Os Segredos da Antipatia



Eles continuaram pelo caminho de tentáculos da criatura que haviam atordoado. Passaram por cima da planta, mas pela sorte deles tudo parecia estar ligada a criatura desacordada. Tinha um túnel continuo um espaço depois do outro que haviam saído. Não seria tão escuro quantos os outros, contudo eram bem iluminados.
Parecia muito mais limpo que o outro caminho. Eles andaram com varinhas empunhadas por ele e deu que acharam outro caminho e que desse caminho saía vozes nervosas, vindas de longe.
- Não sei se é por aqui...
- Por quantos caminhos passamos até agora?
- Contei sete!
Harry reconheceu ser as vozes de Bia, Hermione e Luna, respectivamente. Os dois garotos correram para alcançar o túnel que dava onde as meninas estavam.
Aquele túnel estava totalmente escuro.
- Espero que seja este! Meus pés estão até doendo! - disse a voz de Luna.
- Ei, meninas! - gritou Harry para o túnel, mesmo com sua boa visão, conseguia ver ninguém ali.
- Harry? Cadê você? - exclamou a voz de Bia.
- Aqui na frente! - disse ele.
- Tenha calma! - disse Hermione - Estamos indo!
Ouviram-se passos como de pessoas correndo do túnel escuro.
Hermione apareceu do meio da escuridão e foi acompanhada de Luna e Bia.
- Ufa! Estava até sufocada lá! - disse Luna, limpando as calças.
Todas as três estavam cobertas de pó.
- O que vocês fizeram? - disse Rony enrugando a testa.
- O quê? Isso? - disse Hermione limpando-se também - Ah, foi uma pequena batalha com Ladradores... Sabe aquelas coisinhas que explodem quando chegamos perto... Não sabem?
Harry nunca havia ouvido falar desse animal antes.
- Ah, eu li num livro de criaturas exóticas... Eles são como uma bomba de pó, que tem a aparência de pequenos lagartos negros. Se alguém chega perto deles muito rápido, ele explode... Né Bia?
Ele viu que Bia estava com os cabelos despenteados e com a maior quantidade daquele pó negro.
- Pareciam inofensivos! - exclamou Bia defendendo-se e arrumando os cabelos.
Harry olhou para trás de Bia e viu uma fenda com uma pequena abertura. Aproximou-se e viu que era escura e que seus passos ecoavam adentro.
- Por aonde vamos agora? - disse Rony olhando em volta.
- Será que alguém consegue passar por aqui? - disse Harry colocando a cabeça para dentro da fresta.
- Com o tamanho do Rony, ficaríamos entalados! - disse Hermione rindo, olhando medindo Rony com as mãos.
- Ei, eu que sou o dono das piadas aqui! - falou Rony alto.
Harry enfiou-se pelo buraco da parede e entrou ali, sem dar atenção aos outros. Parecia cada vez mais estreito ao tanto que olhava.
- Harry cadê você? - disse Luna.
- Aqui dentro! - disse com a voz fazendo eco.
Ele deu um passo a sua frente e caiu escorregando pelo túnel. Parecia um escorredor enorme, mas muito escuro.
Olhou para os lados e viu apenas riscos de pequenas luzes que não identificou o que era. O chão não parecia rochoso, mas extremamente liso.
Harry escorregou rapidamente e parou de joelhos.
Ele tinha caído num lugar que era muito lindo a primeiro olhar. As paredes eram feitas de cristais iluminados; o teto era um céu azul e havia o que pareciam pássaros coloridos com penas de todas as cores. Harry olhou para eles e viu que todos se pareciam com aquele que tinha ido lhe visitar na ala hospitalar, para lhe dar o aviso da Horcrux que viera buscar.
O chão parecia de espelho e refletia as aves voando pelo céu. Ele viu a si próprio refletido no chão.
Quando caminhou, pisou na própria imagem e ela ondulou como se caminhasse sobre a água. Enquanto andava viu que bem a frente tinha uma enorme parede azulada com detalhes dourados que piscavam de tempos em tempos.
Ele se aproximou da curiosa parede e resolveu toca-la. Quando a tocou, ela transformou-se em um espelho com o que havia no chão.
Num instante, refletiu a ele mesmo. Mas em um momento mostrou quatro pessoas andando perto de uma parede escura. Não podia identificar quem era. Ele tocou novamente a face do espelho e ela também ondulou.
Percebeu que seus dedos atravessaram a camada da parede. Ele tirou-os rapidamente.
Hesitou um pouco e olhou para as pessoas que olhavam para a parede escura curiosamente. Tudo que se refletia ali começou a entrar em foco e ele viu mais próximo, uma garota de cabelos negros e luminosos. Outra menina de cabelos loiros e compridos, e outra ainda com cabelos castanhos e cacheados. Havia um garoto alto ao lado delas, mais a frente de todas com cabelos ruivos.
