Aranhas e Chamas



Harry, Rony, Hermione, Lilá, Neville, Luna, Padma, Parvati, Dino, Simas e Lino pararam a frente da pia suja e repugnante do banheiro feminino, olhando-a de cima a baixo.
- Nossa! Aqui fede mesmo, ein? – falou Lilá, prendendo a respiração, tapando o nariz.
- Aqui é a entrada, tem certeza? – disse Simas, a olhando em volta.
- Lógico! – exclamou Rony. – Nós entramos por aqui, no segundo ano!
- Que interessante... mas como vocês entraram? Foi, por acaso, caindo dentro do ralo da pia?
- Claro que não, engraçadinho! – defendeu-se Rony.
Harry tentou chamar na lembrança alguma serpente, para que assim pudesse dizer a palavra que abria a Câmara Secreta novamente. Não foi difícil, pois logo em sua vista veio a imagem de Voldemort segurando sua cobra Nagini...
- Abra! – disse, mas sentiu que aquilo saíra mais como um silvo de seus lábios.
Ao proferir essa palavra, com um repentino movimento a pia vibrou e se destacou do chão, indo de cima para baixo e afundando no chão, assim revelando um buraco.
- Sinistro ein? – falou Luna impressionada.
Ao olhar para baixo, Harry sentiu o cheiro de esgoto entrar pelas narinas, deixando-o até enjoado.
- Venham atrás de mim! – falou se aproximando mais do buraco no chão.
E assim, Harry pulou para dentro. Escorregou rapidamente pelo cano com musgo e mal cheiroso e ao chegar ao fim, bateu com os pés no chão sentindo algo mais.
Levantando-se, percebeu que os ossos que havia no tempo em que descobrira a Câmara Secreta estavam ali, e ainda mais densos.
Pôde olhar para os vários caminhos que levavam para lugares diferentes á frente e sabia que aquele que indicava a passagem certa era o da frente.
Hermione caiu atrás dele, a tempo do garoto sair do caminho dela. Rony veio logo após.
- Uuu... que cheiro! – exclamou Hermione, tapando o nariz e fazendo careta. – Mas, afinal, qual desses caminhos leva para a Câmara?
Um grito veio do escorregador e Luna caiu com as mãos para frente em cima dos ossos decompostos.
- Eca! – falou ela, se erguendo e limpando as mãos na roupa. – Apesar do cheiro, não é tão ruim...
E Neville surgiu do cano, caindo por cima da garota, e ela, novamente, com as mãos para frente.
- Ah, Neville! – berrou Luna, empurrando o garoto, deixando-o todo vermelho.
- Desculpe Luna! – disse Neville, saindo do caminho do escorrega, o deixando livre assim que Lilá chegou.
- Tudo bem! – falou Lilá olhando em volta. – Lugarzinho caído, ein?
Quando todos estavam reunidos ali, Harry indicou que o caminho à frente levava para a Câmara Secreta. Havia uma porta redonda onde eles alcançaram caminhando. Estava trancada, mas Harry sabia como abri-la.
- Abra! - repetiu.
Mas nada aconteceu.
- Que houve? – perguntou Rony.
- Abra! – Harry tornou a dizer, mas a porta continuara intacta.
- Não está dizendo algo errado? – falou Hermione.
- Não, não! Foi isso que eu fiz da última vez! – disse Harry chegando mais perto da porta coberta de serpentes enroscadas. - Não sei por que não está dando certo!
Tinha algo diferente naquela porta. Tocou a superfície lisa, tentando encontrar alguma coisa que a pudesse abrir. Notou que uma das cobras do canto estava de boca eriçada, deixando a mostra seus dentes pontiagudos.
Ele aproximou o rosto, para poder ver melhor. Assim que chegou mais perto, os olhos da cobra de repente se avermelharam, sem fazer nada mais.
- Que é isso? – falou Luna, também notando o que Harry vira.
