A Maldição da Horcrux



O céu estava totalmente anoitecido. A lua já transcorrera do horizonte até um quarto no alto e cada um voando com seu testrálio.
A brisa estava fria, mas Harry mantinha-se contente em poder voar numa velocidade considerável novamente. Não era como o prazer de estar montado numa vassoura, mas somente o vento batendo em seu rosto, já lhe satisfazia.
Abaixo de seus pés, havia somente a água límpida e fresca, ondulando. Não estavam tão alto, e permaneciam numa altura média, mais próximos da água. Era possível ver o reflexo de si próprio.
A Horcrux no peito nu de Harry bombeava mais, a cada minuto que se transcorria. Parecia que estava mais ansiosa em chegar ao destino, que o próprio Harry.
- Subir! – gritou Minerva, apontando para cima com o dedo indicador. – Navio trouxa!
Os três testrálios subiram a altitude, acima das nuvens. Harry olhou para baixo, e depois de um tempo, viu uma embarcação atravessar o mar.
Voaram muito mais tempo.
Enquanto isso, Harry pensava e imaginava qual seria a Horcrux que o aguardava em Azkaban. Poderia ser uma já descoberta? Ou uma que não conhecia? Como a identificaria? Mas uma coisa sabia: teria muito trabalho para encontrá-la e possuí-la. Voldemort não mandaria deixá-la á mercê de qualquer um.
Agora se adiantara a preocupar-se. Onde Voldemort estava? Só rezava para que ele não estivesse esperando Harry buscar a Horcrux em Azkaban. Seria essa uma armadilha para que ele caísse direto nas garras do Lorde? Se fosse, agora não tinha mais volta...
Mais do que já sentira, o Medalhão de Slaytherin perecia que ia enlouquecer. Harry não conseguia diferenciar a batida da Horcrux, com o bombear do seu coração. Colocou a mão ali, e sentiu-o mais enregelado do que antes. Parecia mergulhado no gelo. Aquela sensação que sentia nas mãos, agora percorreu pelo seu corpo, deixando extremamente incomodado.
Estava o deixando péssimo. Sentia-se como se um dementador houvesse se aproximado. Seria isso mesmo? Estaria se aproximando da Ilha de Azkaban? Olhou para frente. Não via terra, somente água, por todos os lados.
- Harry! – disse Bia, atrás dele – Você está bem?
Ele olhou-a, sentindo a respiração ofegante e parecia estar debaixo da neve.
- Não sei. – falou.
- Está branco! O que houve? - gritou Rony, contra o vento, direcionando sua criatura ao outro lado.
- Harry! Tire a Horcrux! – alertou Hermione.
Ele soltou a Horcrux e tentou tira-la do pescoço. Não tinha como. Ele conseguia o ar de sua respiração saindo da boca.
- Não... tem... como! – ofegou Harry, puxando com mais força a corrente prateada.
Ele não entendia o que estava ocorrendo. Parecia que a Horcrux tinha vida própria...
Harry estava sentindo-se perverso consigo mesmo. Não iria tirar a Horcrux, pois ela fazia parte dele.
Uma mão pegou seu pescoço, e ajudou a puxar a corrente metálica, com toda força.
O testrálio parou na terra. Percebeu que havia chegado.
Descendo do seu animal, ele pulou para longe deles.
- Eu te ajudo a tirar! – ofereceu-se Bia.
- Não! Ela fica comigo! Daqui ninguém tira! – falou Harry tirando a mão de Bia da corrente.
- Harry! O que...
- Tira a mão dela! – berrou ele para Hermione, que se aproximara. – Ela é minha!
- Não você não pode ficar com ela! – exclamou Minerva. – Tire-a Potter!
- Saia daqui! – avisou Harry aborrecido – Não a quero tirar!
- Tire Harry! – gritou Rony, pegando a varinha.
Não ia entregá-la a eles. A Horcrux era sua. Ninguém ia tocá-la, a não ser ele mesmo. Estava parado á margem da Ilha, e ao lado, viu um enorme prédio alvíssimo. Correu para longe deles, pois ninguém ousaria tocar em seu medalhão. Eles o seguiram.
Aquela era mesmo a Ilha de Azkaban, mas não parecia ser uma ilha, pois sua margem dava ao longe...
E ele caiu. Algo o pegara por trás. Tentou se livrar e percebeu que era Bia que se lançara para cima dele.
A garota pegou a corrente e apontou a varinha para ela. Harry a expulsou de cima dele, com a força das pernas. Bia caiu para o lado, mas nesse momento, os outros já tinha o alcançado.
- Parado aí! – gritou Hermione, apontando a varinha em direção ao rosto dele. – Se você se mexer, eu me atrevo!
Ele parou. Não sabia se ela teria coragem... mas não arriscou; permaneceu sentado no chão.
- Tire e a entregue a mim! – falou a garota, estendendo a outra mão.
- O que você... – murmurou Rony para ela, e a garota cochichou em seu ouvido, fazendo o amigo puxar algo de sua bolsa extensível.
