Um Brinde á Vida!



Harry viu o sol se por sentado no parapeito de uma grande janela, no sótão, resolveu descer, e quando entrou em seu quarto encontrou Hermione ainda dormindo com o lençol completamente colado a seu corpo. Ele caminhou até ela e se sentou ao seu lado na cama. A observou por muito tempo, tentando tomar coragem para acordá-la. Então ouviu a Sra. Weasley gritando pra eles descerem para o jantar. Harry não teve alternativa.
- Mione... – Falou ele bem baixinho, passando mão pelo rosto dela. - Mione, acorda.
Ela se mexeu e abriu os olhos devagar. Ele sorriu.
- Acorda dorminhoca, está na hora do jantar.
- Já?
- Sim. Você dormiu por toda a tarde.
- Ah, Meu Deus! – sussurrou ela.
- Quer que eu traga alguma coisa pra você? Você pode ficar dormindo...
- Não, não... Obrigada, prefiro descer. - disse ela, num bocejo. - Agora não vou mais conseguir dormir a noite, não devia ter me deixado dormir Harry!
- Simplesmente não pude te acordar.
- Por que não? Ah, não há motivo pra você não me acordar.
- Você diz isso porque não consegue se ver dormindo. - disse ele, passando os dedos pela testa dela. Hermione se calou, não sabia o que dizer. - Melhor irmos, a Sra. Weasley pode aparecer aqui a qualquer momento.
Ele não se mexeu, Hermione o encarou, ele sorriu. Ela passou sua mão pela dele e a tirou de sua testa delicadamente, mas não a soltou.
- Vamos?- perguntou ela.
- Vamos. - ele a puxou para ela se sentar e a soltou, depois foi a porta da sacada para abri-la.
- Ah!- ela gritou e desabou na cama. Ele se virou e viu que ela estava com um das mãos no joelho.
- Ah, Mione, me desculpe, me esqueci. Venha comigo. - Ele foi até ela e a ajudou se levantar, passou um dos braços dela por seu pescoço e a segurou pela cintura.
- Obrigada. – ele sorriu e conduziu corredor a fora, quando chegaram à cozinha encontraram todos os Weasley e mais Lupin, Tonks, Olho-Tonto Moody e Quim Shacklebolt sentados a mesa tomando cerveja amanteigada.
- Olá, Potter! Como vai? – disse Moody olhando para Harry com olho normal, enquanto o outro olhava pra Hermione.
- Bem obrigado. E você?
- Vou indo... Vou indo...
Harry cumprimento aos outros com acenos da mão ou da cabeça, perplexo, imaginando qual o motivo daquela reunião.
- Harry, podemos nos sentar?- perguntou Hermione, baixinho ao ouvido dele.
- Claro, me desculpe. - disse ele, conduzindo-a pela mesa.
- Tem idéia do porque disso?- perguntou ela, mais baixo ainda, enquanto procuravam lugares livres.
- Nenhuma. - disse ele, no mesmo tom também no ouvido dela, puxando uma cadeira.
- Será algo grave?- ela sussurrou, se sentando com a ajuda dele.
- Não faço idéia. - ele a sentou na cadeira e depois se sentou ao seu lado e olhou ao redor. Percebeu que grande parte dos presentes estavam olhando para eles, pararam tudo que estava fazendo para olhá-los. Harry encarou um por um, os únicos que não olhavam eram os senhores Weasley e Gui, o resto não tiravam os olhos dele e Hermione. Passou-se algum tempo de silêncio ate que Lupin resolveu quebrar o clima.
- O que houve Hermione?
- Eu... - ela olhou pra Harry que mexeu ligeiramente os ombros, como quem diz “Fale o que quiser, eu te apóio.” – Eu caí, estava fazendo minhas malas e Bichento saiu correndo com um de meus sapatos, saí correndo atrás dele e meu joelho bateu num dos pés da cama.
- Ouvi o barulho, corri no quarto dela e a encontrei no chão. Passamos uma poção pra desinchar, estava realmente inchado, parecia bastante dolorido também. – disse Harry prontamente.
- Mas, foi muito grave? – perguntou Tonks, preocupada.
- Não, mas está doendo e estou com dificuldade para pisar. Espero que amanhã já esteja tudo bem.
- Tenho uma poção que pode ajudar, querida. – disse a Sra. Weasley. – Depois do jantar eu lhe dou, é ótima!
- Obrigado Sra. Weasley.
