.
Ela não disse nada. Simplesmente por não sabe o que dizer.
Somente inclinou um pouco a cabeça e deu um beijo no fim do pescoço dele, rente a garganta. Ele riu.
- Só estou agradecendo... – ela murmurou.
- Forma estranha de agradecer. – ele disse, ainda rindo.
E mais alguns minutos passaram em silêncio, e Hermione tornou a quebrá-lo.
- Você pensa como vai ser... Depois do fim da guerra?
- É estranho imaginar um ‘viver’ sem guerra.
- Se sobrevivermos a ela, quero morar numa bela cobertura em Londres e passar o resto dos meus dias trabalhando e comprando livros novos.
- E recebendo seu melhor amigo na sua casa, e dormindo junto com ele, porque depois de tantas noites juntos você me deixou mal acostumado.
- É... talvez. Só se você for um bom menino.
Ele sorriu.
- Estaremos juntos, mesmo depois do fim, não é? – ele indagou, com insegurança na voz.
- É claro que estaremos.
- Tenho medo de... te perder... – ele disse, num sussurro. Te perde pra outro homem seria a colocação mais correta da frase, algo dentro da cabeça dele salientou.
- E por que você acha que me perderia?
- Eu não sei... Só tenho medo. – ele disse, como uma criança.
Ela virou-se, debruçando-se parcialmente sobre o rapaz, deixando sua face sobre a dele, enquanto mantinha o contato entre as mãos juntas, agora, apoiadas sobre o colchão.
- Nada vai me tirar de você. – ela sussurrou, olhando-o de forma penetrante, Harry podia sentir as palavras dela, enquanto ela ora lhe acariciava a testa, ora lhe afagava os cabelos desalinhados. A ponta dos dedos dela brincava com os seus. – Nada, nem ninguém.
- Mio... – ele começou, levando uma das mãos ao rosto delicado dela. Mas ela o interrompeu tocando seus lábios com o dedo indicador, fazendo-o se calar.
- Isso é uma promessa.
E ela o viu sorrir, aquele sorriso que ele só sorria quando estava com ela. Meio aliviado, com extrema felicidade, como uma criança sem esperanças que vê um mundo de sonhos ser colocado a sua frente.
E ele quis dizer “Eu amo você.”, naquele momento. Mas não saiu. Simplesmente não saiu.
Meu Deus! Ele nunca estivera tão certo em toda sua vida. E essa certeza simplesmente não lhe escapava pelos lábios.
E ele quis beijá-la. Mas a possibilidade de fazê-lo lhe pareceu impossível.
Tudo aquilo que passava pela mente dele no momento parecia impossível. Não podia ser verdade. Ele trataria de convencer-se disso.
Hermione viu algo diferente perpassar nos olhos dele com rapidez, e ela não conseguiu definir o que era. Isso a intrigou. Ela sempre sabia, bastava olhá-lo nos olhos.
A mão protetora dele lhe acarinhou a face com delicadeza e carinho. Ela sorriu levemente fechando os olhos sob o gesto.
- Ainda que eu pudesse te ter pra sempre... O pra sempre não seria o suficiente.
Naquele momento tudo parecia tão perto, mas tão inalcançável.
Ela o fitou, e viu sinceridade nos olhos dele.
As palavras dele tinham o poder de amedrontá-la, pois ela sentia que eram totalmente verdadeiras. E ao mesmo tempo a confortavam de uma forma inexplicável. Ele nunca a machucaria.
Ele via ternura, carinho e cumplicidade nos olhos dela. Aquela cumplicidade que só os dois tinham. Ele podia jurar que via amor também... Mas que era ele pra entender de tal coisa?
A viu aproximar-se de si e beijar-lhe a testa demoradamente. Ele fechou os olhos.
Aquele era um daqueles momentos que nada importava, eles tinham a certeza de ter um ao outro e pouco lhes interessava o mundo lá fora.
Era sincero e doce.
Ela foi escorregando o rosto lentamente pelo dele, causando um contato que lhes produzia arrepios. Até que seus narizes se tocaram, assim como suas testas.
- Pelo resto dos tempos... – ela sussurrou com sua boca rente a dele. – Eu e você.
A mão dela apertou a dele com força quando a porta foi atingida por batidas desesperadas.
- Potter? Acorde! – gritou alguém do outro lado, com urgência e nervosismo.
Harry olhou para Hermione com apreensão, ela se sentou na cama dando espaço para ele levantar.
Harry o fez e caminhou apressadamente para a porta, Hermione o seguiu com o olhar amedrontado.
- Professor? – Harry disse, confuso, ao ver Matt na porta, lívido, com roupas de dormir.
- Eles voltaram Potter, houve gente nossa que foi morta... Todos na cozinha agora. – ele disse, com pressa.
Hermione gelou ao ouvir as palavras do professor, sem se conter, levantou-se e parou ás costas de Harry, colocando uma das mãos sobre seu ombro.
- Gente nossa? Morta? – ele repetiu, incrédula.
Matt apenas assentiu.
Hermione perdeu a cor.
- Vamos descer, meu anjo. – Harry murmurou, sem saber exatamente como agir.
Matt saiu em passos rápidos, Harry viu a professora McGonagall apertar o passo para se unir ao filho no corredor, fechando seu robe de tecido escocês.
Hermione saiu do quarto e parou no corredor esperando por Harry, mas este voltou a entrar no quarto e segundos depois saiu, carregando uma blusa sua, de lã e zíper na parte da frente.
Ele jogou a blusa nos ombros de Hermione e tomou a mão da garota, seguindo pela escada.

