O Poder Máximo



Com Hermione gravemente ferida, o plano de chegar a Azkaban, para a preocupação de Harry, estava adiado.
- Desculpe Harry – falou a garota – Mas se quiserem que eu vá junto, terão que esperar um pouco...
- Não é culpa sua. – disse Harry, sentado no sofá, esfregando o pulso ferido agora enrolado em ataduras.
- Pelo menos uns três dias! – gritou Rony da cozinha.
Hermione tentou se mexer no beliche, mas fez uma careta de dor.
- Que droga! – exclamou – Assim não tem como eu ir preparar o jantar...
- E não precisa! – disse Rony colocando pratos, talheres e copos na mesa.
A garota riu-se.
- Você vai fazer? Duvido! – sibilou a ultima palavra.
- Duvide de outro, pois eu já fiz!
E veio da cozinha com uma travessa, deixando um cheiro de sopa disseminar por toda a cabana.
Rony colocou um pouco da sopa no prato de Hermione, e foi levá-lo até a garota.
- Vai... não tá contaminado! – falou Rony colocando com uma bandeja no colo de Hermione - Lavei as mãos antes de fazer.
- O quê? Mas como você...
- Qualidade culinária da mamãe – anunciou Rony – Ela me ensinou a fazer sopa de legumes. Espero que esteja boa... – sussurrou para Harry.
Harry sorriu. Ele observou Hermione tomar a primeira colher da sopa.
- Hum... – murmurou a menina – Tenho que admitir Rony, sabe fazer uma boa sopa!
- Se quiser, fiz um monte para todos Harry! – falou Rony.
- Não deixo escapar – disse Harry, se levantando do sofá, indo até a mesa - estou morto de fome!
Depois de todos comerem, os dois deles foram se deitar, deixando Harry novamente na vigia. Rony dissera que Hermione não podia ir, e que queria, mas Harry decidiu ficar na vigilância.
Enquanto observava a noite quieta e serena, ele não parava de pensar em alguém que nunca deixara de pensar, desde o momento que partira nessa viagem. Gina não saíra de sua cabeça.
Lembrava da última vez que a vira. Não era muito boa, mas era o que mais a recordava. A imagem dela tentando segurar sua mão, para escapar do Chalé das Conchas, não fugia de sua vista. Queria a todo segundo, ter Gina ao seu lado. Por tudo no mundo, daria para ter-la novamente perto.
Algumas vezes, sentia o cheiro de seus cabelos perfumados, que sabia ser isso de que tinha saudade. Ao pensar de que talvez nunca mais pudesse ver Gina de novo, ele sentiu-se mal. A qualquer momento, poderia morrer ali, arriscando sua vida para tentar manter o mundo a salvo. Pelo menos isso, pensou, devo fazer bem.
Sentia-se muito exausto, agora. Mas não podia adormecer... sentiu sua cicatriz voltar a formigar, como há algum tempo não fazia. Sabia que ia dormir... não ia agüentar...
- Conte-me! Onde você a deixou?
- Não sei, não sei!
- Fale homem estúpido! Você sabe!
- Era só uma lenda! Uma lenda! Não existe!
O rapaz a sua frente não queria lhe falar. Estava mentindo.
- Última chance! – exclamou apontando a varinha para o pescoço do homem. – Ou lhe darei destino pior do que a morte...
Gemendo, o homem falou:
- Ela... ela deve estar com... c-com alguém que mereceu estar!
- Sabe quem é, não?
- Não sei! – tornou o rapaz. – Por favor! Por favor!
Não lhe restara dúvidas. Ou ele falava, ou morreria falando.
- Crucio!
O homem berrou. Colocou nele toda a fúria que guardava. O rapaz arquejou, e murmurou depois de um tempo:
- Deve... d-deve estar com... Alvo Dumbledore!
- Dumbledore está morto!
E o homem voltou a gritar.
- Antes... antes...
- Antes de morrer? – falou Harry.
- S-sim! Isso! Isso! – a voz do rapaz foi morrendo.