- Onde está o Carlinhos? – perguntou Harry, ao notar a falta de um dos Weasley.
- Aparatou para Romênia ontem de noite. Chamado de urgência. Deixou um abraço para vocês. – disse a Sra. Weasley, olhando para os dois.
- Obrigado. – responderam, em coro.
Depois disso tudo correu muito bem, o jantar foi bastante animado com Fred e Jorge e suas palhaçadas. Lupin e Tonks pareciam bastante apaixonados, trocando gentilezas, enquanto Moody e Quim discutiam o que deveria ser melhorado no departamento deles, aurores, no Ministério da Magia. Fleur parecia bastante feliz, porem receosa, Hermione lançara olhares bastante significativos e otimistas pra ela durante todo o jantar, Harry viu muitos desses olhares, mas não entendeu nenhum deles. Depois da deliciosa sobremesa o clima na mesa mudou e ficou mais pesado, cheio de significado.
O Sr. Weasley pigarreou.
- Gina, suba querida, precisamos conversar com Harry, é particular. - disse a Sra. Weasley, retirando os pratos da mesa e depositando-os sobre a pia, com sua varinha.
- Por que os outros podem ouvir? – perguntou Gina, exasperada.
- Porque os outros são mais velhos e pertencem a Ordem.
- Fred e Jorge não pertencem a Ordem.
- Não pertenciam, agora pertencem. - disse a Sra. Weasley começando se irritar.
- Desde quando?- perguntou a ruiva, surpresa.
- Desde semana passada. Agora, por favor, Gina, saia. - a mulher se levantou e encarou a filha.
- Hermione e Rony não pertencem a Ordem.
- Mas são maiores de idade. Agora vá!- Ela aumentou a voz.
- Isso é injusto.
- Eu disse pra ir.
- Estou sendo injustiçada, isso é horrível...
- SAIA.
- Injustiça, isso é injustiça.
- FORA GINA! AGORA!
A ruivinha saiu pisando forte e bateu a porta da cozinha com muita força.
- Bom, acho que agora podemos continuar.
- Harry, Rony e Hermione, nós temos algo muito importante para tratar com vocês. Algo realmente sério e que nós achamos que é certo. Ou pelo menos o mais certo a fazer agora. – falou o Sr. Weasley.
- Vocês voltarão para Hogwarts amanha certo?- perguntou Lupin.
- Certo. – respondeu Harry.
- Bom, nos estivemos pensando, e... Bem... A Ordem ficou meio despreparada depois da morte de Dumbledore, ainda estamos tentando nos adaptar a essa perda, mas esta sendo bastante difícil pra nós todos. A Ordem ainda não tem um novo líder e pelo que vemos não terá tão cedo. Mas não é por isso que ela deixará de existir. - falou Lupin.
- Pensamos bastante e decidimos que a Ordem continuará e faremos o possível pra continuar o trabalho que Dumbledore começou. Mas você, Potter, é o principal interessando nisso tudo, agora que já é maior de idade e dono do próprio nariz. Como não pode deixar de ser, o Weasley aí – disse Moody, inclinando a cabeça pra Rony e depois para Hermione. - e a Granger estão tão envolvidos nisso quanto você. Sabemos também que Dumbledore lhe dirigiu alguma missão, que nós realmente não fazemos questão de saber qual é, pois se ele deu a missão a você é porque tem certeza que você conseguirá realiza-la. Vocês três estão tão envolvidos nessa guerra e na luta contra ela quanto nós todos aqui, e chegamos à conclusão que a partir de agora vocês que devem decidir o que vocês querem da vida de vocês.
A Sra. Weasley, que se sentara numa cadeira, ao lado do marido, fungava e suspirava pesadamente, tentando conter o choro.
- Portanto... Bem, vocês são maiores, são donos de suas vidas estão prontos pra tomarem suas próprias decisões e decidir o que é melhor pra vocês. Então... - disse Tonks, mas foi interrompida pela Sra. Weasley.
- Isso não significa que não poderão contar com nossa ajuda, saibam que sempre que precisarem de um conselho ou tiverem dúvidas, poderão nos procurar e os ajudaremos, pois queremos apenas o bem de vocês. – ela tinha lágrimas nos olhos.
Harry, Rony e Hermione não entendiam, exatamente, o porquê daquilo, olhavam de um pra outro prestando atenção no que diziam.
