Até que ponto se pode amar...



Capitulo 29: Até que ponto se pode amar…

O ritmo da música entrava e embalava cada um dos alunos espalhados pelo recinto. Risos lançados ao ar, anedotas contagiantes, o som de copos que batiam levemente em sinal de saudação, o calor transferido entre dois corpos que dançavam ao sabor da música. Todo o salão comum de Gryffindor respirava festividade. O Ano Novo estava a meros minutos de chegar!
No entanto, não era apenas a torre de Gryffindor que pulsava com a expectativa. Não! Vários pontos em Hogwarts eram contagiados por essa mesma intensidade. Se alguém se aventurasse pelos 4 cantos do castelo iria apanhar diferentes tipos de festas com pessoas muito distintas.
Se conseguisse penetrar na muralha gélida da Masmorra, iria conseguir ouvir sons suaves de uma música calma e mais solene proveniente do forte das serpentes de Hogwarts, uma festa mais clássica e marcada por uma maior altivez.
Se subisse alguns andares, até à torre dos Ravenclaw, algo muito semelhante ao que procedia na casa dos leões, decorria. O covil dos texugos, não era muito diferente…
Mas, se viajassem para a torre mais sul de todo o castelo, talvez fosse esperado que a festa também se propagasse aí. No entanto, a torre encontrava-se como sempre se encontrou antes da chegada dos Magids ao ano 1977: vazia e silenciosa!
A razão deste aparente abandono era simples e lógica: todos os Magids, sem excepção, haviam seguido o som festivo até à Torre dos Gryffindor.
_ Mas porque é que eu tenho de estar aqui?
Mara olhou divertida para Salazar enquanto este observava venenosamente tudo em seu redor, tentando afastar de si as imagens perturbantes de um mar dourado e vermelho.
_ Porque é Ano Novo e toda a Hogwarts está em Festividade. Acho que nos faz muito bem, aproveitarmos esta altura para descansarmos um pouco.
Salazar tentou contar mentalmente até 10.
_ Pronto… está bem. – falou acidamente - nós temos de aproveitar… é um período de festa... Não vou contrariar isso. Mas porque raio tinha de ser AQUI ?
_ Como assim “ aqui”? – Mara tentou envergar uma expressão de inocência enquanto via a veia da têmpora de Salazar, pulsar perigosamente.
_ Tu sabes muito bem o que eu quero dizer com “AQUI”! Eu sou o fundador da Casa dos Slytherin! Então…alguém me pode explicar porque é que em vez de estar a desfrutar de um serão calmo e digno da minha pessoa na sala comum da minha casa, eu estou aqui neste…
Naquele momento, sob os olhares divertidos de todos, Godric Gryffindor, fundador da casa dos leões, deslizou para o centro da sala, tentando imitar os passos de dança que Alexandre lhe ensinava, sendo o resultado, no mínimo, cómico.
_ Neste ANTRO DE PERDIÇÃO E LOUCURA!!! EU ESTOU RODEADO DE… DE…
_ Gryffindors?- ajudou Hengisto.
_ Isso! O quer dizer que estou rodeado de leões sem um pingo de sanidade mental. Mas também, não seria de esperar outra coisa uma vez que eles são… são…
_ Gryffindors?
_ Isso! E todos nós sabemos que o fundador deles nunca conseguiu usar muito bem aquilo que tem dentro do crânio. Agora! Será que me podem explicar o que, pelo nome de toda a magia, EU estou a fazer AQUI? O que a Gabriella, sendo uma Ravenclaw, está a fazer aqui? Porque raio não nos separamos pelas nossas respectivas casas em Hogwarts?
_. Oláaaa! Alguém aí dentro?! - troçou Mara enquanto batia na cabeça de Salazar - Porque muitos de nós não andaram em Hogwarts Eu por exemplo não estudei em Hogwarts. Lembraste disso? O Merlin nem sequer andou numa escola de magia. Para além disso, é suposto aproveitarmos este dia para estarmos juntos.
Salazar continuava a envergar uma expressão contrariada.
_ Mas porque não estamos JUNTOS na sala comum da melhor casa de Hogwarts?
_ Eu pensei que era aí que estávamos? – Salazar lançou um olhar de puro ódio para Hengisto sendo apenas retribuído por um sorriso trocista.
_ Não, meu caro Hengisto. Vê-se mesmo que não andaste em Hogwarts.
_ Meu caro Salazar, EU não andei em escola alguma. No meu tempo, a magia não era tão livremente estudada e ensinada.
_ Por isso mesmo! Como não conheces Hogwarts é natural que não saibas a qualidade das casas. Slytherin é uma casa nobre, altiva, de um calibre bem mais alto com alunos excepcionais. Os… os…
_ Gryffindors?
_ Isso! São meros projectos patéticos do ensino da magia. Onde já se viu, estes vândalos algum dia darem um bruxo de jeito?!
Naquele momento, uma camisola voadora atingiu Salazar na cara, sendo rapidamente afastada pela vítima, que envergava uma expressão de profundo nojo. Tentando perceber qual havia sido a origem do objecto ofensivo, o fundador da casa das Serpentes, deparou-se com um grupo de rapazes, em cima de uma das mesas que haviam sido montadas nessa tarde no centro do salão, enquanto conduziam todos os outros alunos numa dança animada.
Vendo o olhar perigoso que se havia acendido em Salazar, Mara rapidamente se colocou à frente do último, cortando-lhe o contacto visual com a possível vítima.
_ Diz-me uma coisa, Salazar. Porque é que não consegues dizer a palavra “Gryffindors”? Nunca tiveste esse problema.
_ Porque neste momento estou furioso! E só a palavra me dá azia!
Trocando olhares entre si, pouco demorou até que, tanto Mara, como Hengisto, caíssem na gargalhada.
_ Não sei onde está a piada. Mas ainda não me responderam. Porque razão viemos nós para Aqui?
Nem Mara nem Hengisto lhe responderam, estando momentaneamente incapacitados para tal, mas sim uma voz jovem e divertida que surgiu por detrás do grupo.
_ Porque a maior parte dos Magids que andaram em Hogwarts são de Gryffindor. Porque os Gryffindors sabem dar melhores festas do que os Slytherin. E, principalmente, porque eu sou teu chefe, logo tu fazes o que eu te mando, língua de cobra!
Salazar olhou furioso para Harry, tentando controlar a ânsia de soltar um grito de pura frustração.
_ Olha aqui moleque, eu não sou obrigado a aturar estas coisas. Tenho a certeza de que não sou o único a preferir estar na festa dos alunos da minha casa.
_ Ai sim? Dá-me um exemplo! – Harry cruzou os braços afrente do peito olhando trocista para Salazar.
_ O Martin, por exemplo! Tenho a certeza de que ele desejaria mil vezes estar na festa dos Slytherin, na festa da NOSSA casa do que aqui… no antro dos leões. Ele deve estar tão indignado como eu.
_ Eu não teria tanta certeza, Salazar. – Mara sorriu divertida para ele.
_ O que queres dizer com isso?
Mara limitou-se a apontar para um dos cantos da sala, onde um grupo de alunos havia começado a dançar em conjunto. Para profundo horror de Salazar, Martin Loretto, o grande feiticeiros das trevas… aquele cujos poderes permitiu-lhe controlar as mentes de grande parte do século XVIII, encontrava-se entre esses mesmos alunos, a dançar animadamente.
_ MARTIN LORETTO!
Ouvindo o seu nome ser gritado a plenos pulmões, o dito cujo, virou-se para trás apenas para se deparar com um Salazar possesso e três Magids a controlarem as risadas.
_ Diz Salazar?
_ Diz Salazar? DIZ SALAZAR? Mas o que raio estás tu a fazer?
Martin olhou em torno dele, confuso.
_ A dançar?!
_ A dançar com… com…
_ Gryffindors – sussurrou Mara.
_ Isso! – virando-se para Mara- Tu estás a divertir-te, não estás?
_ Oh…mais do que imaginas.
Salazar decidiu ignorar aquele comentário, focando sua completa atenção em Martin.
_ A questão é: TU ESTÁS A DANÇAR COM O INIMIGO?
_ Hei Salazar! Não grites. Eu não sou surdo. Além disso - Virou o rosto quando um dos alunos o chamou– se não os podes vencer, junta-te a eles!
E, deixando um Salazar petrificado para trás, voltou à sua posição inicial, balançando o corpo ao sabor da música.
Aproximando-se de Salazar, Harry disse com um sorriso trocista :
_ Martin conseguiu finalmente compreender algo que ainda não conseguiste: Tu não consegues vencer os Gryffindors. Nenhum Slytherin consegue vencer um Gryffindor! Sabes porquê? Porque nós somos bem mais interessantes.
Salazar limitou-se a lançar-lhe um olhar negro.
_ É meu caro Salazar…- Mara colocou solenemente a mão no ombro do Magid - parece que perdeste esta batalha. Diverte-te!
Vendo-se momentaneamente sozinho, Salazar respirou fundo e caminhou para a multidão.

