Serpente Enigmática



Gina ofegou, não via nada, só havia ouvido o que queria. A dor cessara e algo no seu coração brotara como a esperança. Ela sorriu olhando o rosto lívido de Harry, iluminado pela luz do luar próximo ao Lago Negro.
- Você – sussurrou Voldemort, com os dentes serrados, ignorando as exclamações dos Comensais, alunos e professores.
- Pensou que havia se livrado de mim? – falou Harry, com a espada de Gryffindor empunhada na mão, reluzente. – Achou que, se mentisse que eu havia morrido, eu me manteria distante? Achou errado.
O Lorde não respondeu; apenas visou seus olhos frios por toda volta, olhando os alunos acorrentados se levantarem juntos.
- Você não deveria ter vindo aqui... pensei que não tivesse a insolência de ser tão ignorante...
- Ignorante seria eu se não viesse te matar – contrapôs Harry, ainda segurando firme a espada na mão suada, esperando algum momento para que pudesse agir.
- Você e mais quem? – rosnou Voldemort num sorriso falso e ensaiado.
- Eu... – respondeu Harry, dando um sorriso idêntico. - e todos nós.
Como acontecera antes, ao longe dos limites de Hogwarts, aquelas brutais criaturas surgiram da escuridão, de trás do castelo, de dentro do lago, do céu. Três dragões selvagens pousaram ao lado dos Comensais da Morte, e os mesmos largaram as correntes que seguravam os prisioneiros, medrosos por ver as feras. Dentro do Lago Negro, se viam caudas ferrosas surgirem de dentro da água escura, se movendo ameaçadoramente. Perto da Floresta Proibida, vinha uma multidão de centauros adultos, mirando o arco na direção dos inimigos.
- Que... acha que vai me assustar com essas... aberrações? – riu-se Voldemort, ainda apontando a varinha na direção de Harry.
- Estou a tentar. – zombou o garoto.
Bellatriz respirava fundo, tentando manter-se longe do dragão que baforava no seu rosto, fazendo seus longos cabelos voarem. A mulher pegou a varinha.
- Incêndio! – berrou, e da ponta da varinha saiu uma chama de fogo que incidiu na criatura, a fazendo urrar.
O dragão verde também emitiu o som, fazendo os Comensais da Morte correrem para longe e empunharem as varinhas.
Com Voldemort detraído, também tentando escapar das criaturas que avançavam, Harry correu para os amigos aprisionados, lançando a espada para quebrar as correntes e liberta-los.
- Nem imagina como foi ruim... – falou Hermione sendo solta com uma batida da espada.
- A Gina... está lá! – disse Rony apontando para um canto longe, onde a garota ficara parada e deitada no chão.
Harry correu para ajudá-la assim que livrou os outros alunos. Quando se aproximou dela, não havia ninguém por perto para impedi-lo de falar com Gina.
Assim que chegou mais perto, ela abraçou forte, liberando um choro nervoso.
- Por q-que você i-insiste em me a-assustar? – exclamou a menina.
- Estava tudo bem comigo! – disse Harry, tentando acalmar a amada. – Voldemort nem tocou em mim...
- Mas Rony viu que eles... eles haviam te matado com o fogo...
- Não foram eles que criaram o fogo... foi Fewkes! – falou Harry, olhando agora para o rosto machucado da menina. – Não acredito que eles te maltrataram...
- Não... não ligue para isso... – e Gina tentou cobrir o rosto com as mãos.
O colossal dragão rugiu ao lado de Harry.
- Devemos chamar os gigantes! – gritou a criatura.
Harry afirmou.
- Quê? Você entendeu o que ele disse? – falou Rony, correndo na direção deles, reparando no ato do amigo.
- Senhor! – e um Onero se aproximou.
Hermione berrou.
- Não há muitos combatentes! – disse o animal, ignorando a desaprovação da garota. - Precisamos dos seus humanos!
- Tudo bem! – confirmou Harry, separando de Gina. - Irei ajudá-los agora!
- Como você... – tentou Hermione.
- Explico depois! – gritou Harry no meio de um barulho de explosão. – Temos que ajudar!
E pegou a Espada de Gryffindor.
- Alguém viu minha varinha? – falou para os amigos.
- Os Comensais tomaram! – respondeu Gina.