- É claro. Mas então, achamos que vocês já são maduros o suficiente pra embarcarem nessa conosco. Sabem dos perigos que essa guerra representa, mas nós sabemos que vocês estão dispostos a enfrentá-los. - disse Tonks.
- A partir dessas idéias, chegamos à conclusão que você estão prontos para fazerem parte da Ordem da Fênix, se vocês quiserem, é claro.- terminou Lupin.
Harry, Rony e Hermione olharam para os outros sem acreditar no que ouviam.
- É sério?- perguntou Rony.
- Claro que sim. Vocês sabem os riscos que estão correndo, sabem coisas demais sobre tudo que está acontecendo. Tem a missão que Dumbledore confiou a vocês. Harry é a peça principal de tudo isso. É inevitável, vocês já são indiretamente parte da Ordem, só estamos aqui hoje para formalizar isso. Portanto, se vocês quiserem, serão bem-vindos.
- Por mim, estou dentro. – disse Harry, satisfeito. - Quero participar e ajudar como puder.
- Por mim também, é claro. – disse Hermione com vivacidade.
- Não, Mione, você não. - disse Harry, virando-se pra ela.
- Posso saber por que não? – perguntou Hermione, surpresa.
- Pode ser perigoso demais.
- Desde quando eu me importei com o perigo? Vou participar sim. Onde é que eu assino? – disse ela, olhando desafiadoramente para Harry, que retribuiu um olhar como “Acertamos isso depois!”.
- Não e necessário assinar nada. – disse Lupin sorrindo. - A Ordem tem feitiços poderosíssimos lançados por Dumbledore que permaneceram ativos mesmo depois de sua morte, quem aceita entrar nela é, imediatamente, reconhecido por esse feitiço como membro.
- E você Rony?- perguntou Gui. – Ainda não disse nada.
- Estou dentro. - disse o ruivo, sem emoção.
- Ótimo, fico feliz, espero que vocês possam fazer um bom trabalho. - disse Tonks, sorrindo.
- Ah... Tem uma condição. - rosnou Moody.
- Qual? – perguntaram Harry e Hermione juntos.
- Vocês não participarão da Ordem efetivamente enquanto estiverem em Hogwarts. Só depois que terminarem.
- Isso quer dizer que vamos continuar na mesma de antes? – perguntou Harry, começando se aborrecer.
- Não exatamente. Vocês participarão das reuniões e saberão de tudo que esta acontecendo. Porém não participarão de forma ativa, como ir atrás de pistas e essas coisas, não por enquanto. Queremos que vocês mantenham-se concentrados nos estudos, depois de concluí-los, aí vocês poderão participar e agir como um de nós. - disse Quim, falando pela primeira vez.
- Poderemos participar de todas as reuniões? – perguntou Hermione.
- Sim. Todas. - respondeu Lupin.
- Até as de emergência?
- Sim.
- Poderemos sair de Hogwarts a qualquer hora? Digo, pra participar disso tudo?
- Sim. Minerva está ciente disso, e nós procuraremos fazer essas reuniões nos finais de semana, para não atrapalhar muito vocês. – explicou Lupin.
- Todas, sem exceção? – perguntou Hermione, de novo, querendo ter certeza.
- Sem exceção nem restrição. Vocês verão as coisas como elas realmente são a partir de agora. – voltou a falar, Lupin, pacientemente.
- Prometem?
- Prometemos.
- Ótimo.
- Então, estão de acordo?
- Eu estou. - respondeu Harry.
- Eu também. - disse Hermione.
Harry lançou a ela um olhar de censura, que ela fingiu não notar.
Rony acenou a cabeça num sinal afirmativo.
- Muito bem, agora vamos discutir as regras, deveres e direitos dos membros. E outros detalhes fundamentais. – disse a Sra. Weasley, chorosa.
- Ah, Molly, isso é muito chato e desgastante. - rosnou Moody, fazendo careta. Esse ato fez seu rosto parecer mais deformado do que já era.
- Enlouqueceu Olho-Tonto? – disse a mulher, levantando e pousando as mãos nos quadris. - Eles são jovens, gostam de emoção e aventura, se mesmo com regras eles fazem loucuras, imagine sem elas? Vamos ditar regras sim. E vocês, garotos, - disse ela, voltando-se aos três. – Vão respeitá-las, caso contrário, perderão todo o prestigio que conquistaram até agora.