* * *


Olhou de relance para o seu adversário, tentando descobrir qual seria a sua próxima jogada. Não poderia perder. Recusava-se a perder! Não que fosse uma pessoa competitiva, mas existem, pura e simplesmente, certos momentos em que uma pessoa não conseguia virar as costas a um desafio.
Respirando fundo, fez a sua jogada e aguardou. O seu adversário sorriu discretamente, movendo rapidamente a mão, conseguindo derrubar o seu bispo. Ficando alguns segundos admirar o seu feito, voltou a olhar para ele, a aguardar a próxima jogada. Não conseguiu deixar de reparar que uma chama de troça se havia acendido no olhar azul do outro.
_ Sabes… as pessoas podem achar que és a pessoa mais bondosa que alguma vez existiu, mas eu sei que tens um lado negro, Albus Dumbledore.
O dito cujo sorriu ainda mais abertamente, e a chama intensificou-se.
_ Quem? Eu?
_ Sim… Tu!
_ Meu caro Merlin, apenas estou a jogar uma partida de xadrez bruxo, meramente desportiva, com um amigo. Não tenho culpa que o adversário seja menos dotado do que eu.
Merlin mostrou-se indignado, enquanto Vincent, que observava atentamente a partida, abafava uma gargalhada.
_ E ainda por cima, troça de mim. E é convencido! Realmente as pessoas não sabem a obra que tu és…
Dumbledore inclinou-se para trás, abafando carinhosamente a frondosa barba.
_ E se em vez de estares a resmungar feito um velho ou a choramingar feito criança, fizesses a tua jogada.
_Não me apresses! Que culpa tenho eu que esta sala esteja uma loucura? Por entre a música nas alturas, e os risos dos alunos, mal consigo ouvir os meus próprios pensamentos. Por falar nisso, esta é a música que se ouve neste ano ?
_ Com toda a certeza, meu caro Merlin. Agora os jovens preferem um tipo de música… hum…mais agitada. E não culpes o barulho, afinal estás a ser afectado por ele tanto como eu. A única diferença é que eu pareço o único a ser capaz de me abstrair de tudo o resto.
_Também pudera… estás habituado a viver numa escola cheio de alunos. Se não fosses capaz, não te terias aguentado tanto tempo.
_ Touché!
Merlin dirigiu novamente a sua atenção para o tabuleiro de xadrez. Entre Dumbledore e ele, criara-se o ritual de uma partida de xadrez, sempre que fosse possível. Mas, agora, Merlin começava a arrepender-se de ter desafiado o director de Hogwarts para uma partida, quando toda a sala comum de Gryffindor estava, literalmente, num caos. Desviou o seu olhar das peças quando sentiu que estava a ser profundamente observado, apenas para se deparar com a expressão divertida de Vincent.
_ O que foi?
_ Nada! Apenas estava para aqui a pensar se o chefezinho não precisaria de ajuda.
_ Não preciso. Sou suficientemente capaz de ganhar o Albus. – olhou mal-humorado para o Magid mais novo.
_Eu não disse isso. Apenas acho que o chefezinho poderia estar numa situação melhor.
_ Achas que não o consigo vencer? – perguntou perigosamente.
_ Bem…
_Pois fica sabendo, Vincente Michta, que sou muito capaz de vencer Albus. Eu já o fiz algumas vezes e… De que te estás a rir, Albus?
_Nada – os olhos de Dumbledore brilharam com uma falsa inocência.
_ Agora vais dizer!
_ Apenas achei engraçado aquilo que disseste.” Sou muito capaz de vencer Albus”. Pena que eu ainda não me tenha dado conta disso.
_O que? Eu já te venci e várias vezes! - Albus lançou-lhe um olhar significativo – Pronto…algumas.
_ Quais? Aquelas em que estava a facilitar… a ser mais brando contigo?
_ Oh! Então? Não inventes! Sabes muito bem que todas as partidas que eu venci, foram justas.
Albus ergueu as mãos em sinal de rendição, levando aos lábios de Merlin, um ligeiro sorriso de vitória. Poderia não o vencer no xadrez mas ainda existiam outras batalhas que poderiam ser travadas e ganhas.
_Mas diz lá, Vincent. Que ideias são essas?!
_Hei! Não vale ajudar!
_ Já que vou perder, pelo menos deixa-me perder com alguma dignidade e fazer alguns pontos. – resmungou o Magid prateado, enquanto Vincent estendia a mão e agarrava num dos seus cavalos com o intuito de demonstrar a Merlin, a jogada que aconselhava naquele momento.
Mas quando deslizara a mão por cima do tabuleiro, segurando entre seus dedos a pequena figura representativa do cavalo, Vincent deixou de sentir tudo o que se passava com seu braço esquerdo, olhando espantado quando essa mesma mão se tornava transparente diante dos seus olhos. Durante alguns segundos, a mão chegou mesmo a desaparecer por completo, até voltar tudo ao normal.
_ Vincent? – Albus olhou preocupado para ele enquanto Merlin lhe segurava na mão de modo a examiná-la correctamente.
Durante uns minutos os três Magids não desviaram o olhar uns dos outros, ficando completamente isolados de tudo o que se desenrolava à sua volta… ao facto que o relógio já havia batido as dozes badaladas… que vários foguetes surgiam no meio do salão, criando uma explosão de cor… que todos se abraçavam e cumprimentavam… que faziam um brinde com sua taças ao ano que se iniciava.
Mas tudo isto era passado despercebido para os três Magids, até que Harry e Alexandre, correram até si afirmando que Colin Creevey iria tirar uma foto do grupo.
_ Apenas hoje vamos ignorar os sinais. Vamos oferecer aos alunos apenas estas horas sem preocupações. Não só aos alunos, mas também aos outros Magids. – Albus havia sussurrado tão baixinho, que apenas Vincent e Merlin haviam escutado - Apenas por esta noite.
E, quando marotos, vários Magids como Harry, Alexandre, Alberico e Madalena; alunos de 1997 e de 1977 (ou seria 1978?) se agruparam a sorrir para a câmara de Colin, Merlin repetiu as palavras de Albus.
_ Apenas por esta noite…



* * *

_ Mas o que foi aquilo?
Ron olhava furioso para Hermione como se achando que tudo aquilo havia sido culpa dela.
_ Eu não sei!
_Como assim não sabes? – as orelhas de Ron aproximavam-se perigosamente da cor dos seus cabelos – Um rapaz vem, pede para dançar contigo cheio de sorrisinhos e elogios para cima de ti, À MINHA FRENTE, e tu dizes que não sabes?!
Hermione começou a ficar irritada com a cena de Ron. Mas porque tinha ele de ser tão cabeça dura?
_ Exactamente o que disse. Eu não conheço aquele rapaz de lado algum. Não sei o que lhe deu para se comportar desta maneira. Se calhar bebeu demais.
_ Ron! Hermione!
Nenhum dos dois se dignou a prestar atenção ao amigo, que olhava tanto para um como para outro, como se assistisse a uma partida de ténis Muggle. Ginny, que segurava a mão do namorado, sorria divertida com a clara cena de ciúmes que o irmão estava a fazer.
_ Ah! Agora culpamos as bebidas. Mas que conveniente….
Os olhos de Hermione faiscaram perigosamente.
_ O que estás a querer insinuar, Ron Weasley?!
_ Ahm…
Toda a bravia do ruivo parecia ter desaparecido quando este se havia deparado com os olhos da namorada.
_ Então? - pressionou Hermione – estou à espera…
Ron olhou para o melhor amigo, à procura de auxílio, encontrando apenas um sorriso trocista.
_ Que talvez o problema não era das bebidas mas sim da comida?! -completou estupidamente o ruivo. – OU talvez ambas as coisas?! Ou mesmo as emoções fortes do começo de um novo ano?! Ou mesmo todas as três razões fundidas?! Ou, se calhar, associadas com o factor hormonal mais…
Hermione tentou ficar zangada. Todos os magos sabiam o quanto ela tentara. Mas como poderia, quando via o namorado claramente a lutar contra a razão, tentando dar uma resposta convincente mas falhando redondamente?! Por fim, não controlando mais, soltou duas pequenas gargalhadas que foram, rapidamente detectadas por Ron.
_ Hei! Srta.Granger! Por acaso a Srta. não está a gozar comigo, pois não?
_ Talvez…
_Talvez? – sorriu Ron, enquanto começou-a a puxar pelo braço para mais perto de si. Hermione tentou lutar, com pouca convicção, contra aquele convite, mas por último, deixou sua cintura ser carinhosamente enlaçada pelo namorado, enquanto via o rosto do último aproximar-se do seu.
_ AHAM!
Ambos olharam para o lado, para se depararem com Harry e Ginny, ainda no mesmo lugar, mas a segurarem claramente as risadas. Ron soltou um grunhido de frustração, enquanto lançava um olhar pouco amigável ao melhor amigo.
_ Não se estavam a esquecer de nós dois, pois não? – Ginny perguntou, inocentemente.


* * *

Dois pares de olhos observavam tudo atentamente do ponto estratégico em que se encontravam. Viam claramente, vários alunos e Magids a dançarem no centro da sala… Oliver Mohr, juntamente com vários alunos, a jogar, o que parecia ser póquer bruxo… Merlin, Morgana, Dumbledore, Hengisto e Caleb encontravam-se a conversar nos sofás perto da lareira. Perfeito! Trocando olhares entre si, sorriram vitoriosos, antes de voltarem a focar o seu destino. Ali estava ela! Linda, perfeita… proibida mas não menos cativante. Embora seus objectivos fossem ligeiramente diferentes, os objectos do seu desejo encontravam-se no mesmo local. Juntos tinham um plano e um destino comum! Quase conseguiam ouvir as vozes sussurrantes e convidativas… Como resistir? Porquê resistir? Respirando fundo, abstiveram-se de tudo e todos, e começaram a deslizar numa única direcção…num único caminho: o caminho que os levava para aquilo que haviam cobiçado desde que haviam entrado na sala comum dos Gryffindor.
Completamente submersos na sua vontade, não repararam que talvez existisse um último muro entre eles e a sua meta. Um muro chamado Harry Potter.


* * *

Harry parou instantaneamente de falar quando um sinal de aviso soou na sua cabeça. Tentou focar-se nele, abstendo-se da conversa que desenrolava entre os dois irmãos Weasley. Seria um aviso de perigo? Não! Então o que poderia ser? Harry só ficava sensível a este ponto a variações quando estas envolviam alguém ou algo muito unido a ele. Quando partilhavam um laço forte. Será que…?
_ Christopher Miller! Febus! Se algum de vós der mais um passo sequer, estão os dois de castigo.
Atrás de si, a figura de um pequeno rapaz e de um gato alado, estagnaram. Como é que ele sabia sempre? Como é que consegui adivinhar?”
Quando Harry se voltou lentamente, não conseguiu conter um pequeno sorriso ao se deparar com Christopher, com Febus ancorado no seu ombro, a olhar para ele suplicante.
_ Mas Harry…
_ Nem Harry nem meio Harry! Febus - disse apontando para o guardião - se a comida desaparecer de repente, em vez de lançares fogo, começas a lançar fumaça.
_ Mestre…
_ Olha que eu te apago o poder durante um bom tempo.
Febus sentou-se nas suas patas traseiras contrariado.
_ E tu, senhor Miller! Já te disse que não vais experimentar Wisky de Fogo.
_Mas o Ryan está sempre gozar comigo porque ainda não experimentei! – Choramingou o rapaz.
_ Quem raio é o Ryan? – murmurou baixinho Ron para a namorada sendo respondido por um simples encolher de ombros.
Harry continuava de braços cruzados a olhar céptico para o rapaz.
_ O Ryan tem 15 anos e uma responsabilidade do tamanho de uma noz. Tu tens 11 anos. E és da minha responsabilidade!
_ Mas…
_ AH! – Advertiu Harry.
_Nem um…
_ AH!
_ E se eu…
_ AH!
Fechou a cara, cruzando também os braços. Agarrando em Febus entre os braços, empinou o nariz ao Magid.
_ Anda lá Febus! Já vi que não temos liberdade alguma.
_ Tens razão miúdo. É sempre a mesma coisa.
_ Pois é!
Lançando ambos olhares contrariados para Harry, dirigiram-se para as escadas a resmungar.
_ É incrível como eles, só se conhecendo agora, se dão tão bem, não é Harry?
Harry adquiriu um semblante sério, passando uma sombra por seu rosto enquanto respondia Hermione quase num sussurro.
_ Pois… incrível…
Hermione, Ron e Ginny trocaram olhares entre si, enquanto Harry continuava a olhar para o local onde Febus e Christopher haviam, momentos antes, estado.
Parecendo sair do transe, Harry voltou a sorrir para o grupo, colocando protectoramente uma mão nas costas da namorada.
_ Ron? Tenho um favor para te pedir.
_Estragas o meu momento e ainda fazes pedidos?
Harry decidiu ignorar o comentário.
_ Eu vou ter de sair por uns momentos com a Ginny e queria ver se me protegias um pouco. Do género: se alguém perguntar por mim, inventar uma desculpa qualquer. Fazes isso?

