Ser professor



Capítulo 12 – Ser professor!


O professor Richard Svatus era um homem com os seus 38 anos, dez dos quais passados em viagens em torno do mundo, a contactar com criaturas mágicas, experimentando novos tipos de rituais e feitiços.
Quando Albus Dumbledore o convidara para ensinar na escola de Bruxaria e Feitiçaria de Hogwarts, não soubera muito bem o que fazer. Foi como se existisse uma balança em que dois lados exerciam o seu peso. No final, um dos lados acabara por pesar mais e mudou-se para Hogwarts com o intuito de desenvolver mais os seus conhecimentos, de trabalhar sobre os cuidados de Albus Dumbledore e de demonstrar o quão poderoso se tornara.
No entanto, aquele era um daqueles muitos momentos em se recordava o que é que estivera do outro lado da balança: a perspectiva de ter que conviver com alunos idiotas.
Decorria naquele momento a aula de DCAT do 7.º ano. Slytherins e Gryffindors encontravam-se no interior da sala, como que medindo forças. Se havia uma coisa de que o professor Svatus se poderia vangloriar era do facto de que nas suas aulas ninguém se atrevia a tecer comentários. Eles eram vermes que não tinham o direito de falar e que poderiam TENTAR perceber o que ele dizia. Conseguir que eles o fizessem era algo impossível! Ele… era o mestre da magia da defesa, o qual teria que demonstrar uma paciência humanamente impossível para lidar com tamanha incompetência e incapacidade de cada um dos alunos.
Retirou da sua pasta um conjunto de pergaminhos que representavam os deveres daquela semana corrigidos:
_ Devo dizer que fiquei fisicamente doente com os vossos trabalhos. Já não basta a terrível falta de jeito para executar feitiços e elaborar duelos decentes, ainda não conseguem fazer um trabalho tão simples como este. – Quando acabou de distribuir os pergaminhos dirigiu-se para a sua secretária. – Devo dizer Srta. Stevens que o seu estava de longe o pior. Parece que a quantidade de produtos que chega a esse cabelo encaracolado, já lhe queimou os neurónios.
Remus Lupin dirigiu um olhar de pena para a sua colega. Aquele professor não tinha o direito de fazer aquelas coisas: humilhar, divertir-se às custas deles, sentir um prazer doentio com os erros, etc.
_ Mr. Lupin, até me admira que o senhor-copia-trechos-do-livro tenha dado uma resposta diferente do que vem no manual. Pensou por si próprio e demonstrou a sua falta de inteligência.
Vendo que James estava pronto para soltar uma resposta torta para o professor, Remus apressou-se a responder:
_ O que é que estava mal nas minhas respostas, professor?
_ Por exemplo, esta ideia tola que se instalou na sua cabeça de que a capacidade de falar com cobras não é uma capacidade de feiticeiro das trevas.
_ Mas é verdade!
_ De onde é que tirou essa ideia estapafúrdia?
_ Falei com um serpentês que não é um feiticeiro das trevas.
_ E quem é que seria essa tal personagem fictícia?
_ O Magid Harry Potter!


