Semelhanças



Olá! Como vai?
Eu sei que já passou quase dois meses desde que postei o capítulo anterior e que muitos de vocês devem estar chateados comigo ou talvez até tenham desistido de ler esta fic... Bem, a vida está realmente muito corrida e ando sem tempo de escrever e quando tenho tempo, o cansaço é maior que tudo... Mas não foi para me lamentar que venho aqui hoje. Foi para compartilhar com vocês um pouco mais da história de Regulus.
Para quem não lembra, no capítulo anterior ele havia sido mandado a cumprir uma detenção na sala de Filch e, para sua surpresa, Sirius também. Eles fizeram uma bela dupla como faziam antes de entrar na escola, deram um jeito em Filch e voltaram cada um para sua vida. Bem, a gente sabe que a relação desses dois é meio complicada... Vamos ver o que isso resultou?

Mas antes, preciso agradecer e responder os comentários do capítulo anterior.
Meninas! Vocês são uma graça e fazem meu dia ser mais feliz cada vez que compartilham seus pensamentos comigo. Me sinto mal por ter demorado tanto para conseguir escrever esse capítulo. Mesmo. Pelo menos o próximo não vai demorar tanto, já está a caminho...Mais uma vez, muito obrigada!

Luiza, concordo com você: se os irmãos Black se unissem, ia ser a desgraça do Filch. Ah, como eu queria... Eu fico me perguntando se um dia o Reg vai deixar o Longbottom em paz. Eu digo isso porque, sabe como é, personagens têm vida própria e quando a gente vê eles estão fazendo coisas que a gente nem imaginava... hehhehehe Quanto a ideia de Rachel e Reg terem um filho... bem, há males que vêm pra bem: não ia prestar. O mundo não estaria preparado para tanto! ;)

Mika! Muito obrigada por sua análise do capítulo anterior. Eu o havia escrito há dois anos, pois sabia que Reg ia precisar encontrar com o irmão para dar umas chacoalhadas em seus valores, em seus sentimentos. Ou então seguiria cego até o final e não seria melhor do que a Bellatrix. Mas como ele está nessa fase tosca, vai demorar para cair a ficha, vai continuar bebendo da "sábia e confortável ignorância" de Rachel e das certezas enganosas vendidas por Voldemort. Em relação a Alice... Bem, o que o Reg ainda não entendeu, por conta de sua orientação machista, é que a rainha nunca foi dele. A rainha é dela própria e segue seu rumo por vontade própria, não porque encontrou outro rei (o Longbottom). Por isso não adianta ele descontar sua raiva/mágoa/frustração no Frank porque se ele não está caminhando junto dela é porque ele não foi capaz de acompanhá-la. Frank só aproveitou a vaga. ;) Poderia nem haver um Frank (só existe porque precisamos de um Neville no futuro ... hehehehe).

Bem, é isso. Espero que gostem do capítulo de hoje. Não espero que amem o capítulo, pois não é nada de tirar o fôlego... é mais uma ilustração em forma de palavras, para ambientar o que vem a seguir.
Beijos e boa semana! Espero muito breve estar de volta!
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  1. Semelhanças


 


Algumas semanas se passaram desde a detenção com Sirius. Regulus fazia um esforço tremendo para manter a sanidade e não procurar o irmão, visto que seria inútil qualquer conversa. Mas em seus sonhos Sirius estava sempre lá, voando lado a lado com ele, punindo todos aqueles que se opunham à supremacia bruxa. Em seus sonhos mais delirantes, Sirius e ele carregavam nos corpos as marcas por suas lutas e no antebraço o brasão da família Black. Sirius sempre ria muito, de forma hipnotizante, como quando eram crianças e o irmão mais velho era a pessoa mais admirável, engraçada e incrível do mundo – depois de seu pai, obviamente.


Acordar, depois de ter experimentado a alegria e marotice contagiante de Sirius em seus sonhos era uma tarefa desanimadora. Ele não conseguia entender por que sentia-se assim, pois sabia que a realidade era outra e Sirius era estúpido e não merecia que ele perdesse um minuto de seu tempo tentando compreendê-lo ou trazê-lo à razão. O Sirius da vida real era um inconsequente, uma vergonha para a família. E teimoso.


Aquele período de sonhos com o irmão já estava lhe causando sérios problemas. Ele andava mais pensativo do que nunca e demorava para rir ou completar os comentários maldosos de Rachel sobre os outros estudantes menos inteligentes ou bonitos que eles. Isso a fazia desconfiar que ele estivesse tendo uma recaída por Alice e, em retaliação, andava sarcástica e possessiva. Ele suspeitava que ela fosse capaz de jogar uma azaração de conjuntivite se ele, por acaso, olhasse para Alice. O que também aumentava a vontade de ver Alice – algo tão insensato e inconsequente que ele chegou a pensar que Sirius o tivesse contagiado com algum tipo de vírus ou coisa parecida e por duas vezes tinha ido ver Madame Pomfrey para ouvir dela que não havia nada de errado com ele.