Essa pessoa já lhe servira. Era em vão tirar-lhe mais informações inúteis para si. Mas agora teria que procurar outra pessoa... o poder máximo... poder...
- Avada Kedavra!
Harry acordou com um pulo. Tinha realmente caído no sono.
Estava noite ainda. Ele levantou-se rapidamente e entrou na cabana pensando no que Voldemort tinha feito. O que ele queria daquele pobre homem?
A dor em sua cicatriz não cessara, dificultando seu raciocínio. Ficava mais intensa a cada passo que dava. Sabia que aquilo que o Lorde tramava sempre seria para seu mal. Mas o que ele realmente queria? O homem dissera que podia ser uma lenda... mas essa “coisa” supostamente estivera com Dumbledore. Como Dumbledore nunca lhe dissera? Ou já havia dito, e Harry deixou escapar?
Andando de um lado para o outro, em frente ao beliche que Hermione e Rony dividiam dormindo, Harry tentava vasculhar sua mente, procurando algo que Dumbledore tinha dito que se relacionasse ao que acabara de ver. Seria uma das Horcruxes? Era uma possibilidade.
Mas, se Voldemort havia perdido alguma delas, ele não hesitaria em usar legimenêcia... só se essa tal pessoa soubesse como fazer a oclumência. Não, nada disso fazia sentido.
Sua cabeça parecia estar a ponto de explodir. A dor na cicatriz não parara, e sim aumentara muito. Voldemort parecia preocupado e nervoso... e Harry também... o poder...
Caminhando pela areia branca, ele acabara de chegar. Sentia vestígios... ah, sim. Ele estivera ali. Mas não havia tempo de procurar o garoto. Devia chegar a Azkaban o mais rápido possível.
Tinha que ser ele... o próprio o prendera lá na prisão. Ninguém mais o ajudaria a não ser esse homem. Acreditava que não estivesse morto, pois se assim fosse, não haveria volta; então teria estragado todo seu plano. Aquilo que sempre desejara... a fonte de seu poder máximo o aguardava... mas se tivesse realmente tivesse morrido? Seria demais...
- Harry!
Antes mesmo de poder se levantar do chão, ele pediu silêncio a Hermione.
- Ele está aqui – sibilou Harry bem baixinho, indo próximo à entrada, mesmo ainda sentindo a dor torturante na cicatriz.
Rony abriu a boca, mas Harry pediu para silenciar.
Olhando para fora da cabana com muita cautela, ele não viu nada. Mas sentia... Voldemort estava ali, não a sua procura, mas na preparação da busca para a destruição de Harry.
Ouviu passos. Congelou de terror. Realmente, havia alguém andando pela areia. Pegou a varinha, temendo que Voldemort pudesse vê-lo ou atacá-lo a qualquer segundo.
- Harry...
- Silêncio!
- Daria para você explicar?
Quando Hermione parou de falar, os passos cessaram. Harry não entendeu... ele estava ali... mas talvez devia ter partido naquele instante.
Sua dor começou a passar. Voldemort estivera ali... estava se afastando.
Harry colocou a mão na cabeça, percebeu agora que suava muito.
- O que aconteceu? – perguntou Rony.
- É Harry, você andou vendo a mente de Voldemort de novo, não é?
- Não... é... Hermione, eu vi! Mas ele estava aqui... ele estava aqui fora, eu vi! Voldemort...
- Ah! – berrou Rony, fazendo Harry e Hermione olharem para fora da cabana, desesperados. – Não é isso! Harry já não te disse que esse nome...
- Não me venha com isso! – implorou Harry - Importa-se tanto em venerar esse Você-sabe-quem, que nem se liga aos fatos!
Rony olhou-o indiferente.
- Que fatos?
Ele já estava ficando impaciente.
- O de Voldemort estar passeando por aí, atrás de uma coisa para matar a mim! – gritou com violência.
- Calma Harry! – tentou Hermione. – Não ouvimos ninguém andar!
Estava totalmente desorientado. Ninguém, nem mesmo seus próprios amigos, entendiam seu desespero. Harry sentou no sofá. Sentia-se muito mal.