_ Onde é que tu vais com a minha irmãzinha? – perguntou desconfiado.
_ A nenhum sítio que seja inconveniente. Não te preocupes, irmão ciumento, eu não vou fazer mal à Ginny.
_ Quem é aqui o “ irmão ciumento”?
Harry limitou-se a revirar os olhos.
_Então? Fazes ou não fazes?
_ Como se eu tivesse escolha. Agora… - ergueu o dedo em riste à frente da face do moreno - vê lá se tratas a minha irmãzinha com todo o respeito que ela merece.
_ Ron! – queixou-se a irmã – eu não sou nenhuma donzela indefesa. Sei muito bem me cuidar. Além disso, com o Harry não tenho nada com o que me preocupar.
_ Só estou a zelar pelos teus melhores interesses, Ginny.
_ Vê lá se zelas é pelos teus. Nem sei como a Hermione te aguenta!
Ron lançou um olhar mal-humorado à irmã mais nova que lhe segurou o olhar.
Vendo, que por aquele andar nunca mais dali sairia, Harry tratou de se meter entre os dois Weasleys.
_ Bem… a conversa está muito boa, mas nós temos de ir! Se perguntarem por mim… já sabes - lembrando-se de algo, estagnou à porta da sala, virando-se de novo para o ruivo - Ah! E fica de olho naqueles dois. Não deixes Febus aproximar-se dos doces. Acredita, aquele guardião com demasiado açúcar no sangue é um perigo para toda a vida humana. E Christopher… nem eu sei o que lhe está a dar. Se eu apanho o Ryan…
Deixando a ameaça pairar no ar, deu as costas aos amigos divertidos, saindo para as aventuras da primeira noite de 1978.

* * *

Lily fechou os olhos quando sentiu uma leve onda do vento a acariciar sua face. A noite estava bela, marcando um grandioso início de ano.
Sozinha, na torre de astronomia, escutava atentamente os sons típicos da noite enquanto observava as estrelas brilhantes que perfuravam o seu manto negro. Suspirou...
Não sabia ao certo o que esperar do ano 1978. Como poderia saber, se ainda não conseguira perceber tudo o que se passara no ano de 1977? Como poderia saber o que desejar para aquele novo ano, se os desejos do ano anterior ainda se encontravam escondidos por entre o nevoeiro de dúvidas e medos?
Embora não conseguisse responder a nenhuma daquelas questões, ela sabia que já não poderia negar e esconder que sabia muito bem que todas essas dúvidas tinham origem em uma única coisa. Melhor… numa única pessoa!
Fechou os olhos com força e passou nervosamente a mão pelo cabelo.
Mas o que se passaria com ela? Porque não o conseguia tirar da mente? Ela havia jurado nunca se interessar por ele, nunca se deixar afectar pela sua existência. Se ela conseguira isso durante todos aqueles anos, porque é que agora era diferente?
O problema era esse. Ela agora compreendia que jamais foi indiferente a ele. Sempre que o via, existia algo que despertava nela…nem que fosse o desejo de gritar com ele e o amaldiçoar. James Potter entrara na sua vida sem avisar, arrebatara sua mente e fizera dela sua completa escrava. E o pior é que Lily começava a recear que o mesmo se passara com o seu coração.
Não! Ela não poderia… NÃO! James Potter era o símbolo de tudo que ela odiava num rapaz: prepotente, machista, convencido, arrogante… sem qualquer respeito pelas regras e pelas outras pessoas… egoísta…amigo…lindo… com um sorriso que a fazia esquecer de tudo e todos…NÃO! Mas o que estava ela a pensar. Controla-te Evans!
Isso! Tudo o que se passara nas últimas semanas apenas resultara da chegada dos Magids e de todas as revelações chocantes. Ela continuava a odiar James Potter como sempre odiou. A confusão que lhe inundava a mente e o coração deveu-se apenas ao cansaço e às emoções fortes. Isso!
Mas naquele momento, a visão de James, sobre a neve, confuso e magoado pela discussão com Harry e pelas memórias do pai, assolou-lhe a memória. Como poderia achá-lo insensível quando presenciara tal coisa? Como poderia achar que o seeker dos Gryffindor não se importava com nada, quando detectara tamanha dor e solidão na sua voz e no seu olhar? Será que passara demasiado tempo a colocar rótulos negros a James e deixara de o ver como ele era? Será que deveria abrir-se um pouco mais e tentar descobrir se o verdadeiro James Potter era aquele que conhecera nas últimas semanas e não aquele que achara existir durante todo aquele tempo? Será que…
NÃO! Não posso ceder. É isso que ele quer. Ele quer colocar-me doida…mas eu não vou deixar.
_ Porquê estás aqui tão sozinha?
Lily assustou-se com a voz, quase escorregando na neve que se depositara no terraço da torre. Olhando para trás, deparou-se com uma visão que, por pouco, não lhe cortara o fôlego: James Potter, com as mãos nos bolsos das calças de ganga, encostado ao muro da torre, olhando firmemente para ela.
“Como é que ele entrou sem eu dar por isso? Há quanto tempo estava ele ali?”
_ Então…
Tentou perceber o que ele desejava. Sentia sua mente surpreendentemente lenta. Tentou forçar a entrada de algum bom senso em si e tentar recordar-se da questão que ele colocara momentos atrás.
_ Apenas precisei de me afastar um pouco da loucura da festa. Acho que nunca vi a sala dos Gryffindor tão cheia. – Vangloriou-se mentalmente pelo facto de sua voz ter saído firma e confiante.
_ Hum…- James desencostou-se do muro, e começou a caminhar na sua direcção. Com o coração aos pulos, Lily tentou manifestar indiferença enquanto via o objecto responsável pelo seu comportamento estranho durante aqueles dias, aproximar-se. Parecendo que alguém ouvira as preces de Lily, James não se colocou à frente dela, mas afastou-se um pouco. Lily agradeceu mentalmente o espaço entre eles.
_ Pensativa?
_Um pouco.
_ Eu já fiz as pazes com o Harry.
_ Eu sei. O Harry contou-me. Deixa-me que te digna que estou orgulhosa por teres feito o que fizeste.
James sorriu trocista para ela.
_ Lily Evans orgulhosa? De mim? Bem… se as coisas impossíveis não acontecem…
Lily rezou que ele associasse a sua face corada ao frio.
_ Apenas estou a dizer que agiste bem, Potter! Não faças grande caso disso. Continuo a achar que és um imbecil insuportável!
Isso mesmo Lily. Estás a ir bem!
_ Fico mais descansado, Srta. Evans. Já estava a achar que a tinham clonado ou amaldiçoado.
Para fúria de Lily, James sorriu trocista. Mas ele estava a gozar com a sua cara?
_Se bem que…- o moreno deixou que suas palavras pairassem no ar esperando que Lily as apanhasse.
_ Se bem que?
_ Estava com esperança que finalmente tivesses te apercebido o quanto me adoras.
_ Como?
Finalmente sentimentos com os quais estava familiarizada: raiva… indignação!
_ Isso mesmo. Pensas que não reparei como me olhas quando julgas não estar a reparar? Como tens tentado esconder, por entre palavras grosseiras e cheias de falsa raiva, o quanto tremes e palpitas por mim? Tal como estás agora?!
Tentando fugir da aproximação de James, Lily deu 3 grandes passadas em direcção à porta que dava passagem do terraço para a sala de aula.
_Não sei onde vais buscar essas ideias lunáticas, Potter, mas se calhar aconselhava-te um exame à cabeça. Se calhar o teu ego, está a afectar irremediavelmente a tua noção da realidade, ou passar tanto tempo em cima de uma vassoura, a voar contra o vento, abanou finalmente o teu bom senso.
Orgulhosa de si própria, virou-se para se ir embora. No entanto, antes de o conseguir fazer, algo muito caricato a fez estagnar.
Para sua completa surpresa e choque, diante de si, apareceu um porco rosa a voar com a ajuda de duas pequenas asas brancas que possuía no seu dorso. Antes de conseguir processar a informação, um novo porco voou até ao primeiro, começando os dois a brincar no ar. E três. E quatro. E cinco. E quando reparou, vários porcos voavam pelo ar, executando várias acrobacias. Para completar o total choque da ruiva, todos eles começaram a cantar uma canção que Lily rapidamente percebeu ser o hino de Hogwarts. Olhando para trás, deparou-se com a razão de haver vários porcos no ar. James Potter, ainda no mesmo local onde o deixara segundos atrás, segurava a varinha numa das mãos e usava-a, quase que distraidamente, para transfigurar tijolos do muro em porcos.
_ Mas o que é isto Potter? Enlouqueceste de vez?
James deu um sorriso de lado enquanto olhava preguiçosamente para o espaço antes de focar o olhar nela. Lily não conseguiu deixar de pensar o quão encantador, ele ficava a fazer isso.
_ Não! Apenas me recordei de algo que um certo alguém disse há um tempo atrás.
_ E o que seria isso?
James começou a caminhar em direcção dela, dando cada passo muito lentamente.
_ Que ela iria admitir que tinha ciúmes de mim quando Salazar Slytherin obedecesse a um Gryffindor e porcos voassem a cantar o hino desta nobre escola.
Lily esbugalhou os olhos. Ele não poderia…
_ Pois bem, Srta.Evans, está na hora de admitir que sente ciúmes de mim uma vez que Salazar Slytherin obedece SIM a um Gryffindor, que por acaso é meu filho, e neste momento, eu completei a última condição.
_ Eu…eu… não vou admitir algo que não sinto.
Naquele momento, vendo James a aproximar-se perigosamente de si, Lily começou a caminhar para trás, entrando na sala de aula.
_ Tens a certeza?
_ Claro que tenho, Potter! Onde já se viu…EU ter ciúmes de TI?!
_ E porque não? - James nem aumentava nem diminuía a velocidade com que dava cada passada em direcção de Lily.
_ Porque não corresponde à verdade. Porque és um egoísta, egocêntrico, que provavelmente já namorou com metade da população feminina. Não! Com MAIS de metade da população feminina de Hogwarts.
James parecia indiferente às acusações de Lily, sendo que seu sorriso aumentava cada vez mais.
_ Será que estou a detectar ciúme, minha ruivinha?
_ Ciúme? CIÚME? Só podes estar a gozar.
_ E porque não?! –Lily ia caminhando para trás, colocando várias cadeiras entre ela e James, como tentando construir uma muralha. No entanto, via sua fraca tentativa sendo desmoronada, enquanto que James afastava essas mesmas cadeiras – Falas vezes sem conta de como me comporto como um playboy. Mas será que essa necessidade de me xingares não é resultado do facto de que as minhas aventuras amorosas te afectarem de algum modo?!
Lily soltou um riso nervoso. Mas o que se passava com ela? Porque é que simplesmente não lhe dava um estalo na cara? Porque é que, com James tão perto de si, não conseguia arrecadar forças para lhe responder? Para o atacar?
_ Estás mesmo louco James Potter!
_ Estou! Eu sei que estou. Mas sabes porquê? Porque és diferente de todas as raparigas com quem já saí. Elas não passaram de aventuras mas tu…tu és diferente Lily.
_Evans! – amaldiçoou-se pelo tom fraco com o que o corrigiu.
_Lily! - desafiou-a – Não te consigo tirar da cabeça, deixar de pensar em ti. Deixar de sentir o que sinto quando te vejo.
Para seu profundo horror, Lily sentiu seu caminho ser interrompido por uma secretária pesada atrás de si. Tentou prensar-se contra a secretária, desejando secretamente fundir-se com a madeira polida. James sorriu quando a viu encurralada.
_ Mas desta vez, não vou esperar, nem pedir. Vou apenas seguir o que o meu coração me comanda. Sabes o que ele me pede e pergunta?
Não lhe respondas Lily. É isso que ele deseja. Não lhe dês mais corda. Ignora-o!
_ O quê? – xingou-se mentalmente quando ouviu sua voz. Mas porque raio tinha ela de ceder?
James sorriu triunfante, dando um passo em frente, fechando completamente o espaço entre eles. Lily sentiu uma corrente de electricidade percorrê-la por completo, quando sentiu o corpo de James colado ao seu. Começava a perder completamente toda a noção da realidade.
_ Diz-me uma coisa, Lily Evans? – conseguiu, a muito custo, ouvir as palavras do moreno – Vais continuar a fugir por quanto tempo?
E sem esperar qualquer tipo de resposta por parte da ruiva, desceu seus lábios sobre os de Lily, num beijo arrebatador.

