Natal, 1975



Olá, pessoal! Eu sinto muito pela demora em atualizar a fic, mas minha casa está em reforma e ficou um pouco mais complicado encontrar tempo para escrever e desenvolver as ideias. Coisas da vida...

Yu-huuuuuuuu! Eu tenho, além de três comentários deliciosos, uma nova leitora para comemorar!!! :D Obrigada!!

Luiza Snape, eu também queria que ele tivesse conseguido entregar o presente, mas ele deveria ter planejado melhor a coisas ao invés de sair voando pela janela atrás de uma coruja.... hehehe... O amor faz isso com a gente, ficamos um pouco mais impulsivos, não é? Ainda tenho alguma coisa fofa em mente para os próximos capítulos. Espero que Regulus aproveite para beijar muuuuuuuuuuuuuuuuito antes de aumentar suas obrigações como Comensal.

Mika Black, sempre fico receosa de postar longos capítulos, acho que as pessoas desanimam de ler quando percebem que vai demorar. Fico feliz que você pense o contrário! :) Walburga precisa culpar alguém pela rebeldia de Sirius, alguém que não o "amado filho" dela. Talvez ela o tenha feito por conta das suspeitas de que Orion tenha tido algum envolvimento com trouxas antes de se casar - algo que nós sabemos, mas ela não. ;) A questão sobre não apagar a memória de uma grávida eu explico nesse capítulo. Note bem o tom preconceituoso com que Orion se refere à trouxa e seu filho.

Biahfsousa, fiquei realmente feliz que você tenha se juntado a nós nesta aventura. Espero não decepcionar.

Meninas, muito obrigada pelos comentários. Quando me sinto um pouco perdida ou desanimada sobre o que escrever, volto aos seus comentários e eles me enchem de energia! Valeu mesmo!

Este não é um capítulo de muitas emoções, mas um mal necessário para pincelar como as coisas estão indo na vida do nosso heroi. Espero que gostem.

Boa semana para vocês! Beijos.

------------------------------------\--------------------------------------------


131.Natal, 1975


Apesar de todos os cuidados e todo o esforço de Orion, Regulus ainda sentia como se seu corpo tivesse sido mastigado e depois cuspido por um dragão – já que não lhe ocorria a comparação com uma máquina de moer carne por puro desconhecimento do objeto trouxa. Ele havia passado o dia na cama, dormindo quase o tempo todo. Já eram seis da tarde quando sua mãe bateu à porta do quarto.


-          Hora de levantar, querido! – dizia Walburga, enquanto abria a porta. A mãe estava vestida em um exuberante vestido de veludo preto com strass verde no decote, o cabelo cuidadosamente preso em um coque com uma longa mecha que descia emoldurando-lhe o rosto bonito. Mas nem todo o brilho do vestido conseguia ofuscar a tristeza no olhar de Walburga.


- Temos mesmo que ir, mãe? – ele perguntou, virando-se para olhar para a mãe com uma expressão entediada.


- Sua avó está esperando. Suas primas estarão lá.


- Todas?


-  Todas. Agora vamos, levante-se. Vou mandar o elfo vir ajudá-lo a se vestir. – Walburga se virou para porta.


-  Você está linda, mãe.


Ela agradeceu, então saiu. Regulus franziu a testa. Sua mãe estava mais bem vestida que de costume para uma simples festa de véspera de Natal em família – não que ela não se vestisse bem no dia a dia, apenas não costumava usar tanto brilho ou um decote tão insinuante. E todas a primas estariam presentes. Todas? Até mesmo Andromeda? Ela não tinha casado com um trouxa? Desde quando ela podia sentar-se à mesa com os demais?


Kreacher bateu na porta e entrou, pedindo licença. Rapidamente seus questionamentos tiveram que dar lugar à outras preocupações, como o que vestir e o que usar para amansar o cabelo rebelde, uma vez que o elfo estava determindado a deixa-lo impecável.


