Presas e Sangue



Ao chegar ao seu dormitório, Harry percebeu que ninguém se incomodara com o que poderia vir a acontecer. O garoto chamou Rony, e fez o mesmo batendo na porta do dormitório feminino. Hermione levantou com os cabelos mais armados do que Harry já vira. Os três desceram para a Sala Comunal.
Harry contou aos amigos o que acontecera. Minutos de conversa, Gina desceu. Parecia ter acordado com o falatório lá em baixo.
- O que houve? - disse sonolenta - Será que não podem falar menos aí?
- Gina! - disse Harry chamando-a para baixo.
Os três contaram a Gina o que tinha acontecido. Ela se espantou e disse:
- Ora! Se é assim... temos que comunicar a antiga AD!
- Não! - disse Hermione espantada - Claro que não! Devemos obedecer a McGonagall! Lembra do que aconteceu no ultimo encontro com esses Comensais e o pessoal aqui? Nem pensar!
- Discordamos!
Neville, Simas, Dino e Lino estavam parados a porta do dormitório. Também, aparentemente acordados pelo falatório ali. Eles desceram e Harry - novamente - teve que contar aos recém-chegados a historia. Eles também se assustaram.
- Se tivermos realmente que ajudar... estaremos prontos! - disse Neville pouco corajoso. Os outros afirmaram com a cabeça.
Hermione, parecendo vencida, também concordou.
- Ótimo - disse Harry animado - Ainda tem a lista da AD, Mione?
A garota correu para cima, no dormitório, e em alguns minutos voltou com um grande pergaminho. Estava meio amarelado e também amassado, mas ainda mostrava suas letras legivelmente.
Os amigos tomaram a lista em mãos, e rapidamente correram para fora do dormitório, e foram ao encontro dos membros e antigos membros da Armada de Dumbledore. Hermione e Gina ficaram de procurar Cátia, Lilá e as gêmeas. Simas e Neville tiveram de ir atrás de Antonio e Terêncio. Dino e Lino foram à busca dos irmãos Creevey e Ernesto. Sobrou para Rony e Harry procurarem Zacarias, Luna e Cho. Todos concordaram que não chamariam mais Marieta, amiga de Cho, pois ela quem denunciara, no quinto ano, o ponto de encontro da AD.
Harry desceu com Rony para o Salão Principal, junto com os outros, porque evidentemente estariam todos ali naquele momento. Harry e Rony foram primeiramente para Luna.
- Oi Harry - disse Luna, olhando para eles com seus encantadores olhos azuis.
- Oi Luna - disse Harry baixinho - Estamos atrás do pessoal da AD...
- Que legal! Aonde vamos? - apressou-se animada
Os dois explicaram o que viria acontecer à noite. Ela parecia animada demais para se espantar.
- Ah... que bom! Er... Harry tem uma amiga que pode ajudar conosco! Talvez ainda não conheça Beatriz...
O garoto percebeu uma menina miúda ao lado de Luna. Tinha os cabelos escuros e oleosos. Os olhos estranhamente verdes contrastando com o lápis preto em volta. Seus lábios e unhas também eram negros. Tinha um olhar sedento de compaixão. Parecia mascar chiclete e ser super descolada.
- Ah... Bia fala com o Harry! Harry Potter! Lembra? - disse Luna
Os olhos da garota se iluminaram e ela se levantou rapidamente. Olhou Harry de cima a baixo e parando - como devia de se esperar - na cicatriz de Harry.
- Eu sou Ana Beatriz Evanne... Ou como todo mundo me chama: Bia.
- Prazer... Acho. - disse Harry amedrontado. Parecia estar falando com uma alma de outra vida. - Se ela quiser... Pode... Ir com a gente... Se quiser...
- Ah, claro que vou... - disse Bia estranha, voltando a se sentar e comentar alguma coisa com Luna e outra amiga ao lado.