- Você precisa de uma! – disse Rony.
- Não. Uso a espada. Pode deixar que eu me viro! – e Harry viu um Comensal tentando lançar uma maldição em um dos alunos. Foi até o encontro do mesmo, batendo com a espada na cabeça dele, o fazendo desmaiar.
- Você é bom, ein? – falou Rony. – Podia me ensinar!
- E as varinhas de vocês? – disse Harry.
- Com os Comensais também! – falou Hermione.
- Precisamos pega-las de volta. Sabem onde as deixaram?
- Claro... na sala do Filch! – explicou Gina.
Então, os quatro amigos foram, disfarçadamente, no meio da confusão de gritos, urros e ganidos, até os corredores do castelo, na direção da sala.
- Mas, afinal, onde está o Filch? – perguntou Hermione, enquanto corriam pelos corredores escuros e vazios.
- Espero que não esteja na sala dele. – falou Rony.
- Ele está do lado de quem? – disse Harry.
- De Voldemort. – proferiu Gina, fazendo uma careta.
- Não me diga! – falou Harry ironicamente. – Sério... nem quando o mundo está quase acabando, ele deixa de ser rabugento?
- Filch é um impossibilitado! – disse Rony balançando a cabeça. – Tem gente que também é aborto e aceita isso numa boa, e com muito humor ainda por cima!
- Mas eu não! – rosnou ele.
Os quatro pararam de súbito. Filch estava estacado com os olhos semi-cerrados, olhando com sua cara de cão buldogue velho para os jovens, com sua gata por trás dos pés. Alguém agarrou Harry por trás, chutando sua mão, deixando a espada se lançar para longe de seu alcance. Enquanto mantinha-se preso pelos pulsos, viu que os amigos também estavam amarrados.
- Quem é o impossibilitado agora, ein? – falou Filch numa risada rouca.
Harry olhou para trás e viu que Amely o amarrara com um feitiço de uma varinha. Remound segurava Rony, que se agitava tentando desvencilhar do homem. As irmãs Penney, Daniele e Mayca, seguravam as mãos de Gina e Hermione.
- Olha só... pensei que o Lorde havia te matado Potter! – disse Filch olhando para o garoto que tentava a qualquer custo se soltar das mãos de Amely, que não proferira um som.
- Muito bem... se você ainda está vivo, o Lorde logo vai o querer morto... então é melhor eu levar os senhores até ele...
- Espere Filch! – falou Amely.
O homem estacou.
- Que há de errado vampira?
Amely vacilou um pouco, olhando para Remound, e depois voltando para Filch com um olhar mais firme.
- Acho melhor não incomodarmos o Lorde agora... sabe está havendo uma batalha lá fora... e... eu prefiro que levemos os prisioneiros lá para sua sala agora. Depois, diremos ao Lorde a situação.
Harry não entendeu muito para que fora isso que ela disse, mas ainda tentava se livrar de suas singelas mãos. O garoto olhou para Filch, esperando algo negativo.
- Realmente... está certa! – concordou o homem, indicando sua sala no fim do corredor – Leve-os lá na minha sala. Tranque-os dentro e... vamos avisar o Lorde.
- Claro Filch. – afirmou Amely, sorrindo, levando Harry até onde Filch apontara.
Remound, Mayca e Daniele seguiram Amely, levando Rony, Hermione e Gina juntos, segurando-os com firmeza.
Então, eles entraram na sala.
- O que vocês... – começou Hermione.
- Tome. – disse Amely, oferecendo a varinha para Hermione.
- O quê? Mas essa é a minha varinha...
- As pegamos aqui mesmo – falou Remound com sua voz grave, entregando a varinha de Rony e de Gina.
- Filch nos emprestara... mas não vamos usa-las contra amigos. – disse Daniele sorrindo.
- Onde está a minha? – perguntou Harry.
- Ah... essa... Voldemort guardou. – falou Mayca - Disse que não vai deixar ninguém usar. Vai destruí-la.
- Ele vai destruir? – exclamou Harry.
- Iremos recuperá-la! – disse Remound, num tom amistoso. – Não permanecemos mais do lado deles... mas vamos fingir que estamos, para toma-la de volta!