De banho tomado, elegantemente vestido em trajes pretos, Regulus estava para sair do quarto quando o pai bateu à porta e entrou com mais uma dose da poção amarga que ele lhe dava desde a noite anterior.


- Use isso – disse Orion, entregando-lhe uma gravata preta de seda.


- Mas pai...


- Sua avó recomendou o uso de trajes de gala. Parece que teremos vistas ilustres para a ceia. – explicou Orion enquanto dava o nó na gravata do filho.


Neste momento, Schwarzie bicou a janela, pedindo para entrar. Regulus foi até a janela e a abriu, cuidadosamente. A coruja entrou, pousou sobre a cômoda e se sacudiu, salpicando neve fresca na superfície polida. Regulus sorriu tristemente ao ver que a ave tinha as penas cobertas com marcas de batom vermelho. Ele pegou a carta que ela trazia no bico e abriu. Havia somente uma marca de beijo em batom vermelho no centro da folha. Regulus suspirou e deixou a carta na superfície da cômoda. Ao fazer isso, a marca de batom desgrudou-se do papel e voou somo uma borboleta no ar. Inesperadamente, pairou em sua frente:


- Eu te amo. Feliz Natal – disse a voz de Alice, e então estalou um beijo pouco antes da marca de batom se dissipar no ar.


Regulus olhava atentamente para o local em que o beijo de Alice havia sumido quando foi surpreendido pela voz do pai, às suas costas.


- Um belo cartão de Natal, filho. Uma bruxa habilidosa e apaixonada... Gostei.


Regulus virou-se e olhou para o pai, meio encabulado, mas cheio de orgulho.


- Melhor você limpar as penas da sua coruja. Ela parece não gostar das marcas de batom.


Regulus virou-se novamente para a cômoda. Schwarzie passava o bico nas penas em uma tentativa inútil de se livrar do batom, espalhando ainda mais os borrões pelo seu corpo todo. Regulus pegou a varinha que estava sobre a cama e apontou para a coruja, limpando-a, enquanto lamentava em pensamento que tivesse sido o animal a ficar borrado com batom e não ele. Foi quando lembrou-se de uma questão que ele não conseguia entender:


- Pai, por que não se apaga a memória de uma grávida?


- Ah, filho, me parece meio obvio, não? Feitiços de memórias são delicados de se lançar, eu poderia errar e acabar apagando sua lembrança de gravidez, o que a faria abandonar o filhote por não aceita-lo como seu. Vi isso acontecer em várias espécies. Testamos isso quando eu estava em treinamento para me tornar um curandeiro. Mesmo sendo inferiores, os trouxas também merecem algum respeito, como qualquer outro ser vivo. – afirmou Orion sem dar muita importância ao que falava.


- Ahn, entendi. Obrigado por explicar, pai. Agora vamos?


Regulus e Orion saíram do quarto e logo encontraram com Walburga no corredor. Ela tinha um olhar estranho, um tanto maníaco.


- Ah, que bom que estão prontos. Você está lindo, Sirius.


- Regulus, mãe. Eu sou o Regulus.


A mulher franziu a testa:


- E não foi o que eu disse? Você está lindo, meu filho. Um verdadeiro Black. Com certeza puxou o meu lado da família.


- Ora, Burga, isso eu tenho que admitir. Regulus é lindo como a mãe. – e beijou a esposa, que sorriu, satisfeita.


- Será que dá para parar de beijos e irmos para a casa da vovó? – resmungou Regulus.


Orion e Walburga olharam o filho e riram. Depois ambos o pegaram pelo braço e aparataram diretamente na sala de estar da casa de Polux e Irma Black.


A casa estava irreconhecível totalmente festiva, música erudita ecoava pelos corredores, das paredes pendiam enfeites de natal brilhantes e rebuscados.


Um homem alto e grisalho se aproximou.


- Vovô! – exclamou Regulus. Embora tivesse um tom de alegria na voz, Regulus refreou um abraço e estendeu a mão ao avô Polux, que os recebeu de modo formal como costumava fazer.