Harry se afastou e pensou em falar agora com Zacarias. Foi em direção á mesa da Lufa-Lufa com Rony atrás. Chegando lá, Zacarias ria muito com uns amigos e parou imediatamente ao ver Harry.
- Posso falar com você, Zacarias? - disse ele
Zacarias se levantou olhando para Harry e Rony, e foi a um canto. Eles explicaram o que iam fazer e o porquê.
- Vocês estão falando pra eu ir salvar o mundo com vocês? - disse Zacarias com tom de zombaria
- Isso - confirmou Rony - Mas se você preferir ficar aqui parado, com seu traseiro sentado, esperando o mundo acabar... Fique onde esta!
O menino girou os olhos e primeiramente não quis ir. Mas depois que Rony o chamou de frangote, ele concordou, com a cara emburrada.
O próximo a chamar era Cho. Harry não teve a mínima vontade de falar novamente com Cho. Tinha pedido á Rony para lhe fazer este favor, mas disse que não iria sem que Harry fosse.
Eles chegaram à mesa da Corvinal e aproximaram da menina.
- Cho... eu... posso falar com você? - disse Harry meio nervoso com a situação
Cho olhou para suas amigas - entre elas Marieta - e foi com os meninos.
Eles contaram a historia toda, de como os Comensais e até mesmo Voldemort poderia invadir Hogwarts á noite de hoje.
- É... não sei Harry! - disse com sua expressão de confusão - Eu... não posso me meter nesses assuntos assim! E se alguma coisa... acontece... não sei...
- Não! - apressou Harry a dizer - Nós iremos com muita gente... acho... e devemos fazer isso para que... você sabe né? Podemos conseguir pegar... uma Horcrux.
Cho parecia não entender muito bem o que vinham a ser Horcruxes, mas concordou ainda meio confusa.

Depois, faltando trinta minutos para as dez horas, todos estavam se reunindo na sua respectiva Sala Comunal. Os da Grifinória estavam reunidos na Torre. Hermione revisava silenciosamente os encantamentos, Gina e Harry estavam estuporando Rony. Os outros estavam sentados nas poltronas, aparentemente extremamente nervosos com a história. Ninguém, nenhum funcionário sabia - ou não devia saber - o que iriam fazer. Estava achando um pouco difícil uma turma de quase trinta pessoas, saírem do castelo, despercebidos. Então armaram um esquema: ia a cada cinco minutos, um grupo de cinco.
- Caracas - exclamou Rony colocando a mão na cabeça, depois de ser reanimado. - Devíamos mandar mais alguns agora, não é Harry?
- Ah, certo. - disse Harry puxando Gina para junto dele - Gina, Rony, Hermione e Neville, comigo. Daqui mais ou menos uns três minutos, nós descemos, OK? Esperem-nos na entrada da Floresta como combinamos vocês.
Simas, Dino, Colin, Denis e Lilá confirmaram e foram na frente. Passando-se alguns minutos, Hermione disse havia dado a hora. Eles tomaram a Capa de Invisibilidade, só por precaução. Saindo do retrato, Mulher Gorda abriu um olho.
- Ei! O que vocês...
- Calma aí! - disse Hermione - Já voltamos!
Eles ajeitaram a capa - agora, não havia jeito de cobrir os pés dos três; Rony estavam mais alto que um poste - e foram descendo as escadas.
Ao passarem por uma armadura, vira uma coisa sair de trás da mesma. Era Madame Nora. Olhou para os pés flutuantes e esganiçou os pelos. Eles se agacharam e esconderam-se atrás da armadura. Ouviram passos apressados.
- Será possível? - disse uma voz rouca do fim do corredor. - Será que Pirraça ainda tem coragem?
Filch vinha mancando com passos muito largos. Passou por eles e por um milagre, ignorou a tossida de Hermione. A gata foi caminhando atrás do dono e olhando para os garotos. Depois que Filch sumiu de vista, e sua voz também, eles continuaram.
Saíram do castelo, cruzaram os terrenos silenciosamente. Encontraram com o resto dos amigos, parados na entrada da Floresta Proibida.
