Uma árvore... um lago



Capitulo 31: Uma árvore… Um lago



Gritos aterradores ecoavam pelos corredores frios de pedra. Gritos de desespero… um pedido de piedade. Gritos simplesmente ignorados!
_ PARE!!!!!!!! POR FAVOR… EU FAÇO TUDO O QUE QUISER …TUDO!!!!
_ Devo parar, meu Lord?
Lord Voldemort sorriu deliciado perante a imagem à sua frente. Quantos haviam tentado travá-lo para, no final, sucumbirem ao seu poder? Quantos? Idiotas… loucos e ingénuos idiotas.
_ Podes continuar Nott. Acho que o nosso caro Mr. Bicket ainda precisa de um pouco mais de ensino… um pouco mais de amostra do que acontece a todos aqueles que se atrevem a colocar-se no meu caminho.
Nott sorriu encantado, enquanto aplicava novamente a maldição Cruciatus sobre o homem largado no chão à sua frente. Voldemort deu um passo em frente e, erguendo a varinha, fez o rosto da vítima erguer-se, de modo a olhar nos seus olhos.
_ Pobre Mr. Bicket. Tenho a certeza que toda a coragem que possuías já se evaporou. Quando é que vão compreender que eu não sou um simples bruxo como todos os outros que já existiram. Eu não sou dominável! Eu não sou um mero peão que possam destruir a qualquer momento. Está na altura de toda a comunidade bruxa entender que Lord Voldemort não brinca… o meu poder cresce a cada dia, enquanto o vosso desaparece. Ninguém me pode parar!
_ Dumbledore. – Murmurou o homem à sua frente entre gorjeios de sangue.
_ Como? – Perguntou perigosamente.
_ Dumbledore vai pará-lo!
_ Dumbledore?! DUMBLEDORE?! Esse velho tonto e idiota, amante dos muggles. O tempo do grande director de Hogwarts já passou. Já teve a sua glória! Nem ele me poderá parar.
Bicket riu sarcasticamente, tentando ignorar a dor que lhe trespassava o corpo a cada respiração.
_ No entanto… – fechou os olhos por momentos quando uma dor aguda foi sentida - não se aproxima dele. Talvez medo?
A face do Lord das Trevas já não mais sorria. Controlando um grito de fúria, virou-se para o seu lacaio.
_ Continua o castigo, Nott. Parece que o nosso convidado ainda não sabe qual o seu lugar. Para quem há poucos segundos implorava por misericórdia ainda está muito insolente.
_Com todo o prazer, meu amo. Crucius!
Novos gritos. Novos pedidos para que a tortura cessasse.
Nott olhou para Voldemort, recebendo um pequeno aceno deste. Um pouco a contra gosto parou com a tortura.
_ Estamos mais disciplinados, Mr. Bicket?
Bicket nada disse, tentando apenas lutar pela consciência que sentia escapar-se por entre os seus dedos.
_ Considerarei o seu silêncio como um sim. Pois bem, Mr. Bicket, preciso de uma informação sua.
_M… m…minha?
_ Sim. E se souber responder correctamente, talvez lhe poupe a vida. Está a ver como é fácil negociar comigo? Não sou assim tão exigente. Apenas peço uma informação em troca da sua miserável vida.
Lágrimas escorriam pelos olhos do homem, misturando-se com o sangue que já há muito escorria pelo seu rosto, encharcando suas roupas. Tentando controlar o terror, acabou por murmurar:
_ Informação?
_ Sim… – Voldemort sorriu perigosamente – Uma informação! Soube por um dos meus servos que o ministério recebeu umas visitas no mínimo… hum… interessantes. Umas visitas que permaneceram horas a fio no interior do departamento dos Mistérios sem qualquer funcionário no interior. O que gostaria de saber é quem são e o que pretendiam.
_ Eu… eu… eu não sei.
_ É claro que sabes. Trabalhas no departamento dos mistérios. É tua função saber. Vá lá. Conta-me quem eram e sairás daqui vivo.
_ Eu não sei! O chefe do departamento expulsou-nos de lá quando eles entraram. Nem os vi e nem sei quem são. EU JURO QUE ESTOU A DIZER A VERDADE!!! – A voz cresceu mais e mais desesperada à medida que observava o Lord das trevas abanar a cabeça em desaprovação. – EU NÃO SEI DE NADA! NADA!