Assim, Harry retomou novamente sua espada. Do lado de fora, ouviam-se gritos e os sons das criaturas. Seguindo Remound, Amely, Mayca e Daniele, os quatro amigos passaram pelos corredores, tomados de muita cautela, para chegar até a sala do Diretor, onde permanecia protegida a varinha de Harry.
- Silêncio – pediu Mayca – Há uma gárgula protegendo a sala.
Quando eles se aproximaram, esconderam-se atrás das paredes dos corredores, observando em segredo a sala. Tinha alguém parado na frente da porta.
- Você acertou no termo gárgula! – zombou Rony, vendo a cara emburrada de Draco Malfoy, que permanecera quedo como uma estátua no caminho.
- Não, não! – falou Mayca, rindo-se. – A gárgula está dentro da sala. No entanto... essa que está aí fora também conta, não é?
- Conta – disse Remound, pouco interessado em gracejar. – Precisamos de alguma coisa para deixá-lo fora do caminho.
Todos se entre olharam, planejando algo para distrair o garoto.
- Nem precisam pensar mais. – falou Amely, oferecendo um sorriso. – Sei o que fazer.
- Espera Mely! – sussurrou Remound, mas Amely já estava na indo à direção de Malfoy.
Ela chegou mais perto, encarando o garoto com um belo olhar e um sorriso fascinante. Draco olhou-a, e descruzou os braços, pegando a varinha com maior firmeza.
- Que quer mulher? – falou Malfoy indiferente pela presença de Amely. – Não devia estar se... divertindo na festinha lá fora?
- Já me divertir bastante, Draco... mas... e você? Não vai se divertir também? – atuou Amely, dando um sorriso maior, deixando a vista suas presas afiadas.
- O Lorde das Trevas pediu-me para vigiar... você-sabe-o-que.
- Hã... o que? – disse Amely, se aproximando do lado do garoto.
- Você sabe... a varinha! – resmungou Malfoy.
- Ahh... aquela bela varinha...
- Mas o que você quer aqui? – perguntou Draco, olhando-a um pouco desconfiado.
- Nada... só queria te ver...
- Ah... quê me ver? – exclamou Malfoy, levando um susto.
Amely confirmou com a cabeça, e sussurrou no ouvido de Draco:
- É que... eu não queria te ver aqui... tão entediado, sabe? Não quer se divertir comigo um pouco?
Malfoy abriu a boca, ainda olhando rosto encantador da vampira.
- Eu... é que... eu? – confundiu-se o garoto.
- Você, Draco Malfoy... comigo! – afirmou Amely, com um olhar bem sedutor. – Você não vai querer? Tudo bem... procuro seus amigos... eles devem ser mais...
- Não! – gritou Malfoy, indo até a mulher, que se afastara um pouco. – Eu... quero, claro!
Então, os dois foram até o fim do corredor, e Amely o induzindo junto. Assim que a vampira ia desaparecer pelo corredor, confirmou que o caminho estava livre, com um aceno para os amigos.
- Ela é muito boa nisso. – admitiu Hermione.
- Nada... é o Malfoy que é muito tolo. – disse Daniele.
- OK. – exclamou Remound. – Temos que entrar... mas e quanto a gárgula?
- Voldemort já me mostrou como funciona. – falou Mayca, parando perto da porta. – Há um enigma para resolver. Disse a mim que é muito complicado. Só ele saberia a resposta...
- Pode deixar – disse Rony – Hermione resolve qualquer problema, por mais complicado que seja.
A garota sorriu.
- Então OK. – disse Daniele, abrindo a porta.
Dentro, havia uma estátua que era na forma de uma serpente adormecida. Não se movia, tendo de primeira impressão que fosse uma simples escultura.
Hermione olhou Harry parecendo nervosa, e ele, olhou para Rony, que também parecia um pouco confuso se deviam ou não estar fazendo aquilo.
Quando Harry olhou de novo, a serpente abriu os olhos, revelando dois círculos vermelhos.
- Não me parece ser o Lorde das Trevas – murmurou a gárgula. – Quem quiser entrar, um enigma vai ter de desvendar.
- Ah... queremos entrar. – disse Rony, pouco audaz.
