A Dor de Não Saber



- Andem suas nojentas! – gritou Yaxley, um dos novos Comensais da Morte, integrante da Armada da Morte.
As três garotas que andavam amargamente pelo corredor, todas acorrentadas numa nas outras, apertaram o passo para não serem novamente maltratadas. Levavam cada uma nos braços, cinco pesados livros de couro, retirados da biblioteca da escola para serem queimados no lado de fora.
- Sinto tanto... irá ser cada vez pior! – agonizou Hermione baixinho, deixando algumas lágrimas caírem.
- Não temos força suficiente para combatê-los, Mione. – disse Luna, atrás da amiga.
- Não – gemeu Gina, num soluço de dor.
- Calem-se! – berrou Yaxley, dando um murro na primeira garota, a fazendo deixar os livros caírem dos braços. – Sua burra! Olha o que fez! Trate de pegar logo isso sua estúpida...
- PARE DE FALAR ASSIM COM ELA! – urrou Gina, lançando todos os livros que carregava na cara do Comensal.
Yaxley tentou segurar as mãos da garota, que voavam para seu rosto em sentimento de ódio.
- Me solta, me solta, me solta! – gritava a menina, chutando o rapaz e socando seu peito forte.
- Vadia descarada! – gritou Yaxley, batendo no rosto belo de Gina. – Aprenda com isso... nunca mais me desrespeite, viu, sua vagabunda! – disse isso sibilando cada palavra e apertando com toda a força os pulsos da menina indefesa.
Largando Gina, Yaxley sacou a varinha.
- Deprimo! – lançou na garota.
Gina berrou absurdamente alto, fazendo o seu grito agonizante ecoar por todos os corredores do castelo, chegando aos ouvidos do seu irmão.
- Não! – urrou Rony, tentando se livrar das correntes que também o prendiam sem indulgência alguma. – Gina! Gina!
- Fique calado! – disse Draco Malfoy, pegando sua varinha e colocando-a contra o pescoço do rival.
Rony parou, mas seu peito arfava a respiração da aversão que tinha.
- Não ouse tentar nada, ou sua irmãzinha vai sofrer mais! – falou Draco por entre os dentes, num sorriso assombroso.
- Malfoy! – gritou Remound vindo do fim do corredor. – O Lorde pediu que levássemos todos os prisioneiros para o lado de fora... aos terrenos!
Draco, que olhava para Remound, retomou o olhar para Rony, guardando a varinha e puxando a corrente que levava também Neville, Simas, Dino e Lino os encaminhando à força para fora.
Do outro lado do castelo, Voldemort ria com todo o sofrimento dos moradores, sentado na majestosa cadeira da diretoria de Hogwarts, rodando entre os dedos a poderosa Varinha da Morte.
- O Poder Máximo... isso tudo é só meu! – murmurou com seus botões, orgulhosamente. – Hogwarts é só minha... o poder é meu... o mundo é meu. Nada mais lógico, não é Dumbledore?
- Nada mesmo. – resmungou o quadro de Alvo Dumbledore, parecendo pouco convincente.
O Lorde direcionou os olhos cintilantes no tom vermelho para o quadro que pousava na parede, ao seu lado, virando o corpo por completo e assim, encarando o rosto velho do diretor anterior de Hogwarts.
- Como você é ingrato, Dumbledore! – murmurou entre os dentes – Agradeça por eu não lhe tocar fogo, como estou fazendo com os outros...!
- Vejo isso como um ato de caridade – retrucou o quadro sem medo. – Será que o poderoso Tom Riddle está tornando seu coração mais bondoso...?
- Cale a boca, velho! – rosnou Voldemort, tornando a sentar-se na cadeira e encostar-se, virando as costas para Dumbledore – Não tem consciência de meus novos atos. Você é apenas um retrato.
Dumbledore ajeitou os óculos meia-lua, apenas para disfarçar um sorriso zombado.
- Tem muito que aprender, Tom, acha que vive no seu mundo... acha que todos devem servi-lo... o conheço mais do que você mesmo...
- Já lhe disse para calar! – gritou Voldemort apontando a imponente Varinha da Morte para o nariz torto desenhado do quadro. Continha um olhar sinceramente raivoso. Não gostava do nome do seu pai e o que a mãe havia dado; e muito não suportava que Alvo Dumbledore lhe chamasse por este, nem mesmo qualquer outra pessoa.
A porta de carvalho abriu-se rangendo. Voldemort retomou novamente sua posição na cadeira, olhando para o recém-chegado.
- Milorde – falou Gembledor, não mirando diretamente em seus olhos – Estão todos lá fora... como o senhor pediu...
- Excelente! – exclamou, tentando demonstrar-se satisfeito. – Estou a caminho, Arcano.
Então, Gembledor saiu da sala circular, batendo a porta levemente, sem mesmo reparar na hostil discussão entre o Lorde e o retrato.
Voldemort se ergueu da cadeira, guardando entre a capa negra a Varinha da Morte. Antes de se retirar do cômodo, ouviu a voz serena de Dumbledore dizer sabiamente:
- Devia ter o medo, ao invés de pôr-lo em alguém.
Ainda não querendo se enraivecer, o Lorde aparentou não ouvir a frase, batendo a porta com violência para que se fechasse.
Enquanto caminhava, passava com sua capa farfalhando, assim fazendo seu caminhar ecoar pelos corredores do castelo. Não havia um ser vivo presente entre as salas de aulas que antes eram habitadas pelos moradores e alunos. Por ele, não haveria mais cursos inúteis naquela escola, enquanto a dominasse. Entre as aulas que cortaria, a primeira seria a adivinhação, no qual aquele que o desafiara, tantos anos a ensinara.
