O Último Andar



Pelos corredores eles caminharam sem ver ninguém. Nenhum deles sabia da localização da Horcrux ainda. Não tinha prisioneiros nas celas, o que eles meramente suporiam que os Comensais da Morte tinham sido libertos.
As paredes cheiravam mofo, e o ar estava mais frio ali; subiam escadas antigas. Num determinado momento, Harry passou por um muro com sangue seco, o que supôs que alguém tivesse sido morto, sem a utilização de dementadores ou uma Maldição da Morte.
Eles pararam.
- Alguém á frente! – cochichou Hermione.
Minerva, que a pouco estava na forma de Animago, tornou na figura de mulher, colocando as mãos para trás, pedindo silenciosamente para que Rony as segurasse firmemente.
Passos se ouvia, e três sombras correram na parede á frente, com um barulho metálico acompanhando-os. Hermione pegou nas mãos de Bia, colocando-as para trás.
Três Comensais da Morte vinham em formação, caminhando com uma corrente grossa e longa na mão.
- Noite Rowle! – disse Dolohov, mais a frente.
Harry observou os outros Comensais, e reconheceu como os vampiros que habitavam a Floresta de Hogwarts: Remound e Penney. Os dois apenas acenaram.
- Noite! – disse Rony, sem nervosismo.
- Pegou dois? – falou Remound, colocando a grande corrente nos ombros.
- Her... é. Estavam rondando ali por fora...
E McGonagall tentou se livrar das mãos de Rony, puramente atuando.
Bia resmungou:
- Solta a gente! Não fizemos nada!
- Vejam só... a garotinha Evanne! – disse Penney com um sorriso malicioso, olhando para Bia.
- Amely não vai gostar nada, nada disso... – murmurou Remound, revestindo o rosto com uma expressão provocante. – Mande-as para o último andar... cela cento e um para a bruxa velha – indicando com a cabeça Minerva – Cela cem para a mocinha! Vamos! Temos que esperar o dragão chegar lá no térreo...
- Aquele animal não vai ser fácil – disse Dolohov, continuando a caminhar com os dois outros, e sua voz ainda foi ouvida pelo fim do corredor: - Severo disse que o dragão ficou uma fereza depois que ele tomou o cargo de diretor... até parece que o bicho sabe alguma coisa! – ouviram-no rir com os outros dois.
Depois de os Comensais sumirem e suas vozes igualmente desapareceram, Rony soltou as mãos de Minerva.
- Humf... que sufoco, não é?
- Mas que dragão eles falavam? – perguntou Harry, voltando a andar com os amigos e subir mais uma escada longa, olhando atentamente á volta.
- O dragão de Hogwarts. – argumentou Minerva – Aquele que Rúbeo estava treinando á meu pedido...
- Hannie? – exclamaram Rony, Hermione e Harry.
- Ah, esse foi o nome que Hagrid deu aquela criatura? – falou a mulher.
- Não creio que eles vão pôr um dragão para proteger Azkaban! – disse Bia – Já há dementadores suficientes para dez dragões daquele...
- Uma proteção á mais nunca é demais. – disse Harry.
Subiram mais um andar. Ao que Harry contara, haviam subido vinte e oito níveis, e nada da Horcrux. Onde será que a haviam deixado? Poderiam ter colocado na proteção de algum Comensal? Na bolsinha felpuda que havia no pescoço presa, ele colocou a mão, e tocou o pequeno Diadema de Ravenclaw. Sabia como destruí-lo agora... a espada de Gryffinfor.
Imaginou que ao sair dali, iria imediatamente o perfura-lo.
- Onde será que ela está? – perguntou á Rony, logicamente já esperando:
- Nada dela ainda.
- Mas como vamos saber qual é? – falou Bia. – Você não tem nenhuma idéia de qual seja, Harry?
- Nenhuma.
Quando Harry respondeu, lembrou-se da ligação com Voldemort. Será que ele poderia obtê-la agora, para saber mais informações sobre a Horcrux que procuravam?