Todos entraram como o Maximo de silencio. Harry, Rony e Hermione iam a frente. Harry percebeu que Cho choramingava. Parecia estar sendo forçada a ir naquele lugar.
Realmente, a Floresta estava um pouco mais fria do que de costume. Os garotos desejaram ter levado uma blusa a mais. Enquanto caminhavam eles pararam para ver se havia sinais de outras pessoas além deles. Hermione consultou o relógio. Naquele momento marcava dez horas em ponto. Esperaram algum tempo, mas nada aconteceu.
- Será que você entendeu certo Harry? - cochichou Hermione quando se sentava nas folhas do chão. - Será que era a Floresta de Hogwarts?
- Existe outra Floresta Proibida? - exclamou Harry baixinho, aguçando o ouvido.
Alguns deram gemidos ao ouvir passos. Todos se calaram, até alguns pararam de respirar para ouvir melhor. Ana Beatriz estava ao lado de Harry. Respirava o mais rápido que todos. Parecia estar à beira de um desmaio.
- N-não!- gemeu Bia. - N-não! E-eles... eles n-não!
- O que você disse? - sussurrou Rony olhando para ela espantado.
- Vampiros! - exclamou ela quase chorando.
- Vampiros? - repetiu Hermione incrédula - Vampiros na Floresta?
- S-sim! - disse baixinho. - E-eles começaram a habitar essa área depois do verão passado! A gente precisa...
Mas antes que terminasse, ouviram ruído muito alto de passos. Vinham de todas as partes, todos os lados. Harry caiu no chão, em cima de Luna. Hermione saiu correndo perto de Neville, Rony pulou para o lado. Cho agora chorava.
Apareceram muitas pessoas adultas a volta deles, mas não pareciam humanas. Andavam devagar, mas tinham um gingado no andar. Muitos pulavam do alto das arvores, outros vinham de trás dos troncos e arbustos, por todos os lados. Os amigos se juntaram ao meio deles enquanto avançavam com um jeito voraz. Bia deu um salto à frente.
- P-parem! - exclamou quase chorando.
- O que pensa que vai fazer menina? - disse uma das criaturas, de voz fina, meramente uma mulher, que avançou e mostrou seu rosto cumprido, meio esquelético, com os íris dos olhos extremamente vermelhos. Sua boca era carnuda e tinha um fio de sangue escorrendo pelo queixo. Harry percebeu que, ao falar as palavras, suas presas eram bem maiores que os dentes normais. Percebeu que seriam vampiros.
- Não façam... isso!- ofegou Bia - V-vocês não... podem... por favor Penney!
- Saia da frente Evanne... sabe seu destino!
- Não! Eu... não vou deixar vocês fazerem isso com ele! - disse Bia pondo-se a frente de Harry.
Ninguém estava entendendo nada. Como Bia poderia falar daquele jeito com aquelas criaturas? Pareciam sanguinárias e não a perdoariam fácil.
- Se não sair da nossa frente iremos machucá-la! - disse outro, mais atrás de Penney, com a voz grossa. Seu rosto apareceu quando deu um passo. Tinha aparência de um homem bonito e forte. Os olhos eram iguais ao da moça. - Sabe que não queremos teu mau! Vamos... saia!
Agora, todos os outros vampiros haviam parado onde estavam. Harry percebeu que eles o observavam com maior atenção; alguns até salivavam.
- Tenha calma, Remound. Deixe-me cuidar disso!
Uma outra pessoa, com um ar superior aos outros, apareceu ao lado direito deles. Andou pela luz do luar, e se aproximou de Harry e os outros. Hermione apertou a mão de Harry, e ele, fez o mesmo. Essa outra moça era muito bonita, com os cabelos muito negros, que reluziam a luz da noite. Os olhos também eram vermelhos, mas um vermelho encantador. Sua boca era vermelha, seu nariz perfeito, e suas orelhas pontudas. Suas unhas eram num tom de vinho e cumpridas. Sua pele parecia um pêssego. Usava uma capa preta e botas.