Ele de repente viu ser seus amigos parados à frente da parede que tinha acabado de cair. Harry chamou-os, mas eles não olharam para ele. Percebeu que não podiam vê-lo.
Decidiu tentar atravessar o espelho. Tocou levemente a superfície aparentemente lisa e sólida. O espelho todo se ondulou, mas ele não conseguiu passar mais que dois dedos para dentro. Tentou fazer força e pôs logo duas mãos para dentro, mas parecia não ter resultado.
Num instante, a imagem do espelho ondulou novamente e formou um lugar que lembrava se muito bem. Era o cemitério que havia tido de enfrentar no torneio Tribruxo, á três anos atrás. Tinha uma grande estátua de pedra posicionada ao centro, e um homem com capa preta a frente, com a varinha estendida para a estátua.
Ele assustou-se ao ver aquilo mostrado no espelho e sua cicatriz ardeu ao lembrar-se daquela cena.
- Só isso de ódio no coração, garoto? - disse uma voz ríspida as suas costas.
Ele se assustou e virou-se lentamente para trás. Viu um moço de aparência jovem parado ali a sua frente. Vestia uma longa capa preta e reconheceu ser seu professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Prof. Brendan.
- O que... O senhor disse? O que o senhor está fazendo aqui? - disse Harry mirando-o, ainda com dor de cabeça.
Brendan parecia não ser aquele moço bondoso que Harry via em aulas. Tinha o olhar ambicioso e um sorriso nada comum dele.
- Me pergunta o que venho fazer aqui?- falou o homem caminhando com as mãos para trás, olhando para o chão espelhado. - Acho que me confunde com alguém...
Harry olhou para o reflexo do moço. Não parecia ser ele refletido naquele espelho, mais parecia uma criatura com trapos no corpo, e era bem parecido com um dementador. Seu rosto tinha jeito de uma coisa decomposta. Suas mãos, postas para trás eram esqueléticas e brancas. Andava com os pés descalços.
Ele suou ao ver a imagem de Voldemort no chão, mas sua cicatriz não ardeu como de costume, ao ver Voldemort.
Ele se afastou do homem e quis manter-se bem distante dele. Não queria acreditar que Voldemort estava a apresentar-se no corpo de outro novamente.
O homem riu muito alto e parou de andar. Foi-se aproximando de Harry e o mesmo foi se afastando cada vez mais.
- O que os olhos vêem o coração não consente, menino! - exclamou o homem imóvel olhando para seu próprio reflexo naquele chão. - Se eu realmente fosse Lorde Voldemort, não demoraria tanto tempo para de exterminar!
Harry olhou de novo para o reflexo do homem. Não era mais a forma de Voldemort, mas era a mesma que o garoto via no moço.
- Este lugar muitas vezes não mostra o que vemos, mas mostra suas lembranças, na maioria das horas, mais tenebrosas! - disse Brendan sombriamente.
- Mas o senhor... O que você veio fazer aqui, já que me mandou a este lugar? - disse Harry ainda confuso.
O homem encarou-o por algum tempo e depois caminhou calmamente para frente do espelho na parede. Tocou a superfície sólida e ela ondulou novamente. A imagem agora tinha mudado para a cena da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, dentro da escola. Ele olhou e viu o momento que o Prof. Brendan lhe dizia sobre ir até a Floresta Proibida, naquela noite.
Harry olhou e viu-se sentado na cadeira, com Brendan a sua frente. Mas atrás de Brendan, havia um moço com uma varinha estendida, próximo á mesa.
O menino ficou atento quando ele mesmo saiu da sala e o professor fechou a porta. O homem que estava escondido atrás da mesa saiu momentos depois e lançou um feitiço no professor.
Depois que o professor caiu no chão, Harry pode ver que este homem era idêntico a Brendan, e exatamente igual ao que via próximo ao espelho.
A parede toda se ondulou e voltou à sua forma normal, sendo uma parede comum, com brilhos dourados.
- Sabe o que isso quer dizer, não é? - disse o moço olhando com raiva - Não sou seu professor, nunca pisei naquela maldita escola, nunca lecionei em nenhum lugar com sangues sujos como alunos!
Harry viu que o homem era idêntico ao seu professor, exeto pela sua fala e olhar de ódio.
- O que o senhor quer de mim? - disse Harry olhando do espelho para o homem. - Quem é o senhor?
O homem deu uma risada e continuou a caminhar com as mãos para trás.
- Sou um dos guardiões deste lugar! - disse. - Protejo o tesouro do Lorde das Trevas, mas abro mão para os outros que merecem.
- Guardião... Mas como que... Você só abre mão para os que merecem?
- Deixo entrar os que têm os requisitos necessários para se apoderar de uma magia das Trevas! Você por exemplo, não chega nem perto de conseguir! - disse o moço olhando-o fixamente, com um olhar malévolo.