_ Resposta errada, meu caro! Resposta errada!
E fazendo um sinal a Nott, o recinto encheu-se novamente de gritos para, poucos minutos depois, se afundar no mais sepulcral silêncio.

* * *



Os habitantes da aldeia de Barland, no condado de Wicklow, na Irlanda, sempre consideraram Thomas O`Marlac como um velho excêntrico e misterioso. Este vivia numa antiga casa, no topo da colina, onde se sentava no alpendre a observar atenciosamente tudo em seu redor, desde de Trooperstown até à floresta de Ballard.
As pequenas crianças da vila receavam o velho Thomas… os jovens faziam apostas tentando de todas as formas irritá-lo… mas os mais velho e, principalmente, os estrangeiros rapidamente se haviam apercebido que Thomas O`Marlac era alguém que não se queria como inimigo.
É que, já havia muitos anos, que os habitantes tinham percebido algo de bem estranho no velho Thomas. Não era o facto de este viver só e de tentar isolar-se de tudo e todos o mais que pudesse, pois isso já há muito tempo os habitantes se haviam acostumado. Nem era o facto de que, dia sim, dia não, estranhos sons eram audíveis da sua velha casa, acompanhado por luzes estranhas que fugiam por entre as janelas.
Não… o que mais interessava os habitantes de Barland era o empenho, quase religioso, que Thomas aplicava na antiga e mítica floresta de Ballard.
Já haviam muitos anos que Thomas saía cedo de sua casa e se dirigia numa longa caminhada (pelo menos longa para alguém da sua idade) até à floresta. Muitos já o haviam visto a alimentar animais ou a socorrê-los quando estes se feriam em armadilhas montadas por caçadores.
Mas, durante várias e longas horas, Thomas apenas sentava por baixo de um velho carvalho a olhar intensamente para o que os habitantes de todo o condado de Wircklow consideravam o maior mistério da sua terra.
A Irlanda do norte sempre fora conhecida por suas belas florestas. Florestas recheadas de fauna e flora verdadeiramente extraordinárias.
Ora, o que os habitantes consideravam era que existia, algures nas suas terras, algo único e diferente, que nem a imaginação humana conseguiria alcançar.
Este objecto único alvo de curiosidade era uma velha árvore localizada no centro da floresta de Ballard.
“Uma árvore?!” – perguntavam muitos, quando alguém lhes contava pela primeira vez sobre o tesouro de Wircklow – “Esse é o vosso maior mistério? Seria possível que Wircklow, Condado irlandês cheio de prados e florestas, considerava o seu maior tesouro uma árvore?”
Mas todos aqueles que, algum dia, haviam questionado a preciosidade desse tesouro, rapidamente percebiam porque é que uma simples árvore era alvo de tanto mistério, uma vez frente a frente com a respectiva.
A árvore, em si, não possuía folhas verdejantes, nem um tronco castanho e molhado por onde deslizavam todo o tipo de insectos.
Não… a árvore em questão era branca, desde suas poderosas raízes até seus ramos mais finos. Suas folhas consistiam em pequenos cristais que só apareciam ao nascer do sol, tornando-se invisíveis pelo resto do dia. E jamais algum habitante se recorda de algum pássaro ter feito um ninho nos seus ramos, de algum insecto ter deslizado por seu tronco… de algum outro ser vivo se ter, sequer, aproximado daquela árvore.
Durante muitos anos, várias foram as pessoas que visitaram a árvore… irlandeses e estrangeiros… homens e mulheres… crianças e velhos. E muitos foram os mitos que foram criados sobre a velha árvore.
Uns diziam que a árvore era amaldiçoada… que quem quer que lhe tocasse sentiria sua vida ser sugada de si. Outros afirmavam que aquela árvore simbolizava a vida, que era branca devido à sua pureza. Mas haviam também aqueles que, simplesmente, riam de todos os mitos, afirmando não passarem de velhas histórias inventadas por pessoas desejosas de um pouco de fantasia nas suas vidas.
Sendo a aldeia de Barland uma cidade maioritariamente Muggle, a magia era pouco compreendida. Mas, mesmo para os feiticeiros e principalmente para estes, a árvore branca constituía um mistério.
E assim, todos os anos, milhares de pessoas, muggles ou bruxos, viajam pela floresta de Ballard, em busca da milagrosa árvore.