Mesmo assim, os sonhos com Sirius não paravam. Naquela noite o sonho havia sido um pouco diferente, o brasão dos Black estava dando lugar à Marca Negra, tatuada pessoalmente por Lord Voldemort. Regulus acordou pulando da cama, o antebraço formigando como se nele tivesse sido cravado a pena negra. Ele olhou o braço: haviam marcas de dentes de onde escorria um filete de sangue. Ele passou as costas da mão sobre os lábios e ela ficou suja de sangue. Ele mesmo havia se mordido. Aquilo lhe pareceu subitamente ridículo. Ainda mais ridículo quando percebeu que não adiantava segurar o corte, pois o sangue insistia em não estancar. Aborrecido, levantou e arrarou uma meia bem apertada no pulso, depois calçou chinelos de veludo preto. Não havia outra saída, ele teria que visitar a ala hospitalar. Pelo menos a enfermeira não iria poder dizer que não havia nada de errado com ele desta vez. Talvez até o internasse. Uma poção de amnésia o faria tão bem. O que ele teria que falar para conseguir que ela o “forçasse” a beber a poção?


Ainda atordoado com o sonho que tivera, ele pegou a varinha e saiu do dormitório escuro, passou pela a sala comunal e ganhou os corredores frios das masmorras. Um calafrio percorreu sua espinha e ele estremeceu. Era noite de lua cheia, mas os costumeiros uivos solitários não eram ouvidos. Aquilo era incômodo: enquanto ouvisse os uivos ao longe, podia afirmar que o lobo que uivava também estava longe... mas quando nada se escuta... ele olhou para os lados. Não havia nada no corredor mal iluminado, a não ser duas armaduras e a dor lancinante em seu braço que começava a latejar. Pensou que seria melhor erguer o braço para que o sangue não chegasse com tanta força ao corte. Ergueu o braço para o alto, sentindo o sangue escorrer para sua axila. Apressou o passo, iluminou o corredor com a varinha e seguiu em frente.


Enquanto caminhava, algumas imagens de seu sonho lhe vinham à memória. Nele, Sirius e ele estavam nus no quintal de Rastaban Lestrange. O cenário era idêntico ao que ele havia visto na noite do encontro com Voldemort, exceto pela presença de seus pais. Orion e Walburga estavam um de cada lado dele. Sua mãe lhe falava “não vai doer, pense na honra que é receber a marca” e outras frases de incentivo. Sirius andava à sua frente e ria das palavras da mãe. Sirius recebeu a marca e depois ficou de frente para o irmão, olhando para ele com interesse. Por um momento Regulus teve a sensação de que iria fugir, mas seus pais o ampararam. Foi quando o irmão pegou a pena que Voldemort lhe entregava e cravou em seu braço com força. Sirius não havia falado nada, mas ele sabia que aquele olhar que lhe penetrava a alma só podia significar uma coisa: não era Voldemort que lhe marcava, era Sirius.


Aquele sonho tinha sido perturbador, só de lembrar seu coração disparava novamente. Ele sabia que tinha sonhado com o irmão por conta do que havia acontecido no dia anterior, do comentário de Rachel após os exames para os NOMs. Aquele comentário ecoava em sua mente e tinha reforçado todo seu interesse em se aproximar do irmão.


Na tarde anterior, eles estava namorando quando presenciaram, mais uma vez, Sirius e James atordoando Severus. Ele estava deitado na grama com a cabeça no colo dela, as pernas displicentemente dobradas. Nada naquela cena fugia à rotina, pois não era segredo algum que Sirius e James sempre atormentavam Severus quando tinham oportunidade (assim como ele sempre aproveitava o colo da namorada sempre que podia). Mas Rachel havia feito um de seus comentários. Do tipo que só ela sabia fazer.


“O seu irmão é um hipócrita. Ele acusa você e sua família de preconceituoso, mas o passatempo preferido dele e de James Potter é praticar bullying contra Severus, que além de pobre é mestiço. Aliás, nem sei porque você é amigo de Severus...”


Regulus não se lembrava de ter contado a ela sobre o status sanguíneo de Severus, mas de qualquer forma, o comentário fazia todo o sentido. Afinal, Sirius e James eram de fato dois garotos de famílias tradicionais e ricas que perturbavam um mestiço pobre.


