Tudo por água abaixo



Ao pôr-do-sol, como o combinado dos três, a poção de Controle Lobisomem já estava pronta; e eles também.
- Tudo bem – disse Hermione – Capa, Polissuco, varinhas...
- Está tudo aqui Hermione! – exclamou Rony – Quantas vezes você já conferiu?
Estavam todos prontos. A cabana já estava guardada e eles resolveram chegar a Azkaban... voando.
-... vassouras aqui! – completou Hermione tirando cada uma das vassouras, entregando ao seu dono.
Hermione pegou uma vassoura bem lerda, uma Cleansweep. Parecia até nova, pois a não usava nunca. Rony pegou sua Comet, que parecia velha, mas ainda voava bem, pelo menos foi o que constataram. E Harry pegou sua consagrada Firebolt, montando nela, igualmente como seus parceiros, deu um impulso e foi ao céu.
Pela frente foi Harry, com Rony a sua esquerda e Hermione á direita, um pouco mais atrás. Eles tentaram manter a mesma velocidade, para não ter erro e não ocorrer nada de ruim.
- Maldita vassoura! – gritou Hermione tentando se equilibrar nela.
Particularmente, a única coisa que Hermione nunca fora boa era voar sobre uma vassoura.
- Anda Hermione! – berrou Harry, arriscando manter uma velocidade controlada, mesmo sendo muito chato ficar na mesmo velocidade que a garota.
Hermione pegou equilibro e voltou à formação.
Harry sentia a brisa quente bater em seu rosto, mas não parecia ser a mesma coisa que jogar Quadribol. Quando jogava o jogo, sentia-se imensamente feliz de ter o vento forte com a rapidez de sua vassoura. O prazer dessa sensação fazia falta nele, tanto quanto tudo.
Nesse momento, estavam saindo da parte onde se via cidade, e estavam sobrevoando um grande lago, bem parecido com o Lago Negro de Hogwarts.
Nuvens de chuva pareciam se aproximar do local onde eles estavam a pouco tempo acampados.
Harry olhou para trás e notou que Hermione ainda não se equilibrara bem na Cleansweep, muito menos criara velocidade com ela.
- Droga! – dizia o tempo todo.
Rony e Harry estavam dando muito bem em cima de suas vassouras, pois os dois viveram jogando Quadribol.
- Nem tudo está nos livros, Hermione! – zombou Rony, aproximando da garota. – Não mostra “Como voar numa Cleansweep” em Hogwarts, uma história!
- Cala a boca – berrou Hermione, perdendo altitude.
Ainda sobrevoando o lago, os garotos decidiram diminuir mais ainda a velocidade, para dar chance de Hermione equilibrar-se.
Harry voando por baixo da garota, olhou para o lago com mais atenção. Havia algo grande movendo-se abaixo de seus pés.
- Hermione! – gritou – Tem alguma coisa aqui...
- O que quer dizer? – perguntou ela.
- No lago! – urrou Rony – Ali! Ali! – apontou para baixo de Harry.
A criatura apareceu dando um salto. Harry desviou de seus dentes, virando a Firebolt para o lado oposto. Ainda no ar, Harry pôde ver que o bicho tinha uma longa cauda ferrosa, dentes enormes e mãos parecidas como a de um dragão.
O Naquário deu um pulo em pleno ar, quase agarrando Rony, caindo de volta para dentro do lago.
Hermione gritava pendurada com uma mão segurando a vassoura.
Dando outro salto, o animal agarrou a garota com as duas patas, levando-a para baixo da água.
- Hermione! – vociferou Rony, descendo de altura com sua vassoura, bem próximo á superfície da água. – Hermione!
Harry aproximou-se também, junto a Rony. A garota não ia agüentar ficar muito em baixo da água.
Algo emergiu de dentro da água, bem ao lado dos dois. Era a bolsa de Hermione.
Rony voou e pegou a bolsa.
- Me dá isso! – pediu Harry, tendo uma idéia, fazendo Rony entrega-la rapidamente.
Ele pegou a bolsa e revirou o conteúdo a procura do que tinha certeza que Hermione colocaria entre os ingredientes de poções. Pegou um frasquinho que havia uma etiqueta escrita Guelricho.
- Tá brincando! – exclamou Rony.
- É o único jeito de salvar a Hermione! – disse Harry, reparando que o frasquinho estava destampado. – Ou você quer deixar ela lá em baixo?
