A última visita



A Noite estava fria, o vento batia nas janelas, fazendo ruídos assombrosos. Os telhados das casas ficavam com suas telhas duras e ásperas com a pouca geada que havia caído sobre a região. A casa do Largo Grimmaund, numero 12, agora era ocupado por um morador silencioso. Harry Potter dormia com os barulhos da noite.
Ao clarear do sol, todos os dias, era despertado por gritos vindos dos corredores.
- MESTIÇO! MESTIÇO NA MINHA CASA! NÃO VOU MAIS ATURAR ISSO!
- Cala boca! - gritou o menino com os cabelos despenteados de costume, acabando de pular da cama.
O quadro que havia na casa, era de uma mulher velhota, que era mãe do padrinho do novo morador. Tinha ataques histéricos, pois não gostava que nenhuma outra pessoa, a não ser um Sangue-Puro de sua família, morasse na casa. Harry estava cansado desse quadro lá, pois todos os dias, o acordava com seus berros, na frente de seu quarto. “NÃO SEDEREI MINHA CASA PURA, PARA UM MESTIÇO, NUNCA!”
Harry resolvera morar sozinho, pois agora que ia fazer dezessete anos daqui algumas horas. Não havia contado a ninguém onde estava morando, pois havia em mente a tarefa que Dumbledore tinha lhe deixado: destruir as horcruxes de Voldemort, sozinho.
Desceu as escadas, foi em direção a cozinha preparar seu café da manhã. Tinha alguém batendo em sua porta. Por que alguém bateria na porta? Pensou ele, nenhum trouxa sabia da existência da casa. Abriu-a.
- Olá Harry! -disse um homem de aparência mutilada a sua porta.
- Lupin?
Era seu velho amigo Remo Lupin, só que agora tinha as roupas muito mais remendadas do que nunca vira seu rosto havia cortes, profundos e cicatrizados. Trazia na mão um pacote com um embrulho de couro velho, a outra mão estava enfiada no bolso.
- Como você sabia que eu estava aqui? - perguntou Harry, abrindo mais ainda a porta para que Lupin entrasse - Não disse a ninguém onde estava morando...
-Ora Harry, é mais do que óbvio! Onde mais você estaria?
- MAIS BRUXOS DE SANGUE IMUNDO? OH TERRA DAS CRIATURAS RALÉS!
- Você ainda não se livrou dela?
Harry ouviu gritos vindos do segundo andar. Eram do quadro da velha Black.
- Tentei... - disse o menino aborrecido - O quadro não sai da parede.
- Imaginei isso também - disse Lupin produzindo um leve sorriso. – Devem ter colocado adesivos permanentes...
O homem colocou sobre a mesa o embrulho que trazia nas mãos.
- O que é isso? - perguntou Harry curioso
- Ah, feliz aniversário! Tive que vim trazer seu presente, não é todo dia que um garoto atinge a maioridade não é?
O menino apanhou o presente, e abriu-o com certa dificuldade. Era um livro novinho: Livro Avançado de Defesa das Artes das Trevas. Olhou diretamente a Lupin desconfiado.
- Não vou voltar a estudar.
- Não Harry, você tem que estudar! Não pode parar no seu último ano!
Querendo falar disso mais tarde, Harry guardou o livro na gaveta do corredor, e perguntou:
- Er... O que você veio fazer aqui?
- Vim te acompanhar até a casa dos Dursley. Lembra? Tem que remover a proteção da casa...
- Ah, é! Eu estava pensando em ir agora... Já volto!
Harry correu para o quarto (MESTIÇO! MESTIÇO TEM QUE SAIR!). Trocou de roupa o mais rápido possível, pois queria se livrar daquela tarefa tediosa de voltar a casa dos Dursley. Voltou amarrando os tênis pelo caminho e quando chegou desceu a escada Lupin tinha sentado sem convite na mesa e aguarda calmamente a volta do garoto.
- Você não vai comer? - disse Lupin
- Ah, não. Depois eu como, na volta...
- Tudo bem.
Saiu pela porta enfiando a varinha no cós dos jeans. Lupin o seguiu.
- Como vamos? - perguntou o garoto
- Talvez voando não seja uma boa idéia...
- Vamos aparatar?
- Suponho que tenhamos.
Apesar de ter quase dezessete anos, Harry não havia permissão para aparatar sozinho.
- Tenho que ir acompanhado...
- Acho que não sou um especialista em aparatar, mas vamos tentar.
Harry teve um frio na barriga, será que Lupin conseguiria aparatar bem? Mesmo com um fio de medo, agarrou o braço magro de Lupin, e o segurou mais forte que pode. Fechou os olhos, se lembrando da sensação horrível de aparatar. Um momento sentiu suas entranhas serem contraído, sua respiração ficou fraca, e o ar gélido da manhã do Largo Grimmaund foi substituído por um ar mais quente.
Ao abrir os olhos e conseguir respirar novamente, vira-se em um beco estreito, e na frente uma rua vazia. Saiu calmamente com Lupin do beco e admirou a casa que morava há algum tempo atrás: número quatro, da Rua dos Alfeneinos.
A casa continuava como sempre. O pequeno jardim a frente, e as janelas pequenas. Pelo visto era a única casa que tinha suas luzes acessas.
- Pedi a eles que esperassem acordados cedo - disse Lupin - Vá à frente.