* * *

Fúria! Era isso que enchia toda a mente de Remus Lupin, enquanto atravessava os corredores de Hogwarts em direcção à torre dos Gryffindor. Geralmente era uma pessoa calma… na verdade, segundo Sirius Black, ele tinha o sangue frio de uma barata. Mas ele também era humano e se havia algo que despertava a criatura escondida dentro de si, sem ser os dias de lua cheia, era a INJUSTIÇA.
Aquele professor era um demónio! Embora soubesse muito (o Remus admitia de que tinha largos conhecimentos na área da defesa contra a magia das trevas) era um arrogante, presunçoso e acima de tudo tratava mal todos os seus alunos.
Depois da sua resposta, o professor Svatus começara a debochar dele. Dissera que mesmo que ele conhecesse a fundo um Magid, este nunca lhe diria tal coisa. Apenas os feiticeiros das trevas conseguiam falar com as cobras. Remus desconfiava que o professor tinha um certo declínio para as artes das trevas. Quando este falava, criava nos alunos a sensação de que os feiticeiros das trevas eram de longe mais poderosos que os da luz, de que todos os grandes feiticeiros, um dia acabariam por realizar feitiços proibidos e negros, que só feiticeiros poderosos poderiam executar.
Quando se encontrava em frente ao quadro da Dama Gorda, deparou-se com Harry Potter e um outro Magid, que ele se recordava vagamente de ele se chamar Alexandre, que se dirigiam em sua direcção. Só já quando estavam praticamente à frente dele é que reparavam que ele ali estava.
_ Bom dia, Remus. Então como é que foi o teu dia? – fazendo um sinal em direcção ao seu colega – Este é o Alexandre Keller. Podemos dizer que é o meu grande amigo no grupo dos Magids.
Alexandre soltou uma pequena gargalhada, enquanto estendia a mão para cumprimentar Remus.
_ Eu diria mais parceiro de crime, meu irmãozinho. Muito prazer em conhecer-te, Remus. Já ouvi falar tanto de ti… Podes chamar-se Alex. É assim que toda a gente me chama.
Remus reparou que Alexandre e Harry tinham uma relação muito próxima. Na verdade, era em tudo semelhante à relação entre dois irmãos.
_ Olá, bom dia. Peço desculpa, mas hoje não estou nos meus dias.
Substituindo o seu sorriso por uma expressão preocupada, Harry questionou:
_ Mas há algum problema?
Remus nunca chegou a responder, uma vez que Sirius e James tinham acabado de chegar à beira deles completamente ofegantes.
_ Então… por que é que não esperaste por nós, Moony? Nunca pensei que conseguias andar tão rápido – naquele momento, Sirius reparou em Harry e Alexandre – Olá, Harry! Quem é o teu amigo?
_ Olá Sirius, James. Este é o…
_ Alexandre Keller! Alex para os amigos, ou outras coisas menos simpáticas para o Harry. Muito prazer! Vocês devem ser Sirius Black e James Potter, presumo.
James confirmou ligeiramente com a cabeça. Sabia que só tinha conhecido Alexandre naquele momento, mas já gostava dele.
_ Mas afinal o que se passou?! – interrompeu Harry. – Nunca te vi tão alterado.
_ Aquele… aquele…
James colocou um braço por cima dos ombros do amigo em sinal de apoio.
_ Aqui não é o sítio apropriado para isso. Vamos entrar na torre.
Proferindo a senha para uma Dama Gorda ocupada com as suas canções, os três marotos e os dois magids entraram na sala comum dos Gryffindor. Sentando-se pesadamente numa das poltronas, à frente da lareira, Remus ignorou completamente o resto do grupo. Sirius, sempre conquistador, sentou-se ao lado do lobo, enquanto piscava o olho a uma rapariga do quarto ano. Esta corou até à ponta dos cabelos, enquanto soltava sorrisinhos de êxtase. Sentando-se do outro lado de Remus, James olhou chocado para o melhor amigo.
_ Eu não acredito, Padfoot. Ela é muito nova para ti!
Sirius limitou-se a sorrir enigmaticamente para o amigo.
_ James, meu caro, as mais novas têm as suas vantagens. Enquanto que tu já estás a demonstrar a tua velhice, elas continuam jovens e bonitas. Além disso, elas são a única razão pela qual às vezes me sinto um professor.
_ O quê? Mas o que é que estás para ai a falar?
_ Nós acabamos por lhe ensinar tudo o que é bom na vida. Não concordas Remus?
_ Eu concordo com o Prongs, Sirius. Quando a diferença de idades é muito grande não resulta.
_ Vocês são mesmo uns imbecis. Não percebem nada a arte do amor. Hei, Harry!