Rony balançou a cabeça negativamente.
Harry colocou a mão dentro da bolsa novamente e tocou na espada de Gryffindor. Decidiu leva-la junto.
Algo agora também voltara do fundo da água. A vassoura Cleansweep estava partida em três partes.
- Ok, ok. – falou Rony pegando um pouco daquela planta viscosa.
Harry fez o mesmo. Assim que pôs na boca, pulou da vassoura para a água. Nem se lembrava como era ruim o gosto.
Viu Rony fazer uma careta, agora embaixo da água. Sentiu a dor no pescoço e colocou a mão. Guelras haviam se formado rapidamente ali, assim como nadadeiras no lugar dos pés e das mãos.
Seu amigo também ficara com sua mesma aparência, ainda de olho fechado, aparentemente preocupado em respirar. Harry aproximou-se dele, e o garoto abriu os olhos.
- Vamos! – disse, mas apenas bolhas saíram de sua boca.
Rony tentou falar também, mas Harry não entendeu coisa alguma.
Ele puxou a mão do amigo, conduzindo-o em direção onde Hermione submergira com a criatura marinha.
Os dois foram a toda velocidade, rumando para o escuro da água. Com uma das mãos levava Rony, e na outra Harry segurava com firmeza a espada com punho de rubis.
Quanto mais afundavam, mais denso e tenebroso ficava. Como encontrariam Hermione ali, se naquela altura, já não estivesse sem ar? Ele tentou nadar o mais rápido que pôde.
Harry e Rony chegaram a um local onde havia pedras que pareciam com casas submarinhas. Tocas, e perceberam que tinham criaturas se movendo para todos os lados. Harry rezou para que não fossem Grindylows.
Passaram pelas casas marinhas, vendo que muitas delas estavam vazias. Ali, mais ao longe, Harry viu três Naquários enormes se agitando freneticamente.
Eles pararam e o garoto viu outro ser, bem menor, sair nadando do meio deles, nadando em direção á superfície. Uma das criaturas a agarrou novamente.
- É a Hermione! – disse Harry, mas percebeu Rony não entender.
O menino puxou Rony em direção as criaturas. Quando se aproximaram, Harry viu que uma delas segurava Hermione pela cintura, mas a garota parecia perfeitamente saudável. No lugar de suas mãos e pés, havia nadadeiras, como as dele.
Harry pegou a espada, e gesticulou com as mãos para que Rony fosse salva-la, e ele iria distrair os Naquários. Demorou um pouco, mas Rony compreendeu, confirmando com o polegar.
Harry foi à frente. Não sabia como iria distrair aquelas criaturas agitadas e perigosas, mas tinha certeza que a espada ia ajudá-lo.
Ao se aproximar, os animais logo deixaram a atenção por Hermione e foram nadando o máximo de velocidade em direção à Harry. Ele nadou rapidamente para baixo das pedras próximas e segurou com mais segurança a espada de Gryffindor.
Com toda a força, os Naquários tentaram arrebentar as pedras com a cauda perigosa. Com uma só tentativa, eles conseguiram derrubar todas as rochas para cima de Harry, fazendo-o ficar preso abaixo delas. Sentiu seu pulso doer intensamente.
Ele ficou ali embaixo, impedido de mover-se, mas ainda tocando seus dedos frágeis da mão ferida na espada. Por uma fresta entre as pedras, ele pôde ver as criaturas nadarem desnorteadas, de um lado para o outro e irem embora de sua visão.
Rony devia ter levado Hermione para a superfície, ele pensou, mas como iria sair dali agora. Tentou mexer alguma parte de seu corpo, mas nada ocorreu.
Havia alguém ali, ele viu alguém mover-se entre a fresta que lhe dava vista. As pedras mais acima se deslocaram.
Passados algum tempo, Harry viu Rony e Hermione ajudando-o a retirar as rochas que o mantinha preso. Rony pegou a espada que escapara das mãos de Harry, e Hermione pegou em sua mão boa, conduzindo-o para a superfície. O efeito do Guelricho havia passado nos três, nesse momento.
Quando quase alcançaram o nível para fora da água, ele viu outro Naquário aproximar-se deles. O animal lançou sua cauda em direção a ele, mas Harry desviou.
O garoto olhou para o lado. O ferrão da cauda do Naquário não o acertara, mas atingira Hermione bem no lado do corpo. A menina olhou-o e ele tentou ajuda-la; ela fechou os olhos e estava afundando novamente.