- Que... “coisa” é essa, Harry? – perguntou a menina, se aproximando.
Harry ficou olhando o vazio, hesitando, tentando dar uma resposta que realmente satisfatória para que ambos os amigos compreendessem:
- Voldemort está procurando algo que o tornara verdadeiramente poderoso. – falou Harry, sibilando cada palavra.
Ele pôde ver, pelo canto do olho, que Hermione lançara um olhar rápido para Rony, e o garoto deu o mesmo em resposta.
- Você sabe o que ele está procurando? – perguntou Hermione á Harry, calmamente.
Harry balançou a cabeça, completando:
- Não. Esse é o problema.
Hermione fez uma cara desanimada; sentou ao lado de Harry. Ela parecia determinada a retirar cada informação vital dele.
- Conta para nós o que você viu.
Harry olhou para Rony, aparentemente também se interessara.
- Tudo bem. Enquanto eu estava na vigia – começou – Me senti muito cansado...
- Certamente. – falou Rony.
- Cala a boca! – exclamou Hermione, olhando feio para Rony. Olhou de volta para Harry. – Continua.
-... e então eu caí no sono. Eu vi Voldemort...
Rony deu uma pigarreada.
-... falando com um cara – prosseguiu não dando atenção - que eu não sei quem era. Ele queria alguma coisa que esse homem estava escondendo... e o mesmo tentou não contar a verdade, dizendo que era uma lenda.
“E Voldemort não acreditou, naturalmente. Forçou o rapaz dizer que aquilo que ele procurava, tinha pertencido a Dumbledore...”.
- Dumbledore? – perguntou Rony surpreso.
- É. – concordou Harry. – Mas então Voldemort foi á procura dessa “coisa”. Ele está agora em Azkaban.
- O que Vol...
Rony bufou.
- Chega Rony! – falou Hermione, depois da interrupção que ele havia feito nela. – O que Voldemort está fazendo em Azkaban?
Harry só balançou a cabeça, confirmando que não sabia. Depois arriscou:
- Não deve estar buscando alguém que saiba mais sobre o... Poder Máximo...
- O quê? – disse Rony.
- Poder Máximo? – perguntou Hermione, se levantando.
Era isso o que ele sentia. O que mais Voldemort ansiava no momento. Não lhe fazia sentido algum essas duas palavras, mas para ele fazia.
- Não sei o que quer dizer.
Hermione correu para sua bolsa, resmungando baixinho:
- Já ouvi isso antes... já ouvi....
Ela pegou a bolsa, enfiou a mão dentro e retirou o Livro Antigo da Magia Oculta, abrindo-o em cima da mesa.
- Feitiços... não – começou a ler o índice do livro. – Encanamentos... poções... maldições... ah! Mitos e Verdades! – apontou, quase no fim da lista de assuntos, abrindo na pagina indicada.
Ao abrir, logo de cara via-se um texto intitulado O Poder Máximo.
- Aqui. Ouçam: - começou a ler – “Diferente de muitas outras versões contadas hoje, diz-se que a fonte do Poder Máximo pode ser concebida á aquela pessoa quem há uma presteza inteligência, níveis altos de astúcia. Segundo muitos essa fonte de Poder Máximo só é dada para quem possuir esses dons, e para aquele que matar o último usufrutuário da Varinha da Morte.”. Eu sabia!
- Ein? Quê? Varinha da Morte? – perguntou Harry, tendo achado familiar. – Devo ter ouvido isso...
- Claro que sim! É isso que Voldemort tanto quer Harry! – falou Hermione, fechando o livro, guardando-o na bolsa novamente. - A Varinha da Morte!
- Mas o que realmente é essa tal Varinha da Morte? – disse Rony.
- Ele dá ao usuário atual o Poder Máximo, ou seja, de destruir, construir, eliminar e matar tudo que deseja. – explicou Hermione preocupada.
Harry estava entendendo agora por que Voldemort a queria tanto. Se tivesse em mãos o Poder Máximo da Varinha da Morte, seria impossível detê-lo.
- Se Voldemort conseguir, nossa viagem será feita em vão.

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