Aquele comentário, embora perturbador como qualquer coisa que se referia ao irmão, o deixava intimamente feliz. Embora ele respeitasse Severus por reconhecer nele um bruxo de grandes qualidades, pensar que esta era a motivação de Sirius para o bullying devolvia-lhe esperanças de que um dia ele pudesse voltar para casa. Sirius era, no final das contas, mais fiel às ideias da mãe que ele pudesse imaginar. Pelo menos em suas atitudes. Mas o irmão negaria isso até a morte, ele sabia, pois Sirius era a versão masculina da mãe: irracional, impulsivo e movido por suas paixões.


Regulus tinha certeza de que a aversão que Sirius sentia por Voldemort e sua causa era alimentada por sua teimosia e rebeldia adolescente – tal e qual Dona Walburga insistia em afirmar. Cedo ou tarde ele perceberia que no fundo ele e Severus eram iguais e lutavam pelas as mesmas coisas, não havia por que tratarem-se mal, que não eram os mestiços os inimigos, mas os trouxas imundos que os obrigavam a viver segregados. Ele sentiu uma súbita vontade de esmurrar a parede. A ignorância de Sirius lhe dava nos nervos!


A porta da ala hospitalar estava fechada, as cortinas da sala todas fechadas. Ele espiou pelo vidro: a sala toda estava escurecida, havia luz em torno do único leito ocupado. Madame Pomfrey estava ao lado do leito, limpando ferimentos com uma gaze e uma bacia com água. O pobre enfermo se contorcia de dor. Regulus abaixou o braço que estava a formigar. O sangue voltou para o braço com força e espirrou no chão, então ele segurou o pulso firmemente e abriu a porta com cuidado para não fazer barulho, entrou e foi até o encontro da enfermeira, deixando um pequeno rastro de respingos vermelhos no chão.


- Me desculpe incomodar, Madame, mas eu...


- Senhor Black, eu já disse que não há nada... – ela ia dizendo, antes de olhar para ele – Oh, não! Você? Não! ... – Ela arregalou os olhos cheios de terror e gritou, deixando cair a bacia de metal no chão e a gaze que segurava, depois olhou rapidamente para a pessoa no leito, que parecia alheia ao estardalhaço e continuava a gemer e a se contorcer.


Regulus ficou sem graça. Obviamente havia ocorrido algo terrível a um aluno e ela temia que ele também tivesse sofrido um ataque ou algo assim. Seria esse o motivo do silêncio do lobo? Teria atacado um aluno e se calado?


- Calma, senhora. Isso foi apenas eu que me mordi dormindo... Estou lembrando agora, estava com um comichão no pulso, uma manchinha vermelha que coçava, aí fui dormir e acabei me mordendo, provavelmente para aliviar a coceira...


A expressão no rosto de Madame Pomfrey suavizou e seu corpo relaxou.


- Graças ao bom Merlin! Venha cá, vou dar um jeito nisso. Deite-se. – disse ela, indicando uma cama vazia ao lado.


Regulus sentou-se na cama e, com cuidado, mostrou o pulso ferido.


- Isso é simples de resolver, mas vai ficar com um pequeno hematoma no local. Você consegue andar? Está um pouco pálido... – ele respondeu “sim” com a cabeça – Venha comigo, vamos lavar e depois fechar o corte...


Dizendo isso, ela o amparou na descida da cama e o conduziu até o canto da sala onde havia uma pequena pia branca com torneira dourada. No caminho, Regulus olhou curioso para o aluno no leito.


- Hei! Eu conheço esse garoto, é amigo do meu irmão... É Remus Lupin, não é? – perguntou ele, gesticulando em direção ao garoto deitado.


- Ah, sim, é Remus.... Pobrezinho...


- O que houve com ele?


Madame Pomfrey parou por um instante de caminhar, fazendo com que Regulus tropeçasse. Ela o amparou e voltou a caminhar e a falar calmamente, como se nada tivesse acontecido.


- Pobre garoto, foi um feitiço que não deu certo... Remus gosta muito de experimentar coisas novas, testar seus limites... Nem sempre tem êxito...


Regulus olhou para trás e sorriu. Havia algo na explicação da enfermeira que lhe dizia que estava mentindo, provavelmente o tom de voz. Mas isso não importava, Remus era, de todo o bando que orbitava em torno de seu irmão e James, quem ele mais gostava. Lamentou profundamente que Lupin não estivesse na Sonserina. Podiam fazer experimentos juntos...


A enfermeira abriu a torneira com um toque de varinha e fez sair dela uma água de cor violeta bastante intensa, com que lavou o corte do garoto vigorosamente. Depois ela, como sempre bastante ágil com sua varinha, rapidamente fez as marcas de dentes sumirem, bem como fez fechar os pequenos cortes. Então abriu um sorriso, satisfeita.