Com uma velocidade extremamente rápida, Harry pegou a espada de Gryffindor da mão de Rony e cravou-a no Naquário, que ainda permanecia com seu ferrão na garota. Agora apunhalado pelo menino, desistiu e nadou, deixando seu rastro de sangue pelas águas.
Rony pegou a garota ferida e conduziu a superfície. Harry foi junto.
- Hermione! – berrou Rony com a voz rouca, balançando a menina.
Hermione não se movera. Harry olhou em volta e viu que tinham chegado perto da margem.
Os dois levaram a garota para onde dava a beira da terra. Rony deitou-a na areia branca.
- Hermione! Hermione!
- O veneno desse bicho pode matar ela! – berrou Harry, quase em pânico. A bolsa de Hermione estava presa em seu pescoço. Pegou-a.
Rony tentou fazer um curativo no feio buraco ensangüentado de Hermione, mas nada saiu de sua varinha.
- Precisamos fazer um antídoto! Rápido! – falou Harry tremendo.
Harry pegou os ingredientes na bolsa, um pote e uma colher. Teria que aplicar o que aprendera com Snape ali.
Pegou a pedra de Bezoar deixando-a cair de sua mão, pois a pegara com o pulso torcido. Tentou se lembrar... o que Hermione faria... o que ela faria?
Achou um frasco com pele de Ararambóia; colocou-a rapidamente dentro da tigela. Mexeu meio desnorteado, sem saber muito que fazer... mas teria que dar certo... pela vida de Hermione.
Havia um frasco escrito Acônitos. Ele pegou dois deles e lançou na tigela. Aquela mistura havia se tornado cor de vinho.
Devia ser isto, pelo que lembrava. Tinha que ser.
- Tem certeza que é isso mesmo? – perguntou Rony, com a voz falhando.
- Tem que ser!
Harry colocou a poção incertamente onde o Naquário havia ferido Hermione. Agora era rezar para que desse certo.
Ele esperou... esperou... nada acontecera. Pegou o pulso da menina. Ele não sentia.
- Não! Hermione! – gritou Rony deitando cabeça em cima do coração da garota, deixando lágrimas escapar de seus olhos. – Ela se foi! – terminou com um soluço, ainda deitado no peito da menina.
Harry deixara Hermione partir. Levantou tentando crer que aquilo era só um pesadelo... um pesadelo e logo despertaria, com Hermione ao seu lado, dando um grande sorriso. Ele fechou os olhos, sem notar suas lágrimas de culpa escorrer pelo rosto.
Ouvia o choro de Rony quase silencioso, como nunca ouvira antes. Com tristeza por Hermione, Harry sentiu como se seu próprio coração parasse de bater... estava partido. A culpa era dele... ele havia criado esse plano idiota de ir a Azkaban. Hermione morrera por sua causa.
Não queria olhar para Rony e a garota. Sentia-se tão mal, como se o mundo desabasse diante de seus pés... mas algo aconteceu.
- Hermione! – Rony gritou, mas não num tom triste, e sim animador.
Harry olhou. Hermione movia os braços, tentando abraçar Rony. Abrira os olhos. Estava viva.
- Você está bem! Você está viva! – falou Harry correndo em direção a ela. Nem podia acreditar.
- Estou – murmurou Hermione sorrindo, colocando a mão fragilmente no ferimento aberto, fazendo uma careta. – Nem quero ver como está isso...
Rony pegou a varinha, e apontou para a chaga dela.
- Não! – gemeu a garota. – Por favor... você não!
- Ah, desculpe! – falou Rony guardando a varinha novamente.
Harry pegou sua varinha.
- Férula – exclamou, apontando para o ferimento de Hermione, fazendo-o se fechar sobre ataduras.
- Obrigado Harry! – falou Hermione.
- Mais do que isso, Hermione! Foi ele quem salvou sua vida!
Hermione olhou para Rony depois para Harry com um grande sorriso.
- Como assim?
- Harry preparou o antídoto! – disse Rony.
- Harry! Foi você? – exclamou Hermione.
Harry olhou-a e admitiu:
- É... foi. Só que não sabia...
- Ah, Harry! – animou-se a menina, se sentando na areia. - Nunca imaginei você preparando uma poção tão eficaz!
Rony abraçou a garota, mas, além disso, a beijou na boca.

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