Harry encontrava-se encostado à lareira a olhar em redor. Era incrível como era sempre bom entrar naquela torre. Afinal, aquela sempre fora a sua casa. A seu lado, Alexandre olhava com saudade cada quadro exposto nas paredes, cada poltrona espalhada na sala e todos os alunos a rir ou a estudar, ou como naquele momento a olhar absolutamente chocados para os dois Magids, enquanto eram abraçados pelo vermelho e dourado que coloria a sala. Já havia muito tempo em que Alexandre pisara aquela torre.
Saindo do seu torpor, Harry apercebeu-se finalmente de que Sirius o chamava.
_ O que estavas a dizer, Sirius?
_ Estava a perguntar se concordavas com estes dois idiotas. Eles acham que não devemos namorar com mulheres mais novas.
Harry soltou um sorrisinho conhecedor.
_ Não ligues, Padfoot. Eles não sabem o que falam. Eu, pessoalmente, namoro com uma rapariga um ano mais nova do que eu. Além disso, com a idade as coisas mudam.
Sirius olhou desconfiado para Harry, enquanto este soltava um sorrisinho trocista. Seguindo o olhar dele, fixou os olhos num Remus muito abatido a olhar para a lareira. Voltou a fixar-se em Harry e, quando o sorriso deste se alargou ainda mais, olhou completamente chocado para Remus. Também ele soltou um sorrisinho conhecedor. Quem diria, o certinho dos Marotos…
Completamente alheio à comunicação não verbal entre o seu melhor amigo e o seu futuro filho, James começou a explicar a origem do mau humor de Remus.
_ O Moony está assim, por causa do burro do nosso professor de DCAT. Ele praticamente humilhou o Remus diante de toda a turma, só porque este lhe dissera que nem todos os serpentês são feiticeiros das trevas – Parando por uns momentos, como que se apercebendo pela primeira vez do significado daquelas palavras, James olhou escandalizado para Harry – Espera aí, o Remus deu o teu exemplo! Tu falas com cobras?!
Harry soltou uma pequena gargalhada.
_ Falo, mas asseguro-te que não sou um feiticeiro das trevas. Podes estar descansado…
_ Que espectáculo! Deve ser fantástico falar com cobras. Tens de me mostrar qualquer dia.
Remus deu uma pequena sapatada na nuca de James.
_ Tu já viste! Lembras-te, no corredor, com o Malfoy! Por que é que achas que a cobra ficou tão dócil, para com o Harry?
_ Nem tinha reparado…
Sirius abafou uma gargalhada. Apoiando o cotovelo no ombro do amigo, troçou:
_ E tu por acaso reparas nalguma coisa, quando Lily Evans está no cenário? O Severus Snape podia estar a dançar a macarena apenas de cuecas e soutien, que tu nem reparavas. Eu estou a começar a achar que aqueles cabelos fogosos da Evans têm algum efeito alucinogénico em ti!
_ Não consigo evitar… - James apresentava um sorrisinho sonhador nos seus lábios, enquanto os seus olhos brilhavam de pura esperança. - Ela é tão perfeita… uma Deusa… nós fazemos um casal tão maravilhoso!
_ Estás parvo! – Sirius lançou um olhar chocado para James – Ela nem te quer ver pintado de ouro! Qualquer dia ainda vais aparecer aqui com uns óculos de sol naturais!
A esperança foi destruída com uma facada. Aquele Sirius era mesmo idiota… Será que ele não percebia que por detrás de cada ofensa existia uma jura de amor desesperada?! Que por detrás de cada ameaça de morte havia um pedido silencioso para beijá-la?!
Como que percebendo o rumo dos pensamentos de James, Sirius olhou aparvalhado para o melhor amigo.
_ James… é melhor começares a tirar essa expressão parva da cara. Pareces um idiota. A ruiva já disse que preferia sair com o Snape do que contigo. Acho que isso quer dizer alguma coisa…
James soltou um suspiro derrotado.
_ Tens razão, mas eu não consigo evitar. Ainda por cima deve ser tão difícil para o Harry ouvir-me falar tão bem de uma mulher que não é a mãe dele. Harry perdoa-me. Eu tenho a certeza que eu devo gostar muito da tua mãe.
James olhou preocupado para Harry, cujo rosto estava escondido nos braços de Alexandre. Tinha sido um bruto. Como é que tinha sido capaz de falar deste modo à frente de Harry. Provavelmente ele estaria muito magoado pensando que os seus pais não se amavam mutuamente.
O que era completamente alheio a James Potter era que nenhuma lágrima de tristeza estava a sair dos olhos de Harry… nenhum choro estava entalado na sua garganta… que o tremer dos seus ombros não se devia a uma infelicidade desmesurada… Harry estava pura e simplesmente a tentar respirar enquanto gargalhava por entre as vestes de Alexandre. Durante uns breves segundo, chegou mesmo a pensar se não deveria contar a verdade a James. Mas, ao espreitar por detrás do cotovelo de Alex a expressão única de Mr. Prongs, não conseguiu evitar uma pequena vontade malvada de continuar o seu sofrimento. Era um impulso dificilmente resistível!