- A charada é abstrusa, e uma pessoa pode ficar confusa. – falou o ofídio, mirando os olhos para Rony. – Se não puder responder, apuros vai obter. Preparado precisa estar, e se não está, vou eu afinar: - ela parou um pouco e enquanto contava, olhava para cada um dizendo:
“Pacato não consiste, vai ver ele existe. Se não causar confusão, com certeza está em efusão. Humano não é, criatura de má fé. Mas com um fetiche bem mero, seu caráter será sincero.”
E ela calou. Ficou mirando os humanos mais próximos, esperando uma solução para seu enigma.
- O que foi isso que ela disse? – perguntou Rony, tentando organizar tudo que a serpente dissera.
- Não é pacato. – Hermione pensou alto – Não é calmo... diz... que é uma criatura. Hum...
Todos olhavam para a garota, ninguém raciocinado nada.
- Vão me ajudar ou não? – perguntou Hermione indignada.
- Isso é uma coisa meio confusa não acha? – disse Harry, olhando para eles, virando de costas para a gárgula.
- Exatamente o que ela quer de você. – falou Hermione. – Lhe deixar confuso. Devemos organizar essas idéias. Sabemos que é uma criatura agitada. Que criaturas conhecemos assim?
- Seu gato? – perguntou Rony.
- Não é hora de graças! – disse Hermione zangada, enquanto o garoto ria sozinho.
- Que acha de um gnomo? – arriscou Harry. – Eles causam muita confusão, além disso.
- Bom palpite... mas acho que... como diz na última frase... – ela se virou para a gárgula – poderia repetir... a última frase?
A serpente moveu um pouco a cabeça para olhá-la melhor. Depois, pronunciou:
- “Mas com um fetiche bem mero, seu caráter será sincero.”.
E fixou o olhar nos presentes, ainda esperando o soluto.
- Se fosse um gnomo, não diria que seu “caráter será sincero”. – falou Hermione virando-se para Harry e Rony. - Gnomos não mudam de caráter. Sempre serão do jeito de que são. Não... creio que não é um gnomo...
- Poderia ser um tronquilho. Eles são bem assim. – disse Rony.
- Ah... descarto essa idéia. – falou a garota. – Tem algum feitiço para acalmá-los?
- Só se for aquela gororoba que o Hagrid dá para eles.
- Então o que você acha que é Harry? – disse Rony.
- Já dei minha opinião. – disse Harry, tentando buscar na memória algo que resolvesse o problema. - E, aliás, não consigo pensar em mais nenhuma criatura que se relacione com o enigma.
- Realmente. Voldemort acertou na definição difícil. – falou Daniele.
- Cara... muito complicado. – disse Hermione, passando as mãos nos cabelos.
- Precisamos ser mais rápidos! – exclamou Remound. – Voldemort nesse momento, com certeza, deve está mandando Comensais da Morte para te procurar, Harry.
- É mesmo! – falou Harry, preocupando-se. – Será que ele pode ter alguma idéia que estejamos aqui?
- Não tenho dúvidas. – falou Mayca.
- Ei! – exclamou Rony. – Será que a resolução desse enigma não é... um esguicho?
- O esguicho! – falou Hermione, agora demonstrando animação – Claro... com um fetiche mero... seu caráter será sincero! Anti-esguicho... se o feitiço for lançado nele, ele se torna dócil! – e ela foi até a serpente de pedra, dizendo: - A criatura é um esguicho!
A gárgula mostrou uma língua, e depois disse:
- A resposta foi dada, e a palavra foi adequada. – falou, enquanto todos estavam reunidos à sua frente - Mas só um pode adentrar, e o retido pelo Lorde recuperar.
Eles se olharam, achando um pouco estranho.
- Só um? – disse Gina – Mas... mas por que não todos?
A gárgula na gesticulou nenhuma resposta.
- Acho que o Harry deve ir. – falou Rony. – A varinha é dele.
- E se houver outra barreira lá dentro? – falou Hermione.
- Voldemort não me contou se havia outras coisas assim. – falou Mayca.
- Eu vou assim mesmo. – exclamou Harry, empunhando a espada.
- Mas... e se...
- Já volto Gina. – disse Harry, tentando não alarmar a garota.
A serpente olhou para ele, com seus olhos idênticos ao dos de Voldemort, e rodou para o lado, revelando uma escadaria. Harry passou por ela e assim que pisou no primeiro degrau, a gárgula fechou o caminho às suas costas, o ocultando dos outros.

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