Terrível.



N/a: Não sei porque escolhi esse nome pro capítulo, mas, de qualquer forma, o nome tem uma inspiração. Sua cara, Fael.

- - - - -

- Com licença, professora. – disse Hermione parando a entrada da Torre de Astronomia. – Desculpe-me pelo atraso, estava tirando algumas dúvidas com o Prof. McGonagall.
- Tudo bem Srta. Granger é a primeira vez em sete anos! – disse a professora sorrindo amigavelmente.
A garota entrou e procurou os dois amigos.
- Por que demorou tanto? – perguntou Rony, irritado.
- Já disse que estava tirando algumas dúvidas. – respondeu ela, bem mais animada do que estivera durante todo o dia. Suas bochechas estavam coradas, sinal de que tinha corrido para chegar até a Torre.
- E quantas dúvidas você tinha? – perguntou o ruivo, mais uma vez, com os olhos arregalados.
- Pare de interrogá-la. – disse Harry, rindo do amigo. – Ela ainda deve estar tonta com o interrogatório que acabou de fazer ao coitado do professor.
Hermione riu.
- Por que coitado? – questionou Rony.
- Porque Hermione o odeia. – disse Harry, com simplicidade.
- Eu não o odeio! – disse ela, parecendo ofendida.
- Você o odiava no começo da aula dele hoje! – disse Harry, incrédulo.
- Eu não o odiava, só não gostava muito do jeito dele. E... Eu não o conhecia.
- Agora você conhece? – perguntou Rony, parecendo bem zangado agora.
- Vocês três, poderiam fazer a gentileza de me deixar começar a aula? – perguntou a professora na frente deles.
Os três abaixaram a cabeça e murmuraram em uníssono:
- Desculpe.
As aulas de Astronomia daquele ano seriam com a Corvinal, mal para Harry que teria que suportar a presença de Cho. Logo na primeira aula onde foi preciso formar duplas para uma pequena revisão ela fez de tudo e conseguiu convencer a professora a colocá-la como par de Harry. Ele protestou, mas não teve chance.