E isto, pensavam os habitantes, era o que mais irritava Thomas.

_ Lá está ele outra vez. Vi-o, quando fui pôr as ovelhas cá fora, a dirigir-se novamente para a floresta, com apenas o saco da merenda na mão. – Disse um homem entre os seus 40-45 anos, enquanto se servia de uma dose de cerveja no bar da cidade.
O Alce irlandês era o único bar da cidade. Suas paredes eram revestidas de madeira forte e antiga, encontrando-se recheadas com as mais variadas coisas que simbolizavam toda uma história da cidade: peles de animais, cabeças de alces, fotos, artigos de jornal emoldurados e toda uma estante contendo vários prémios de caça, pesca e corridas. Numa única expressão podia-se dizer que naquelas paredes vivia-se o passado de uma cidade que em tempos tinha tido o seu brilho.
Desde a sua criação 150 anos antes, o Alce Irlandês tornou-se uma paragem obrigatória para todos os habitantes. Desde os primeiros raios do sol até à hora de recolhimento, canecas de cerveja deslizavam a todo o momento pelo balcão de mogno, sempre acompanhadas por boa comida, animada música e, principalmente, todos os mexericos do dia.
No entanto, àquela hora da noite, o bar encontrava-se praticamente deserto a não ser por três homens a beber cerveja e a dona do bar, Brigit.
_ Todo o dia é a mesma coisa. Sai de casa, não fala com ninguém e dirige-se para aquela floresta. – Respondeu outro – Maldito velho! Ainda no outro dia passei por ele e este nem se dignou a responder-me quando lhe desejei bom dia. Pois para mim, a partir de agora, posso muito bem mandar-lhe enfiar o bom dia, que sempre lhe desejo, por um local em que o sol não brilha.
_ Rudolf!
_ Desculpa lá Brigit. Eu sei que tu até gostas dele, mas custava muito ao raio do velho ser um pouco mais simpático?! Ainda por cima, acha-se o único com direito a entrar naquela floresta. Raios! A floresta não é dele para mandar e desmandar!
Brigit balançou a cabeça pensativa, fixando os seus olhos na loiça que limpava.
_ Não gosto nada daquela floresta. Dá-me arrepios! Já minha avó dizia que ela estava recheada por almas perdidas e torturadas. Que se estivéssemos com atenção poderíamos ouvir as correntes que prendem as almas à terra. – segredou em voz baixa – A mim não me apanham lá dentro.
Rudolf fez um som de descrença, olhando divertido para Brigit.
_ Almas com correntes?! Putz! A mim não me apanham com essas histórias de carochinha. O velho anda a tramar alguma naquela floresta e ponto final!
_ Ai não! Não me venhas com a história do ouro escondido. Já estou farta das tuas teorias absurdas. – resmungou Brigit, largando o pano de cozinha em cima do balcão.
_ “Teorias Absurdas”?! Quem tem aqui “teorias Absurdas”, ó senhora das almas penadas?! A única razão que leva um homem a passar tanto tempo num local e a tentar fazer de tudo para que outros não se aproximem só posso ser dinheiro! Ouro! Talvez diamantes!
Os outros riram-se com gosto enquanto que Brigit apenas revirava os olhos. Glew, um dos três homens, lançou um braço por cima dos ombros do último com uma expressão de divertimento no rosto.
_Ou então… o velho O`Marlac finalmente descobriu os teus neurónios, mas ainda está a tentar decidir se os devolve ou não.
As risadas intensificaram-se ainda mais e Rudolf deu um empurrão a Glew, que o fez cair da cadeira.
_ Riam-se o quanto quiserem, mas o velho maluco está por detrás de alguma. Escrevam o que vos digo.
O terceiro homem, Falert, bebericou a sua cerveja e olhou para as fotografias antigas colocadas na parede do bar, por detrás do balcão, sem prestar muita atenção às mesmas.
_ Nããa!!! A única coisa que o velho faz é sentar-se durante horas à frente da árvore branca a olhar para ela. Agora… o que ele tanto vê nela vai para além da minha compreensão.
_ Que já não é muita, não é, Falert?! Já há muito que a cerveja te entorpeceu o raciocínio.
_ Por falar nisso… – Brigit inclinou-se para a frente, em sinal de confidência. Vocês já repararam que anda passar muito tempo lá? Quer dizer, mais do que costume?
