O Fiel ao Segredo



A dormência na cicatriz de Harry ainda não cessara. Na manhã seguinte, acordou incomodado com a falta de dormir, pois passou a maior parte da noite em claro imaginando como Voldemort aproximaria de Hogwarts e que precisaria avisar McGonagall o mais rápido que pudesse.
Dirigindo-se com Rony e Hermione ao Salão Principal, conversando discretamente o que descobriram na noite passada, Harry deu de cara com Bia.
- Olá Harry! - disse dando-lhe um beijo no rosto - Você sumiu ontem à noite... perguntei a todos da Grifinória se sabiam por onde andava...
- Por que queria me ver? - disse Harry indo para a porta do Salão Principal e entrando com os três.
Bia acompanhou-os sentarem ao meio da mesa da Grifinória e sentou na beirada do banco. Harry sentou-se de costas para a bancada conversando cara a cara com a garota.
- Sabe, queria que soubesse que a Gina não para de falar de você...
- O quê? - exclamou Harry - Você andou falando com ela?
- Ah, eu conversei com ela, quando ia perguntar para o suposto namoradinho dela onde você estava. Ela disse, que não estava namorando com o tal Marcos, mas estava apenas beijando-o naquele dia porque o menino fez-lhe o pedido... mas como o garoto não largava do seu pé, resolveu por a desentupir a pia entupida...
- Mas eles não estão namorando? - disse Harry procurando os cabelos ruivos de Gina pela mesa.
- Não. Quando viu você... fingindo me beijar... ficou arrasada!
- Você contou para ela? - disse Harry olhando apreensivo para Bia.
- Ãn... eu... disse... não, só toquei no assunto...
- Isso... só tocou no assunto! - disse virando-se para a mesa.
Bia olhou para a porta do Salão e Harry acompanhou seu olhar. Gina vinha andando sozinha e rapidamente passou por eles, sem mesmo dirigir o olhar, fazendo vento ao rosto com um folheto na mão. Bia tocou em seu ombro e disse sinceramente:
- Não diria que ela está muito contente com o que fizemos...
Harry sentiu-se culpado por deixar Gina ainda mais triste, com o que imaginara que a própria fizesse. Ela pensara nele e ele, num momento de fraqueza, colocou tudo a perder. Gina agora devia estar magoada, e ao mesmo tempo chateada com Harry. Pensou em ir ao mesmo instante conversar com ela, mas Bia falou:
- Depois cuidaremos disso, Harry. Vemos-nos depois! - disse levantando-se e indo a direção à mesa da Corvinal, sentando-se ao lado de Luna.
Tendo entendido isso como um "resolvemos mais tarde", Harry, então, deu atenção ao seu café da manhã.
Hermione sentara a sua frente, com Rony ao seu lado cochichando em seu ouvido, e ao vendo Harry olha-los, voltaram a comer a refeição. Nem ao menos havia fome, mas Harry tentou comer, para distrair o que lhe incomodava, em relação a vinda de Voldemort a escola. Pensava o que o Lorde iria querer com a espada de Godrico Gryffindor, mas tinha certeza que não poderia o deixar levá-la a nenhuma circunstância.
- Ouvimos direito? – disse Hermione, que depois de muito tempo que não abrira a boca durante o café da manhã, agora falara isso para Harry acompanhando-o até a Sala Comunal da Grifinória. – Gina não está namorando Marcos Richard?
Harry nem ao menos prestara a atenção no que a garota falara, pois estava ocupado esfregando freneticamente a cicatriz, que ardia intensamente agora.
- Desculpe? – disse arriscando raciocinar e o mesmo tempo tentando disfarçar a dor.
- Gina está ou não está namorando com Marcos? – disse Rony alcançando-os momentos depois.
- Ah, isso... não, não está. – disse Harry aborrecido – Por quê?
- Queríamos ter certeza da burrice que fez! – exclamou Hermione olhando-o severamente.
- Eu... eu não diria isso... – falou ele olhando-a pelo canto do olho.
- Sim claro. Achou que foi sensato? A garota está arrasada! Você deveria pensar duas vezes antes...
Mas ele não ouviu mais a voz de Hermione. Caiu no chão com a mão na testa, que doía muito, e não se achou mais nos corredores da escola, mas estava andando pela rua principal vazia de Hogsmeade.
Acabara de chegar e tinha de alcançar a escola pela noite, mas antes de qualquer coisa, deveria ir até o Cabeça de Javali. Andando calmamente e silenciosamente pela manhã ainda escura e nebulosa, chegou até a porta do bar e estourando-a com um toque da varinha, entrou apontando-a para o barman.