- Amely? - exclamou Bia - Você... não pode... eu...
- Claro que posso! Acho que se lembra de que nível sou, não é, Evanne? - disse a moça linda, com uma voz encantadora. - Espero que me ouça, ou poderá sair daqui talvez não viva.
A mulher olhou para Harry, dando um sorriso, que lhe mostrou as enormes presas. Harry achou que ela devia ser a chefe do grupo de vampiros ali. Depois, Amely voltou um olhar feroz para Bia e disse calmamente:
- Saia daí! Pare de bancar a heroína, garota! Sabe que o Lorde das Trevas não gostaria que o desapontássemos! Pagaríamos muito caro...
- Que paguem! - disse Bia chorando agora - Não! Não precisamos disso...
- JÁ CHEGA! - gritou a vampira Amely. - Vamos, acabemos logo com isso!
E ela acenou. Ao seu gesto, todos os vampiros ali presentes voaram para cima deles. Bia sem recuar, voou para cima de Harry, aparentemente para protegê-lo. Hermione, Rony, Neville, Simas, Colin, Denis e os outros amigos, correram em várias direções. Bia se levantou e gritou:
- VAI HARRY! CORRE! SAI DA FLORESTA!
Harry correu para o meio das arvores, sem saber para onde ia. Tentou olhar em volta para ver se achava vestígio da saída, mas não achou nada alem da escuridão. Correu, e correu muito rápido e sentiu seu pé enroscar em uma raiz no chão. Caiu e tentou se levantar, mas seu pé estava preso a raiz. Tomou a varinha e apontou para o pé da arvore.
- Reducto! - gritou e a raiz se partiu.
Levantou quase mancando e saiu de novo em sua corrida. A lua corria no céu anoitecido; agora estava bem em cima de sua cabeça. Harry parou e descansou numa arvore próxima. Teve a impressão de ter visto algo de mover num arbusto próximo. Ele se abaixou, a alguma coisa voou sobre seu corpo. Olhou e viu a jovem bela, mostrando-lhe os dentes. Ele não podia se mover, pois o peso da vampira lhe tomava o corpo inteiro. A moça se aproximava do seu pescoço; sabia que queria mordê-lo.
Antes que ela pudesse colocar suas presas nele, Amely saiu de cima dele e caiu pro lado. Harry olhou para o lado para tentar ver na escuridão da noite o que havia atingido a moça. Bia estava parada perto dele, com os olhos vermelhos, como os olhos dos outros vampiros e tinha as mãos fechadas em punhos.
Ela olhou para Harry, ele viu entre seu sorriso estranho um par de presas. A garota avançou para o garoto e ele a evitou por pouca. Rolou para o lado, levantou-se muito rápido e tentou correu para o oposto de Bia. Percebeu que a menina não estava muito consciente do que fazia, porque ela tinha o mandado escapar, e agora o atacava.
A garota continuou a correr na direção de Harry, e ele, depois de um instante, olhou para trás, e não a viu mais. Parou e aguçou os ouvidos. Olhou para todos os lados, mas sabia que ela não tinha desistido da caçada. Harry ficou alguns segundos observando a escuridão da noite e percebeu que Bia tinha pulado no topo da arvore próxima a ele. Olhou para cima e viu alguma coisa cair sobre ele novamente, mas agora a coisa tinha colocado suas presas nele, muito velozmente. Seu pescoço doía muito, e sangrava demais. Ele caiu no chão com a mão no ferimento, sem esperança de alguma ajuda. Ouviu um grito e alguém conjurar um feitiço que conhecia, mas não estava muito consciente do que se tratava.
Amely deu um grito e uma forte luz tomou sua vista.
- Harry! - alguém gritou. – Olha para mim... fala comigo!
Alguém pegou em sua mão, mas ele não viu quem era. Bia correu para longe e se afastou. Amely parecia próxima, mas depois pulou para cima das árvores. Depois disso, o garoto se entregou e não viu mais nada.

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