A Ajuda de Rosmerta



Ela perdera a vida, como todos que morreram, para salvar a vida de Harry. Não podia crer que aquela que o ajudara, o consolara e o acompanhava durante um tempo estava sem vida.
- Bia! – murmurava Harry, ainda olhando para o edifício de longe. – Não!
- Não p-pudemos fazer n-nada! – consolou-o Hermione. – Ele q-quis assim...
- Quis morrer por acaso? – perguntou Harry.
- Não quis morrer, mas ela se arriscou por...
- MIM? – gritou Harry indignado. – Cansei de todos morrerem por mim! Não é justo!
Todos se calaram. Minerva controlava o dragão, mas mesmo assim argumentou:
- Tem coisas que não podemos prever, assim como a morte. Talvez ela não tenha morrido exclusivamente por você. Mas talvez para ajudar-lo a prosseguir com sua missão.
Harry não comentou sobre o que a mulher dissera. O mar ainda passava debaixo de seus pés, e ele segurando firmemente nas costas escamosas de gigante dragão Hannie, pensava por que Bia tinha ido procurá-lo. A garota nem lhe explicara o motivo, e nem explicaria...
Pegou a bolsinha felpuda que Gui lhe dera, trocando a Taça de Hufflepuff pelo Diadema de Ravenclaw nas mãos. Viu que a luz azul no centro mantinha-se acesa, iluminando o escuro da madrugada. Agora lhe conveio.
- Foi ele. – murmurou para si, e olhando para o lado, Rony e Hermione viraram os rostos, esperando outro argumento: - O Diadema salvou minha vida.
- Quê? – disse Hermione.
- Quando os dementadores estavam me atacando, vi uma luz... e essa luz era do Diadema de Ravenclaw. Ele me salvou.
E calou, para admirar a peça, ainda com mais fascinação. Aliás, agora lembrava que lhe salvara duas vezes: quando o encontrara, abrira o caminho para sair da sala de circular; e à pouco o salvara dos dementadores com sua luz. Como poderia eliminar algo que o libertara da morte mais de uma vez?
- Você não está pensando em poupar essa Horcrux, está? – falou Rony, olhando Harry parecendo preocupado.
- Não. – disse Harry com firmeza, guardando a Horcrux de volta à bolsinha presa ao pescoço.
Depois de alguns minutos, sobrevoavam uma cidade, que Harry reconheceu como aquela que ele e os dois amigos acamparam há algum tempo. Minerva falou:
- Queridos... preciso deixa-los. Há assuntos importantes me esperando nessa região... ficarão bem, não?
- Claro! – disseram os três.
A mulher rumou o animal para um morro, nas encostas da cidade, bem próximo ao ponto onde Harry, Rony e Hermione tinham se abrigado, e fez Hannie parar com as quatro patas, suavemente.
- Olhem, - disse McGonagall descendo da criatura num pulo. – espero que vocês não rumem para Hogwarts. Encontrem um local seguro bem longe da escola...
- Mas professora...
- Não, Potter. Nada de mas. É isso que eles esperam. A chegada do senhor e dos seus amigos é muito esperada entre Severo e Thales. Eles comandam agora, e podem muito bem mandarem-nos direto para Aquele-que-não-se-deve-nomear. Aguardem segunda ordem.
E desaparatou, sem deixar-los argumentar mais. Os três encararam uns aos outros.
- Iremos seguir o que McGonagall falou, não é? – disse Hermione, e no seu tom de voz, foi mais para Harry.
Ele não respondeu. Pulou no dorso do pescoço do animal, ajustando-se para fazê-lo ir ao ar.
- Vamos Hannie! – disse passando a mão pela pele escamosa da dragão.
Hannie levantou-se, abriu as asas de morcego longas e pontudas fazendo-as subir e descer. Criando impulso com as pernas, a animal os fez subir ao céu escuro.
Harry coordenou a criatura para que subisse mais alto, acima que as nuvens, de tal modo que os trouxas não avistassem um dragão voando em pleno céu da cidade.
Assim que passou pelas nuvens brancas, sentiu os primeiros raios de sol tocarem sua pele, sem lhe causar dor. Mesmo com sua agonia pela perda de uma grande amiga, Harry estava sentindo-se bem-sucedido e sabia que caminhava no rumo da vitória, mesmo sendo em passos lentos e dolorosos. Afinal, vencer sem riscos é triunfar sem glória.
