A Marca Provisóra



Olá, pessoas! (?) Estou de volta. Um novo capítulo, estamos cada vez mais perto do fim. Regulus agora tem 15 anos, logo estará no quinto ano de Hogwarts, mas antes, vai passar por um empolgante (?) treinamento.



Agradeça muito o comentário de Sheila Costa que me lembrou que não estou sozinha aqui. Sheila, realmente é inevtável lembrar de Hitler nessas horas em que vemos o personagem se iludindo e defendendo políticas equivocadas, ver como é difícil fugir de valores arcaicos e preconceituosos trazidos pela família e propor ou seguir algo novo e mais ético como fez Sirius. Mas isso é algo que vemos no nosso dia a dia, não? As pessoas se enganando, lutando para manter padrões que beneficiam poucos em detrimento de todo o resto - simplesmente por se acharem superiores e por naõ perceberem o quanto são manipuladas por aqueles que detém o poder. É por isso e muito mais que gosto tanto da Rowling, pelo o que ela tem coragem de fazer no Lumus, lutando para que as pessoas mudem o padrão de pensamento (ao invés de tirar as crianças de suas famílias, tratar essas famílias para que sejam boas o suficiente para as crianças), por colocar material reflexivo em todos os seus livros (li todos, são extremamente políticos)... Bem, chega de política. Ainda tenho um heroi para construir.



Beijos e boa semana. Espero voltar em breve!





155. A marca provisória



 Os garotos foram deslisando de suas camas o mais silenciosamente que conseguiram, tomando cuidado para não acordar os outros garotos que dormiam profundamente. Sem conversar entre si, mas trocando olhares de mútua compreensão, eles vestiram casacos sobre os pijamas, calçaram os sapatos. Ninguém mais acordou, mas alguns se mexeram e um garotinho resmungou na penumbra, “mãe, ainda estou de férias, me deixa dormir mais 15 minutinhos...” antes de virar-se de lado e começar a roncar. Ao notar que todos estavam prontos, Severus gesticulou para que esperassem um pouco. Ele saiu da barraca e olhou para os lados. Não havia sinal de uma só alma do lado de fora, então ele enfiou a mão para dentro da barraca e acenou para que o seguissem. Um a um, todos foram saindo sorrateiramente da barraca, seus corações batendo forte no peito. Eles não faziam ideia do que iria contecer.



Não havia luz do lado de fora e a lua estava escondida atrás de um morro, que fazia sombra sobre o acampamento. Os garotos se entreolharam, atônitos, sem ideia do que fazer. Regulus apontou para seus olhos, para os outros e para o redor, tentando pedir que ficassem atentos para qualquer coisa que aparecesse. Crouch torceu o nariz, pois isso lhe pareceu óbvio demais e ele tinha certeza de que Regulus só tinha feito isso por vício de mandar nos outros. Com muita má vontade virou-se e avistou uma luz esverdeada que surgiu a leste de onde estavam, como se flutuasse no ar. Ele cutucou forte Richard nas costelas, que repetiu o gesto em Mulciber assim que avistou a luz. Assim que recebeu um cutucão, Avery indicou a luz para os outros e gesticulando para que fossem até lá. Outros adolescentes deixaram suas barracas e se juntaram ao bando, causando estranhamento aos garotos, visto que nunca os haviam visto no clube da Bella. Mas os outros garotos pareciam saber o que fazer e para onde iam, pois não fizeram perguntas, apenas se aproximaram e cumprimentaram com a cabeça. Haviam garotas entre eles, mas Rachel, Regulus notou, não estava lá. Inacreditavelmente, nenhum adulto acordou com os passos ruidosos que davam em direção à luz.



Caminharam em total escuridão, seguindo a luz verde que se afastava a medida que dela se aproximavam. Subiram e desceram morros, até que a luz entrou por uma abertura dois morros distantes do acampamento. Uma caverna.



- Parece que é aqui, - disse Jack, exitante.