O homem berrou e uma luz verde tomou a vista. Com o barman caído no chão, o caminho estava livre de provas que o próprio Lorde Voldemort estivera ali. Subiu as barulhentas escadas do bar, indo até o andar acima. Havia duas portas, uma entre aberta. Entrou na porta trancada e abriu-a sem cerimônias, encontrando um homem sentado numa cadeira grande e confortável, que tinha seu rosto escondido pelas trevas do quarto escuro.
- Levante-se Gembledor – disse Harry, com uma voz aguda e fria - O segredo terá sua confirmação. Arcano, chegou a hora.
- Milorde! – disse Gembledor, levantando-se e fazendo uma longa reverência. – Será um prazer ser fiel ao seu serviço...
- Confio na sua lealdade, mas tenho minhas dúvidas!
Gembledor levantou-se da reverência e olhou-o com um temor no olhar. Depois de um tempo, ele estendeu o braço trêmulo, e mostrou-lhe a marca de um crânio, com uma cobra deslizando de sua boca.
- Certamente tem a coragem de fazer seu voto fiel? – exclamou Harry, pegando em seu braço, e aproximando a varinha da marca negra.
- S-sim. – falou o homem, com uma voz aguda, parecendo-lhe menos corajosa.
Harry olhou-o com voracidade, não acreditando em sua falsa palavra. Gembledor encarou seu olhar, sem tentar desviar seus olhos dos olhos vermelhos.
- Certamente tem a coragem de fazer seu voto fiel? – repetiu Harry com firmeza.
Gembledor pigarreou e disse mais alto:
- Sim.
Ainda com a varinha apontada para o braço magro e pardo do moço, disse com num tom ríspido:
- Terá a confiança e me confiará sua alma pelo segredo?
- Sim. – tornou a dizer, olhando em seus olhos.
- Lutará e morrerá em nome de minha veracidade?
O homem olhou-o pouco corajoso e hesitou, mas disse por fim:
- Sim.
Ao momento que Gembledor proferiu a palavra confirmativa, da varinha que Harry segurava, saiu um fio prateado e continuo que iluminou o quarto escuro. O fio prata deslizou em volta da marca negra queimada a fogo no braço de Gembledor e marcou seu braço, deixando a marca não só com um crânio e uma cobra, mas agora em volta da cabeça da caveira, marcava-se uma linha luminosa e prateada que não se apagou.
Harry olhou Gembledor e viu o rosto marcado com cicatrizes, e com a aparência gasta. Ao largar o braço do homem, Gembledor abaixou a manga da blusa, ocultando a marca negra.
Gembledor olhou com mais temor e Harry falou num tom desafiante:
- Tenho certeza que todos terão prazer em tê-lo conosco, Gembledor. Agora é o fiel ao segredo da Armada da Morte!
Abrindo os olhos, Harry percebeu que estava suado e tinha sobre a vista várias pessoas a redor.
- Afastem-se! Harry não está bem!
Ele viu Hermione levantar-se do seu lado e acenar os braços para os que se mantinham à sua volta. Rony estava ajoelhado do outro lado, olhando amedrontado para Harry.
- O que aconteceu, cara? – disse Rony olhando-o. – Que susto deu na gente!
- Preciso – disse Harry com a mão na cicatriz, que ainda doía imensamente, olhando para Rony e Hermione – Preciso falar com vocês!
Eles o ajudaram a se levantar e andaram rapidamente para a Sala Comunal, onde estavam mais próximos. Chegando lá, subiram ao dormitório masculino e Harry fechou a porta.
- O que aconteceu? – exclamou nervosa.
- Voldemort – disse trêmulo – Ele... ele está em Hogsmeade! Confiou um segredo...
- Ein? O quê? – disse Hermione cruzando os braços. – Você ainda não fechou sua mente? Dumbledore queria...
- Não convém agora o que Dumbledore queria agora, Hermione! – disse Harry irritado com a idéia de que Hermione viria com seu longo sermão. – Ele está em Hogsmeade e virá logo... e... eu vi... ele confiou um segredo com um... um cara chamado Gembledor...
- Gembledor? – disse Rony – Arcano Gembledor?
- Como sabe?
- Trabalhava no ministério. Papai falava dele o tempo todo. Disse a mim que foi demitido por justa causa, por que dedurou para os seguidores de... Você-Sabe-Quem como eles agiam no Departamento de Mistérios, ano passado.