- Para onde vamos? – falou Rony, depois de muito tempo em silêncio.
- Alguma opinião? – contrapôs Harry.
- Menos á Hogwarts...
- Como não?
- Não Harry! – alertou Hermione – Você ouviu Minerva...
- Tudo bem: suponhamos que seguemos o que ela disse – falou Harry – e como se acha a situação de Hogwarts? Deve estar tudo em perfeitas condições para nossos colegas ter como diretores da escola dois Comensais da Morte impiedosos!
- Mas McGonagall...
- Esqueça McGonagall Hermione! – inquietou-se Harry - Ela não sabe como agimos! Não sabe do que somos capazes de fazer...
- E se não formos capazes? – replicou Hermione.
Harry abriu a boca para defender-se, mas achou melhor deixar para lá. Iria a Hogwarts. E ponto final. Não achava justo deixar seus amigos da escola em más condições, e se Rony e Hermione não quisessem acompanhá-lo, pois bem; ele não iria obrigá-los.
Ficaram calados durante toda a longa viagem de volta.
Durante muito tempo eles ficaram no ar, até que Harry avistou de longe, um grande Lago Negro, e um enorme castelo colossal com muitas torres altas e uma Floresta ao longe. Sabia que não havia como entrar em Hogwarts pelo modo mais fácil, então teria de ser á força.
O garoto imaginou que poderia pousar em Hogsmeade, pois de longe não se via ninguém.
Hannie colocou as patas dianteiras no solo e depois as traseiras, assim dando uma parada leve na rua principal, quase não tento espaço para acomodar-se.
Harry desceu primeiro num pulo apressado, acompanhado de Rony e Hermione.
- Fique de ouvidos atentos, Hannie. Talvez precisemos de sua ajuda. – cochichou Harry no ouvido da dragão, e ela, soltando um rosnado confirmativo.
A criatura abriu as asas, quase lançando uma delas contra o Cabeça de Javali, levantando vôo para cima dos montes próximos, desaparecendo de vista.
Ele não olhou para os amigos e caminhou pela Rua Principal desabitada, mas percebeu que eles o acompanhavam. Nunca vira Hogsmeade tão triste e desanimadora. As vitrines estavam vazias, apenas com um cartaz – o que Harry desejou ignorar – uma foto dele mesmo, e uma frase: Da-se recompensa de cinqüenta mil galeões.
O amanhecer tinha um ar silencioso e tímido, pois os raios de sol apenas tocavam a pele, sem aquecer-la. Harry decidiu tentar entrar na escola pela mesma entrada que Voldemort se infiltrara. Caminhou até onde se dava a estrada para a Casa dos Gritos.
- Não vai entrar por aí. – disse Hermione timidamente. – Com toda a certeza trataram de lacrar todas as entradas secretas para o castelo.
- Alguma idéia, então?
Ele ouviu um som de metal ranger. Correu para trás do Três Vassouras, sendo seguido pelos amigos. Olhando por trás do bar e viu que os portões ladeados para a entrada na escola se abrirem com um ruído alto.
- Está avisada, Rosmerta! – disse Severo Snape. – Ao fim do dia...
- Mas, senhor... diretor, eu não posso fechar o bar... vou perder muito!
- Não nos convém se irá ter mais ou menos lucros! – disse o homem ao lado de Snape - Todas as outras instalações já estão fora da cidade. Não virá ser a sua a permanecer...
Madame Rosmerta, dona do Três Vassouras. Parecia chorar, com um lenço na mão, às suplicas para que os dois homens aceitassem que seu bar permanecesse em Hogsmeade.
- Por favor, Severo! – disse a mulher puxando as barras das mangar da capa de Snape – Não tenho para onde ir...
Snape fez uma cara maléfica, como a expressão que fazia quando Harry errava um ingrediente, e forçou-a soltar sua capa, trancando-a para fora dos portões.
Rosmerta caiu num choro mais profundo, ajoelhando-se á frente do portão, enterrando o rosto no lenço. Será que Rosmerta entraria em pânico se o visse, e avisaria os dois homens de que Harry Potter estaria ali? Ele saiu de trás do pub e caminhou em direção á mulher.
- Harry! – chamou Hermione bem baixinho, mas ele ignorou seu aviso.