- Óbvio que é aqui, - disse Severus, empurrando Jack para o lado, mal humorado – vamos entrar. Se a caverna bifurcar e a luz tomar um caminho antes de a avistarmos, podemos ficar sem saber para onde ir.



Tal qual Severus havia suposto, havia uma bifurcação no caminho da caverna e ele mal teve tempo de avistar a luz quando ela tomava o caminho da esquerda. Ele apressou o passo, os outros no seu encalço. Logo o vão tornou-se mais largo e ele conseguiu avistar ao fundo da caverna a cabeleira platinada de Lucius Malfoy reluzia enquanto a pequena luz esverdeada seguia, obediente, na direção da varinha dele, que parecia uma espécie de cetro. No instante que a tocou, a pequena bola de luz irradiou, iluminando a caverna por alguns instantes de modo ofuscante, para, em seguida, tornar a iluminar parcamente o ambiente. Lucius mantinha a varinha erguida na altura dos ombros, imóvel.



Os garotos que não conheciam Lucius pessoalmente poderiam ter a impressão de estar diante de uma pessoa muito influente e poderosa, tal era sua maneira de se portar. Regulus, no entanto, sabia que Lucius mal havia deixado a escola e que aquela era a maneira dele de se impor perante os outros... Ou talvez Lucius estivesse mesmo se tornando uma pessoa influente e poderosa – ponderou o garoto em pensamento, inflando-se: era bom ter pessoas assim na família.



Assim que todos se aproximaram, Lucius acenou a varinha num movimento amplo, parecendo envolver a todos numa espécie de cápsula mágica transparente da altura e largura da caverna e ia um pouco além do último garoto na fila. O interior da cápsula tinha uma temperatura agradável e bem iluminado. Os lábios de Lucius tremeram em satisfação ao notar a admiração nos olhos dos garotos pelo feitiço executado.



- Muito bem, boa noite – disse, examinando os garotos de cima a baixo enquanto caminhava entre eles – Sei que para alguns essa é a primeira vez que se juntam à nós e à nossa causa e quero que saibam que é com satisfação que os recebo aqui para lhes dar o primeiro treinamento, conforme me foi pedido por seus pais. Imagino que estejam cansados da viagem, mas esta é, talvez, a primeira coisa que devam aprender sobre ser um Comensal da Morte: nós estamos sempre de prontidão. Ignorem o cansaço, o sono, a fome, pois nem sempre haverá um banquete na hora que seu estômago roncar. Mesmo assim, logo você descobrirá que existem coisas muito mais recompensadoras que um simples prato de comida. A magia só tem limites para aqueles que assim a desejam, para os fracos, para os limitados mentalmente. Vocês estão aqui para ir além do que querem seus professores em Hogwarts, estão aqui para conhecer a magia e se testar para além dos limites conhecidos. Os que sentirem medo ou aqueles que nós julgarmos despreparados, terão suas memórias apagadas e poderão desfrutar somente do tedioso acampamento que o Ministério julga ser seguro e adequado para “crianças da sua idade”. – Lucius fez uma breve pausa para rir da própria piada. – Não preciso lembra-los que o que faremos aqui é segredo absoluto, não é? – alguns garotos negaram enfaticamente com a cabeça – Muito bem. Vamos começar. Hoje faremos alguns jogos, pequenos duelos para que vocês possam ser classificados para o treino a seguir. Primeiro quero que fiquem de frente para a rocha e quando perguntados, falem seu nome e sobrenome em voz alta. Não olhem para trás e só façam o que lhes é pedido. Entenderam?



- Sim! – Responderam os garotos e as garotas.



- Sim? Então, mexam-se! Vamos! De frente para aquela parede agora!