Passaram algumas horas falando sobre as regras da Ordem e todos os outros assuntos ligadas a ela. Harry ajudou Hermione chegar ao segundo andar depois da meia noite. Se sentia cansado, e o que mais o desanimava era saber que quando chegasse ao seu quarto, teria que arrumar a bagunça infinita que se instalara nele. Já se sentia triste, só de pensar...
- Não, Harry. Vamos ao seu quarto. - disse ela, quando ele estava seguindo para o outro quarto.
- O meu?
- Sim, vamos logo.
- Mas...
- Não discuta e vamos. - disse ela, ele virou e a conduziu para o seu quarto e a ajudou a se sentar na cama.
- E então?- disse ele, parando de frente pra ela. – O que vai ser?
Ela olhou em volta, o quarto parecia mais bagunçado que antes, pois roupas estavam no chão, espalhadas. Ela tirou a varinha do bolso da jeans e acenou algumas vezes apontando para lados diferentes.
Harry ficou impressionado, em questão de segundos, TUDO que estava espalhado se ordenou meticulosamente no ar e pousou mais do que organizadamente em seu malão. Livros, penas, pergaminhos, tintas, roupas, capas, vassoura e vários outros objetos, levitaram e desceram levemente até o malão, onde se organizaram de uma maneira milagrosa. Ele ficou sem fala por alguns instantes, e com um ultimo aceno, ele viu Hermione fechar o malão graciosamente.
- Pronto, agora, será que pode me ajudar a ir para o meu quarto?-perguntou ela, como se tivesse acabado de dar um preguiçoso bocejo.
Um arroubo de gratidão por ela tomou conta de Harry, sorriu bobamente.
- Eu adoro você. - disse ele, fracamente, ainda olhando para o malão.
- Não por isso. - disse ela, tentando se levantar. Ele se apressou em ajudá-la, quando ela finalmente conseguiu ficar em pé, se viu envolvida num abraço forte. – Hei, vai com calma, vai quebrar minhas costelas desse jeito!
Ela ria, depois lançou seus braços pelo pescoço dele.
- Não devia ter aceitado, não podia ter deixado você fazer aquilo. – disse ele, sério, ainda abraçando-a.
- O que?
- A Ordem. Não devia, você não devia.
- Não quero discutir com você, essa escolha é minha, peço que a respeite. - disse ela, recuando a cabeça para olhá-lo.
- Você já está correndo tanto perigo comigo, entrar nessa pode ser... Fatal. - disse ele, muito sério e baixo, como se seu tom de voz fosse diminuir o perigo da situação.
- O que conversamos sobre excesso de cuidado?- perguntou ela, sorrindo.
- Não brinque com isso. - falou ele, sério. – Você não tem idéia do quanto é importante pra mim.
Ela sorriu e colou sua testa na dele.
- Nada vai me acontecer, não vou te deixar assim tão fácil. Está pensando o que? Pra alguém me tirar de perto de você, vai ter que morrer junto comigo. Sou dura na queda Harry, não será fácil se livrar de mim. Acredite.
- Nunca quero me livrar de você... Nunca!- disse ele num sussurro rouco. O nariz dele roçou no dela, sentia a respiração lenta dela, como quando ela dormia. Era bom estar com ela e era bastante difícil também. Hermione fechou os olhos, sentindo seu corpo ser sustentado apenas pelos braços dele em sua cintura, estavam bem próximos, ela, inconscientemente, passava os dedos levemente pela nuca dele, parecia automático, seu corpo reagia a ele, sem ela nem pensar.
Nesse instante, Edwiges entrou voando no quarto pela porta da sacada, piando alto, parecia agitada. Hermione tomou um susto que a fez desabar na cama. A coruja pousou no ombro do dono e mordeu sua orelha com certa força, parecia estar com ciúmes.
- Edwiges, procure alguma coisa pra você comer com Dobby, vá até ele. - a coruja o olhou com um ar de desaprovação e vou sacada a fora. – Vem Mione, vamos, vou te levar até o seu quarto.
Ela se apoiou nele e ele a conduziu até seu quarto, ambos em silêncio.