- Pode me ajudar com isso? – perguntou Cho, com voz melosa, segurando um bloco de Mapas Estelares que eles tinham que examinar.
- Não. Você pode segurá-los sozinha. - ele respondeu, com rispidez.
- Somos uma dupla. – ela afirmou docemente, ignorando a irritação dele.
- Não Chang. Não somos. Não te considero minha dupla. Preferia estar em qualquer outro lugar do mundo, à aqui com você.
- Mas eu sou sua dupla, Harry. A professora quis assim. – ela continuava com uma voz meiga, o que deixava Harry mais nervoso.
- Não Chang. Ela não quis assim. Você a venceu pelo cansaço, de tanto que insistiu.
- Seu senso de humor é incrível, Harry! - ela disse rindo de maneira infantil, fazendo Harry chegar ao seu ápice da irritação.
- Cala a sua boca!
- Não seja ruim comigo, Harry... – ela falou, passando uma das mãos pelo braço dele. Harry se esquivou bruscamente.
- Conhece aquele ditado, “Antes só do que mal acompanhado”? Ele se aplica totalmente a essa nossa dupla. - ele falou, com raiva, atirando suas coisas dentro da mochila.
- Deveria se aplicar a você e a sangue ruim também. – ela disse num sorriso desafiador. – Você é areia demais para a carroça dela.
Harry sentiu seu sangue ferver.
- Sabe, Chang, você pode falar o que quiser, sabe por quê? – ele falava baixo, com a irritação transbordando pelos poros. – Porque você nunca vai chegar aos pés dela. E se quiser, um dia, deixar de ser essa criatura medíocre e mesquinha que você é, tome Hermione como exemplo. - ele sibilou. - E nunca mais a chame de sangue ruim. Se há um sangue aqui que não presta, é o seu! Você deveria beijar o chão que ela pisa, pois ela sim é uma mulher de verdade.
Ele a olhou de cima abaixo com nojo, jogou a mochila nas costas e saiu em direção as escadas da torre.
Hermione, que era par de Lilá, nem escutava o que a menina falava, estava numa mesa logo atrás de onde Harry estivera. Acompanhou tudo que acontecera, e ouvira cada palavra que Harry dissera.
- Cadê o Potter? – a professora perguntou, quando passou pela mesa, onde só estava Cho, com cara de paisagem.
- Se sentiu mal e saiu professora, pediu para que eu avisasse. – disse Hermione, de maneira ágil.
- Se sentiu mal? Sequer me avisou?
- Estômago, sabe como é... Não dava tempo. - ela falou, fechando seu livro. – Posso ir atrás dele, professora? Talvez esteja precisando de ajuda.
- Claro, claro... Vá e diga que estimo as melhoras.
- Obrigada, professora.
- Mione? – Rony chamou.
- Preciso ir Rony. – ela falou jogando a mochila no ombro.
- Mas...?
- Depois Rony. Depois pego a lição com você.
Ela saiu correndo, desceu as escadas da torre e seguiu em passos rápidos pelo corredor.
- Onde ele está? – ela se perguntou, olhou no relógio, quatro e meia da tarde. Correu até o salão comunal, olhou em volta, não o viu. Decidiu subir as escadas do dormitório, não haveria ninguém lá além dele, todos estavam em aula.
Ela chegou à porta, estava entreaberta, ela empurrou. Harry estava deitado em sua cama, com as mãos sob a cabeça, de olhos fechados. Hermione pôde perceber que ele ainda estava nervoso, por causa respiração dele.
Ela entrou e fechou a porta, sem fazer barulho, caminhou até a cama e se ajoelhou. Olhou-o e sorriu, podia ver uma barba rala crescendo naquele rosto que um dia fora de um menino que não sabia quem era. Hermione levou a mão ao rosto dele e o acariciou, ele abriu os olhos, assustado. Virou a cabeça e a encarou, ela inda sorria.
- O que está fazendo aqui?
- Vim te ver. – ela disse, simplesmente.
- Mas... Você devia estar na aula... - ela não abandonaria uma aula, assim, por qualquer coisa.
- Preferi vir aqui.
- Mas, o que...? – ele estava ficando assustado.
- Ouvi sua discussão com a Cho.
- Ah! É isso...
- É sim. Ouvi tudo. – ela ficou séria.
- Tudo? – ele questionou, sem saber como reagir.
- Tudo. – ela afirmou, ainda acariciando o rosto dele.
Eles se encararam por alguns instantes.
- Hum...
- Obrigada por me defender, Harry. – ela disse sorrindo. – Agora quanto ao resto, sei que você só falou para intimidá-la ou uma coisa assim.
Ele ficou surpreso.
- Você enlouqueceu?
- Não!
- Parece. Acha que tudo o que eu disse foi da boca pra fora?
- Ah, Harry... – ela disse, meio desconcertada. – Você, meio que forçou a barra. Sabe... Beijar o chão que eu piso...
- Ela devia se curvar toda vez que você passa por perto. – ele falou, se sentando. – Ela não vale nada. É uma...
- Harry!
- Nada do que eu disse foi da boca pra fora Mione. Você sabe disso, só finge que não vê. Sabe que eu te admiro por tudo que você é e por tudo que você faz. Sua força, sua garra, sua determinação, sua inteligência. Sabe Mione, você é a segunda mulher que eu mais admiro.
- Ah, é? – ela falou, meio envergonhada.
- Só perde para Líliam Potter. – ele falou, sorrindo.
Perder apenas para Líliam... Hermione percebeu naquele momento que ocupava um lugar bastante importante na vida dele. Sabia que era importante, mas perder apenas para mãe dele... Ela sentiu algumas lágrimas se formarem em seus olhos.
- Hei... Que foi? Disse alguma coisa errada? – ele perguntou, vendo que ela estava prestes a chorar. Ela sorriu.
- Ah, Deus! Eu... Eu adoro você... – foi tudo que ela conseguiu dizer, antes de uma onda de lágrimas que vieram.
- Mione... – ele a puxou e a fez sentar na cama. – Por favor, não chore. Era pra ser uma coisa legal, um... Elogio...