* * *

_ Muito bem garotos - Oliver tirou momentaneamente o charuto da boca, sorrindo maliciosamente para os 5 alunos sentados em torno da mesa – façam suas apostas. Aqui não há lugar para cobardes e bebés chorões. Isto é um jogo de homens e apenas homens conseguem ganhar.
Todos os rapazes olharam entre si, sentindo-se inchar de orgulho masculino. Sirius, que se encontrava imediatamente à frente de Oliver na mesa redonda, olhou para seu jogo. Perfeito! Nunca o Magid iria conseguir bater-lhe aquele jogo. Nem num milhar de anos, Oliver Mohr iria saber o que o iria atingir. Sorrindo interiormente, Sirius observou os seus 4 colegas. Frank, que se havia juntado ao grupo, suava a olhos vistos. Jack, um garoto do 4º ano, olhava nervosamente em torno de si como que procurando uma saída que não encontrava. Andie, do 5º ano, olhava para cima como que desejando que algumas cartas voassem até si. Michael, um garoto do 1º ano, que entrara no jogo numa razão completamente desconhecida para Sirius, escondia quase sigilosamente as cartas contra o peito, tentando envergar uma expressão mais adulta.
“Não se preocupem, meus caros colegas – pensou divertido - Padfoot tem tudo sobre controle!”
Segurando o charuto no canto dos lábios, Oliver observou demoradamente cada um dos alunos.
_ Muito bem, pigmeus! Hora da verdade! Quem é macho o suficiente para continuar a apostar e quem vai se acobardar neste último minuto?
_ Eu estou fora! – disse Andie sendo seguido rapidamente por Michael e Jack.
Frank ficou a olhar durante mais alguns segundos para as cartas que segurava na mão, entre calando a sua atenção com os seus 2 adversários. Por último, largou as cartas na mesa em sinal de derrota.
_ Não adianta! Acho que não aguento. Não sou doido o suficiente para me meter entre os dois.
Oliver sorriu triunfante.
_ Parece que somos só tu e eu, Black. A não ser que desistas.
Um sorriso em tudo muito semelhante ao de Oliver surgiu nos lábios de Sirius.
_ Sirius Black? A fugir de um desafio?! Nunca! Na verdade eu até duplico a aposta. – agarrou num punhado de fichas e arrastou-as para o centro da mesa.
_ Hum…- Oliver levou um dedo ao queixo pensativo até que sorriu ainda mais abertamente – gosto disso! Tens garra garoto! E se apimentarmos um pouco mais as coisas?
_ Como assim?
Oliver recostou-se na cadeira preguiçosamente, juntando numa só mão todas as cartas.
_ Somos duas pessoas adultas. Pelo menos eu sou e tu… bem…pelo menos estás quase - Sirius fechou a cara – Podemos muito bem, intensificar as coisas. Quem ganhar terá… deixa me ver…
_ Terá de dançar no centro do salão, em cima de uma mesa, enquanto faz um strip tease básico. – completou maliciosamente Sirius, diante do olhar espantado de Oliver.
_ Como?
_ O que o Sr. Magid ouviu.
_ Tu queres fazer strip tease à frente de todos os teus colegas.
_ Eu não! Mas vou adorar ver um Magid a fazê-lo!
_ Black! Acho que estás com demasiada confiança. Vê bem o que estás a prometer. Detestaria ver um aluno desta casa a passar tamanho mico. Quer dizer… deixemos de ser hipócritas… eu adoraria ver um destes alunos a fazer tal coisa. Afinal, nunca fui ou serei um Gryffindor. Para falar a verdade, nem em Hogwarts andei.
_ Não?
_ Não! Andei em Durmstang. Ou melhor, irei andar, uma vez que sou de um futuro muito distante. Grande escola! Nós não tínhamos a liberdade que vocês têm aqui. Autoridade, respeito… isso é que é preciso numa escola.
Naquele momento, Katherine furou a multidão que observava atentamente o jogo, até ficar atrás de Sirius.
_ Sirius Blak! Mas o que raio pensas que estás a fazer?
_ Nada, baby. Apenas a jogar uma partida só para homens. – Lançando um sorriso charmoso para a namorada, ignorou completamente o olhar de censura que esta lhe lançava - Vais ver o teu namorado fabulosamente perfeito a dar uma coça a um Magid. Por isso, sugiro que te sentes e fiques a ver como um verdadeiro Homem joga um jogo de homens como é o póquer mágico. Como é que é Mohr? Temos aposta?
_ Muito bem! Sou um homem de mente aberta. Mostra-me o que tens Black!
Virando quase teatralmente as suas cartas, uma a uma, Sirius não conseguiu conter o seu sorriso de satisfação. – Tenho muita pena Mohr. Talvez tenhas mais sorte para a próxima. Uma sequência de naipes. A começar com o nosso caro Godric Gryffindor terminando num belo 7 de varinhas.
As 5 cartas vibravam excitadas na mesa, tendo uma delas a figura do tão conhecido fundador da casa dos leões a piscar o olho divertido para Oliver. Todas as 5 quartas, apresentavam a mesma imagem de uma varinha a lançar continuamente faíscas de várias cores, marcando-as como pertencentes ao mesmo naipe.
_ Hum… um belo jogo. Realmente um belo jogo. Praticamente impossível de vencer. Praticamente! É claro que a vencer o nosso caro Godric, só mesmo o nosso Merlin!
E diante da expressão horrorizada de Sirius, começou a puxar as suas 5 cartas. As figuras de Merlin, Agrippa, Cassandra e Salazar Slytherin sorriram vitoriosas enquanto o pequeno 10 saltava entusiasticamente na mesa, balançando o caldeirão que tinha desenhado no papel.
Enquanto que Oliver ria divertido e Sirius tentava processar a informação, a carta de Salazar começou a guerrear com a sua correspondente no naipe das varinhas: a carta de Godric Gryffindor.
_ Mas… mas… como é possível? – balbuciou Sirius.
_ Pouca sorte miúdo! Talvez para a próxima. Isto é uma sequência Real apenas digna de um Magid!
Atraída pelos risos de Oliver, Gabriella aproximou-se do grupo.
_ Vejo que já te enquadraste Oliver. Para quem não queria sair da torre e vir para o barulho, estás muito animado.
_ Ahm… Bem… Afinal estas festas têm seu lado positivo. Porque não vamos buscar uma bebida Gabriella. Pareces que precisas de algo para te refrescar.
Sirius olhou desconfiado para o pouco à vontade de Oliver. Porque é que de repente ele parecia desejoso de sair dali?
_ Claro que não! Acho que não bebo nada daquela mesa, principalmente depois dos sorrisos maliciosos e traquinas que vi nas faces de Alberico e Alexandre. Sabe-se lá o que eles puseram nos comes e bebes. Mas o que estás tu aqui a fazer? – pegou numa das cartas - A jogar cartas, é?
_ Sabes como é…um joguinho sempre é bem-vindo.
_ E que o que estavas a jogar?
_ Póquer mágico! – quem respondeu dessa vez foi um Sirius inconsolável – E eu nem acredito que perdi. Quer dizer, eu sempre fui o mestre do póquer! Como foi possível que tenha perdido com um jogo daqueles?! Até parecia que sabiam o meu jogo!
Gabriela olhou reprovadoramente para Oliver.
_ Oliver Mohr! Tu por acaso não estiveste a fazer novamente batota, pois não?
_ Eu? Mas é claro que não! Eu sou um gentleman!
Gabriella aproximou perigosamente a face de Oliver, e este pareceu perder a pose. Poucos segundos depois, ela ficou furiosa.
_ Que vergonha! A fazer batota num jogo. Ainda por cima com inocentes alunos.
_ Minha cara Gabriella, posso lhe assegurar de que estes rapazes são tudo, menos inocentes. Afinal, numa guerra, vale tudo! Eu não poderia ser derrotado por um miudinho!
_ O que… o que…- a conversa dos dois Magids começou a ter algum significado para Sirius – a Sra. quer dizer de que ele fez batota?
_ Mas é claro que sim! Meu caro Sr. Black, uma coisa que deve aprender é nunca, JAMAIS, em tempo algum, deve apostar seja o que for com um Magid num jogo. Não quando este pode facilmente ler a sua mente para descobrir os jogos do adversário e, com apenas um aceno da mão, mudar o seu próprio jogo. Nunca! Principalmente quando esse Magid é um Dark e ainda mais quando ele se chama Oliver Mohr. Muitos de nós temos decência e não usamos nossos poderes nessas coisas mas tu, Oliver, devias ter vergonha! Esse teu espírito competitivo ainda vai ser a tua maldição.
_ GABRIELLA!!! NÃO TINHAS NADA QUE FALAR NISSO! EU IA VER O ESPECTÁCULO DA MINHA VIDA! Um Gryffindor a praticar danças muito pouco puritanas.
As palavras do Magid fizeram soar uma campainha de aviso na cabeça de Sirius.
_Então… espere aí um minuto! Então quer dizer que EU ganhei! EU!! E isso quer dizer – abriu um sorriso malicioso - que vamos ter Magid pelado no recinto!
_ Como? - a indignação de Oliver era palpável.
_ Esse era o trato! Quem perdesse teria de dançar enquanto tirava a roupa à frente de todo a gente.
_Mas eu não perdi!
_Não. Mas isso foi porque fez batota!
_ Mas isso não anula o facto de que eu ganhei, Black. Se existe alguém que tem de dançar, esse alguém és tu!
_ O QUÊ?
Contendo as gargalhadas que ameaçavam aflorar-lhe dos lábios, Gabriella afastou-se da mesa e dos dois jogadores que gritavam um com o outro, exigindo justiça.