O garoto aproximou-se de Madame Rosmerta e tocou em seu ombro. A mulher exclamou de susto, levantando seu rosto, olhando quem a incomodara.
- Por Merlin... é você! – sussurrou, e para a surpresa dele, sem exaltar-se.
Rony e Hermione também saíram de trás do bar, deixando a mulher de olhos saltados.
- Os anjos os trouxeram!
- Na verdade, foi um dragão... – murmurou Rony.
- Jeito de falar, imbecil! – sussurrou Hermione.
- Onde se meteu garoto?! – falou Rosmerta dando um abraço em Harry.
- Não temos tempo para explicar – disse Harry, se afastando do portão com a mulher - só queríamos ter uma ajuda sua...
- Tudo que precisarem meus queridos! – exclamou Rosmerta enxugando as lágrimas.
E eles pararam na porta do Três Vassouras.
- Tem como levar-nos para dentro de Hogwarts? – perguntou Harry, sem certeza de uma resposta confirmativa.
- Ah... – e ela hesitou um momento, olhando para os lados – Entrem! Explicarei tudo que precisam saber!
Sem ter certeza se isso fora uma resposta, Harry acompanhou a mulher e os amigos para dentro do bar. Nem parecia o Três Vassouras que ele conhecia nos seus tempos de visita: os cantos das vidraças tinham tufos de pó, o chão encontrava-se com uma camada de sujeira particularmente alarmante. Quando Harry pisou na madeira do chão, três ratos assustados passaram correndo á frente de Hermione, deixando-a soltar um berro.
- Desculpem a bagunça – justificou-se Rosmerta. – Não há como manter esse lugar limpo, não agora que proíbem a limpeza...
- Perdão! – exclamou Hermione, descrente. – Como assim proíbem a limpeza?
A mulher ofereceu que se sentassem nas cadeiras postas, e começou a contar:
- Quando Severo começou o seu “reinado” pela região, ele conseguiu tomar poder sobre toda a Vila de Hogsmeade também, e assim impediu as visitas por aqui. Mas se isso não bastasse, ele decidiu pôr uma lei que proibisse a limpeza em todo o vilarejo, desencorajando os alunos de dar as caras, sendo às escondidas ou não. Agora... nem alma penada entra... a-aqui – e começou a soluçar e voltou o lenço sobre o rosto.
- Não, não Madame! – consolou Hermione, dando palmadinhas em suas costas – Tenha calma...
- C-calma é o q-que não vejo há m-muito t-tempo por aqui, m-minha jovem! – falou Rosmerta assuando o nariz.
Depois que se acalmou, ela prosseguiu:
- Tenho muita pena dos alunos da escola. Outra vez, um deles veio até o bar, escondido, pedir uma bebida qualquer. Com o maior prazer, ofereci um copo de cerveja amanteigada, mas depois fiquei sabendo pelos moradores, que o garoto pagou caro por vir visitar o Três Vassouras. Pelo que disseram foi barbaramente torturado e ficou uma semana sem ter o que comer...
Hermione levou as mãos á boca. Harry sempre soubera que Snape era ruim, mas para chegar á esse ponto, era de ser mais terrível do que pensara. Achou que não queria saber o que mais Snape aprontara contra seus colegas.
- Mas meus amores, tenho esperado vocês há meses!
- Nós? – exclamou Rony.
- Sim! – disse a mulher exaltada. – Venham, venham!
E foi até a escada para o segundo andar chamando-os. Os três seguiram Madame Rosmerta, subindo as escadas que rangiam ao pisar.
Harry nunca havia subido no sótão do bar Três Vassouras, mas não era nada animador ficar ali, pois aranhas passeavam pelo teto, assim como morcegos dormiam de cabeça para baixo nas tábuas que sustentavam o teto. Rosmerta aproximou-se de um canto, puxando um tecido empoeirado de cima de uma moldura sem quadro.
- Que isso? – perguntou Rony, olhando pela moldura quadrada e grande, sem entender nada.
- Isso se chama Via Invisível. – disse Rosmerta colocando a molduro sobre a madeira do chão – Quem passa por ela, vai dessa para a outra que está localizada dentro de Hogwarts.
- Genial! – aclamou Harry, agora entendendo o que a mulher explicava.