Ela sorriu ainda mais.
- Eu sei... Mas... Harry? Líliam é sua mãe, e eu sou só...
- Já que não tenho mais minha mãe, você é a pessoa mais importante da minha vida.
Ela desabou em choro.
- Isso é TPM, de novo? – ele perguntou sorrindo. Ela abanou a cabeça. – Nós homens, nunca vamos entender as mulheres... Quando elogiamos, elas choram; quando brigamos, elas choram também... Qual é o problema de vocês?
Ela riu. Ele encostou-se aos travesseiros e fez um sinal para que ela se juntasse a ele.
Hermione se ajeitou deitando a cabeça no peito dele.
- Eu sei que foi um elogio. – ela falou, depois de se recompor. – Foi... Ah, Harry, acho que não poderia ser melhor.
- Uau... Me deixou mais aliviado agora. – ele disse, brincando. – Achei que quando parasse de chorar, me mataria.
- Por que te mataria?
- Por que disse que você é uma mulher incrível, como a minha mãe. – ele falou, como se fosse óbvio.
- Por que eu te mataria? Sua mãe é realmente incrível, tenho muita admiração por ela.
- É que a maioria das garotas não gostam desse tipo de elogio sabe... Dizer que ela é como a mãe...
Hermione riu.
- Ficou com medo que eu não gostasse de ter me comparado com sua mãe? Logo sua mãe, Harry?
- Sei lá... Vai saber...
Ela ergueu a cabeça e o encarou.
- Sua mãe é a mulher mais incrível e determinada que eu já tive o prazer de ouvir falar. A admiro muito, mesmo sem conhecê-la, porque o que ela fez por você, só uma mulher de verdade faria. Além de uma grande mulher, foi uma grande mãe. E você não sabe como eu agradeço por ela ter colocado você no mundo... – ela completou sorrindo. Agora foi Harry que sentiu seus olhos se enxerem de lágrimas. Não sabia que Hermione admirava tanto sua mãe.
- Mione... Quer acabar comigo?
- Por quê?
- Acho que você me deixa muito sensível... – ele disse sorrindo, depois a olhou, maroto. – Ou estou de TPM...
Hermione caiu na gargalhada.
- Você é terrível, sabia?
- Ah, sabia sim, e você adora esse meu jeito terrível de ser.
- Detesto admitir, mas eu adoro. Adoro mais que deveria.
Ele riu.
Passaram o resto da tarde conversando. Falaram sobre a garota nova, como McGonagall se sairia na direção, já que parecera meio nervosa com isso, quando haviam falado com ela. O assunto passou pelo professor McGonagall também. Harry achou estranha a mudança repentina de opinião de Hermione, quanto a ele, mas não disse nada.
- Mione? – Rony entrou no quarto e se assustou ao vê-la ali.
- Ah, me esqueci da hora. Eu não devia estar aqui. Eu nem posso entrar aqui.
- Vocês cabularam?
- O que? – ela perguntou.
- Vocês cabularam. Cabularam a aula de Astronomia!
- Não!- Hermione negou, mas se fosse analisar, ela realmente tinha cabulado. Matado a aula.
- Bem... – Harry começou, mas parou quando Hermione lhe lançou um olhar ameaçador.
- Culpa sua Harry! – ela falou, brava, se levantando.
- Não! Claro que não. Eu não pedi para vir atrás de mim.
- Mas, eu pensei que... – ela o fitou. – Que idiota, que idiota. Eu vim até aqui pensando que ajudaria... Você realmente não pediu para eu vir atrás de você, eu que vim, porque pensei que estivesse precisando...
Rony pegou uma toalha e entrou no banheiro, não estava a fim de presenciar mais uma discussão.
- Hermione... - Harry disse, rindo. – Não seja boba...
- Agora eu sou boba... – ela disse, contrariada, seguindo em direção a porta.
- Mione. – disse ele, segurando o braço dela, fazendo-a virar pra si. – Não quero que saia daqui achando que eu não gostei de ter sua companhia.
- Mas...
- Eu adorei. Você chorou, me fez chorar. Rimos, falamos de tudo e de todos, foi uma tarde maravilhosa, Mione. Agradeço por você ter vindo, por ter largado a aula só pra vir me ver, por não ter me deixado aqui sozinho, depois que viu que eu estava bem. Obrigado.
- Ah Harry... – ela sorriu e lançou seus braços no pescoço dele. – Eu que agradeço.
Ele ficou um tempo em silencio, depois disse, se divertindo.
- Mas nós realmente cabulamos!
Ela se soltou dele e deu um tapa em seu braço.
- Eu sei! Eu sei! – ela falava, estapeando o braço dele.
- Para! Está doendo!
- Merlim! Eu cabulei. – ela falou, baixo, encolhendo os ombros.
- Foi divertido...
- Esse é o pior, foi divertido!
- Ainda estão brigando? – perguntou Rony, saindo do banheiro com uma toalha na cintura.
- Acho que já acabamos não é, Mione? – ele falou, rindo da cara dela.
- Acho que sim. – ela falou, derrotada. – Melhor eu sair antes que os outros garotos cheguem.
- Te vejo no jantar, sua aluna perversa e inconseqüente. – Harry falou dando as costas para ela. Sentiu uma força puxar seu tornozelo, de repente, viu-se pendurado no ar, de ponta cabeça.
- Nunca mais diga que sou perversa e inconseqüente. – Hermione falou, rindo dele, que parecia bem assustado.
- Mione, me tira daqui.
Rony dava gargalhadas. Era sempre Harry que pegava os outros desprevenidos, hoje foi a vez dele.
- Você ainda não me viu sendo perversa e inconseqüente. – Hermione sibilou na cara dele e deu as costas. Antes da porta bater, Harry caiu com força no chão. Rony rolava de rir.
- Cara, quer um conselho? – disse o ruivo, vendo Harry se levantar, rindo ainda mais. – Nunca duvide de Hermione. Você pode se arrepender pelo resto da sua vida!
- Eu percebi! – ele falou, passando a mão nas costelas.