* * *

Risos eram ouvidos pelas criaturas da noite…risos que quebravam o silêncio da escuridão… o mistério dos campos de Hogwarts.
Ginny deixava-se conduzir pelo namorado, sem conseguir, no entanto, visualizar o caminho que percorriam. A noite estava gélida e enigmática com o seu grosso manto de nevoeiro e o chão branco pela neve.
Sentia apenas a mão de Harry a agarrar a sua, a puxá-la para um destino que apenas ele conhecia.
Por fim, sentiu-o parar e deparou-se com as duas belas esmeraldas, que ainda tinham o mesmo poder sobre si, que sempre haviam tido. Hipnotizantes… misteriosas… simplesmente profundas.
_ Chegámos.
Diante das palavras de Harry, olhou em torno de si de modo a tentar compreender o que ele desejava dizer com “ chegámos”.
Tratava-se de uma clareira…uma pequena clareira como tantas outras que ela já vira, inclusive perto da sua casa. No entanto, a noite criara tamanha beleza no local, que Ginny sentiu que toda a natureza que os rodeava sussurrava segredos para o vento, escondia coisas proibidas na escuridão para além das árvores.
Embora a noite já reinasse em todo o seu fulgor, levando a escuridão a abater-se sobre o local, Ginny não sentiu receio. Pelo menos não enquanto sentia o calor de Harry, a aquecê-la e protegê-la.
_ O que estamos aqui a fazer? – sussurrou baixinho como se receasse que alguém os ouvisse e os retirasse do seu pequeno e privado paraíso.
_ A fugir de toda gente! – com a ajuda da luz que a lua lhe fornecia, conseguiu ver o sorriso divertido no rosto do namorado.
_ Porquê?
_ Porque acho que devemos conversar. Sobre o facto de eu ser um Magid. Principalmente sobre o facto de que sentes que te traí.
Olhou espantada para ele.
_ Não o negues. Eu sei que é assim.
_ Andas a ler a minha mente, ou coisa parecida? – Ginny afastou-se um pouco dele tentando guardar para si, um pouco de privacidade. Talvez ganhar um pouco de espaço, um pouco de território.
_ Não! Jamais te faria tal coisa. Considero que ler mentes é algo que demonstra profundo desrespeito pelo outro, principalmente pela sua privacidade. Fiz isso muito poucas vezes e não tenho orgulho algum de afirmar que já o fiz. Mas sei que de todas essas vezes foi necessário. Não havia outra opção.
_ E quanto aos outros Magids? Eu já reparei que, por vezes, vocês nem falam entre si. Quase parece que estão a ler a mente um dos outros.
_ Isso é diferente. Lemos apenas aquilo que o outro Magid deseja fornecer. Nunca quebramos a barreira que nos impõem. Eu nunca faria isso contigo, Ginny. Nem contigo, nem com todos os outros que me são importantes.
Ginny ficou durante uns minutos em silêncio, a aguardar que o namorado continuasse.
_ Eu sinto que, desde que descobriste que sou um Magid, algo mudou na nossa relação. Pareces mais distante. Mais fria. Receio que penses que te trai ao omitir-te esta parte tão importante da minha vida. Eu nunca quis fazer isso, mas nós somos obrigados. Eu sei que…
Mas Harry não conseguiu terminar o seu discurso frenético, pois uma delicada mão pousara sobre seus lábios.
_ Harry… ouve-me! Eu não sinto que fui traída. Não o nego que ouve um momento que senti isso. Senti sim! Não gosto quando as pessoas me mentem ou omitem algo. Mas eu conheço as tuas razões. Eu ouvi-as quando vim para este tempo e voltei a ouvi-las quando discutias com James. Essa sensação de traição, já há muito desapareceu. Sei que não desejavas mentir e isso basta-me.
_ Então o que se passa? Diz-me…o que fiz eu de errado?
_ Tu não fizeste nada de errado. É só que…como posso explicar?
Passou as mãos pelos cabelos, enrolando nervosamente uma mecha ruiva entre os dedos.
_ Quando começamos a namorar, tive de aguentar muitas coisas. - vendo o olhar confuso que ele lhe lançava, tratou de explicar melhor – Tive de me deparar com uma realidade: a necessidade de estar à altura do Menino que sobreviveu!
_ Ginny! Isso é uma autêntica parvoíce.
_ Pode ser! Mas essa parvoíce existe. Harry! Tu és famoso no nosso tempo. Foste desde um ano de idade. E quando entraste em Hogwarts, tornaste-te num dos alunos mais populares. Tirando entre Slyhterins, como é lógico. – soltou uma pequena gargalhada, tentando quebrar a tensão - Como tua namorada, as pessoas esperavam de mim, certos comportamentos que eu própria desconhecida quais eram. Eu bem sei que todas as raparigas me olhavam de relance e me apontavam como indigna da posição que ocupava como tua namorada. Sei que segredavam pelas minhas costas, afirmando que apenas me juntara a ti pela fama ou pelo dinheiro.
Harry ouvia tudo, absolutamente escandalizado. Como poderiam as pessoas pensarem tal coisa?
_ Sei que provavelmente estás a sentir-te indignado mas é assim que as coisas funcionam.
_ Porque nunca me contaste nada?
_ Deveria?
_ Claro que sim!
_ Harry, contar-te essas coisas não iria alterá-las. Além disso, aprendi a fechar os olhos aos olhares invejosos e deixar de ouvir as acusações sem fundamento. Amo-te com toda a força da minha alma. Eu não poderia deixar que a sombra do Menino que sobreviveu se abatesse sobre esse amor. Mas agora… agora descubro uma outra faceta tua que ainda te torna mais especial. Que me torna ainda mais indigna de ti.
_ Ginny! Como podes dizer isso? Eu continuo a ser o mesmo Harry. Nada disso se alterou. Quando comecei a namorar contigo, não sabia que era um Magid e mesmo depois de descobrir, não houve qualquer momento que desejasse voltar atrás e não te pedir em namoro.
_Eu sei! Mas Harry, uma coisa era seres o Menino que sobreviveu. Outra bem diferente é seres um Magid. Por todos os Magos, Harry, TU és o maior bruxo de todos os tempos. Sempre que penso nisso, a realidade ameaça sufocar-me com o impacto dessas palavras. E eu? Eu sou apenas uma bruxa como tantas outras, vinda de uma família humilde, com um batalhão de irmãos teimosos e protectores.
_ Não! – Harry deu um passo em frente, colocando uma mão em cada lado da face, obrigando-a a olhar para si - Tu és Ginny Weasley! Vens de uma família humilde mas que foi durante muito tempo, e continua a ser, a única família que conheci. A única que abriu os braços para mim e me acolheu como se eu lhe pertencesse. Tens um batalhão de irmãos teimosos e protectores mas que são para mim amigos e mesmo irmãos. E não és uma bruxa qualquer. És a única que roubou meu coração e não mo quer devolver. És a bruxa que eu amo! Consideras que o meu coração vale tão pouco que ele não é capaz de te tornar especial?
_ Harry, é claro que não! Eu não quis dizer tal coisa.
_ Eu sei! Mas apenas te estou a demonstrar que só porque sou um Magid, não quer dizer que deixei de te amar ou que te tornaste menos importante.
Ficaram alguns momentos a olhar um para o outro. Um desejando demonstrar o quanto a amava, o quanto ela era importante para si. A outra a receber esse amor e a devolver os seus próprios sentimentos, muito idênticos aos do primeiro.
_Sabes, a magia Magid é poderosa e difícil de aprender. Perdi a conta de quantas horas estive diante de um livro ou de outro Magid a tentar controlar os meus poderes e de quantas experiências frustradas eu tive. Mas, pouco a pouco, eu sinto que vou controlando esses poderes, que vou aprendendo um pouco mais, ficando mais confiante. Ser capaz de controlar a natureza, criar guardiães e mesmo brincar um pouco com a morte e vida…isso…isso eu compreendo e vou aprendendo. Eu posso bradar aos céus e pedir um pouco de neve, e sei que ele me irá atender! – naquele momento, pequenos e delicados flocos de neve começaram a cair lentamente sobre eles. – Se pedir às forças da natureza que me ajudem a iluminar esta clareira, eu sei que serei atendido!
Por entre a escuridão que existia por detrás e entre a primeira fila de árvores da clareira, pequenos focos de luz azul e verde começaram a surgir, encantando Ginny com sua beleza.
_Mas…o que sinto por ti… ISSO eu não posso explicar! Isso não consigo compreender ou aprender. Chegou pouco a pouco, formando-se por entre a nossa amizade. Surgiu sem avisar ou dar qualquer sinal. Não sei quando começou ou como começou, mas sei que, quando me apercebi, o meu coração já não me pertencia. Contigo, sinto-me, simultaneamente, o buxo mais poderoso de sempre e o mais fraco. Sem ti, sinto-me perdido, sem saber quem sou e para onde devo ir. Não te sintas desvalorizada ou não penses que não me mereces, porque isso não é verdade. Falaste de todas essas pessoas que olhavam para ti, talvez aguardando uma prova de que não merecias ser minha namorada? Que podem elas saber?! Elas não me conhecem. Elas não sabem quem eu sou…quem é o Harry! Tu sabes!
_ Eu sei!
_ Então é tudo o que importa. Peço-te que tal como ignoraste os medos de namorar com o Menino que sobreviveu, ignora o facto de namorares com o Magid dourado. Continuo o mesmo. Nada se alterou. Nada! Continuo a ser o mesmo Harry tímido mas aventureiro que está louca e perdidamente apaixonado por uma fogosa e teimosa ruivinha.
Ginny sorriu, sentindo sua garganta contrair de modo a controlar as lágrimas.
_ E, para o caso de te estares a perguntar, quando falo de ruivinha, naturalmente é de ti que estou a falar.
Soltou umas gargalhadas, tentando, depois, fazer uma cara ameaçadora.
_ Espero bem que sim. Porque senão, Magid Dourado ou não, posso muito bem torturar-te de todas as maneiras possíveis.
_ Oh! – Harry sorriu puramente divertido – disso não tenho quaisquer dúvidas. Imagina… se tu já me torturas quando estás assim, juntinho a mim, imagina intencionalmente.
Batendo-lhe no braço com força, Ginny fechou os olhos e ergueu a face para cima. E quando sentiu alguns flocos de neve pousarem sobre sua face, sentiu todas as dúvidas evaporarem.