- Boa Noite e obrigada pela mala... - disse ele, dando um beijo na testa dela, depois de sentá-la na cama.
- Por nada... Boa noite. – ele saiu e ela olhou em volta, viu um vidro de poção verde meleca sobre sua escrivaninha, com um pergaminho cheio de instruções de como usá-la. Depois de seguir corretamente o pergaminho, Hermione notou que seu joelho parecia novo, possuía apenas uma marca roxa, pequena, mas não sentia mais dor e conseguiu caminhar até o banheiro. Minutos depois voltou ao seu quarto com um pijama branco, de algodão, e viu uma caixinha sobre sua escrivaninha, sorriu. Pegou-a e leu o pergaminho que estava junto. Depois saiu do quarto, desceu a escada e caminhou lentamente pelo corredor que levava a cozinha, ouviu vozes saindo dela. Pareciam Fleur e Gui, conversando, só havia os dois ali. Hermione parou perto da porta e encostou-se na parede.
- Assim não está dando meu amor, você esta muito estranha, tem certeza que não precisa de ajuda, um médico ou qualquer coisa?- dizia Gui, pacientemente.
- Não, querido, já sei qual é o problema, não preciso de ajuda.
- Já?
- Sim.
Hermione sentiu seu coração disparar, ela ia contar. Será que a caixinha em sua mão poderia ajudar?
Ela se preparou para entrar na cozinha quando sentiu uma mão em seu ombro.
- O que aconteceu? E o seu joelho? – perguntou Harry, que estava sem camisa e com uma calça de moletom. – Vem, vamos tomar um leite.
Ela não teve tempo de dizer nada, quando viu estava entrando na cozinha. Sendo puxada por Harry. - Gui? Fleur? A não sabia que vocês estavam aqui, vim tomar um leite, encontrei Hermione no caminho. – disse ele, indo até a geladeira.
Hermione olhou para Fleur e percebeu que ela realmente precisava de ajuda. Andou até ela e sussurrou:
- Quer que eu saia, que leve Harry comigo?- a loira abanou a cabeça.
- Preciso que me ajude.
Hermione sorriu enquanto Harry distribuía leite em quatro copos e Gui apanhava uma lata de biscoitos no armário. Ela entregou a caixinha a Fleur que olhou sem entender, desembrulhou do papel pardo e a abriu. Seus olhos se encheram d’àgua, e ela sorriu.
- Meu amor?- disse a loira.
- Sim? – disse Gui, caminhando até a esposa. Fleur mostrou um pequeno sapatinho de bebê que era menor que a palma de sua mão, era branquinho com detalhes em fio de prata, feito de um tecido nobre. Gui olhou para o sapatinho e depois para a esposa, que chorava. Harry chegou mais perto, por de trás de Hermione e observou, emocionado. Hermione também chorava. – O que...?
Gui resmungou num sopro, olhava incrédulo de Fleur para o sapatinho na palma de sua mão. Ele começou a tremer e seus olhos se encheram de lagrimas de repente.
- Merlim! Tem certeza? – sussurrou ele, pra Fleur. Ela assentiu. – Oh... Eu... Pai?
Ele correu pra esposa e a abraçou pela cintura, levantou-a do chão e saiu rodopiando com ela pela cozinha. Hermione agora sorria em meio de lagrimas e Harry passava as mãos pelo rosto compulsivamente.
- Pai? Eu? – ele dizia, parou e pousou Fleur no chão e olhou para barriga dela, ajoelhou-se e começou a chorar abraçado ao ventre dela, seus olhos brilhavam de maneira radiante e contagiante. – Meu filho... Meu filho...
Fleur sorriu, passando uma das mãos nos cabelos longos do marido, enquanto a outra mão segurava firmemente o sapatinho.
Minutos depois Gui se levantou, esfregando os olhos, a abraçou pela cintura e andou com ela até Harry e Hermione que continuavam a observá-los.
Harry estava emocionado e antes de qualquer coisa partiu para um abraço forte em Gui.
- Meus parabéns. Ah, isso é maravilhoso, fico muito feliz por vocês, vocês merecem muita felicidade, e tudo de bom.
Harry se separou de Gui que estava sem condições de falar, apenas sorriu ainda emocionado. Depois ele abraçou Fleur que o acolheu com carinho.