***


- Merlim! Já estamos cheios de deveres para fazer. – Rony reclamou, quando ele, Harry e Hermione estavam a caminho da biblioteca, naquela sexta feira.
- Rony. Não reclame. – falou Hermione, entrando na biblioteca e cumprimentando Madame Pince, que revirou os olhos.
- Já esteve na biblioteca depois que recomeçaram as aulas? – perguntou Rony, vendo a cara de tédio da bibliotecária.
- Sim, três vezes.
Ela se sentou numa das mesas e espalhou seu material pela mesa. Harry e Rony permaneciam de pé, olhando-a.
- Três vezes? – o ruivo repetiu, incrédulo. – Faz três dias que começaram as aulas e você já esteve aqui três vezes?
- Sim, Rony! Agora é bom você começar a trabalhar, porque temos uma aula de DCAT daqui a pouco e você não fez a lição ainda.
- Você já fez? – Harry perguntou, pegando pergaminhos, pena e tinta na mochila.
- Claro! Usem esse livro, está tudo aqui. – ela falou, passando para os dois um livro velho, gasto, e bem grosso. Eles trocaram um olhar misterioso. – Andem logo, o trabalho é longo!
- E você? – perguntou Rony, abrindo livro a contragosto.
- Eu o que?
- Vai fazer o que?
- Os deveres de Poções e Feitiços que os professores acabaram de passar.
- As aulas de poções com a Sonserina estão insuportáveis. – Harry comentou de maneira desprezível.
- Sempre foram, Harry. – Hermione comentou, escrevendo num pergaminho.
- Mas antes não tinha o nojento do Parker.
- Mas tinha o Malfoy. – Rony disse, encarando o amigo.
- Mas Malfoy não... – ele parou de falar de repente. Hermione levantou a cabeça e o encarou, ele a fitou por um breve momento, depois abaixou a cabeça e passou a escrever em seu pergaminho.
Rony deu de ombros e voltou sua atenção para sua tarefa, mas Hermione continuou encarando-o. Harry fingia não notar o olhar da amiga sobre si, escrevia freneticamente em seu pergaminho, palavras completamente sem sentido, apenas para manter-se ocupado e não ter que olhá-la.
Ela desistiu de obter alguma resposta, e voltou a fazer lição, ele se sentiu aliviado por isso.
O resto do tempo livre eles passaram na biblioteca, fazendo lição. Depois o sinal tocou e eles seguiram para a aula de Transfiguração.