Não, disse a si mesmo, como poderia ter uma visão, sem a cicatriz na testa. E distraidamente, tocou onde deveria se encontrar a cicatriz em forma de raio. Não estava ali. Quando mais se precisava dela, não estava disponível, e nesse caso, por causa da Poção Polissuco.
Dentro das celas, ele olhou. Tinham grades que davam para a noite á fora. Uma dor de cabeça o tomou de repente, quando avistou a lua cheia.
- Que houve? – falou Hermione, vendo que Harry parara.
Ele apontou para a lua.
- É mesmo! – disse Bia exaltada. – Esqueci de um detalhe.
Todos a olharam esperando algo que dissesse.
- Não há como o nosso corpo segurar o efeito de uma poção... mesmo a Polissuco!
- Plano por água abaixo! – resmungou Harry, que agora voltara a ficar baixo, com toda sua aparência de volta.
- O que faremos? – exclamou Rony.
Havia alguém andando atrás deles, no corredor que acabaram de ir. Agora, com Harry em sua aparência normal, não tinha como disfarçar que o próprio Harry Potter estava presente.
E o Comensal chegou:
- Minha nossa! É Potter!
Sem dar outra, Harry só teve uma solução para ele. Saltou para cima do homem, e o mesmo tentou acerta-lo antes com feitiços, mas já era tarde. Harry já tinha o mordido e feito o homem desmaiar.
Harry, se levantando, olhou para Bia.
- E aí? Não vai me ajudar, não?
- Não perderia isso por nada! – exclamou ela, liberando suas presas, deixando os olhos avermelhados, como os de Harry.
Alguém também se aproximava do ponto onde o Comensal tinha vindo.
- Crabbe? Onde...
E ao ver que o amigo estava caído e que havia dois vampiros parados a sua frente, ele nem deixou que Bia ou Harry o tocassem: já caiu desmaiado.
- Nossa, pensei que os Comensais da Morte fossem mais corajosos! – disse Bia, voltando para os amigos disfarçados de Comensais: - Logo virão mais... não temos outra escolha. Já sabem que Harry está aqui!
- E nada de Horcrux! – falou Harry olhando para os lados, inutilmente á procura dela.
- Vamos tentar subir! – disse Hermione.
E eles subiram mais escadas correndo. McGonagall sempre á frente e todos com as varinhas empunhadas em posição de ataque.
Estavam em mais um andar. Só que agora, não era um andar vazio, mas tinham dementadores se aproximando, assim que deram o primeiro passo naquele nível.
- Não! – exclamou Bia.
Harry logo tratou de conjurar um Patrono:
- Expecto Patronum! – gritou, fazendo o veado prateado irromper de sua varinha e galopar entre os dementadores, agora assustados.
Da varinha de Hermione, pulou uma linda lontra cinza, que saltou de uma criatura á outra.
Rony conjurou seu cachorro, deixando um dos dementadores correr como carteiro de um cão.
- Expecto Patronum! – murmurou Bia, deixando nascer um lince prata de sua varinha.
Agora Harry sabia: o Patrono que vira na noite de chuva, era de Bia, que o conduziu até o Medalhão.
O veado rodopiou em volta de seu dono, desaparecendo ás costas de Harry. Percebeu que cada um dos Patronos dos amigos evaporou como poeira, deixando o lugar mais frio do que antes. As criaturas, que a pouco estavam bem assustadas com as energias vitais, voltavam mais velozmente para eles.
- Não tem como segurar um Patrono aqui... – ofegou Hermione, e Harry percebeu que ela e Rony voltaram á sua forma normal – têm muitos deles!
E Harry nervoso, tentou conjurar mais uma vez:
-Expecto Patronum! – tentou, e como nada ocorrera gritou com mais emoção: Expecto patronum!
Apenas um feixe de luz mísera saiu da varinha de Harry, não tendo efeito algum nos dementadores que continuaram a avançar. Todos voltavam para onde haviam vindo, mas quando Harry tentou passar, barras de ferro foram colocadas de repente, trancando-o ali dentro, no último andar.