- Não tinha nada disso aqui, – disse Rony chegando perto, olhando para Harry. – tinha?
- Não que eu me lembre. – falou Harry, tocando na parte mais alta da cabeça da cobra.
Sentiu a pele escamosa e fria da serpente, como se fosse uma viva. Seus olhos com pupilas finas giraram em sua direção e a boca se mexeu num movimento repentino, agarrando a mão de Harry e cravando os dentes nela.
- Ah! – gritou Hermione, pegando a varinha.
- Não! Espera! – exclamou Harry, incrivelmente não sentindo dor alguma.
Todos calaram, e o garoto olhou para a serpente.
- Me solte! – falou Harry, e a cobra piscou os olhos, largando sua mão, deslizando para o chão, como uma serpente verdadeira.
Harry entendeu que os dentes da cobra não haviam causado nenhum ferimento.
Ela direcionou-se para Rony e tentou agarrar seu pé, deixando o garoto nervoso.
- O deixe em paz! – gritou Harry, e a cobra se virou para ele, encarando-o. – Saia daqui!
E apontou para o fim do túnel. A serpente mostrou-lhe a língua e obedeceu, desaparecendo por onde Harry indicara.
- Valeu! – disse Rony aliviado.
A porta serpenteada abriu às costas de Harry, liberando o caminho para que pudessem entrar na Câmara Secreta.
Todos adentraram, e Harry viu toda a decoração aterrorizante que vira na última vez que entrara ali. Algo que chamara mais atenção – e ele percebeu que não só a sua – fora o gigante carcaça de ossos largada no meio da Câmara.
- Ei, esse não é o Basilisco? – falou Dino.
- É sim. – confirmou Harry, chegando perto do enorme esqueleto comprido da cobra abissal.
- Nossa! – exclamou Padma.
- Essa é a prova de que Harry matou mesmo o Basilisco! – falou Neville, arriscando-se tocar num dos ossos da cauda da serpente monstruosa.
Hermione se aproximou de Harry.
- Devíamos colocar alguém que vigia do lado de fora, não acha? – perguntou a garota.
- Por quê? – falou Rony, olhando para Hermione.
- Acho que talvez eles tenham alguma idéia de que você tenha vindo aqui, Harry. Tenho uma pequena impressão disso...
- Não acho que eles sejam inteligentes o bastante para pensar que eu estou me protegendo deles aqui na Câmara. – disse Harry.
- Não sei... por que você pensa que eu acho isso? – perguntou Hermione – Imaginei que a Câmara Secreta pudesse ser mais um lugar para esconder uma Horcrux.
- O quê? – falou Rony. – Câmara Secreta? Como Você-Sabe-Quem iria entrar aqui para guardar a Horcrux?
- Ele tem suas maneiras. – disse Harry – Quero dizer, ele entrou em Hogwarts não entrou? Seria fácil entrar na Câmara Secreta, já que ele comanda tudo agora.
- Você acha que aqui realmente esteja a última Horcrux? – perguntou Rony, olhando para Harry.
- Não descarto a idéia de Hermione. – falou Harry.
Ele nunca pensara nisso. A Câmara Secreta era um bom lugar para Voldemort guardar uma Horcrux. Com esse pensamento, ele realmente se animara agora.
- Tá, tudo bem! Mas onde que ela está? – perguntou Rony.
- Ah, isso é uma boa pergunta! – falou Harry olhando em volta, não tendo idéia alguma de onde seria um local apropriado para esconder-la. – Quer que eu vá perguntar ao Voldemort?
- Engraçadinho! – falou Rony dando um arrepio.
- Gente! – gritou Luna. – Venham ver isso!
Harry viu que Luna parara em um canto atrás da serpente morta. Ao se aproximar, olhou para o que a garota observava curiosamente.
- O que é isso? – disse Parvati, chegando perto com cara de nojo.
- Parece uma aranha! – falou Luna calmamente, tocando numa das oito patas peludas do animal.