- Ela está ficando muito velha, já não agüenta mais a responsabilidade.
- Deixe de ser idiota Rony! Ela só está nervosa porque ainda não se acostumou com o novo cargo.
- Ela... Ela quase botou fogo no meu livro!
- Ela errou o alvo.
- A intenção real dela era mudar a cor do meu cabelo! – Harry falou, passando a mão pela cabeça, e agradecendo por ela ter errado o alvo.
Hermione bufou. A professora McGonagall realmente andava muito nervosa.
- O.k.. Certo. Querem que eu diga o que? Que ela errou, que ela está velha, que está gagá?
- Não. Só admita que ela não é capacitada para os dois cargos.- disse Rony.
- Ela é, só que...
- Nada justifica, Hermione. Duvido que você consiga arrumar uma explicação para isso. – disse Rony, quando se sentaram a mesa da Grifinória para o almoço.
Harry balançou a cabeça e fez uma careta. Hermione encarou o ruivo com desgosto, pegou seu prato e começou a enchê-lo.
- Nunca duvide dela. – Harry falou baixo, para o amigo, que fez uma careta.

***


O fim de semana chegou, e com ele uma considerável pilha de deveres de casa. Harry se permitiu acordar mais tarde naquele sábado, eram dez da manha quando ele encontrou Rony no salão comunal.
- Bom dia! – disse Rony, ao amigo.
- ‘Dia. – respondeu Harry, se juntando ao ruivo e caminhando até o quadro da mulher gorda. Passaram por Gina que estava sentada numa poltrona fazendo absolutamente nada, a não ser acariciar os pêlos fofos de Bichento, que estava deitado, preguiçosamente, em seu colo.
- Bom dia. - disse Rony.
- Oi. – respondeu ela, sem sequer olhá-los.
- Viu Hermione? – perguntou Harry.
- Não. Não a vejo desde que mudou de quarto. – disse a ruiva, distraidamente.
- O.k. Obrigado. – Harry estava mais limitado quanto a Gina. Depois do que ela fizera no quarto dele, ainda no Largo Grimmauld, ele achava melhor não dá muita brecha para outra investida da ruivinha.
- Vamos, Harry, estou morto de fome. - disse Rony. Os dois desceram para o salão principal que estava quase vazio, o castelo também estava bem silencioso, a maioria dos alunos estavam nos jardins aproveitando um dos últimos fins de semana ensolarado do ano.
Os rapazes se sentaram e Harry olhou em volta, havia pouca gente ali, mas pôde reconhecer, na mesa da Corvinal, a aluna nova sentada sozinha. Ela estava olhando na direção deles. Harry se ajeitou no acento, tentando se manter escondido atrás de Rony, pois estava bem de frente pra ela, mas lançou alguns olhares a garota durante a refeição e notou para quem ela olhava tanto. Ele riu.
- O que foi? – perguntou Rony, com a boca cheia de bolo.
- A garota nova está olhando pra você desde que chegamos. – ele comentou, rindo.
- Sério? – Rony disse, totalmente pasmo, fazendo migalhas de bolo pularem da sua boca.
- Sério. Não tira os olhos de você.
- Hum... Deve estar vendo alguma mancha na minha camisa ou algo do tipo. – disse o ruivo, simplesmente.
- Por que uma mancha?
- Ela não olharia pra mim a troco de nada! – disse ele, como se fosse obvio.
- Às vezes ela está olhando simplesmente pra você, não para uma mancha qualquer. Tem que confiar mais em si mesmo! – disse Harry, pousando seus talheres no prato.
- Duvido... – ele virou disfarçadamente a cabeça e olhou para a garota, que desviou o olhar imediatamente.
- Viu?
- Vi o que?
- Ela desviou o olhar.
- E o que tem isso?
- Ela está com vergonha de assumir que estava olhando pra você.
- Ah, Harry! Por Merlim. – disse ele, balançando a cabeça.
- Vai fazer o que? – perguntou Harry, ao se levantar.
- Tenho que pegar meu material na Torre da Grifinória, vou fazer os deveres lá fora.
- Certo. Vou procurar Hermione, nos juntamos a você depois.
- O.k..
Eles seguiram juntos até um corredor, nele, Rony tomou o caminho da Torre da Grifinória, e Harry da biblioteca.
O rapaz entrou no lugar, silencioso como sempre, passando de estante em estante, em busca de Hermione. Alguns minutos depois, a viu sentada, com a mesa cheia de livros. Ela olhava atentamente para um livro grande e velho, em volta desse, tinha vários outros livros de tamanho normal, abertos. Harry se encostou numa da estantes e a observou por alguns tempo.
Hermione lia com atenção o livro grande, mas de repente, num sobressalto, ela olhou em volta e pegou um outro livro e passou a folheá-lo desesperadamente. Depois... Fez várias anotações em um pergaminho e voltou a atenção para o livro grande. Foi o mesmo ritual, varias vezes.
- Mione? – ele falou, baixo.
- Ah! – ela gritou, num pulo. – Que susto!
- Desculpe...
- Controle-se senhorita. – disse Madame Pince, aparecendo do nada, perto da mesa onde estavam.
- Desculpe. – disse a garota, com uma das mãos no coração, respirando rapidamente.
A bibliotecária virou e sumiu entre as prateleiras.
- Desculpe Mione...
- Meu coração quase sai pela boca! – ela falou, baixo, encarando-o.
- Parece cansada. – disse Harry, reparando agora que amiga tinha olheiras fundas, rosto abatido e um ar exausto.
- Bom, tirando o fato de ter que colocar tudo fora do alcance da boca de Bichento em meu quarto, eu fui dormir bem tarde... – ela disse, largando a pena e dando um longo suspiro. – E estou aqui desde as sete.
- Bichento continua comendo coisas? E você está aqui há quase cinco horas? – Harry questionou, transtornado.
- Sim para ambas as perguntas... – ela bocejou, Harry deu a volta e parou atrás dela, observou o livro grande.
- Que diabos...?
- Runas.
- O que?
- Runas. O livro está todo escrito em runas, tenho que traduzi-lo. – ela falou, apoiando os cotovelos a mesa, cobrindo o rosto com as duas mãos.
- Mas... Vai demorar séculos. Hermione... – ele disse, incrédulo. - Isso tem umas duas mil paginas!