Alex, como que consolando Harry, dava-lhe palmadinha nas costas, enquanto que ele próprio também tentava esconder um sorriso nos seus lábios. Não era da sua competência acabar com o martírio de James!
Remus, tentando direccionar o ambiente demasiado lamechas noutra direcção, regressou ao tema original: o professor Richard Svatus!
_ Mas isso agora não interessa. As teorias “Lily e James: ódio ou amor” já foram muito debatidas. Agora o que interessa é como havemos de vingar todos os alunos de Hogwarts das atrocidades que sofreram nas garras diabólicas do professor de DCAT.
_ Remus! – Sirius olhou encantado para o rapaz sentado ao seu lado esquerdo – Decidiste finalmente assumir o teu estatuto de Maroto? Isto é um dia memorável!
_ Chega a uma altura em que temos de agir. – Elevando o punho no ar, Remus foi consumido por um fogo que jamais alguém pensou que existisse nele. – Richard Svatus é a vergonha da profissão PROFESSOR. O professor deve apoiar os seus alunos… ensinar… ver os seus erros como um meio de atingir um patamar mais alto! Chamar os alunos à sua frente para executar feitiços ou dar uma resposta… não com o intuito de humilhar, troçar, evidenciar as nossas fraquezas para que melhor compreendamos que somos vermes… um aluno não é um verme! É um quadro por pintar e cabe ao professor ajudar na escolha das cores e na execução das pinceladas. Que género de professor é que questiona com o intuito de induzir ao erro… que espécie de professor não ensina mas evidencia a sua superioridade? Richard Svatus não é um professor! É uma ameaça para todo o aluno. Haverá um dia em que a disciplina de DCAT irá ver o que é um professor!
Todos olhavam petrificados para Remus Lupin. Trocando olhares entre si, uma explosão de respostas fez-se sentir.
Alexandre sorriu encantado com o discurso… James aplaudia entusiasticamente o seu amigo… Harry gargalhava agarrado à sua barriga, enquanto se apoiava numa poltrona… Sirius… agarrou no seu melhor amigo pelos ombros… e enquanto sacudia fervorosamente, ameaçou que, se algum dia ele enveredasse pela área do ensino, o deserdaria do testamento dos Marotos.
_ Remus tem razão! Nós temos de fazer qualquer coisa.
_ James, eu não quero ser insensível, nem pessimista, tu sabes que eu não o sou. Mas o que é que nós podemos fazer? Estás a esquecer-te de que ele é um professor e que os truques marotos não funcionam com ele!
_ Talvez – a voz de Alexandre fez-se ouvir – vocês o possam humilhar diante de toda a turma.
_ Como assim? – aquilo tinha despertado a curiosidade de Remus.
_ Vocês não dizem que ele gosta de chamar os alunos para duelarem com ele só para os humilhar?! E se um aluno fosse capaz de O humilhar?
_ Mas não há ninguém nas nossas turmas que o consiga vencer. Ele pode ser um idiota, mas é bom no que faz.
Uma expressão diabólica formou-se nas feições belas de Alexandre. Para os Marotos, aquilo era uma novidade, mas para Harry aquilo já era rotina. Erguendo a sobrancelha, Harry também sorriu. Começava a compreender os planos de Alexandre.
_ Talvez eu e o Harry possamos ajudar um de vós a vencê-lo.
Se fosse possível… se Hogwarts conseguisse expressar aquilo que sentia… todas as paredes do castelo teriam tremido. Os alunos mais traquinas de Hogwarts, de 1977, formaram um pacto com os Magids mais travessos.
Hogwarts só podia esperar o pior!


Nota da autora:

Como prometido... mais um capítulo.
Quero agradecer imenso a todos os que comentaram. é excelente sentir que gostam da fic.
À Carlapiks: muito obrigada pelo apoio. Por vocês eu não faço intenções de abandonar a fic. Verdade seja dita, eu acho que a Guida Potter acertava com uma frigideira na minha cabeça se eu parasse. E olhem que ela lê todos os capítulos com antecedência...
A Juliia-chan, dri potter, Rafael Abrahão,Manoella... um muito obrigado muito sentido. Vou tentar ser rápida nos capítulos para satisfazer a vossa curiosidade.
É VERDADE; Carlapiks esqueci de responder ao teu pedido anterior. é claro que a lily vai aparecer mais vezes e com marotos envolvidos (para não falar do Harry). só tens de aguardar. Tenho muitas ideias na minha mente. Só falta escrevê-las. Espero dar jus à vossa imaginação e, já agora, à minha.
RITUAL: se comentarem coloco o próximo capítulo amanhã ou NO MÁXIMO quarta-feira. EU CUMPRO!
MUITOS BEIJOS A TODOS ESTES LEITORES QUE ME ATURAM, A MIM E ÀS MINHAS IDEIAS MALUCAS,
Lightmagid

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