Hermione fez o mesmo com os dois, só que fez um discurso desejando tudo de bom para a nova família, o que fez os outros dois chorarem mais. Os quatro, ou melhor, cinco, ali, não cabiam em si de tanta felicidade.
- Eu disse que ele ia ficar feliz, não disse?- falou Hermione, pra Fleur.
- Você sabia? – perguntou Gui e Harry juntos.
- Sim, Fleur me contou hoje pela manhã.
- Ah, Hermione, não sei o que aconteceria se não fosse você, me ajudou muito, não tenho como agradecer. – disse Fleur. – Obrigada pelos sapatinhos, são lindos, o primeiro presente do nosso bebê.
Gui sorriu, olhando bobamente pra barriga da esposa.
- Quanto tempo?- perguntou ele.
- Três meses. – respondeu Fleur.
- Nossa, por que não me contou antes?
- Não sabia da sua reação.
- Meu amor, você acha mesmo que eu ficaria chateado com isso? – perguntou Gui, olhando pra esposa. - Me fez o homem mais feliz do mundo...
- Vamos comemorar então? – perguntou Harry, pegando os copos de leite e distribuindo-os. – Ao mais novo Weasley.
Os copos colidiram levemente no ar, eles tomaram um gole depois todos riram abobados. Sentaram-se na mesa e passaram longos minutos conversando sobre como seria a vida do casal a partir de agora.
- Merlim, já passa da uma e meia, Mione, temos que levantar cedo amanha. – disse Harry, quando fora deixar os copos na pia.
- Ah, meu Deus, acho que nos empolgamos. - disse Hermione se levantando.
- Vamos nos deitar, boa noite. – disse Harry, se juntando a amiga à porta da cozinha.
Os dois ainda demoraram algum tempo ali, ouvindo todos os agradecimentos incessantes de Gui e Fleur que estavam loucamente contentes.
Subiram juntos, em silencio, mas muito felizes. Sentiam-se radiantes pelo casal, e eram os únicos que sabiam. Se sentiam, também, muito felizes com a confiança que Gui e Fleur depositaram sobre eles.
- Emocionante não foi? – falou Harry, parando ao chegar ao andar de cima. Ele parecia triste, a cena que acabara de acompanhar o fez refletir bastante.
- Muito. Fico bastante feliz por eles, é uma alegria, uma benção em tempos tão difíceis. – disse Hermione, parando de frente pra Harry.
- Será que um dia eu vou ter essa felicidade?- perguntou ele baixinho, desviando o olhar dela, refletindo tristemente.
- Ah, meu Deus, claro que vai Harry. Você ainda vai ser muito feliz. – disse ela num abraço acolhedor.
- Não sei, tenho minhas duvidas... – disse ele, deitando a cabeça no ombro dela. – Não sei...
Ela se soltou dele, pegou sua mão e o levou para seu quarto.
- Você vai ser muito feliz, muito mesmo. Tem um futuro maravilhoso pela frente Harry, vai ter filhos, netos, bisnetos... Vai viver bastante.
- Como eu queria ter essa certeza. – ele parecia muito triste.
Hermione sentiu seu coração se partir ao vê-lo daquele jeito. Puxou a colcha que cobria a cama e ajeitou vários travesseiros. Pegou cobertas e as esticou sobre o colchão.
- Vem aqui. – disse ela, sentando-se na cama, apoiando suas costas nos travesseiros. Harry não pensou duas vezes, se juntou a ela que o envolveu como quando ele estava bêbado na sacada. Ele deitou sua cabeça no ombro dela e fechou os olhos. Uma tristeza imensa havia tomado conta dele.
- Durma Harry, durma, e esqueça tudo isso... Esqueça essa coisa de que não será feliz, tenho certeza, tudo dará certo. Você fará tudo dar certo. Confio em você. Um dia sentaremos numa praça, com nossas bengalinhas, e lembraremos desses dias de hoje com um pesadelo que passou e não vai mais voltar... – disse Hermione, bem baixinho, passando mão pelo cabelo rebelde dele. Sentiu uma gota quente cair em seu busto, depois um longo suspiro. Ela apertou uma das mãos dele com a mão que o abraçava. Poucos minutos depois eles dormiram e sonharam...
Os sonhos, era o único lugar onde eles realmente eram felizes e despreocupados. Era o único lugar onde se sentiam plenamente seguros.
Talvez... não para Harry.