* * *

Dizem alguns que uma pessoa jamais consegue separar-se da realidade… fechar os olhos a tudo o que se desenrola em torno de si. Outros, afirmam que é possível esquecer de tudo, ignorar tudo… simplesmente desligar das coisas.
Lily Evans estava nesse momento mais inclinada para a segunda opção. Mas, se alguém contestasse sua decisão e afirmasse que a primeira era a única opção válida…bem… nesse caso ela teria uma óptima resposta válida para descrever a sua presente situação.
Se ninguém conseguia, em momento algum, isolar-se da realidade, então toda a sua realidade havia sido reduzida. Reduzida apenas até ao ponto de incluir apenas ela, James e aquele beijo, responsável por toda a sua corrente situação.
Lily não soube ao certo quanto tempo durou…apenas soube que havia sido intenso e marcado por um delicioso sabor a chocolate, menta e algo mais precioso que Lily ainda não se aventurava a denominar.
Mas quando as limitações humanas exigiram ser atendidas através da necessidade de respirar, Lily sentiu James afastar-se relutantemente deixando-a com uma sensação de abandono e saudade.
Abriu os olhos muito lentamente, tentando, simultaneamente, controlar a respiração e o poder sobre sua mente e razão. Ambos os processos pareciam estar a decorrer num lentidão que lhe desagradava.
Finalmente, sentindo-se dona, mais uma vez, das suas capacidades mentais, fez algo que lhe pareceu ser a única atitude sensata que tomava naquela noite. Deu um estalo no rosto de James, deixando a fúria e indignação inundar-lhe o espírito.
James levou automaticamente a mão ao rosto, onde uma marca vermelha começava a formar-se.
_ OK…acho que mereci isso.
_ Pois claro que mereceste, seu imbecil! Que ideia foi essa de me beijar à força?
_ Não exagere, Srta! – um olhar trocista apareceu no avelã dos seus olhos - Eu posso ter começado, mas podes ter a certeza que não obriguei ninguém a continuar. Não senti qualquer tipo de relutância da tua parte. Na verdade, senti tudo menos relutância. Não me pareceu ouvir os teus protestos quando te senti corresponder ao meu beijo.
Sentiu imediatamente a outra face arder, quando um segundo tapa lhe foi aplicado na outra bochecha. Levou a outra mão, ao lado da face mais recentemente agredido.
_ Como te atreves ?
_ Como me atrevo? Simples! Cansei de esperar que te apercebas o quanto te adoro. O quão louco eu sou por ti. Decidi arriscar… mostrar-te algo que não pode ser explicado em palavras.
_ Não tinhas o direito!!! - sibilou ela furiosa.
_ Continuo a dizer: Eu mereci o tapa. Mas não me arrependo! O beijo compensou e compensa qualquer dano físico que me desejes infligir.
Um terceiro tapa foi ouvido pelo recinto.
_ Vais passar toda a noite a dar-me tapas?
_ Se for necessário…
James olhou prolongadamente para a ruiva à sua frente. Esta tinha o cabelo num completo desalinho e a face corada de raiva. James tentou recordar-se se fora ele o responsável pelo estado do cabelo, já que era, claramente, o responsável pela fúria contida. Perdera completamente a noção de tudo, quando seus lábios haviam feito o primeiro contacto com os dela. Tentara mostrar-lhe naquele beijo todo o amor que sentia. Todo o desejo que sentia de estar ao lado dela, nem que fosse apenas a segurá-la nos braços e nunca mais a largar. Sim! Agora recordava-se que, enquanto a beijara, havia afundado as mãos nos cabelos dela, acariciando-os levemente, espantado pelo seu toque de seda. Sorriu levemente. Será que ela sabia o quanto ela o afectava? Que conseguia fazê-lo perder a completa noção das coisas com apenas um olhar ou um sorriso, mesmo que este não lhe fosse dirigido? Que apenas ela, e mais ninguém, tinha esse poder sobre ele?
_ Estás zangada comigo?
_ Pois claro que estou!
_ Eu não queria ofender-te só quero mostrar-te o que sinto por ti. Simplesmente não me segurei.
_Pois – fez um som de descrença – vai contar isso às tuas namoradinhas, Potter!
James soltou uma exclamação de frustração.
_ Mas serás que não entendes, Lily? Eu não quero mais namoradinhas! Não quero mais relações de um dia, que não me dizem nada. Eu quero-te! A ti! Não quero mais ninguém. Eu sei que fui idiota e que ainda o sou em muitos aspectos. Mas eu posso mudar. Eu já mudei, e tu sabes disso. Mas para mudar mais, preciso da tua ajuda. Raios! Até das tuas críticas insensíveis eu preciso.
_ Tu não podes mudar, Potter! Por muito que tentes serás sempre o mesmo idiota e arrogante de sempre!
_ Achas mesmo que sim? Diz-me Lily… achas que sou realmente só isso?
Lily olhou para os olhos avelã, vendo toda a sinceridade presente neles. É claro que sabia que ele não se resumia a isso! Fora se apercebendo disso com pequenas coisas: o modo como protegia os amigos… o modo como escondera de todos que Remus era um lobisomem e continuara amigo dele…o modo como deixava os alunos mais novos à vontade e lhes mostrava o funcionamento do castelo…o modo como agia perto de Harry, como parecia querer aproximar-se dele, algo que conseguira por completo…
Lily sabia de todas essas coisas mas a sua razão… não!...o seu medo impedia-a de as demonstrar. Sabia que James Potter era muito mais do que ela o rotulava mas tinha medo de que, se deixasse seu coração ditar as regras, apenas iria sofrer desilusões e magoar-se.
Ela não poderia ceder! Não lhe era permitido!
_O que eu penso ou deixo de pensar não é importante, Potter!
_ É sim! É importante para mim!
_ Tens toda uma população feminina que poderá responder a essa questão.
_ Fogo, Evans! Tu serás a minha desgraça! Mas eu já não disse que o que as outras pensam não me interessa?! Que eu não as quero mais?!
_ Então as mulheres não passam de coisas descartáveis para ti, não é? Usas e abusas e depois deitas fora?
_ É claro que não. Pára de me pôr palavras na boca! Não me orgulho como me comportei durante todo este tempo. Sei que fui um imbecil!
_ Espera só um pouco. Eu acho que devo estar a ouvir mal. Será que ouvi James Potter, o Todo poderoso, a confirmar que é um imbecil?
_ Eu disse que fui um imbecil! Não que ainda continuo a ser.
_Tens a certeza? – Lily tentou controlar um pequeno sorriso, quando viu a expressão compenetrada do rapaz.
_ Tenho sim! Afinal é isso que te estou a tentar provar.
_ Mas ainda não o conseguiste!
_ Não? – Lily abanou a cabeça, fazendo James perguntar-se se ela não estaria a gozar com ele.
_ Queres provas? Então vamos ver: já não saio com uma rapariga desde o ano passado.
Lily olhou espantada para ele.
_ Como?
_Isso mesmo! E só não digo desde o final do 5º ano porque Sirius me obrigou a ir nuns encontros duplos com ele para ver se eu voltava a ter sanidade mental.
_ Porque haveria ele de pensar que já não a possuías?
_ Porque não conseguia deixar de pensar em ti!
Lily olhou chocada para ele.
_ Estás a brincar, não estás?
_Não senhorita!
_ Tu só podes estar a mentir!
_ Posso ter muitos defeitos, mas nunca fui mentiroso, e até tu tens de reconhecer isso.
Realmente, sabia que a lista de defeitos dele era enorme, mas sabia que MENTIROSO era algo que não fazia parte dessa lista. Mas tudo era tão surreal!
_ Porquê?
_ Como? – parecia surpreendido pela pergunta dela, depois do silêncio que se prolongara durante vários segundos.
_ Porquê? Porque mudaste a tua forma de ser?
_ Acho que é relativamente óbvio. Sabes, quando recusaste sair comigo, tudo se tornou uma questão de princípios e de orgulho ferido, mas a questão é que, rapidamente, me apercebi de que a minha fixação por ti ia para além de uma necessidade de provar que poderia sair contigo. Houve uma altura em que chegamos a ser amigos e encontrei-me a pensar no que teria sido se isso não se tivesse alterado. Sei que grande parte da culpa foi minha. Não o nego! Depois, comecei pensar em ti a toda a hora. Para além da atracção, comecei a respeitar-te. A encontrar as tuas qualidades. E o impensável é que mesmo os teus defeitos, em ti, não consigo descartar. Reparo como gostas de misturar doce e salgado nos teus pratos, talvez por achares que esses opostos devem estar juntos. Reparo como brincas com as mãos, quando algo te deixa ansiosa. Ou como gostas de tirar os sapatos, naqueles dias de verão, e andar descalça sobre a relva, talvez para senti-la por debaixo dos pés. Reparo como trincas o lábio inferior quando estás concentrada em algo ou como te apoias num pé quanto estás pensativa. Reparo nisto e em muito mais. Não quero que penses que sou algum tarado ou psicopata por reparar nestas pequenas coisas. Reparo nelas apenas porque a tua presença me absorve por completo.
Lily estava absolutamente espantada. Nunca imaginara…nunca sonhara ouvir aquelas coisas de James. James, o playboy! James, o maroto!
_ Finalmente cheguei a uma conclusão! A algo que já sinto há tanto tempo, mas só descobri recentemente. Amo-te! Amo-te com uma intensidade tal que não consigo ou não desejo descrever. Não falo estas palavras por falar. Não as falo porque quero que as oiças. Falo porque preciso de as dizer. Porque o meu coração já não mais aguenta segurar este segredo. Amo-te pela a pessoa que és. Pela amiga que és. Por aquelas pequenas coisas que te descrevi. E pelo desejo que um dia, talvez, quem sabe, me possas dizer o mesmo. Não espero que me digas “amo-te”, se não o sentes ou não sabes que sentes. Desejo apenas uma resposta sincera e nada mais. Cheguei mesmo a criar uma esperança em mim de que, talvez, por detrás da visão que tinhas de mim, existisse um sentimento que não fosse desprezo ou ódio. Agora… não o sei! Seria cínico e hipócrita se não dissesse que desejo ardentemente que sintas o mesmo por mim. Mas eu não to obrigo. Tanto que, se agora me disseres que não me amas e que não desejas ter o tipo de relação comigo que eu anseio ter contigo, eu irei parar com minhas investidas. Irei aceitar uma amizade pela qual irei lutar.
_ Como? – Lily tentou recuperar o poder da fala – Tiveste todo este tempo a ignorar os meus “Nãos” e a tentar sair comigo, para agora me dizeres que, se eu quiser ,vais deixar-me em paz?
_É esquisito, não é? – riu-se um pouco – mas desta vez é diferente. Das outras dizias-me não sem saberes como eu me sentia relativamente a ti. Pensavas nessa altura que o fazia apenas para provar que conseguia domar a grandiosa Lily Evans. Durante uns tempos, eu próprio pensei isso. Agora, se me disseres não, saberei que desta vez tu conheces os meus verdadeiros sentimentos e que dás essa resposta porque não sentes nada por mim ou porque não encontras em ti a capacidade ou força para me perdoar. De qualquer maneira, se assim o desejares, serei apenas teu amigo. Por muito que me custe e por mais que deseje que algo mais surgisse entre nós, saberei respeitar a tua resposta. Mas continuo a não me arrepender do beijo!
Daquela vez, Lily não conseguiu reunir forças e coragem para lhe dar um quarto tapa. Limitou-se a fechar os olhos, tentando fugir do olhar de James. Durante todo aquele tempo, ansiara pela oportunidade de dar um “ Não” definitivo. Algo que acabasse com a perseguição do moreno. Mas as palavras dele haviam mexido por demais com ela. Não sabia o que pensar. Talvez o problema fosse esse! Talvez ela se deixara controlar por demais pela sua mente racional, que sempre lhe dissera para se afastar de James Potter mas que agora já não mais sabia o que dizer; e se esquecera de ouvir algo igualmente importante. Algo, que Lily receava, ter já feito a sua decisão fazia muito tempo. Talvez mais tempo do que ela estaria disposta a admitir. Talvez chegara a altura de ouvir o seu coração.
_ Não te atrevas a magoar-me, James Potter!
Sentindo o olhar de James penetrar sua alma, Lily decidiu deitar tudo ao alto. Todas as vezes que discutiram, todas as vezes que ela desejou que ele deixasse de existir…e, principalmente, o seu orgulho.
Tomando a sua decisão de que, pelo menos daquela vez, iria ouvir os seus instintos e calar a sua razão, Lily agarrou James pelo colarinho, beijando-o em profundo abandono. E desta vez, finalmente, admitiu que sabia qual era o terceiro sabor presente nos beijos de James Potter. Por entre o sabor de menta e chocolate, conseguiu detectar aquele sabor tão perfeito e tão valioso. Aquele sabor a que muitos chamam amor…