Chegara logo ao seu destino; próximo ao Lago Negro, estava uma manta de pessoas. Todas aprisionadas, caladas e imóveis como devia ser seus servos. Enquanto corria o olhar por eles, não via nenhum que o encarasse diretamente. Tudo como sempre quis: todos com o temor à flor da pele, sentimento por sua presença.
Quando Voldemort chegou mais próximo dos Comensais da Morte, percebeu que haviam novas pessoas capturadas.
- Milorde – disse Bellatriz, segurando uma pesada corrente e a puxando com violência, para que Ninfadora Tonks pudesse se revelar. – Estas criaturas estavam pelos portões, tentando invadir nossa escola...
- Minha – corrigiu-a Voldemort sentindo o poder jorrar no intimo ao ver que Bellatriz havia se surpreendido com o apuro. – escola. – e aproximou o rosto lívido para garota de cabelos vermelhos, notando que havia uma fila de pessoas aprisionadas, todas adultas.
- Muito inteligente da parte de vocês – disse o Lorde, andando ao lado dos indivíduos presos. – Invadir um lugar, aparentemente, impossível de... ser invadido. – terminou com um sorriso triunfante para Minerva McGonagall.
- Pode nos prender, mas não poderá nos deter! – falou a mulher entre os dentes, com os cabelos soltos e despenteados.
- Estou morrendo de medo. – retrucou Voldemort, ainda sorrindo. – Sem saída, para vocês, é o fim. Para mim um novo começo...
- Não conte tanto com a sorte – disse Remo Lupin num sussurro, mas audível para o Lorde.
- Não preciso de sorte. – ponderou Voldemort sem lhe dar valor, sem mesmo pousar os olhos no homem. – Tenho algo mais valioso.
E tirou de dentro das vestes aquela poderosa varinha que levava consigo, mostrando aos prisioneiros.
- Uma varinha. – murmurou Alastor Moody, deixando claro no seu tom de voz a zombaria que queria impor contra Voldemort.
- É mais do que uma varinha, para quem sabe apreciar. – falou o Lorde, admirando com mais fascinação aquela peça.
Virou-se, ainda com a varinha nas mãos, para os alunos prisioneiros que estavam sentados no gramado do terreno, silenciosos.
- O que eles vão fazer com a gente? – murmurou Rony, para Hermione que estava ao seu lado.
- Se eu soubesse logo lhe diria. – respondeu a garota, olhando-o de beira. – Acho que Voldemort quer que nós o sirvamos.
- Está mais do que obvio – exclamou Gina, dando um sorriso pelo canto da boca. – Ele o escondeu...
- Quem escondeu – falou Hermione – Do que está falando?
- Do Harry! – justificou Gina baixinho, agora sorrindo por completo, olhando para Voldemort pelo canto do olho, meio receosa. – Continuo achando que ele está vivo.
- Seria... meio impossível. – retrucou Hermione, um pouco aflita com as palavras.
- Eu o vi. – tornou a contar Rony – Eles o queimaram...
- Mas você só viu o fogo – contornou Gina, ansiosa em obter respostas objetivas – Tenho certeza! Não tenho mais dúvidas... se não, eles havia de mostrar o corpo, não é?
- Como podem mostrar o corpo, se o queimaram? – replicou Hermione, tentando não por medo na amiga.
O sorriso de Gina desapareceu. Seu corpo gelou de terror ao ouvir as palavras de Hermione. Sua esperança estava sumindo... mas uma sombra apareceu, e encobriu a luz da lua ao pino.
O rosto ofídico pálido tornou mais claro quando se aproximou mais, fazendo os três exclamarem num urro, levando um susto.
- Dissemos que eles não pronunciassem nada, Milorde. – exclamou Gembledor, atrás do Lorde que afrontava Rony, Hermione e Gina com um olhar amedrontador. - Eles desrespeitaram o princípio.
Os três amigos encaravam Voldemort sem demonstrar temor, mesmo presos e indefesos, incapazes de proteger-se à qualquer situação que pudesse ocorrer.
- Peguem esses três. – falou o Lorde friamente – Quero que eles fiquem bem longe dos outros.
Amico e Aleto surgiram de trás de Gembledor, agarrando com força o braço dos alunos indicados pelo senhor, levando-os para junto dos outros Comensais da Morte.
- Conheço bem os amiginhos do Potter – disse Voldemort se afastando da multidão de prisioneiros, indo direto para perto dos que acabara de ordenar que fossem separados – São bem espertos para tramar algo...
- Eu sei que ele está vivo! – gritou Gina, ainda não muito contente de ter várias cicatrizes por anunciar isso – Você... continua... mentindo!
- Cale-se garota! – berrou o próprio Voldemort, olhando fixamente nos olhos castanhos da menina – Sei que não quer acabar na mesma situação dele...
- ELE NÃO MORREU! – e disse Gina ainda mais alto, fazendo sua voz esganiçada escoar por todo terreno.
A tolerância de Voldemort havia chegado ao fim. Ela poderia entregar tudo. Poderia intuir os outros para um conflito. Tinha que cuidar disso...
- É isso o que pede. – falou o Lorde pegando a Varinha da Morte, apontando sem piedade para a garota – É isso o que vai ter menina! Crucio!
E novamente, Gina berrou. Mas essa dor significava, para ela, algo oferecido por seu amor. Sabia que ele ainda respirava... em algum lugar. Enquanto sentia a aflição de Voldemort percorrer todo seu corpo na forma de dor, queria não acreditar que Harry estava morto.
- Isso vai lhe levar ao nada, Tom Riddle.
Lorde Voldemort congelou. Sua maldição fora cortada, pelo receio de ouvir o tom daquela voz novamente.

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