- Ah, aranhas!
- Fica quieto, Rony! – disse Hermione, sem olhar para ele.
- De onde vocês acham que veio? – perguntou Lino, agachando perto da criatura.
- Deve ter vindo se alimentar dos restos do Basilisco! – falou Harry.
- Aranhas! Aranhas! – gemeu Rony tremendo.
- Pare com isso seu medroso! – resmungou Hermione, chegando mais perto do animal no chão.
- Não sabia que havia aranhas desse tamanho! – disse Lilá, mais para trás, parecendo temer que a criatura morta pudesse se levantar.
- Aranhas! – continuou Rony ainda com mais medo.
- O que você... – começou Hermione, mas ela parou de repente – Ah não!
Harry sentiu que não estavam sozinhos na Câmara Secreta. Ouvia passos surdos de todos os lados. Virou-se, se deparando com criaturas negras e peludas descendo das paredes, deslizando dos pilares e caminhando no chão aos montes, em direção à eles.
Todos agora notavam o que Rony queria dizer vendo as aranhas marcharem em bandos em volta deles, batendo as pinças afiadas e contorcendo as patas.
- Aaahh! – murmurou Hermione pegando na mão de Rony, mas o garoto parecia com muito mais medo que ela.
Harry instintivamente pegou a varinha e apontou para uma das aranhas próximas.
- Arania Exumai!
A criatura saiu pelos ares e caiu bem longe deles, mas as outras avançaram defendendo-se.
Hermione pegara a varinha, tentando tirar de cima de Rony duas delas.
- Arania Exumai! Arania Exumai!
- São muitas! – gritou Luna, lançando o mesmo feitiço. – Arania Exumai!
- Ah! – berrou Lilá com três aranhas lhe puxando o cabelo.
- Arania Exumai! – gritou Harry em direção da garota.
O feitiço acertou as três criaturas de uma vez.
- Ah! Socorro! – falou Rony correndo desesperado para longe delas.
- Arania Exumai! – repetia Hermione – Ah, isso não vai adiantar! Immobilus!
Um grupo de animais parou de súbito, aparentemente congelado pelo encantamento. Outras aranhas continuaram atacando sem piedade, com suas pinças afiadas cravando na multidão de bruxos.
- Vamos! Saiam daqui! – gritou Harry.
Todos foram encaminhando-se para o cano que levava para fora da Câmara Secreta, mas um mar de aranhas veio ligeiramente para cima delas, encobrindo a entrada.
- Glacius! – disse Harry.
A criatura atingida transformou-se em uma aranha de gelo, parando no mesmo instante.
- Immobilus! – lançava Hermione por todas as direções – Ahhh!
Uma das aranhas lançara-se para cima da garota, intuindo as outras muitas a fazer o mesmo, gravando suas pinças nela.
- Hermione! – gritou Rony.
- Rony me ajuda! – tentava dizer a menina, sendo coberta pelo oceano de aranhas.
Agora Harry notara que Lilá e Simas estavam na mesma situação de Hermione. Uma aranha próxima pulou em cima de Harry, fazendo-o cair no chão, e outras fazerem os mesmo. Estavam perdendo a batalha.
- Orbis! – berrou Harry.
As aranhas que o cobriam foram lançadas pelos ares, deixando-o livre para se levantar e tentar ajudar os amigos. Rony tentava retirar as criaturas em volta de Hermione com as próprias mãos, parecendo decidido em ajudá-la.
- Sai da frente Rony! – gritou Harry, fazendo o amigo pular para o lado. – Orbis!
Todas as criaturas voaram e caíram no chão atordoadas e imóveis. Harry correu para perto dos outros amigos, mas algo lhe tirou a atenção.
Uma música melodiosa chegou aos seus ouvidos, o fazendo recordar de algo que fazia tempo que não lembrava. Era triste, mas ao mesmo tempo lhe dava confiança. Harry pôde perceber que somente ele a ouvia, pois os outros amigos não se incomodavam com nada além das criaturas que lhes avançavam.