* * *

_ Dança comigo!
Ginny abriu os olhos e olhou para o namorado tentando compreender se ele perguntara o que ela pensava ter ouvido.
_ Dançar? Aqui?
_ Sim. Aqui! Não vejo local mais perfeito para dançar com a minha namorada. A noite está linda, está a nevar, temos luzes. Está tudo perfeito, não achas? OU será que tens medo que te pise os pés? Posso assegurar-te que já melhorei bastante.
_ Ai sim?
_ Hum… Hum! Lições com a Hermione. - respondeu, piscando-lhe um olho.
_ Sim… está tudo perfeito excepto por um pequeníssimo pormenor, meu caro Sr.Potter!
_ E qual seria esse, Srta. Weasley?
_ Não temos música!
Harry riu-se abertamente, puxando-a para seus braços. Encostando sua boca junto ao ouvido de Ginny começou a cantar muito baixinho.
_ Yesterday, you asked me something I thought you knew
Ginny riu-se, não acreditando que ele iria mesmo cantar. Decidindo não o interromper, fechou os olhos, aproveitando o som da voz rouca do namorado, a cantar-lhe baixinho junto ao ouvido, enquanto começavam a dançar.
_ So I told you with a smile 'It's all about you'
Then you whispered in my ear and you told me to
Say 'If you make my life worthwhile, it's all about you´


“Tens razão Harry! É tudo acerca de ti…graças a ti…por tua causa! E eu não o queria de outra maneira” - Pensou encantada, enquanto o namorado começava a ganhar cada vez mais confiança, cantando mais alto, e experimentando novos passos de dança que, certamente Hermione lhe havia ensinado.

_ And I would answer all you're wishes, if you asked me to
_ A sério? – perguntou divertida - Tudo o que eu quiser?
Harry limitou-se a confirmar com a cabeça, continuando a cantar.
_ But if you deny me one of your kisses, don't know what I'd do
Harry puxou-a ainda mais para si, roubando-lhe um beijo.
_Era suposto ser eu a dar, não é verdade?
Harry limitou-se a sorrir, sorriso esse que aumentou ainda mais quando a viu aproximar-se para depois o beijar.
_ So hold me close and say three words, like you used to do.
Dancing on the kitchen tiles, it's all about you.

Fê-la curvar-se para trás, arrancando risos de Ginny. Ela começava a questionar-se se eles não acabariam por atrair as atenções das pessoas do castelo.
_ And I would answer all you're wishes, if you asked me to.
But if you deny me one of your kisses, don't know what I'd do.


Mais um beijo… mais risos…

_ So hold me close and say three words, like you used to do.
Dancing on the kitchen tiles,
Yes you make my life worthwhile,
So I told you with a smile...
It's all about you.


Mais uma volta…e outra… até que Harry diminui o volume da voz, apertando-a junto a si, como se desejando não a soltar nunca mais. Cantou-lhe baixinho no ouvido, fazendo Ginny fechar os olhos, em puro contentamento.

_ It's all about you… It's all about you, baby… It's all about you… It's all about you

* * *

Caleb observava tudo a ser redor, sentado em uma das poltronas da sala. Vários alunos continuavam a demonstrar a mesma energia de horas atrás, dançando ao sabor delirante da música. Onde eles iriam buscar tamanha energia, era um mistério para o Magid. Mas parecia que haviam fornecido a receita mágica a Madalena, que dançava animadamente no meio deles. “ Bem…não é que ela precise! Energia é algo que sempre teve. Por vezes, até demais!”
Deixou que seu olhar se concentrasse mais alguns segundos nela, amaldiçoando-se mentalmente, quando foi apanhado pela Magid em questão. Amaldiçoou-se ainda mais, quando a viu sorrir divertida e começar a caminhar na sua direcção com uma expressão que Caleb não gostou nem por um minuto.
_ Caleb… anda dançar!
_ Eu? Estás doida, Madalena? Tu por acaso não andaste a beber ponche, pois não? É que eu tenho claras suspeitas que ele foi adulterado por Alberico e Alexandre.
Madalena limitou-se a rir, começando a puxá-lo por um dos seus braços.
_Por acaso não! Mas se for preciso que bebas um pouco disso para te desinibires, podes ter a certeza que vou buscar imediatamente uma taça para ti.
Caleb lançou-lhe um olhar mal-humorado.
_ Anda lá! Hoje é dia de festa. Sabe-se lá quando voltaremos a ter uma oportunidade como esta.
_ Qual? A de nos comportarmos como idiotas?
_ Não! A de nos divertimos.
_ Por muito que a proposta seja tentadora – falou ironicamente - tenho de declinar.
_Pois eu não aceito! O senhor vai dançar comigo e ponto final!
Puxando o seu braço com uma força que Caleb desconhecia nela, conseguiu levantá-lo da poltrona e começar a encaminhá-lo para a pista de dança improvisada.
_ Madalena! Eu não sei dançar.
_ Não digas disparates! É só seguir o ritmo da música.
Naquele momento uma música mais calma começou a tocar, sendo que vários casais se reuniram na pista, abraçados.
Caleb sentiu uma onda de constrangimento invadir-lhe. Aquilo já era demais! Mas, sentiu Madalena aproximar-se de si e encostar o rosto no seu ombro. Ele sabia que havia sido um feiticeiro negro no seu tempo e que tinha tido a sua cota de vítimas, mas será que ele merecia tamanha tortura? Olhando, para a zona da lareira, viu Dumbledore a olhar para ele…com aquele olhar penetrante tão característico dele. Depois, limitou-se a sorrir levemente.
Segurando a mão de Madalena com a sua, Caleb pediu forças para aguentar as provações daquela noite. Principalmente a de ter Madalena Ween entre seus braços, a dançar em sintonia com as notas da música.

* * *

Ginny manteve-se agarrada a Harry mesmo quando já havia muito que ele se calara e pouco se mexiam. Era tão bom! Estar perto…abraçar… sentir o perfume de quem se ama. Parecia que nada a poderia magoar. Que não existia dor, nem sofrimento… nada! Apenas duas pessoas que se amavam profundamente.
Suspirou.
_ Para que foi o suspiro? – Harry afastou-se dela um pouco, arqueando uma das suas sobrancelhas.
_ Por nenhum motivo em especial.
_A sério?
_ Hum…hum. Apenas estava a pensar que se pudesse, ficava toda a noite assim… talvez toda a vida.
_ Acho que acabarias por te cansar.
_ Eu não acho! Podia ficar assim para sempre!
Harry riu-se um pouco, trazendo o rosto dela para perto de si. Sorrindo internamente, deu-lhe um beijo na bochecha, sentindo-a fazer um som de desapontamento. Olhou para ela, quase como que estudando cada pormenor da sua face, e voltou a aproximar-se. Beijou a ponta do nariz vermelho por causado frio, e, de seguida, o queixo.
_ Estás a brincar comigo, Potter?
_ Eu não me atreveria a tanto, Weasley.
Beijou-lhe o canto da boca, roçando de leve os lábios pelos dela.
_ Harry…
_ Sim? – sorriu com inocência, tentando controlar as risadas quando a viu bater com o pé impaciente.
_ Tu estás a ver se me enlouqueces, não é?
_ Talvez… - voltou a roçar os lábios.
Quando sentiu o pequeno punho da namorada chocar com o seu braço, sorriu ainda mais. Segurando novamente no rosto da ruiva, foi se aproximando, começando a dar pequenos beijos carinhosos nos lábios dela. Repetiu o processo várias vezes, até que não aguentou mais a sua própria vontade, beijando-a profundamente.
Depois disso…apenas o paraíso!
E quando, finalmente, se afastaram, Ginny não conseguiu deixar de sorrir e sentir que as estrelas também lhe sorriam.
_ Sabes… lembrei-me agora de um pequeno texto que li algures, que falava sobre o amor.
Ginny olhou espantada para o namorado.
_ Primeiro cantas… agora vais me dizer um poema.
_ Não é bem um poema. Mas sim! Não te habitues. Isto é uma situação única que não terá repetição. – sorriu marotamente – a não ser que me peças com muita dedicação.
_ Então, estás a mostrar-me os teus dotes, para depois rastejar por mais?
_ Algo do género! – sorriu ainda mais, mesmo levando outro murro no braço - Mas queres ouvir, ou não?
_ Quero!
_ Deixa me ver se me lembro...

Vi um anjo ao pé da minha janela a velar pelo meu sono. Não sei se ele se apercebeu que já não mais dormia ou se esperava que criasse em mim coragem para lhe falar. Mas tinha medo que se pronunciasse qualquer palavra, a sua figura se desvanecesse na noite, e nunca mais o pudesse ver. Mas, senti-o aproximar-se até tocar, com seu manto de luz, meu rosto. Ele sussurrou-me ao ouvido: “ Tens uma questão?” Eu tinha. Sempre a tivera! Não desejava saber da morte nem da vida. Não desejava saber qual a minha missão nem do porquê existir. Não! Tinha uma questão que me entorpecia o ser, me calava a mente… me inquietava o coração.
“ Até que ponto é possível amar?”
Ele sorriu para mim e respondeu-me:
_ Meu querido mortal… o amor é o sentimento mais misterioso de toda a existência. Até que ponto é possível amar?




Imagina o amor entre um pai e um filho… Será que podes perguntar até que ponto um pai seria capaz de ir para proteger o seu filho? Sabes o que ele te responderia? Até ao fim! É incrível como um pai luta até à morte ou à loucura em prol dos seus filhos. É incrível como um filho não esquece jamais a existência de um pai… como jamais deixa de desejar um pai, mesmo quando desconhece o que é ter um…

Frank começou a explicar como se jogava póquer mágico a Neville. Não importava o quanto demorasse, nem o quanto teria de explicar. Apenas estavam ali, entre amigos, a rir de piadas bem ou mal feitas, a ver casais a dançar, a sentir a festa e a aproveitarem entre si.