***


Harry estava de volta ao nível mais alto de uma série de degraus de pedra, numa sala retangular, que tinha o centro afundado, no fundo do poço havia um estrado, sobre ele um arco de pedra antigo que sustentava um véu preto que esvoaçava levemente.
Sentado no degrau mais baixo da sala, estava Sirius, que olhou para trás e sorriu, ao ver Harry descendo em sua direção.
- Estava te esperando. –disse o padrinho enquanto Harry se sentava ao lado dele.
- Você vai embora de novo? – Harry parecia bem calmo.
- Sim, mas tenho uma missão antes, estou aqui pra te ajudar Harry.
- Me ajudar?
- Sim.


***


Hermione acordou com um Harry agitado ao lado dela. Ele se debatia leve, mas constantemente, ainda abraçado a ela. Ela passou a mão pela testa dele, estava começando a suar.

***


- Me ajudar em que, exatamente? – perguntou Harry, ansioso.
- Aquilo que você quer Harry, está aqui. Aqui, bem mais perto do que você imagina.
- Aqui onde? No Departamento dos Mistérios?
- Não, Harry, aqui, em casa...
- Mas do que você está falando Sirius?


***


- Harry, Harry, acorda! – ele começara a se debater com mais força. Hermione estava segurando-o pelos ombros, balançando-o.

***


- Preciso ir, Harry.
- Não, Sirius, volte e me explique. – disse Harry, se levantando, bravo, enquanto o padrinho se dirigia para o arco. – Sirius!
- Eu volto Harry.
- Sirius, volte aqui, Sirius!- o padrinho pulou para dentro do véu.