Eles entraram na cozinha, que estava anormalmente silenciosa, nem o fogo na lareira crepitava com seus costumeiros ruídos.
Hermione vestiu as mangas da blusa de Harry, apertando-a contra seu corpo, enquanto ele parecia meio sem rumo.
Sentaram-se em cadeiras vazias, estavam todos ali, a cozinha lotada de gente, e nenhum barulho era ouvido.
- Conseguimos libertar Ted, ele está bem ferido, mas ficará bem. Havia nove comensais, estavam-no mantendo preso na casa de trouxas, de um casal que foi encontrado morto na semana passada. – disse Quim, numa voz quase solene. – Eles têm feito muito isso... Matam os trouxas e usam suas casas como esconderijos. Há várias delas sendo usadas como cativeiro, mas nós nunca conseguimos chegar até os reféns, quando estamos bem perto eles mudam, há muitas casas disponíveis, visto que eles tem matado uma quantidade grande de trouxas.
- Quem foi que...? – começou a Sra. Weasley, que estava branca e tremia anormalmente.
Hermione correu os olhos pelo lugar, sentiu falta de uma pessoa, sentiu seu coração apertar.
- Edwards. Malfoy o matou. – disse Moody, com pesar na voz. – Morreu como um herói, o garoto... Malfoy matou o pai dele semanas atrás, ele me procurou para entrar na Ordem querendo lutar, para vingar a morte do pai.
- E a mãe dele? – perguntou Rony.
- Edwards era órfão de mãe, ela morreu no parto. Foi criado pelo pai e tinha um vinculo muito forte com ele. Foi um golpe duro pro rapaz perder o pai, ele ficou sedento por vingança. – explicou a professora McGonagall, fungando.
Hermione sentiu seu corpo tremer, Edwards não merecia um fim como esse, ainda era tão jovem.
- Onde ele está? – ela perguntou, com a voz embargada, envolvendo seu corpo com os próprios braços.
- Estamos cuidando de tudo. Ele será enterrado em Godric’s Hollow, ao lado do pai, e onde morou desde pequeno. – disse Lupin, extremamente abatido.
- Quando será? – Harry perguntou. Ele se sentiu mexido com a história até então desconhecida de Edwards. Ele perdera os pais por culpa de Voldemort, e tudo que queria era vingança. Exatamente como ele, o próprio Harry. Suas histórias eram muito parecidas, ele entendia perfeitamente os sentimentos e a dor que Edwards carregava com ele.
- Esqueça, Harry, você sabe muito bem que seria arriscado demais aparecer em Godric’s Hollow assim...
- Não me importo Lupin. Edwards morreu lutando pela mesma causa que eu, e pelos mesmos motivos. Eu sei muito bem o que ele estava sentindo, eu sei do sofrimento e dos pensamentos dele. Eu vou ao enterro, não me importa o que digam.
- Eu também vou. – disse Hermione, secando algumas lágrimas que escorriam silenciosas em seu rosto. Bichento pulou em seu colo, e ela coçou atrás das orelhas dele por algum tempo.
Um murmúrio começou a correr pela cozinha, muitas pessoas dizendo que queriam ir, prestar suas ultimas homenagens ao jovem.
Alguns minutos se passaram mergulhados naquele burburinho fúnebre e melancólico. As pessoas pareciam extremamente abaladas, como se fosse um tapa dado na cara, que as fez acordar pela realidade. Todos surpresos, chocados e apreensivos.
Hermione se levantou silenciosamente, colocando seu gato no chão, e olhou em volta. Viu a Sra. Weasley e Rony abraçados fortemente, ela chorava como uma criança. Gui e Fleur permaneciam juntos, em um canto, ambos com uma das mãos sobre a barriga pouco saliente da loira, que chorava silenciosamente.
Saiu da cozinha lentamente sem dizer nada a ninguém, lágrimas quentes lhe banhavam o rosto e ela se sentiu desprotegida.
Estava tudo real e palpável demais.
Precisavam fazer alguma coisa. Precisavam acabar com isso.


Harry entrou em seu quarto meia hora depois, mergulhando no escuro frio e silencioso. Se sentia abatido e impotente. Edwards fora mais um... Mais um morrera lutando por uma causa quase impossível.
Ele acenou a varinha levemente, fazendo a porta da sacada se fechar, sentindo-se amargamente triste. Viu de relance um vulto sobre a cama. Hermione estava ali, deitada de costas pra ele, encolhida.
Apanhou algumas cobertas e jogou sobre a cama, deitando-se logo em seguida.
Abraçou-a por trás, colocando seu rosto sobre o dela, colando suas bochechas. As mãos dela apertaram a dele e nada foi dito.
Eles apenas ficaram em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos, sem conseguir, de fato, dormir.

***

N/a: Genteeeeee!!!
Vamos comentar porque isso aqui anda muitoooo desanimado.

Sem comentários não att, vocês, sabem.

Para a alegria de você, devo informar que a fic ganhou mias uma capítulo no final, porque eu simplesmente não consigo parar de escrever.
E está muito bom, na minha modesta opinião.

ahsuhasuhaushuahsuasuhasuhausas


COMENTEEEEEEEEEM!!!

Obrigado pelos comentários do último capítulo.
Como vocês sabem, tô sem tempo, mas, em breve, eu os responderei [assim espero].

Alguém perguntou no que eu trabalho, vou responder bem resumidamente: faço o suporte entre a secretaria e o laboratório do CNA [escola de idiomas], perto da minha casa.


Beijooo, amo vocês.














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