Ou quando vês amigos que se sacrificam… que abraçam as aventuras e risadas… que abraçam ainda mais os terrores e as desgraças! Amigo fiéis no seu amor pelo irmão da alma! O que lhes irias perguntar? Até que ponto são amigos?

_ Remus! Estás a fazer batota!
_ Como? Eu nunca faço batota!
_ Fazes pois. Eu estou a ver.
_ O que tu estás a ver, meu caro Sr. Padfoot, é eu a dar-te uma tareia no póquer. A segunda desta noite!
_ Hei! A primeira não valeu. Quem iria adivinhar que um Magid iria usar golpes baixos?


Sabes como nasce o amor? Nasce de várias formas…mesmo dentro da amizade pura e singela.

Ron segurava a namorada entre os braços, conduzindo-a no ritmo lento da música, já completamente esquecido dos passos técnicos que teria de dar, ou na necessidade de provar que poderia ser um grande dançarino. Naquele momento, isso já não lhe parecia importante. Para quê provar a outros se já tinha o que desejava entre seus braços?

Ou mesmo no acto de criar algo ou alguém… Se perguntares ao mestre e sua criação até que ponto confiam um no outro, qual achas que seria a resposta?

_ Onde está o Harry?
_O Harry saiu, Febus.
_ Como assim saiu?! Ele prometeu-me fazer uma coisa!
_ Se ele prometeu, ele irá cumprir.
_ Espero bem que sim. Temos uma série de conversas para pôr em dia.
_ E o que pode uma bola de pêlo, como tu, ter para contar ao piolho?
_ Olha aqui, Slytherin, tu não és o meu mestre, logo não tenho de te dar satisfações.


Ou mesmo o amor que nasce da descrença e dificuldade? Não confias que no final, tudo se resolve?

James sorriu de puro contentamento, sentado no chão da sala, a olhar para a neve que de repente começara a cair no exterior, com Lily aninhada nos seus braços. De vez em quando, como se tentando se convencer da realidade, apertava-a um pouco mais contra si, beijando-a docemente.

Ou quando ele vem, escondido por entre as sombras, tentando ser ignorado porque nele existe um sabor de proibido. Porque quem o sente sabe que não o deveria sentir. O que lhe dirias? Achas que ele pode ser ignorado?

Caled acariciou levemente os dedos de Madalena com os seus, sentindo-a corresponder. Fechou os olhos com força, sentindo seu peito contrair de dor, sabendo que ela sentia o mesmo. Mas continuavam ali, a dançar inocentemente…Ela com a cabeça ainda apoiada no seu ombro, de olhos fechados… Ele com sua face impassível, demonstrando uma falsa segurança. E quando sentiu os dedos dela se entrelaçarem nos seus, a dor no peito se intensificou. Eram colegas Magid… amigos… nada mais poderia ser esperado. Nada mais era permitido de se esperar…

Não é possível descrever o amor. Ele está em todo lado… em vários actos, desde o mais simples, como um “obrigado”, até ao derradeiro sacrifício. Até que ponto se pode amar?

Harry olhou profundamente para Ginny, antes de continuar…

A resposta reside na inexistência do “ até”. Ama-se para além do tempo e do espaço…para além das crenças e valores… para além da morte e da vida… Simplesmente se ama, sem razão nem aviso… Simplesmente se ama de todas as formas e em várias alturas de modo a se sentir a derradeira perfeição. De modo a se sentir absolutamente e irremediavelmente completo!




Nota da autora:

Aqui está, como prometido, o capítulo que demorou imenso para vir. Espero que a espera tenha valido a pena. Eu considero este capítulo como uma transição. A partir de agora, a fic irá sofrer uma reviravolta. Os capítulos passarão a ser mais misteriosos…cheios de sinais… de pistas… irá abordar mais os poderes de cada Magid e, é claro, Behemoth. Várias coisas vão acontecer, várias personagens vão aparecer.
Enfim… este capitulo foi para todos os românticos, especialmente os fãs de H/G e J/L. Já vários leitores me tinham pedido mais cenas entre Lily e James, e Ginny e Harry. Embora não considere que cenas românticas seja o meu forte, tentei ir de encontro às expectativas. Agora só falta saber se consegui escrever algo do vosso gosto. Consegui? Nem que fosse só um pouquinho?

O próximo capitulo será mais… intenso. Depois vocês irão ver…
Ao contrário do que costumo fazer, vou dedicar este capitulo a alguém em especial. Eu havia lhe prometido dedicar-lhe o próximo capitulo.

Este é para ti, Paddy! Convém saber é se o meu marido da família Magid, Aldo Padfoot Argolo Magid, gostou do presente. Beijos paddy!! AH! E já agora…Efimere etu.( :) é uma coisa entre mim e ele. Não precisam de perceber)

No entanto agradeço imenso o apoio de todos os leitores, da família Magid, pelos “ boa sorte” para os exames. Felizmente foi assim que ocorreu. Agradeço também pelas ameaças, pelas correcções e pelos elogios! São sempre bem-vindos. Inclusive chamarem-me “ behemoth feminina” :) algo que a minha beta simplesmente adorou. Agora passa a vida a chamar-me isso.

Por falar em beta… GUIDA!!! MINHA MANINHA!!! Obrigada! Obrigada por me aturares, por leres os meus capítulos, por betares… por aturares as minhas betagens na tua fic… e por estares sempre do meu lado.

Eu devo um presente a várias pessoas da família que fizeram anos em Janeiro. EU NÃO ME ESQUECI! Apenas considero que para festejar tão grandioso acontecimento, apenas um presente muito especial que chegará ainda esta semana. A todos os leitores que também já fizeram anos e que desejarem esse presente, é só me avisarem nos comentários que eu vos incluo.


Neste capítulo a música que eu coloquei, foi graças à ajuda do Aldo. ALDO ÉS O MAIOR! Eu queria uma música que não fosse demasiadamente melosa e que tivesse algum divertimento. Também teria de ser uma música que Harry pudesse cantar como se estivesse a falar com a Ginny.

A música é dos MCFLY LYRICS e chama-se “ all about you!”

O texto que Harry disse, bem… ele não foi escrito por nenhum poeta nem escritor. Nada que se assemelhe. Foi escrito por mim, há já algum tempo. Sei que não está ao nível dos grandes poetas e escritores mas decidi colocar parte dele. Espero que não haja problema.

Quero agradecer imenso a vossa compreensão pela demora. Tive exames e depois problemas pessoais que felizmente já resolvi. A Guida é minha testemunha de que não vos estou a enganar. Passei realmente por um mau bocado.

Mas isso já passou…

Este capítulo é, sem duvida alguma, o maior que já escrevi. Comparando com o tamanho dos meus capítulos iniciais, consigo incluir neste quase 6 capítulos dos outros. :) Mas como ninguém ainda se queixou do tamanho exagerado… vou continuar assim. Eu não decido o tamanho dos capítulos… deixo simplesmente minha mente voar e quando reparo que cheguei ao final do capitulo… que devo parar naquela frase ou cena, aí é que olho para o número de páginas. Devo dizer que fiquei assustada quando olhei o resultado deste capítulo.

Vamos lá responder às questões:

A Isadora de Mello Stabile: Olá Isadora. Respondendo À tua questão aquilo funciona da seguinte maneira: os Magids viajam para a ilha quando dormem, mas mesmo aqueles que já morreram no tempo de Harry têm o seu tempo onde existem. Imagina o Merlin, por exemplo, ele vive no seu tempo, envelhece, mas quando dorme vai para Asera onde o tempo decorre de diferente maneira, e quando acorda volta ao seu tempo, enquanto que Harry, por exemplo, acorda no dele. Isto parece muito confuso mas o primeiro capítulo das Crónicas de Asera vai explicar isso muito bem. Se ainda ficares com dúvidas, depois de ler o capítulo, diz-me, que eu te mando um e_mail a explicar melhor. Não quero que fiquem com dúvidas.

A Styx Potter: terei muito prazer de te ter na família. Quantos mais melhor. Espera apenas até o site ficar on-line, e aí entras na família, na posição que quiseres. Realmente a família é fantástica. Criamos laços muito fortes uns com os outros. Espero que continues a querer entrar.
É verdade. Quanto à tua questão de quem seria Christopher… bem… eu não posso dizer com detalhe. Ele é importante e tem um mistério por detrás dele. O que te passo dizer, é que é um aluno de Hogwarts do 1ºano, pelo qual Harry é responsável. Porquê? Isso… eu sei…não sei é se vocês irão descobrir. Pelo menos por enquanto… :P

A Dama Mary Potter: Pode sim… basta adicionar-me no msn: [email protected] .Para já não estou a baptizar mais pessoas, pois estou à espera de acabar o site, mas logo que ele fique terminado, será uma honra ter-te na família!

Eu não sei se havia mais questões, é que à conta dos problemas com a floreios, muitos dos meus comentários mais recentes foram abaixo, inclusive o da biank que tinha uma montanha de questões que agora não me lembro concretamente quais eram. Desculpem!
Se tiverem mais duvidas é só colocar. EU ADORO QUANDO VOCÊS REPARAM EM SINAIS QUE EU FUI DEIXANDO AO LONGO DA FIC E ME QUESTIONAM! ADORO ISSO!

A todos os que querem entrar na família, acho que o meu último aviso já explicou tudo, não é? Mas resumindo, VOU ADORAR QUE TODOS ENTREM… A SÉRIO! VALE MUITO A PENA! SÓ PEÇO UM POUCO DE PACIÊNCIA ENQUANTO O SITE FICA PRONTO.

A TODOS OS QUE QUEREM UM PRESENTE DE ANIVERSÁRIO, MESMO QUE SEJA MUITO ATRASADO, DIGAM-ME QUAL FOI A DATA DO VOSSO ANIVERSÁRIO E EU VOS OFEREÇO A TODOS UMA PRESENTE MUITO ESPECIAL. SÓ PEÇO DESCULPAS PELA DEMORA :)

A TODOS OS NOVOS LEITORES: BEM-VINDOS E BOA SORTE! PORQUE VOCÊS VÃO PRECISAR PARA ATURAREM ESTA AUTORA LOUCA COM SUAS IDEIAS AINDA MAIS LOUCAS!

Assim me despeço agradecendo mais uma vez o apoio, OS COMENTÁRIOS MARAVILHOSOS!... a PACIÊNCIA!! E até um futuro breve onde irei colocar mais ideias doidas seja nesta fic, seja na CRÓNICAS DE ASERA. Quando eu postar essa, eu aviso aqui, está bem?

Beijos da grã-magid, lightmagid.

Ps.: peço a todos que comentem. E se tiverem alguma correcção a fazer, algum pedido para um capitulo, e recomendações para mudar algo… NÃO SEJAM ACANHADOS! SERÃO MUITO BEM-VINDOS!! Eu aceito criticas muito bem!

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