- Muito engenhoso! – falou Hermione, passando as mãos pelos cantos da moldura – Mas como eu nunca ouvi falar?
- Por que nem tudo está nos livros, Hermione! – replicou Rony, antes de Rosmerta dizer algo.
A garota olhou-o com voracidade. Depois perguntou diretamente olhando para a mulher:
- Onde está localizada a outra dessa... dessa passagem?
- Quanto a isso não sei lhe dizer – justificou-se Madame Rosmerta - ela foi dada á mim há anos por Dumbledore, em caso de alguma emergência, assim como essa agora. Só mesmo ele sabia onde está.
- E se por algum acaso, a passagem estiver num lugar de acesso á Snape ou Thales? – perguntou Harry.
A mulher parou um momento e respondeu incerta:
- Se ela tiver sido destruída, terá um grande risco da pessoa que passar pela Via Invisível... não retornar, entende?
Hermione mordeu os lábios assustada olhando para Harry, e ele percebeu que Rony o olhava também, esperando a decisão a ser julgada por ele.
- Não há outra maneira de entrar, Madame Rosmerta? – perguntou Harry.
- Não, meu jovem. Não que eu conheça ou que seja altamente mais segura que essa.
Harry olhou para os amigos, esperando que talvez eles sugerissem que procurassem outro jeito de chegar á Hogwarts, mas nenhum deles abriu a boca. Tinha a possibilidade de talvez não conseguirem, mas também não havia outra escolha...
- Iremos pela Via Invisível. – decidiu ele.
Para o seu alivio, Rony e Hermione afirmaram com a cabeça.
- Tudo bem, querido. – disse Rosmerta.
- Vou à frente – ofereceu-se Rony.
- Não! – falou Harry.
- Deixe-me ir, Harry. Você é quem tem de cumprir a missão. Se eu não voltar, não prossigam!
E Rosmerta posicionou a moldura no chão, sendo assim que dava para ver por entre ela, as madeiras do sótão e um pequeno furo criado por ratos.
- Quando estiver pronto, é só pular. – falou Rosmerta.
Rony olhou para Harry, e o mesmo fez um sinal encorajando-o. O garoto olhou para Hermione, e a mesma estava roendo as unhas. Olhou para o centro da moldura e logo após fechou os olhos. E dando um pulo, desapareceu pelo quadrado de repente.
Hermione também fechara os olhos, mas agora os abrira deixando lágrimas correrem de medo. Harry contava os momentos para que Rony voltasse logo, confirmando, assim, que a passagem estava livre.
Um minuto se passou, sem que Rony retornasse. Mais minutos transcorreu, e Hermione já se derramara em lágrimas.
- Tenha calma, Hermione! – disse Harry. – Não está nada confirmado...
Harry começava a perder as esperanças de que houvesse dado errado, quando cinco minutos decorreram sem a chegada do amigo.
Do centro da moldura, surgiram os cabelos ruivos de Rony.
- Tudo limpo! – falou ele – Podem vir!
Hermione caiu num pranto mais choroso ao ver Rony.
- Calma Mione! Eu tô inteiro! – acalmou rindo-se. – Às vezes acho que ela é muito melosa! – e voltou para dentro da moldura, desaparecendo de vista.
- Já que está com tantas saudades dele assim, vá à frente Hermione! – disse Harry.
- T-tá! – murmurou ela, pondo-se á frente da moldura.
Assim que ela pulou sumiu dentro do quadrado. Rosmerta pôs a mão no ombro de Harry.
- Boa sorte, meu querido! - disse a mulher sinceramente – O destino de todos está em suas mãos!
- Obrigado – falou Harry.
Ele pôs-se á frente da moldura e fechou os olhos, com receio de cair no chão de madeira, ao invés de atravessar, e pulou. Era como cair dentro de uma camada de água, e depois voltar para o chão imediatamente.
Ao cruzar, parou de pé num chão árduo de pedra, e nem percebeu onde estava. Mas antes que pudesse ver algo, seus ouvidos foram tomados por gritos e salvas.
Quando se deu conta, havia várias pessoas o abraçando e o sufocando.
- Gente! Ele também precisa respirar!
Todos se afastaram. Ele notou logo de cara que eram seus amigos Luna, Neville, Simas, Dino, Lilá, Cho, Padma, Parvati, Lino e outros muitos, que nem se deu conta de quem seriam.

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