- Vamos! – vociferou a menina.
Harry não moveu um músculo. Não ia entregá-la assim... ela não faria...sabia disso...
Alguém, ás suas costas, puxou a corrente das Horcrux contra seu pescoço, fazendo-a apertar. Essa pessoa gritou e gemeu de dor. Ele também a pegou, puxando para que a pessoa soltasse. Ouviu um estalido metálico, a corrente partiu-se e o medalhão caiu no chão.
Tentou alcançar a Horcrux, mas antes de pega-la, Harry caiu para o lado.
Sentiu-se fraco. Ao cair, fechou os olhos e não conseguiu mover nenhuma parte de seu corpo... mas conseguia escutar o que estava ocorrendo á sua volta...
- Pega ela! – gritou a voz de Hermione.
Uma voz diferente surgiu ao seu lado, e passeava pelos ouvidos, ele pôde sentir. A Horcrux parecia mover-se, liberando os sons de um lado á outro... silvando palavras... Sou sua! Não deixe, Harry!
- Me dê a espada, Bia! – pediu Rony. – Não a deixem fugir!
Sons de metal batendo... e uma voz chamado-o sibilando... Não deixem me apanhar! Harry sou sua! Sou sua... e ouviu Rony gemer:
- A espada me queimou! Isso é de prata!
- Me dá isso! – gritou Hermione.
E uma pancada metálica ecoou, calando a voz que lhe dizia essas palavras.
Agora ele sentia seu corpo responder aos comandos. Levantou-se, olhando para o que acabara de ser destruída: o Medalhão de Salazar Slaytherin estava partida ao meio.
O frio passara, e voltara a ser ele mesmo.
- Está se sentindo bem, Harry? – perguntou Hermione, se aproximando.
Ele afirmou um pouco confuso, ainda olhando para a Horcrux destruída.
- Ela se foi, não é? – murmurou Harry, olhando a Espada de Gryffindor na mão de Rony. – A Horcrux já era!
- É! – disse Bia, segurando o pulso.
Harry olhou para a mão de Bia; estava feia e muito vermelha.
- O medalhão de queimou. – falou a menina, vendo que Harry não perguntaria sobre isso.
- Daremos um jeito nisso, Ana. – disse McGonagall, pegando em sua mão, examinando com seus óculos.
Harry olhou para Hermione e perguntou:
- Por que isso aconteceu?
A garota abaixou e examinou os pedaços partidos do medalhão, justificando:
- Pelo que vi, deve ter sido a Maldição da Horcrux.
- Maldição? – e aproximando também, Harry pegou um dos cacos partidos em mãos.
- Isso acontece quando a Horcrux sente que será destruída.
- Ela sente? – falou Harry, olhando que a frase que houvera nas costas da Horcrux, agora só ditava: “... triunfar sem glória.”.
- Se há uma alma, como era a de Voldemort dentro dessa, ela pode mesmo sentir; ter uma vida própria para se proteger.
Levou uma das partes quebradas da Horcrux á bolsa felpuda, sentindo glorioso: uma a menos para se preocupar.
Olhando para cima, Harry contemplou a edificação elevada e tenebrosa. Bem mais acima dele, podiam se ver criaturas voando, mas os dementadores pareciam não notar a presença deles ali.
Ele se levantou, olhando para os amigos.
- Será que nossa invasão ainda está de pé?
Rony, Hermione, Bia e Minerva sorriram.
- Não viemos aqui sem propósitos – falou a senhora – É pra já!
Hermione apressou-se a pegar três vidrinhos da poção cor de lama na bolsinha.
- Só tenho para mim, Harry e Rony! – explicou a garota.
- Sei disso... mas eu tenho um plano a mais.
E McGonagall contou todo o esquema que tinha em mente, bem resumido. Todos afirmaram e concordaram com o que Minerva planejara.
- Deixe ver se entendi – disse Rony – Eu, Hermione, Harry e Bia vamos ter que entrar lá – apontou para a prisão – e pegar fios de cabelo dos... Comensais da Morte? – terminou com a voz esganiçada.
- Isso. – confirmou Minerva – Mas como disse, darei apoio. Distrairei os Comensais em forma de gato, deixando-os livres para vocês – indicou com o dedo, Harry, Hermione, Rony e Bia – desacordarem os parvos!
- Muito bem, então. – disse Hermione com firmeza.
- Todos prontos, não é? – disse Bia.
- Sim! – disseram todos os outros.
Minerva Mcgonagall tornou-se a virar gato negro, e correr pela beira da praia. Os adolescentes a seguiram.
Harry sentiu que alguém o observava. Olhou para trás, parando. Tinha alguém ali.
Os olhos negros o observaram também. Vestia uma capa negra, mas não ousou mover-se atrás da parede, escondido. Sabia que conhecia aquele olhar... tenebroso...
- Anda Harry! – sussurrou Hermione, fazendo-o olhar para a menina.
O garoto tornou a olhar para o canto onde vira. Não havia ninguém. Hermione o puxou para acompanhá-la.

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