- Agora vamos voltar para a cama, enquanto busco uma poção para você.


Eles caminharam até a cama, Regulus ainda um pouco letárgico, sentou-se e deitou.


- Passe esse unguento mais duas vezes durante o dia e tudo voltará ao normal. – disse, tirando do bolso do avental um pequeno frasco redondo de vidro escuro e tampa metálica, que parecia estar ali esperando por ele o tempo todo.


Regulus pegou o frasco na mão, agradeceu. Ela virou as costas, passou por Remus, administrou um pouco da poção que estava na mesa de cabeceira e saiu, por uma porta no fundo da sala comprida. Remus deu um longo suspiro e soltou o ar pela boca como um assobio longo e triste, depois ficou em silêncio. Provavelmente dormia, pensou Regulus, sentindo pena do grifinório.


Então a enfermeira voltou, deu-lhe uma dose de poção arroxeada, que desceu queimando sua garganta.


- Por que essas poções têm que ter gosto tão ruim?


- Ora, não reclame. O que você esperava? Suco de abóbora ou chá de camomila? – perguntou, enquanto examinava a cor voltar aos lábios do aluno – você já pode ir.


- Já? Será que eu não deveria ficar mais um pouco, descansar, afinal tive uma noite agitada.


- Ele teve uma noite agitada. Você pode ir.


Regulus sentou na cama. Realmente sentia-se muito bem, embora preferisse ter tomado algo que o fizesse não sonhar mais com o irmão. Ele olhou para ela por um instante, pensando se contava ou não que andava tendo pesadelos... Quem sabe ela não tinha uma poção contra sonhos...


- Ande Black. Não há nada de errado com você.


O garoto deixou a ala hospitalar caminhando sem pressa pelos corredores vazios do castelo.


Ele tomou um atalho atrás de uma tapeçaria, onde sabia que havia uma escada estreita e desceu as escadas para o quarto andar, e o garoto olhou para o braço mais uma vez. Ele não tinha certeza se aquilo era real ou sua imaginação, mas a mancha negra-arroxeada lhe lembrava a cabeleira de Sirius. Ele esfregou os olhos e esqueceu de pular o degrau defeituoso, rolando escada abaixo.


Para sua surpresa, Ami estava ao pé da escada.


- O que está fazendo aqui, Ami?


O amigo lhe estendeu a mão e o ajudou a levantar, enquanto explicava:


- Ah, acordei com você saindo do quarto, como demorava para voltar, resolvi procura-lo ... E vi os rastros de sangue e o segui até aqui. Está tudo bem com você?


- Ah, sim. Está. Apenas me mordi dormindo... – e notando a ruga na testa do amigo, completou - sei que é ridículo, mas... bem, foi o que aconteceu. Acho que ando um pouco tenso...


- É, anda sim. Vamos andando?


Regulus respondeu “sim” com a cabeça e começou a caminhar em direção à próxima escadaria.


- Alguma notícia de sua prima?


- Não, ainda nada. Mas chequei nos jornais, não parece estar havendo nada de errado... Muito pelo contrário, as coisas parecem estar seguindo muito bem. A não ser por aquele auror esquisitão, Moody, que anda prendendo os mais desatentos. – comentou, sussurrando, embora o castelo continuasse vazio.


- É, percebi isso também... ele parece estar determinado a lotar Azkaban.


- Verdade. Mas até agora não prendeu ninguém importante. A maioria deles eu nunca ouvi falar... E você?


- Também não... tenho até dúvidas se são mesmo Comensais ou apenas simpatizantes...


- Bem, de qualquer forma, foram pegos ajudando nossa causa.


Amifidel concordou com a cabeça. Enquanto desciam as escadas, um cheiro de bacon chegou em suas narinas.


- Está quase na hora do café. De repente me deu uma fome! Vamos nos trocar logo... Quero chegar cedo para escolher os melhores lugares na mesa... Ouvi dizer que vamos ter um café da manhã especial hoje...


Regulus sorriu.


- Verdade? Não vi nenhum cartaz, nem nada por aí... – disse Regulus, levemente aborrecido por estar por fora do assunto.


- Ah, o Slug comentou na reuniãozinha de sexta passada. Você saberia se não estivesse tão entretido em beijar a Rachel enquanto dançava... Mas fique tranquilo, ele não deu muitos detalhes, só comentou que ele e Dumbledore estavam planejando algo que seria anunciado no café da manhã de hoje...


- Você quer dizer que ele não deu nenhum detalhe, não é?


- Mesmo assim, acho que vale a pena chegar cedo.


- Está bem, então vamos logo...


E os dois seguiram, conversando amenidades, enquanto aos poucos as pessoas foram acordando e enchendo de novos sons os corredores do castelo.

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Comentários (1)

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