A Volta das que não Foram



Ao sol nascente, Harry acordou sentindo bem melhor do que na noite anterior. Hermione preparara um medicamento milagroso, que o curara durante o sono, o deixando em bom estado.
Quando levantou, lembrou-se de que os três amigos tinham planejado tudo para o dia de hoje: a invasão em Azkaban aparentemente estava em pé...
- Rony acorda! – berrou Hermione sacudindo o garoto no saco de dormir.
- Ei, ei! Que isso?! – assustou-se Rony, rolando para o lado.
Harry seguiu andando, da cozinha para a sala, e se deparou com três criaturas á porta.
- O que esses testrálios estão fazendo aqui?
A garota vinha com sacos nas mãos, deixando os animais esqueléticos do lado de fora.
- Acabei de chegar! Estavam voando pelas montanhas á frente! Incrível o modo de que os achei.
Rony bocejou. Pareceu não se impressionar.
- O que tem para comer?
- Nada. – retrucou Hermione.
- Quê? Como?
Hermione veio andando e sentou no sofá.
- Acabaram os nossos mantimentos... ontem a noite você detonou o que tínhamos, não lembra? Se quiser comer a carne de bode que alimento os testrálios... fique a vontade!
O garoto, que estava sentado no saco, voltou a deitar murmurando:
- Vou morrer de fome!
- Não exagera! – falou Harry na porta da cabana, olhando de beira o sol nascer.
- Acordou cedo hoje, Harry? – disse Hermione olhando-o - Esperei que ficasse na cama...
- Valeu pela poção, ontem à noite. Sinto-me bem melhor!
- Pensei que resolveria mesmo.
Hermione se levantou e foi até o rádio. Chegando perto, rodou a manivela, e o aparelho criou uma boca que disse rabugenta:
- Qual é a de hoje?
- A de sempre!
O rádio retorceu a enorme boca e rodou o botão ao lado, deixando escapar a voz de Dino:
- ...continuam os ataques da Armada da Morte por todos os lados, meus ouvintes! Muitos trouxas também estão sendo torturados, principalmente os que supostamente estão envolvidos com Harry Potter. Pede-se cautela e que qualquer informação revelada, pode-se dar a vida de Potter. Por isso, peço a vocês, meus amigos: não informem aos membros da Armada da Morte, nenhuma notícia que possa ser dada sobre Harry Potter. Ao que se pode prever, a Armada pode deteriorar muitas ligações trouxas, revelando o nosso mundo. E com a maior angústia, digo á aquele que é fiel á Ordem da Fênix, ao Mundo Bruxo e a Harry Potter, não confirme a nenhum membro da Armada da Morte qualquer conhecimento do paradeiro de Potter. Contamos com a colaboração dos senhores para o mundo não seja tomado pelas forças D’Aquele-que-não-deve-ser-nomeado.
- Não podem obrigar o mundo a morrer por mim. – falou Harry, não para os amigos, mas muito mais para si.
Sem mesmo estar olhando para os amigos, ele pôde perceber o olhar deles o atingirem. Ficou observando os testrálios o olharem também com seus olhos avermelhados, refulgindo á luz.
- Não vai demorar muito para isso acabar. – disse Hermione – Sei que logo iremos conseguir salvar o mundo dessa praga.
- E a glória não depende só de nós, Harry. – disse Rony com agonia.
- Eles pagam pela minha vida! Acham isso justo? – contrapôs Harry.
-... depois de uma vistoria numa casa ao vilarejo onde Potter foi visto pela última vez, as autoridades da Ordem encontram dois corpos falecidos. Eles foram identificados como Ted e Drômeda Tonks...
Harry balançou a cabeça, ainda olhando para o céu. Mais gente morta pela sua tarefa ainda não cumprida.
-... e também houve um ferido. Nossa amiga, Catherine, que visitava aquela família, acabou sendo atingida por um feitiço das Trevas, nomeado como Sectumsempra. Ela ainda vive, mas corre risco de vida.
- A Tonks? – perguntou Rony.
- Não acredito! Risco de vida? – falou Hermione.
-... E para encerrar, uma notícia de última hora: O atual diretor da Escola de Hogwarts, Severo Snape, acaba de nomear seu vice-diretor, Thales Malfoy, mais um dos membros declarados da maligna Armada da Morte...
- O que é isso? Só se ouve desgraça nessa estação? – resmungou Rony.
- Chega rádio! – pediu Hermione, sentada ao lado de Rony, fazendo o aparelho voltar a não emitir som algum.
Os três se calaram, e ficaram sem falar por muito tempo. Depois, Harry querendo não continuar em silêncio, confirmou olhando para Rony e Hermione:
- Então é isso, não é? Iremos lá hoje á noite!
Os dois amigos se entreolharam, depois afirmaram meio indiferentes.
Harry colocou a mão na Horcrux, que a mantivera em seu pescoço. Ela parecia ser um relógio, batendo, ou talvez fosse como um coração bombeando. Retirou-a de dentro da blusa, observando seus detalhes. A cobra que deslizava parada em forma de “S”, os cantos prateados iluminados pelos fracos raios de sol da manhã.
Agora notara que havia uma frase, atrás do medalhão, que o fizera refletir um pouco:
“Vencer sem riscos, é triunfar sem glória.”