- Ele trabalhava no Departamento de Mistérios? Bom então eles não poderão confiar nele nunca mais, pois agora é fiel ao segredo de Voldemort. – disse Harry, lembrando-se do que ouvira.
- Qual é o segredo? – disse Hermione enquanto caminhava a saída do dormitório.
- Não sei o que quer dizer, mas é fiel a... Armada da Morte...
Hermione que estava a abrir a porta parou, e retirou a mão da maçaneta. Rony parecia confuso com a menina.
- C-como disse? – falou Hermione, ficando branca.
- Armada da Morte... o-o que tem de errado nisso?
Hermione lacrou a porta do dormitório e mandou Rony, lançar Abaffiato para que não os ouvissem.
- Como não sabem o que é a Armada da Morte? – exclamou Hermione sentando-se numa das camas.
- Eu...
Mas antes que ele pudesse responder, Hermione tirou da bolsa um folheto que parecia uma folha arrancada de um livro e leu claramente:
- “A Esquadra Maligna, atualmente conhecida como Armada da Morte, fora uma das tropas mais perversas dos anos antes do aparecimento de Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Tinha-se o costume de liquidar sem a menor misericórdia, os nascidos trouxas e outros que interferissem o caminho dos sangues-puros. Mantida sobre o segredo de um sangue-puro, era facilmente avistada por qualquer ser vivo como o símbolo da morte imediata. Não se sabia de uma alma que tivesse sido alvo da Armada da Morte que sobreviveu aos massacres. Seus integrantes nunca foram descobertos, mas alguns dizem que os atuais seguidores de Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado já fizeram parte desse grupo sangrento e outros acreditam que a Esquadra Maligna ainda não se extinguiu.
Depois que Hermione terminou sua leitura do artigo, Harry olhou-a espantado. Conveio a ele que já tinha ouvido isso em algum lugar. Parecia-lhe a coisa mais brutal que imaginara.
- Onde conseguiu isso? – disse Harry pegando o artigo, e relendo partes em voz baixa.
- No livro de História da Magia, 3º ano... não se lembram?
- Sinceramente... – disse Harry.
-... não – Rony terminou para ele.
Hermione tomou o artigo em sua mão novamente e explicou-lhes melhor:
- Neste trecho do livro, diz-se que um antigo grupo de assassinos, conhecidos como Morteiros que matavam trouxas e outras pessoas que tomassem o caminho deles.
- Isso foi antes de Você-Sabe-Quem aparecer? – perguntou Rony meio amedrontado.
Harry olhou-o intrigado.
- Desde quando voltou a chamar Voldemort de novo de Você-Sabe-Quem?
- Ah, Harry, eu... resolvi precaver, sabe. Esse nome é o maior Tabu no mundo bruxo, melhor prevenir...
- Ah, você tem medo? Ter medo de um nome aumenta o próprio medo da coisa...
- Não é medo, mas vocês também deviam aderir...
- Tá, tá! – exclamou Hermione impaciente – Como ia dizendo: antes de ele vir a aterrorizar o mundo, essa “tropa” já aterrorizava muito mais. Dizem que o próprio Voldemort acabou sumindo com ela e assumindo o poder do mal, mas, tipo que “capturou” os integrantes dessa Armada para si. No terceiro ano estudamos a Esquadra Maligna quando falávamos dos massacres do século XIII... como nunca prestaram atenção?
- Será pelo mesmo motivo que não... conseguíamos prestar atenção? – falou Rony.
- O problema é: - continuou Hermione, não dando atenção a resposta do garoto - o que Voldemort...
- Por favor, Hermione! Tente trocar esse... nome por Você-Sabe-Quem! – pediu Rony com veemência.
Harry balançou a cabeça.
- Que seja! O que Você-Sabe-Quem está querendo com a Armada da Morte?
- Espero que não esteja querendo reuni-la! – disse Harry lembrando-se do que Voldemort fizera com o braço de Gembledor.
- Reuni-la? – exclamaram Rony e Hermione juntos.
- O que você viu? – disse Rony levantando-se.
Harry repassou mentalmente para si e depois disse:
- Ele... ele fez o tal de Gembledor fazer um juramento. Depois que terminou, em cima da marca negra do homem Vol...
- Eu suplico! – exclamou Rony olhando-o com temor.
- Tá certo... – disse sem paciência - Você-Sabe-Quem lançou o que parecia uma corda de prata, e caiu sobre a marca negra...
Hermione parecia mais pálida do que antes ao exclamar algo como: “ele não pôde!”.
- Isso é um Voto Perpétuo! Ele criou um Fiel ao Voto! É claro... ela voltou... a Armada da Morte voltou!

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