Um dementador agarrou Harry pelo pescoço, com suas mãos quebradiças e frias. Antes de sentir o seu hálito terrível, ouviu uma voz rir-se:
- Deixem Potter lá! Os dementadores cuidarão antes de nós!
Não havia jeito de escapar. Aquele dementador estava tomando a alma de Harry, sem pressa. Não tinha como conjurar um Patrono... estava trancado com mais de vinte daquelas criaturas famintas... iria morrer...
- Harry! Harry! – ouviu a voz de Hermione chamar, assim como a de Bia e de Rony.
O beijo do dementador era a coisa mais cruciante que já sentira... quase pior que uma Maldição... lembranças suas pareciam ser arrancadas á força de seu corpo... a dor de perder a alma era impenetrável... estava perdido...
Sentiu algo mover-se á tempo em seu peito. O dementador largou-o de repente, deixando os outros deles se afastarem. Harry caiu no chão atordoado, sentindo-se vivo, mas muito fraco para mexer-se.
Uma luz viva, ele podia ver. Algo tivera criado uma luz abaixo de seu peito, não podia ver o que era. Não havia um ser humano á sua vista.
Os dementadores deslizaram para longe. Algo explodiu, deixando uma poeira inacessível tomar tudo. As criaturas voaram para a noite, pois se havia aberto uma grande cratera no muro de pedra, á sua frente.
Harry tentou se levantar e olhou para um canto, onde viu a luz da lua cheia reluzir. Ali havia uma taça dourada, com duas asas brilhantes e uma gravação do símbolo de Hufflepuff.
- Ali... está! – gemeu ele, tentando sem sucesso alcança-la de longe.
- Harry! – gritou Hermione, fazendo-o levantar com a ajuda dela.
Sem fôlego, Harry tentou correr em direção á Horcrux caída.
- Estupefaça! – e foi atingido.
- Não vai não, garoto! – berrou Remound, com a varinha apontada para Harry no chão.
Havia muitos deles, muitos Comensais á sua volta. Mas ele pôde ver que um dragão sobrevoava o local onde tinha o buraco para fora de Azkaban. McGonagall surgiu atrás dos Comensais com Rony, Hermione e Bia lançando encantamentos por todos os lados.
A mulher pegou Harry pelo braço e ao mesmo tempo, ele pegou a varinha e apontou para a Horcrux:
- Accio taça!
A mesma voou para sua direção. Ele pegou-a.
- Potter está com ela! Peguem-no! Peguem-no seus retardados!
Era Amely, a vampira-chefe. Rony e Hermione ajudaram Harry fugir com Minerva atirando nos Comensais da Morte, e subindo no dragão também.
Bia ficara ainda sobre o edifício, apontando a varinha para os Comensais que ainda sobravam.
- Vão! Eu os atraso...!
- Bia, sobe! – gritou Harry, oferecendo a mão para a garota.
- Vá, Harry! Eu os atraso!
E ela entrou para dentro. Harry chamou-a, mas ela não voltou.
- Já nos deu muito trabalho, Evanne! – gritou Remound.
- Não a machuque! – gritou Amely.
O dragão sobrevoava, quase se afastando, com Hermione, Harry, Rony e Minerva.
Um clarão verde tomou o último nível de Azkaban, atingindo Ana Beatriz no peito, que estava na ponta da cratera aberta na parede...
Ela caía como um lenço ao chão, lentamente... e Harry gritando seu nome em tentativa frustrada de salvar sua vida... igualmente como Amely berrava aos prantos:
- Bia! Bia! Não!
Uma coisa parecia apertar o coração de Harry ao olhar Bia cair na água bem lá embaixo, afundar e não voltar a emergir.
- MINHA IRMÃ NÃO! – foi a última frase que Harry ouviu Amely gritar sobre o prédio.
E o dragão voou para longe... levando os sobreviventes e a Horcrux consigo.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.