Harry olhou para a parede, onde a poucos minutos refletiu imagens do passado. O homem acompanhou o olhar do garoto e disse:
- Isso é um Tempassado, se quer saber. Ele muda sua imagem, e em vez de refletir a si, reflete suas lembranças, como já lhe disse. Neste caso, para encontrar a relíquia do Lorde Voldemort, terá que ter antipatia necessária.
Harry mirou-o depois de observar o Tempassado, iluminando-os com luzes douradas. Não sabia como ter uma antipatia necessária, muito menos sabia como a obter em quantidade suficiente.
O céu a sua cabeça começara a escurecer e parecia estar anoitecendo. Os pássaros voaram para acima das nuvens e sumiram.
- Ter antipatia necessária? - disse Harry.
- Isso mesmo. Uma coisa que em minha opinião, terá dificuldade em conseguir. - disse o moço.
Harry se aproximou do espelho e olhou-o fixamente. Teria chances de encontrar a Horcrux, ou teria problema em possuí-la?
- Se conseguir, poderá obter a Horcrux sem problemas, mas se falhar terá de sair daqui sem ela.
Ele estava confuso com o que fazer. Como teria de arranjar antipatia? Ele olhou para o espelho e se aproximou. Olhou para trás, momentos depois, e o homem havia desaparecido.
No céu continha uma lua brilhante e o ao fundo estava cor azul escuro. Não tinha mais pássaros no céu, mas ele percebeu que voavam alguns morcegos acima das nuvens.
Concentrou-se a olhar somente para o espelho e faze-lo mostrar alguma coisa, mas estava muito silencioso e vazio. Se ao menos estivesse com seus amigos, teria ajuda para conseguir entrar no espelho.
Na tentativa de conseguir algo, Harry tocou novamente o espelho. A parede ondulou-se e formou-se novamente em espelho, refletindo sua imagem e o céu escuro. Ele ficou contemplando seu reflexo e tentou pensar em algo que havia lhe acontecido.
Lembrou-se de quando havia tido sua primeira aula de vôo. Na parede espelhada, apareceram várias pessoas com vassouras, tentando monta-las. Viu Malfoy pegar o antigo Lembrou de Neville e sair voando com ele para bem alto. Olhou para si mesmo montando na vassoura e voar para alcançar o garoto. Malfoy havia lançado o Lembrou para longe, e ele correu a voar o mais rápido que pode, para conseguir alcança-la.
Harry tocou a superfície do espelho, para ver se havia dado resultado. Tudo se ondulou e as imagens do espelho se apagaram. A parede voltou a ficar azulada e com pequenos brilhos dourados.
Descobriu que não adiantava ter lembranças felizes, mas teria de pensar em algo mais incomodo.
Tocou a base do espelho e ele tornou a fazer reflexos, mas desta vez, mostrou ele mesmo, mas contemplando um outro espelho que lembrava ser o Espelho de Osejed. Viu Prof. Quirrel ao seu lado, pedindo-lhe que dissesse onde se encontrava a Pedra Filosofal. Viu que não quis mostrá-la. Quirrel lançou algo que fez a sala revolver com fogo.
O professor tirou seu turbante e virou-se, lhe mostrando uma outra cabeça por trás da sua.
Ele lembrou que era Voldemort, preso no corpo de Quirrel. Ficou com ódio de lembrar-se de Voldemort e em sua cabeça veio outra lembrança.
As imagens tornaram a mudar e mostraram-se o dia que Harry tinha ido á Câmara Secreta. Viu o basilisco tentar lhe alcançar e correr. No chão, viu Gina pálida e deitada. Ao longe, estava um homem de pé, jovem e moço dizendo palavras em língua de cobra. Ao ver Gina ali, lembrou que fora Voldemort, quem a deixara assim. Ficou com raiva dele nesse momento, muito mais que antes.
No espelho mostrou agora mostrava outra lembrança, de quando havia tido o sonho com Sirius, no seu quinto ano de Hogwarts. Lembrou-se que aquele sonho era falso e as imagens tornaram a mudar, e mostrou Bellatriz lançando Avada Kedavra em seu padrinho. Sirius caiu para dentro do arco. Bellatriz riu malevolamente e Harry quase se esqueceu que aquilo eram apenas lembranças, pois tomou a varinha com a raiva que sentia daquela mulher.
As imagens trocaram direto para a parte que mais odiava. Viu Snape parado na frente de Draco, ambos com as varinhas empunhadas e apontadas para Dumbledore. Malfoy estava recuando e Snape avançando para Dumbledore. Num instante, as imagens tomaram uma luz verde, vinda da varinha de Snape. Viu Dumbledore cair da torre de astronomia.
Para ele já era demais. A fúria contra todas essas pessoas o tomou de tal forma, que ele, num impulso de raiva, lançou-se para o espelho.

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