- Você  cresceu! – respondeu, sorrindo, embora não olhasse diretamente para Regulus por mais de um instante. – Sempre muito bom recebe-los em minha casa. Ainda mais quando temos convidados ilustres, alguns dos mais importantes e bravos bruxos da atualidade – disse ele, indicando Lucius Malfoy e Rodolphus Lestrange, sentados à mesa de jantar. –  Vamos nos sentar, Lucius está nos contando sobre a casa que ele herdou recentemente. Um lugar muito agradável, em Wiltshire. Tive a oportunidade de ser convidado a algumas festas naquela casa. Os Malfoy sempre souberam receber bem.


- A casa de meus pais sempre foi um lugar muito agradável, mas está sem dúvida alguma, muito mais exuberante agora que Narcissa circula em seus corredores – disse Lucius com sua voz arrastada e melosa, enquanto olhava cobiçosamente para a esposa, que conversava alegremente com sua irmã em outro canto da sala.


Narcissa e Bellatrix eram, sem dúvida alguma, duas mulheres belíssimas. As duas conversavam em voz baixa, Bellatrix deixando escapar um riso alto, mas nada comparado às gargalhadas de outros tempos. Ela conversavam em pé, fazendo os vestidos longos em veludo escuro moverem-se lentamente de um lado para outro, como em pêndulos. Ambas olhavam repetidas vezes para os maridos, o que significava que falavam deles e de seus recentes casamentos.


Regulus olhou para os lados. Sua mãe havia dito que todas suas primas estariam na festa de Natal, mas ele não estava vendo Andromeda. Também tinha achado estranho que ela fosse aceita novamente no convívio da família.


- Mãe, você tinha dito que todas minhas primas viriam...


- Todas que ainda são suas primas. – respondeu Walburga, levemente incomodada com a pergunta. Parecia óbvio a ela que Andromeda não fazia mais parte da família, então, por que Regulus perguntaria tal coisa? Estaria ele tendo as ideias subvertidas para que aceitasse o casamento de Andromeda com o nascido trouxa? ela olhou preocupadamente para o filho, mas resolveu não questioná-lo, não iria estragar a noite de Natal lembrando de pessoas indignas de usarem o sobrenome Black. Então ela respirou fundo e foi conversar com sua cunhada Druella, que estava entretida em uma conversa com sua mãe em outro canto da sala. Regulus a seguiu.


- Como vai o meu adorável neto? – perguntou Irma, virando-se para recebe-los – soube que você está jogando Quadribol...


- Eu jogo para a Sonserina, sou apanhador...


- Seu avô foi apanhador da Sonserina em nosso tempo de escola... Ele passava o tempo todo sobrevoando o campo com os olhos fixos no pomo e eu com os olhos fixos nele, lá na arquibancada... E você, já tem namorada?


Embora fosse interessante saber que o avô também tinha sido apanhador da Sonserina, Regulus achou bastante constrangedor o repentino interesse em sua vida pessoal.


- Não vó, ainda não encontrei a pessoa certa.


- Soube que você tem uma legião de fãs em Hogwarts...


- Não é bem assim, vó. – desconversou e se serviu de um petisco que o elfo de sua avó lhe oferecia.


Pouco tempo depois o jantar foi servido. Para o contentamento e a surpresa de Regulus, sua mãe conversava com alegria, parecendo que o assunto “Sirius” estava sendo devidamente ignorado por todos. À mesa ruidosa, a família Black parecia não ter problemas. Walburga e seu irmão, Cygnus, relembravam dos natais de quando eram pequenos, das peças que pregavam uns nos outros, entre irmãos e primos. Orion riu alto, lembrando do encontro de família em que ele e Walburga se beijaram a primeira vez – ele, como primo de segundo grau dela, não costumava frequentar os natais na casa de Irma e Polux.