Assim que todos estavam lado a lado, seus rostos a centímetros da parede de rocha úmida e com cheiro de musgo, o ambiente ficou mais frio e levemente mais escuro. Uma presença estranha era sentida passando por seus corpos, roubando-lhes calor e um pouco de sua energia, ao mesmo tempo que seu nome era pedido que fosse falado em voz alta. Aqueles cujas vozes pareciam um pouco trêmulas ou inseguras, era pedido que falassem novamente. A presença permanecia um pouco mais atrás de um ou de outro garoto, sem motivo aparente, depois que seu nome era pronunciado. Nenhum deles ousou olhar para trás, nenhum deles ousou respirar mais do que o necessário. Regulus foi um dos últimos a falar seu nome. O fez de modo alto e claro, até mesmo um pouco gritado, uma vez que havia sentido o desespero na voz de Amifidel que fora obrigado a repetir o nome por três vezes. Assim que sentiu-se livre daquela sensação que lhe fazia os pelos ficarem em pé, ele relaxou e sentiu seu corpo se curvar levemente para frente, exausto. Nunca antes em sua vida dizer seu nome foi algo tão difícil.



Após alguns minutos de silêncio, a claridade voltou ao que era inicialmente e aos garotos foi pedido que voltassem sua atenção para Lucius. Os garotos foram divididos em duplas e os jogos começaram rapidamente. Lucius ordenava aos pares que executassem esse ou aquele feitiço, se protegessem desta ou daquela forma, reprovando a performance dos garotos na maioria das vezes até que se deu por satisfeito.



- Já basta! Em fila. Estendam o braço quando passarem por mim. Esta será uma marca passageira e invisível a olho nu. Servirá para permitir o acesso de vocês aos nossos quarteis.



- Quarteis? – perguntou Richard, sem conseguir disfarçar a curiosidade.



- Sim, nossos acampamentos aqui nos morros. Não iremos buscá-los todos os dias como se fossemos babás, temos mais o que fazer. – Lucius apertou os olhos e falou maliciosamente – A marca é provisória, qualquer Comensal ou aliado pode tirá-la se achar por bem, banindo o membro dos próximos encontros. Ao final dessa temporada de treinamento de férias, ela sumirá completamente. Sua pele não guardará lembranças do nosso segredo.



Os garotos fizeram fila, resignados. Regulus foi o primeiro, estendeu o braço esquerdo para Lucius, que olhou para ele direto no fundo de seus olhos, e sorriu maliciosamente:



- Não esse braço, não seja pretencioso.



Regulus abaixou o braço esquerdo sem dizer uma só palavra. Não estava em posição de discutir. E ergueu o braço direito para o marido da prima, que parecia estar se divertindo com a situação. O loiro  apertou a varinha com força contra o braço do garoto, que respirou fundo, esperando por algo dolorido. Um vergão escuro percorreu por baixo da pele branca, queimando seu interior. O garoto não se moveu, apenas contraiu os dedos com força para conter a dor e o grito que queria escapar de sua boca. Em pouco tempo o vergão começou a girar em torno de si mesmo, deixando um rastro circular. Quando Lucius tirou a varinha, havia no local um desenho que lembrava uma bússula, de um vermelho escuro quase negro. Ardia tanto que não foi possível segurar as lágrimas.



Logo em seguida, Severus teve sua marca. Depois Jack, John, Crouch, Richard Broadmoor e tantos outros.



- Uma bússula? – perguntou Crouch, incrédulo.



- Sim, ela vai ajuda-los a encontrar o caminho. – respondeu Lucius.



- Lucius... – chamou Severus. Lucius olhou-o com um certo desprezo. Severus arregalou os olhos, não acreditava que depois de terem convivido por três longos anos em Hogwarts Lucius fosse o tratar daquela forma. Mas resignou-se – perdão, Senhor.



- Sim?- prespondeu Lucius, como se nada fosse mais natural do que ser chamado de senhor.



- Minha marca... ela sumiu. – disse Severus, sem graça.



Regulus olhou para o braço, a sua também havia sumido, embora ainda ardesse com bastante intensidade.



- Ela vai aparecer na hora certa. É uma pena que não possam ostentar o seu atual estatus, mas não queremos chamar a atenção do Ministério... Alguns ainda não sabem ou não concordariam com o verdadeiro propósito desse acampamento... Pois bem, hora de ir.