- Eu sei... – ela bocejou mais uma vez. – Mas preciso traduzir isso o mais rápido possível.
- Pra que? – ele perguntou, se sentando ao lado dela.
Ela tirou as mãos do rosto e o encarou.
- Pra você. – ela respondeu.
- O que?
- Pra você. – ela repetiu.
- Mas...
- É o livro do Dumbledore.
- O que ele deixou pra você?
- Sim.
- Mas, ele não podia ter te dado uma coisa mais divertida? – ele perguntou, penalizado, vendo a situação da amiga.
- Harry... – ela falou pausadamente – Acredito que nesse livro nós encontraremos informações importantes, caso contrário, Dumbledore não teria me dado.
- Mas, o que ele tem a ver comigo?
- Não sei. – ela disse, fracamente.
- Está se sacrificando desse jeito por algo que nem sabe pra que serve.
- Sei que é pra você. E isso basta.
- Mione...
- Harry, temos uma missão pra cumprir, temos que nos sacrificar por ela. – ela desviou o olhar, encarou o livro.
- Não é justo. Você está se sacrificando por mim.
- Estou, e não me arrependo. – ela falou firme, voltando a encará-lo.
- Hermione...
- Disse que te ajudaria, prometi que estaria ao seu lado, contra tudo e contra todos, não me importa. Eu só quero que você saia vivo de tudo isso. – ela falou, quase sem voz.
Harry a fitou, ela sorriu fracamente e desviou o olhar cansado pra o livro, mais uma vez. O rapaz passou suas mãos pela dela, sobre a mesa.
- Posso te ajudar? - ele disse, depois de algum tempo.
- Pode. – ela falou, sorrindo. – Leia a carta que ele deixou pra você, acho que lá encontrará respostas. Talvez me poupe algum trabalho.
- Depois eu faço isso. – ele falou. Tinha esquecido completamente da carta. - Quero te ajudar, aqui. Pra você acabar mais depressa.
- Ah, Harry... – ela o olhou meigamente. – Como você disse, o livro tem mais de duas mil paginas, nem que você me ajudasse dia e noite, isso não ficaria pronto tão cedo.
- Quanto tempo vai levar?
- Não sei... – ela suspirou, cansada. – Não sei... Talvez um mês, ou dois, ou quatro, ou seis... Um ano... Eu não faço idéia.
- Me deixa te ajudar.
- Eu até deixaria Harry, mas até mesmo eu que estudo Runas há anos estou tendo sérias dificuldades nisso...
Ele a encarou, ela sorria. Como podia sorrir no estado em que estava? Como podia largar mão de estudar para os N.I.E.M.’s só para ajudá-lo?
- Você é incrível, sabia? – ele falou, sério.
Ela riu.
- Se isso for um obrigado, não há o que agradecer.
- Não é um obrigado. – ele falou, fazendo-a ficar séria de repente.
- Então... Obrigada. – ela falou, um pouco desconcertada.
- Não há o que agradecer, eu só disse a verdade. – ele sorriu, ela corou ligeiramente. – Hum... Rony está nos esperando lá embaixo, pra fazermos os deveres no jardim... O que acha?
- Ah, Harry, a Madame Pince não me deixará tirar essa quantidade de livros da biblioteca.
- Bom, você não precisa levar essas coisas, deixa isso pra amanhã, leva seus deveres e a gente faz lá embaixo. – ele falou, animado, se levantando.
- Ãh... Harry? – ela chamou, incerta.
- Sim?
- Eu... Já fiz todos os meus deveres.
- TODOS? – ele falou, incrédulo. – Mas... Eram tantos... Eram vários... Eram...
- Eu os fiz ontem à noite, por isso fui dormir tarde. Eu queria o fim de semana completamente livre para traduzir isso.
Ele a encarou, sem saber o que fazer, nem pensar. Apenas a encarou. Ela se levantou e o fitou.
- Simplesmente não sei o que dizer. – ele disse, num meio sorriso.
- Não tem que dizer nada. – ela disse, suavemente.
Ele pausou por um instante.
- Queria você conosco. – ele falou, com sinceridade.
Ela o olhou docemente.
- Adoro você. – ela sussurrou, vendo Madame Pince passar por eles lançando um olhar mortal as mãos dadas dos dois.
- Eu também. – ele respondeu, inaudível. – Madame Pince?
- Sim? – respondeu a mulher com um olhar desconfiado. Hermione tentou puxar sua mão da de Harry, sob o olhar da bibliotecária, mas ele a segurou mais forte.
- Quantos livros podemos retirar por vez?
- Três. – ela respondeu, de mau gosto.
- Pelas normas da escola são cinco. – Hermione falou apontando um papel afixado no mural da biblioteca, onde lia-se: ‘Cinco livros por aluno’.
- Depende do livro. – falou ela, parecendo bastante irritada.
- Lá não está escrito que depende do livro. – disse Harry, começando a se aborrecer.
- Mas eu digo que depende do livro.
- Não há norma em Hogwarts que afirme que você pode escolher a quantidade de livros que sairá daqui, de acordo com o tipo. – ele retrucou.
- Eu posso mudar as normas. - a mulher disse, impaciente.
- Pode mesmo? – perguntou Hermione, séria. – Acho que cabe ao diretor da escola fazer isso. Nenhum professor tem o direito de mudar as regras, então você tem muito menos, afinal, é apenas a bibliotecária.
- Senhorita... – começou a mulher, com raiva.
- Não me diga que estou errada. Sou Monitora-Chefe, acredite, sei todas as regras dessa escola, e a mudança de regras sem consentimento da direção não consta na lista de coisas permitidas.
- Escute aqui, você dois...
- São cinco por pessoa. Não é? – cortou Harry, dando as costas pra mulher e olhando para mesa. – Temos nove livros aqui, pois o décimo pertence a Hermione, portanto, eu retiro cinco e ela retira os outros quatro.
- Como? Vão retirar nove livros da minha biblioteca, de uma só vez? – grasnou a mulher, incrédula.
Hermione a fitou, ergueu uma das sobrancelhas e lhe lançou um olhar cruel. Era incrível o poder de persuasão daquele olhar, pensava Harry, recolhendo os livros.
Depois de recolherem todos os livros, os dois saíram da biblioteca e deixaram Madame Pince quase chorando pelos livros levados.

