O Real Imáginário



Tudo se tornou escuro. A passagem que levava até a sala antes de Voldemort alterá-la era muito bem iluminada; agora, não se via nem onde se pisava. Harry tentou subir as escadas com cautela, pois poderia haver algo que pudesse impedi-lo de prosseguir.
Chegando ao topo das escadas, ele notou uma porta, que seria na certa a porta que dava à sala do Diretor. Abriu-a.
Uma claridade intensa fez seus olhos arderem, mas estava tão perto. Harry adentrou. Quando sentiu que havia passado da porta, ele abriu os olhos, vendo que o brilho havia cessado.
Pensou logo que veria aquela mesa de carvalho, e a cadeira majestosa do diretor. Mas ao invés disso, viu-se parado num quarto doméstico, onde nunca se lembrara de estar.
Olhando em volta, notou que era um quarto de bebê. Tinha uma cômoda de madeira, com vários objetos infantis, como brinquedos e produtos para crianças. Do outro lado, viu um pequeno sofá azul, onde estava largada uma varinha. Mais perto da porta, havia um berço em madeira clara.
Harry se aproximou o berço, olhando para dentro. Percebeu que estava vazio. Ele admirou todo o local, tendo uma lembrança bem distinta sobre onde estava. Assim que pensava, assustou-se, pois a porta abriu. Numa fração de segundo, pensou em se esconder, mas logo sua ação mudou de imediato.
Era Lílian, sua mãe. Levava nos braços um bebê que abraçava seu pescoço, num choro escandaloso. Harry sentiu como se voltasse para seu lar.
- Ah, meu amorzinho. – disse Lílian, parecendo não ver o garoto. – Por que você não quer comer? – e a mulher colocou o pequeno bebe no berço.
- Lily! – falou uma voz de homem, vinda da porta. – Deixe, sei exatamente o que ele quer.
Tiago pegou a varinha que repousava no sofá. Num aceno, deixou que fizesse sair da ponta, um fio de fumaça. A criança que chorava no berço, agora olhava para a fumaça com um sorriso, parecendo se divertir com o feito do pai.
Harry também sorria. Nunca imaginara como seus pais agiam consigo, enquanto viviam. Sempre quiser vê-los assim de perto, olha-los claramente, ter como uma referência de como realmente eram. A feição bela da mãe, encantadora e doce como a expressão da Sra. Weasley, quando o via chegar. O carinho e afeição do pai, que parecia ser um homem protetor, enquanto agitava a varinha para fazer o filho rir.
Tudo aquilo era o que Harry mais queria ter. Queria sentir novamente aquelas demonstrações de amor de sua família. Algo em seu intimo o fazia sentir-se feliz, e ao mesmo tempo deprimido, sabendo que nada daquilo regressaria. Via a si próprio, contente em ter a companhia dos pais perto, não sabendo que aquilo não seria eterno...
Algo o fez assustar-se bruscamente. Um ruído metálico do lado de fora, no andar abaixo, avançava para dentro da casa.
Tiago perdeu a linha da fumaça e olhou aterrorizado para a esposa. Harry notou que nunca imaginara tal expressão aterrorizada nos rostos dos dois. Alguém subia rapidamente para o primeiro andar. Mais rápido ainda, a porta explodiu-se e alguém entrava no quarto.
Um clarão verde irrompeu da varinha do intruso, penetrando por todo o cômodo, acertando Tiago Potter no peito, o fazendo cair no chão, sem vida.
Harry olhou melhor e percebeu que Voldemort chegara. Seu rosto era moço, e não tinha sua atual aparência ofídica. Apontava sua varinha para a mulher, que segurava o bebê no colo, o apertando com força contra o peito.
- Não! Deixe-nos em paz! O Harry não! Eu imploro!
- Saia do caminho garota!
- O Harry não! Deixe-o viver! Me leve em seu lugar!
Enquanto Voldemort brandia a varinha para a moça, Harry viu que no seu jovem rosto surgia uma expressão em termos de fúria e exaltação. Sabia que aconteceria a qualquer momento... mas não ia suportar ver.
- Deixe o garoto! Deixe o garoto e você sairá livre!
- Me leve no seu lugar! Por favor! Não leve o Harry!
- Não!
Transpassou pelos olhos do Lorde a sombra da morte, então, Harry sentiu como se pudesse estar presente novamente, como se fosse agora...
- Avada Kedrava! – bradou Voldemort, e Lílian Potter gritou.
Seus braços ainda seguravam o bebê, que chorava sem saber do perigo. A mulher caiu no chão, ao lado do marido, morta.
O Harry bebê sentou-se no chão, agarrado na mão da mãe, e o Harry adulto, agachado ao lado de Lílian, esperando que a dor do seu passado cessasse. Lorde Voldemort chegou mais perto, passando por cima do corpo do homem sem vida, aproximando de Harry.
Apontou a varinha para o bebê, sorrindo. Assim, ele gritou a Maldição da Morte, deixando um jorro de luz verde irromper, novamente, o quarto. Agora, três pessoas agonizavam. Voldemort berrava, o bebê chorava cada vez mais alto, e Harry sentia como se fosse explodir de dor. Aquela aflição de quando fora bebê parecia voltar, e a cicatriz, uma ferida aberta. Ele fechara os olhos, pedindo que tudo passasse logo.
Quando tornou a abri-los, sentiu que algo escorria pelas suas mãos que agarravam a cabeça. Havia sangue por todo o braço, vindos da cicatriz. Olhou para cima, vendo que Voldemort ainda ofegava, de pé, com a varinha firme nas mãos pálidas...
O Lorde se recompôs, mas agora, da forma que Harry mais temera. Aquela aparência de serpente, rosto com mais frialdade. Harry olhou para os lados, vendo Lílian e Tiago jazidos, mas o bebê desaparecera. O sangue lhe tomava, lhe dava dor...
Voldemort apontou a varinha para Harry, com o sorriso mais ambicioso. Harry nada podia fazer... parecia que iria morrer, antes de ser atingido por qualquer maldição.
- Avada Kedrava!
Ele caiu. Pensou que estava morto. Mas, sentia que repousava sobre um chão frio, árduo. Então, não podia ter morrido.


Continua... (últimos cápitulos!)

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