- Burga havia transfigurado o gato em almofada, quando me sentei o bichano miou e eu achei que era uma coincidência... Mesmo porque ela era a melhor aluna em Transfiguração do nosso ano, nunca duvidaria de sua capacidade de transformar um gato em almofada.


- Coitado do gato! Você sentou sobre ele tantas vezes antes que eu desfizesse o feitiço, mas felizmente não machucou ele, apenas depois se tornou um pouco antissocial... Quase nunca víamos o gato...


- É, e foi naquele dia que eu a beijei pela primeira vez... Lembra? Bem ali na sacada... eu fingi constrangimento por ter sentado no gato e você foi atrás de mim e eu a beijei.


- Ah, claro que me lembro, você quase me derrubou sacada abaixo... – Walburga começou a rir e todos a acompanharam.


Aquela conversa sobre beijos fez Regulus lembrar-se de Alice. Ele não conseguia entender como ele, um apanhador tão bom, tinha conseguido perder uma coruja em pleno voo. Também não conseguia entender porquê não havia se preotegido melhor contra o frio – esta resposta, na verdade, ele sabia mas não queria admitir: ele estava muito apaixonado. Sem perceber, Regulus começou a desenhar com a comida o rosto de sua amada em seu prato. Foi quando ouviu seu nome:


- Na verdade, Regulus tem demonstrado muita aptidão e interesse para lutar pela nossa causa. O próprio Lord das Trevas perguntou sobre ele e mais três garotos, não foi, querida? – perguntou Lestrange à Bellatrix.


- Sim e ficou muito satisfeito em saber que Regulus era da família.


- Eu me lembro. Estávamos voltando de York com dois trouxas imundos para o interrogatório a respeito daqueles...                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   


O assunto que levou os trouxas a interrogatório, bem como o desfecho da história não chegou a ser compartilhado, pois neste instante Lucius levou a mão direita sobre o antebraço esquerdo e franziu a testa, procurando Lestrange com o olhar. Lestrange assentiu com a cabeça a pergunta não pronunciada, mas óbvia no olhar de Lucius.


- Os senhores vão ter que nos dar licença, mas o dever nos chama. – disse Rodolphus, pomposo, enquanto limpava a boca em um guardanapo de linho e afastava a cadeira, gesto este imitado por Lucius. Lestrange puxou gentilmente a cadeira de Bellatrix.


Regulus arrastou sua cadeira ruidosamente para trás e levantou-se. Orion levantou-se também, mas para segurar o filho pelo ombro:


- Será que posso ir com vocês? – perguntou Regulus.


Lucius olhou para ele e sorriu:


- O Lord das Trevas disse que não quer crianças fazendo o trabalho dos adultos. Ele diz que meninos como você são o nosso futuro e que devemos protege-los. Por enquanto você só poderá participar de pequenos trabalhos para adquirir experiência e quando for solicitado, conforme já vem acontecendo. Mas não desanime, você tem grandes chances de se tornar um tatuado no futuro. O Lord das Trevas gosta de se cercar de pessoas de grande valor.


E ao dizer isso, Lucius desaparatou, seguido por Bellatrix e Lestrange.


Polux ficou bastante satisfeito com a resposta de Lucius e sentou-se, olhando para a sobremesa em sua frente como se fosse a coisa mais desejável do mundo. Regulus desabou na cadeira. O jantar ia seguir ainda mais entediante sem os Comensais da Morte para distrai-lo com suas histórias.
 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (2)

  • Luiza Snape

    Caraca que capítulo, fantástico, a fic está cada vez melhor!!! E o Reg está ficando meio confuso em relação ao que fazer, por mais que seja adepto da causa ele entende os trouxas bruxos como bruxos normais, e só desconsidera os trouxas trouxas,  

    2015-09-19
  • biahfsousa

    Mais um capítulo <3 meu coração quase saiu pela boca qndo vi q tinha mais um!É impressionante como a familia Black acha a coisa mais normal do mundo alguém torturar e matar trouxas em prol do que acha ser um bem maior.Esperando o prox cap, bjo ^^

    2015-09-11
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.