Lucius ergueu a própria varinha e a apontou para a saída da caverna. Uma fagulha vermelha saiu da varinha e fez arder as tatuagens dos garotos. O ponteiro da tatuagem se moveu e indicou a saída e eles caminharam silenciosamente em direção à escuridão.



Eles saíram em fila, marchando escuridão adentro. Nenhum estava, exatamente, feliz ou satisfeito com aquele primeiro encontro, já que duelar era algo corriqueiro entre eles, mesmo nos corredores de Hogwarts. Lucius não havia dado nenhuma indicação de que o treinamento “excitante” que ele prometia iria além de caminhar pela escuridão e entrar em cavernas.



- Então vai ser só isso? Uma marca idiota e algumas aulas de feitiços idiotas? – rosnou Richard.



- Óbvio que não – respondeu Mulciber, sem muita certeza – você não viu Lucius falar? Vamos aprender coisas que não aprendemos na escola e...



- Ora, eu me submeti a vir porque achei que fôssemos chutar alguns traseiros trouxas, destruir suas casas e dar a eles o que merecem... Mas acabamos nesse fim de mundo praticamente despovoado tendo que aguentar aquele imbecil do Ministério e a tal bruxa que ainda nem vimos, mas ao que parece, deve dar nojo só de olhar... Eu vou voltar para casa!



- Está com medo, Broadmoor? – perguntou Mulciber, rindo alto.



- Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.... silêncio! Eu acho que ouvi algo meio suspeito vindo daquela direção... – falou Crouch.



Apenas Severus e Regulus se viraram para ver o que era, varinhas em punho. Enquanto os outros disparavam em direção ao acampamento, afobados. O monte alto continuava a fazer sombra sobre o vale, de modo que não conseguiram ver muito bem o que era. O som lembrava o de um motor ou ainda, um gato ronronando. O som continuava da mesma forma, de modo que nada indicava que a coisa estivesse se aproximando. Os dois garotos viraram-se e continuaram caminhando lentamente em direção ao acampamento. Já não havia sinal dos outros.



- Você viu algo? – perguntou Severus em voz baixa.



- Bem, parece que havia algo enorme deitado no chão, meio peludo...



- Seria um Quintaped?



- Óbvio que não. Eles vivem numa ilha!



- Ah, esqueci que você é o expert-aluno-preferido de Kettleburn... – desdenhou severus...



- Ah, não enche!



- Desculpe, não resisti... – Severus olhou novamente para trás. Fosse o que fosse, não havia se movido. – O que você acha que é?



- Não sei... talvez um gigante, mas seja o que for, estava dormindo... – sussurrou Regulus, chutando pedras no caminho.



- Um gigante? – Severus riu. – Interessante...



Regulus olhou rapidamente para Severus, que mantinha os olhos fixos na escuridão à frente. Era agradável conversar com Severus novamente, Regulus sentia uma certa identificação com ele que não sentia com os outros amigos da Sonserina, mesmo sendo Severus um mestiço. Regulus franziu a testa e concluiu que havia em Severus algo que o fazia lembrar do irmão, de quando Sirius era um irmão de verdade... Talvez fosse a inteligência, ou a ousadia, ou o senso de humor, ou ainda, a coragem...



Eles não trocaram mais uma só palavra, perdidos que estavam nos próprios devaneios e suas expectativas pelos dias seguintes. Apesar de caminharem na sombra do vale, seus olhos já acostumados com a escuridão se deleitavam com as formas das pedras que compunham o caminho. Uma brisa leve os acompanhava, tudo parecia dormir. Continuaram em frente e não demorou para que chegassem no acampamento. Quando entraram na barraca, muitos dos garotos já dormiam a sono solto. Os dois encontraram suas camas sem muita dificuldade e não demoraram para adormecer também.


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Comentários (1)

  • Sheila Costa

    Passando o/ Até eu fiquei desanimada... só isso? rsrsrsrs Um passo de cada vez. Dúvida: Rachel ainda não tem idade? Achei que já tinha...

    2016-11-21
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