A noite caía; o vento soprava nas árvores, fazendo-as brincar com a brisa; a lua começava a surgir do horizonte; eles estavam prontos, de uma vez por todas.
Harry, Rony e Hermione. Os três amigos arrumaram tudo, deixando a lona para dentro da bolsa de Hermione.
- Está tudo pronto! – disse Hermione trazendo os testrálios para perto deles. E olhando para Harry, falou insegura: – Tem certeza que quer ir hoje à noite mesmo?
- Quantos antes melhor.
- Mas hoje é lua cheia!
- Não me importo. – argumentou Harry - Quanto mais perto da lua cheia eu ficar, mais rápido e forte vou permanecer.
Hermione olhou para Rony, enquanto Harry subia em seu testrálio. A sensação era como a de sentar em um monte de ossos. Encaixou os pés sobre os dorsos da criatura, tentando ficar a vontade.
A garota subiu ao mesmo tempo de Rony.
- Então vamos? – falou Rony, puxando a corda que amararam no animal.
Harry afirmou, sempre olhando para frente. Tinham subido em um penhasco alto, para dar maior visão na hora de voar. Abaixo do desfiladeiro, se dava o pélago, onde bem mais além do horizonte, existia a Ilha de Azkaban.
Rony e Hermione, com seus animais, deram um impulso e foram á frente. Harry preparava-se para voar quando ouviu algo correr ás suas costas.
Parou no mesmo instante. Olhou para trás. Tinha alguém ali.
Tomou a varinha nas mãos, e apontou para trás da pedra, onde podia ver pés de alguém tentando se esconder.
- Quem está aí? – perguntou.
A pessoa enfim, mostrou-se. Era a garota de cabelos negros, baixa e sua amiga de Hogwarts.
- Bia?
- Er... olá Harry! – disse a garota com um aceno.
O testrálio de Rony parou ao lado do de Harry, voltando junto com o de Hermione.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou Hermione olhando de Harry para Bia.
Ana Beatriz se aproximou, olhando para os amigos. Havia um animal a seguindo. Era um gato preto.
- Eu segui pistas suas. Passei muito tempo acompanhando vocês com a professora!
- Quem... quê? Professora? – falou Rony olhando para os lados.
O gato cresceu virando uma pessoa que os três amigos achavam que estava morta:
- Professora McGonagall? – disseram espantados.
- A própria! – disse a mulher, ajeitando os cabelos.
Ela trajava seu vestido negro e rendado de sempre, mas com muitos rasgos e desfiada. Seus cabelos até o momento que a viram, estavam soltos e despenteados.
- Mas você... eu vi senhora morta!
- Um Feitiço de Confundir, eu espero, Potter. – falou McGonagall sorrindo. – Por sorte, consegui conjurar um na sala, antes dele chegar!
- Isso é incrível, professora...
- Srta. Granger, podem chamar-me, enquanto não estão na escola, apenas por Minerva!
Hermione sorriu.
- Seria bem melhor assim, Minerva! – falou Harry. – E seria melhor ainda de chamasse-nos pelos primeiros nomes...
- Tudo certo, Harry! – disse Minerva, bem animada. – Mas... onde pensam que iam, meu amores?
Hermione, Rony e Harry olharam-se.
- Íamos... buscar mais uma Horcrux. – explicou Harry, colocando a mão sobre o peito coberto pela blusa, sentindo o álgido medalhão tocar-lhe mais a pele, retumbando mais rápido que seu próprio coração.
- Sei – refletiu a mulher. – Onde ela está?
- Bem... na Ilha de Azkaban.
- Azkaban? – exclamou Minerva.
Era isso. Minerva McGonagall iria impedi-los de prosseguir na tarefa? Ela olhou-os.
- Só se eu for junto. – terminou.
Todos sorriram.
Então, como não poderiam tardar muito mais, Rony e Hermione foram juntos em um testrálio, Bia e Harry foram noutro. Minerva tomou o testrálio restante e montou.
E eles voaram.

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