Um jato de fogo veio do teto alto e a canção suave se intensificara. Olhando para cima, Harry viu uma criatura vermelha e laranja com penas que se moviam em na forma de chamas.
Quando a fênix se aproximou, ele agarrou sua cauda, subindo no alto. Percebeu que ainda mais aranhas vinham das paredes, deixando o chão coberto por uma camada preta. Nenhum dos amigos parecia bem e precisavam da ajuda dele e de Fewkes. A fênix de Dumbledore retornara para auxiliá-los.
Harry pegou a varinha e apontando para baixo, sem alvo determinado, vindo à cabeça um feitiço que libertaria todos, e berrou:
- Amornae Solem!
Como se raio de calor fosso lançado da varinha de Harry para o chão, as aranhas, numa onda de terror, fugiram em desespero para fora da Câmara, subindo nas paredes, correndo pelos canos e desaparecendo do local, deixando-o totalmente livre.
Descendo ao chão, Harry soltou a cauda da ave, fazendo-a se empoleirar em seu braço como se fosse um pequeno pássaro.
Todos se levantaram, respirando fundo indo na direção dele. Hermione estava realmente ferida, com cortes profundos nos braços. A situação não era diferente dos outros, como Rony, por exemplo, que uma das mãos estava ensangüentada.
- Olha! – disse Luna encantada, passando a mão na pelugem do alto da cabeça da criatura.
Rony tentava ajudar Hermione a caminhar até os amigos. Na perna da garota, havia uma chaga funda sagrando, que a fazia chorar de dor.
- Me solta Rony! – falou Hermione num tom choroso. – Eu consigo andar...
- Nem pensar! Não viu a sua situação?
Harry olhou para Fewkes, que repousava habilidosamente em seu braço. Seus olhos brilhavam, e parecia chorar. A fênix voou para o lado da garota gravemente ferida, encostando o rosto próximo à perna dela, deixando cair suas lágrimas milagrosas por cima da ferida de Hermione, fazendo-a recompor-se num instante, com uma nova pele.
- Obrigada Fewkes! - agradeceu a garota, passando a mão onde a pouco houvera um machucado feio.
- Como sabia daquele feitiço? - disse Rony para Harry.
- Não sabia.
- Como assim? - perguntou Hermione. - Na verdade, nunca ouvi falar nele.
- A fênix me disse! - falou Harry, deixando Hermione assombrada.
- Quê? Fewkes lhe disse? Não entendi.
- Em seu canto, senti como se algo me desse confiança, então conveio esse encantamento, como se Fewkes me dissesse o que fazer.
- Essa não é a fênix do Dumbledore? - perguntou Neville.
- A própria! - disse Rony sorrindo para a criatura.
- Mas achei que ela tivesse ido embora, para sempre! - falou Padma.
- Mas ela voltou! - disse Harry.
Hermione ainda acariciava os ferimentos no braço, talvez esperando que a fênix pudesse curá-los. A criatura voou de volta, perto de Harry, pedindo afetuosamente um carinho.
- Acho que agora ela é sua, Harry - disse Hermione.
- Quê? Minha? - exclamou Harry.
- É, por que ela voltou para você. - argumentou a garota - Algo a fez vir por que você estava em perigo.
- Mas todos nós estavamos.
- Mas só você ouviu o canto dela, não é? - disse Rony.
Harry pensou aquilo como algo bem provável. Será que a fênix viera de tão longe para ajudá-lo? Ou talvez teria sido mandada por... Dumbledore?
- E se Dumbledore não está morto?
- Ein? - disseram os amigos.
- Não... Harry, por que acha isso? - falou Hermione. - O vimos... ele está morto!
- Então quem me mandou a fênix? - perguntou Harry.
Uma voz encheu seus ouvidos, alta e estridente como um trovão, mas tenebrosa.

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