Harry caminhou até o outro lado da rua e parou em frente da casa. Teve a sensação de estar indo para forca. Não suportava aquele lugar, por tudo que havia passado ali. Bateu na porta. Uma mulher magrela, meio que esquelética abriu nervosamente a porta. Tia Petúnia fez uma cara de nojo ao ver o rosto de Harry. Vestia um vestido verde-oliva até as magras coxas.
- Ah, é você! - disse ela - Valter ele chegou! - berrou olhando para porta da cozinha.
Um rosto redondo apareceu escada acima. Com a mesma cara da mãe, Duda desceu as escadas em direção a cozinha. Trajava uma roupa nada comum de seus trajes em vigor. Usava uma jaqueta preta e usava calças jeans escuras. Tio Valter apareceu na porta da cozinha no mesmo tempo que Duda passou por ele. Ele também vestia roupas de sair; com seu blusão caro e elegante.
- Hum... É você, mudou não é? - resmungou Válter
- Mudei para a casa do meu padrinho - disse Harry de mau gosto - Mas vim aqui para remover a proteção...
- Ah, sei... Como vão nos levar?
Sem convite, Harry e Lupin entraram na casa. Era como a vista de sempre; a casa modestamente organizada com quadros de pessoas imóveis, vasinhos com flores bem comportadas e as paredes brancas e limpinhas.
Os dois bruxos andaram diretamente para a sala de estar e lá mesmo se acomodaram. Harry tentou sentir a vontade, mas com a cara que Tia Petúnia fez quando se sentou, era impossível sentir bem. Nem ao menos ofereceram algo a Lupin, não que ele esperasse que sim, mas por uma boa gratidão de que o homem estava lhe fazendo um favor.
Eles haviam ido até ali não somente para retirar a proteção daquela casa, mas também para levá-los dali para outro lugar, mais distante. Tinham explicado a Harry, no começo do verão, que eles teriam de sair da casa, pois estaria desprotegida e se caso seguidores de Voldemort aparecessem para procurar-lo.
- Então? Como vai ser? - disse Válter num tom de voz parecendo grosseiro.
- Ah, sim... Irão chegar á alguns minutos aurores disfarçados de trou... Desculpe... - falou olhando para Harry e depois voltando a olhar para os Dursley - Disfarçados para levá-los para outro local. Vocês terão toda nossa ajuda...
- Aonde vamos pai? - interrompeu Duda encostando-se na parede, depois que o pai sentou-se.
- Dudinha, espere um pouco, tá bom? - disse Petúnia com afeto ao filho, no entanto Duda pareceu não gostar muito do “Dudinha” na frente de visitas.
- Está a dois de nossos melhores aurores para acompanhá-los. Faltam... exatamente dois minutos para eles chegarem aqui.
Nesse mesmo momento, ouviram-se um estampido e um barulho de metal pro lado de fora da casa. Harry correu para a janela da cozinha. Viu duas pessoas na rua, uma caída no chão. A pessoa se levantou e ele ouviu-a chiar alguma coisa e andar para a porta; a outra acompanhou com a mão dentro do bolso.
Lupin aproximou-se da porta e a abriu antes que os visitantes pudessem bater. O homem do lado de fora olhou espantado e gemeu:
- Oh Lupin! Chegastes tão cedo?
- Olá Dillon - disse Lupin apertando a mão do rapaz. Parecia um moço meio franzino, e com cabelos despenteados e brancos.
- Vamos entrem... Junkey, como vai? - abrindo espaço pela porta, Lupin deixou Dillon passar e acompanhado do rapaz, veio uma jovem de olhos saltados pelos óculos fundo-de-garrafa. Tinha cabelos crespos e pretos, com um olhar curioso. Olhando para a moça, Harry sem querer lembrou-se de Trelawney.
- Não iremos demorar Remo, temos pouco tempo, sabe, estão nos esperando...
Os dois foram para dentro e entraram na sala de estar. Tio Valter pareceu irritado com a idéia de todos entrarem em sua casa sem serem convidados.
- Sim, sim. Teremos que arranjar um automóvel... - disse Dillon passando o olho por todo o cômodo. – Sabem, aquelas engenhocas que andam sozinhas...
- Nem pensem em ir dirigindo com o meu! - exclamou Válter fazendo sua têmpora começar pulsar.
- Dirigir? Pensei que íamos acompanhá-lo somente. Não, nem sei como se faz aquilo funcionar! - disse Dillon sorrindo abobado.
Tio Valter pareceu não gostar muito das ultimas palavras do bruxo.
Dillon e Junkey explicaram aos Dursley claramente que não podiam ficar na casa mais, para questões de segurança.
- As malas estão arrumadas? - falou Junkey olhando-os com enorme interesse.
Antes que pudessem responder, a bruxa invocou as malas com a varinha, botando espanto em Duda.
- Até que fim! - disse Tio Válter todo vermelho.
- Adeus! - disse Harry com a expressão de satisfação.
Saiu pela porta, olhou para trás. Será que estava sentindo saudade da casa? Tia Petúnia hesitou um momento, olhou para Harry e fechou a porta levemente.
- Podemos ir agora? - disse ele.
- Acho que sim.
Harry agarrou o braço de Lupin. Sentiu-se como se havia barras de aço afundando em seu tórax, sua cabeça girava violentamente, e sua respiração era difícil. De repente tudo parou de rodar e viu-se novamente na porta de sua atual casa.
- Acho que nunca vou me acostumar com essa sensação! - disse Harry apertando o peito.
- Até hoje eu também não gosto muito disso - disse Lupin, abrindo a porta do número 12.

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