- Obrigada Harry. – Hermione falou, quando andavam por um corredor em direção aos jardins. – Eu não conseguiria retirar esses livros nem por milagre.
- Não seria justo ficar presa lá dentro por causa dos livros. – ele falou, descendo as escadas para o Saguão de Entrada. – Principalmente com o dia tão bonito.
Eles pararam a porta de entrada e olharam para o jardim.
Realmente, o dia estava maravilhoso, ensolarado, claro, o ar estava morno, uma brisa suave e leve soprava, o jardim estava cheio de estudantes, a grama verde e fofa parecia tão convidativa. Era possível ver Rony espalhado na grama, sob a costumeira árvore, encarando uma enorme pilha de livros com um olhar de dar pena.
Harry e Hermione andavam até o amigo, mas uma voz os fez parar por um instante.
- Ora, ora, se não é o casal vinte de Hogwarts. – debochou Parker.
Os dois fingiram não ouvir e continuaram sua caminhada até Rony.
- Hei, Granger! – Parker falou, baixo e malicioso, fazendo Hermione parar onde estava. – Não se esqueça que quando se cansar do Potter, eu sou o primeiro da fila.
Hermione lançou a ele um olhar de desprezo, vendo os punhos de Harry se fechar. Ela enlaçou seu braço no dele, só por precaução. O puxou por mais alguns passos, mas parou de chofre.
- Oi Harry! – disse Cho, com uma voz tão melosa que seria capaz de revirar o estomago de qualquer um.
- Oi. – ele respondeu frio, desviando dela, voltando a caminhar.
- Harry! – ela se adiantou e parou na frente dele de novo. – Acho que precisamos conversar sobre a aula passada...
Harry a encarou e a avaliou. Ela não desistiria tão cedo, faria da vida dele um inferno só pra poder falar com ele alguns minutos. Ele não estava disposto a se aborrecer todas as vezes que a encontrasse pelo castelo.
- Tem toda razão Cho! – ele falou, amigável, soltando Hermione e se distanciando dela, puxando a outra garota. – Vem cá... Bom... – ele começou, com voz baixa, quase maliciosa. – Será que você... Hum... Pode me esperar lá na Torre de Astronomia, daqui a meia hora?
Os olhos de Cho brilharam de malicia nesse instante.
- Meia hora?
- Exatamente. Talvez eu me atrase, sabe como é Hermione, não é? Mas me espere...
- Ótimo. Estarei lá. – ela falou, piscando pra ele, sorrindo bobamente.
Harry se virou e se juntou a Hermione que olhava para Cho se distanciando, com uma cara desconfiada.
- O que ela vai fazer?
- Papel de idiota. – ele respondeu, caindo numa gostosa gargalhada.