***


Harry deu um pulo e abriu os olhos. Hermione tomou um susto.
- Harry, por Merlim, você está bem? – disse Hermione, ajudando-o se sentar. A respiração dele estava descompassada e ofegante.
- Sirius, de novo... – disse ele, apertando uma das mãos dela, forte.
- O que?
- Sirius, de novo. Voltou. – disse ele, encarando-a.
- Acalme-se Harry, acalme-se. Me explique, com calma.
- Apareceu no meu sonho, disse que vai me ajudar... Que tem a missão de me ajudar antes de ir totalmente. Disse que o que eu mais quero esta aqui, em casa.
- Mas o que é que você mais quer?
- Não sei! Ele não falou, pulou para alem do véu de novo. –disse ele, desapontado.
Ela o encarou, ele fez o mesmo.
- Tem alguma idéia do que pode ser?
- Não, ele foi muito vago. Sempre é...
- Sempre?
- Sim, lembra aquela noite que eu tive febre? – ela assentiu, como poderia esquecer? – Ele apareceu também, no meu sonho, só que não disse nada.
- Disse que tinha a missão de te ajudar?
- Sim, mas não entendo, por que só agora? Tem quase dois anos que ele morreu.
- Talvez... – disse ela, pensativa.
- Talvez...?
- Talvez só tenha vindo agora porque todas as pessoas que podiam te ajudar, te guiar, estão mortas entende? Seus pais, Dumbledore. Ele como padrinho tem a obrigação de zelar por você. A maneira que ele morreu Harry, foi muito de repente, ficou muita coisa inacabada. É como se ele estivesse voltando para seus sonhos pra terminar de fazer a parte dele.
- Será? – disse ele, achando a amiga bastante esperta por tirar conclusões tão elaboradas em tão pouco tempo.
- É uma alternativa coerente. Eu acho. – disse ela.
Ficaram em silencio por algum tempo, sem se encarar. Até que ela voltou a se deitar, Harry fez o mesmo. Tornou a pousar a cabeça no ombro dela, enquanto ela o envolvia num abraço.
- Acho bom você começar a pensar no que mais quer. – disse ela, pousando sua cabeça na dele.
- Quero tanta coisa...
- Pense em uma que pode estar aqui. – disse ela, baixo, fechando os olhos.
- Não sei... Não consigo me lembrar de nada.
- Não tente lembrar agora, relaxe, pense nisso depois. Quanto mais você se preocupar com isso, mais difícil vai ser lembrar do que, exatamente, Sirius falava.
- Foi bom vê-lo. – disse ele, lentamente.
- Imagino que tenha sido.
- Queria poder vê-lo de novo, de verdade. – ele suspirou.
- Sinto muito. – disse ela, passando uma das mãos pelos cabelos dele.
- Fico mais tranqüilo em saber que de alguma forma, esta tentando me ajudar. Espero que ele volte.
- Se ele prometeu, ele volta. Ele faria qualquer coisa por você Harry. Qualquer coisa. Também... Quem não faria?
Ele sorriu e fechou os olhos. Dormiu, muito bem dessa vez. De alguma forma ele se sentia mais sossegado em saber que teria mais alguém com ele nessa empreitada.



***

N/a:
Segredo de Fleur: revelado.

Nosso trio crescendo: são parte da Ordem.

Huhu!
Adoro isso!

Muitas emoções...

Hhauhsuahsuhauhsuahsuhaushuas

Aos leitores novos, sejam muito bem vindos e esperam que estejam apreciando essa história.

Aos veteranos, obrigada por tudo que fizeram por mim até hoje, nessa nossa longa jornada.
=]

Amo todos vocês, e assim que eu tiver tempo no fim de semana respondo todos os comentários.

Beijoooos e comenteeeeem!

OBS.: Capítulo especialmente dedicado a Thaís Mariana que está de aniversário hoje!
=]
Parabéns, Thaís.

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