***

N/a²: Harry muito mal.
Ha Ha Ha
Adoro!!!

Mas, então, pessoal, vamos comentando porque esse capítulo tem muitas coisas legais pra serem comentadas, e eu já vou adiantando um comentário auto-avaliativo: Cho é uma piranha!

hushaushuahsuahushaushuasuahsuhausa

COMENTEM e me façam feliz.
Amo todos vocês de montãããooo.

Tenho algumas coisinhas pra informar:
Capítulo dedicado a três pessoas
- Antonini que fez aniversário e infelizmente eu não pude postar no dia do aniversário dela, parabéns!!!
- JK Rowling que fez aniversário ontem e é a grande responsável por tudo isso aqui.
- Harry Potter que é o cara [fez aniversário ontem também!!!]. Sem ele, nada disso teria sentido.

- Nesse momento estou escrevendo o capítulo 60 [uma parte H², que, por incrível que pareça, me fez travar – eu fico num impasse tão grande entre razão e coração, ai, ai....].
Creio [lê-se:não tenho certeza ainda] que a fic vai, no máximo, até o capítulo 70, isso quer dizer que eu estou chegando ao fim [totalmente estranho de imaginar, eu escrevo essa fic há três anos, é muito, muito, muito esquisito me deparar com o fim, eu achei que eu jamais chegaria a trinta capítulos, que sequer teria criatividade o suficiente para acabar a fic e, milagrosamente, cheguei aonde estou agora e grande parte dessa minha realização eu devo a vocês, que me deram força pra continuar, se não fosse vocês já teria desistido há muito tempo e seria uma pessoa frustrada!].

Eu tinha escrito uma nota de uma página, só pra vocês não se torturarem lendo meus devaneios pessoais, vou dividi-lo em vários pedaços, certo?

Comentem - mais uma vez.
Amo vocês - mais uma vez.

Beijoooos e até a próxima,

Paulinha.

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