_ Agora que falas nisso… Ele agora não larga a floresta. E anda mais irritadiço que o costume. Ontem cheguei mesmo a pensar que ele iria matar o filho do Cohen!
_ O que foi que esse imprestável fez desta vez? – rosnou Falert.
Glew riu com vontade e respondeu-lhe por entre gargalhadas.
_ Foi durante a noite para a floresta. Disse que era um teste de coragem. Estes miúdos de hoje… – abanou a cabeça divertido – Parece que levou uma lata de tinta vermelha. Disse que ia “dar mais vida à árvore”. Só que teve azar. O velho O`Marlac anda mais atento que nunca. Apanhou-o exactamente quando este lançou a tinta para a árvore. O velho ficou possesso!
_ Espero bem que lhe tenha dado um tiro com a caçadeira!
_ Então Falert. É só um miúdo.
Os olhos de Falert brilharam de raiva, e suas mãos fecharam-se com mais força na sua própria caneca.
_ É um vândalo!
_ Tu apenas dizes isso porque ele anda a namoriscar a tua filhota.
Já roxo de raiva, virou-se para o amigo com uma expressão assassina. Brigit, não querendo que o episódio da semana passada se repetisse no seu bar (“Duas mesas partidas e a necessidade de comprar copos novos! É a última vez que deixo homens verem futebol no meu bar!”) tratou de os interromper.
_ Mas diz-me lá, Glew. O que o velho lhe fez?
O sorriso regressou à face bronzeada pelo sol do homem.
_ Pagou-lhe na mesma moeda. Lançou-lhe a tinta vermelha. Apareceu a casa vermelhinho como um tomate. Só faltava o caule em cima da cabeça.
O bar encheu-se novamente de risadas.
_ Não foi o Sr. Thomas quem o pintou.
A frase havia sido dita num tom de voz baixa, mas todos ouviram e se calaram. Olhando para o lado depararam-se com Aine, a irmã mais nova de Brigit.
_ Que estás para aí a falar Aine? – Perguntou carinhosamente a irmã.
_ Não foi o Sr. Thomas quem o pintou. Foi a árvore.
Os homens trocaram olhares significativos entre si.
_ Pois… a árvore! Foi a árvore, rapazes!
Falert e Rudolf abafaram as risadas nas canecas de cerveja. A pequena Aine subiu para o balcão e colocou-se frente a frente com os três homens. Rudolf pensou que nunca vira uma criança de 9 anos com uma expressão tão aborrecida.
_ Foi a árvore. Eu vi! O idiota do Morris Cohen atacou-a com a tinta. Por uns momentos a tinta ficou lá, espalhada pelo tronco e ramos, mas depois a tinta como que explodiu na direcção dele. E foi muito bem feito. Ele não tinha o direito de atacá-la. Principalmente quando ela está tão fraquinha…
Indiferentes à tristeza na expressão da criança, os ombros dos homens tremeram com a força das gargalhadas contidas. Por último, acabaram por não aguentar mais e acabaram por rir com vontade.
_ Oh!! A árvore atacou o Morris. Ela fez a tinta sair.
_ Talvez tenha se sacudido como um cão.
_ Diz-me, pequena Aine, a árvore também gritou?
Com lágrimas de fúria a caírem-lhe pelos olhos, Aine saltou do balcão furiosa, colocou-se à frente de Rudolf e mirou um pontapé nas canelas do último, fazendo-o gritar de dor.
_ AI! Seu diabrete!
_ És um estúpido!
Brigit rapidamente contornou o balcão e agarrou a irmã, antes que esta aplicasse um novo pontapé.
_ Vê se controlas a tua irmã, Brigit! Se a minha filha me tratasse assim, levava umas boas palmadas.
_ Ela apenas está cansada. Anda Aine, anda dormir que já está tarde.
E, agarrando na mão da irmã, começou a orientá-la na direcção das escadas que levavam à casa localizada por cima do bar.
Quando chegaram ao quarto de Aine, esta ficou calada enquanto que a irmã a ajudava a tirar o vestido florido que vestia. Quando já estava dentro das cobertas da cama, perguntou para a irmã, baixinho:
_ Tu acreditas em mim, não acreditas, Brigit?
A irmã sentou-se na cama e olhou com pena para a irmã.
_ Aine, as árvores não fazem a tinta mexer-se.
_ Mas esta faz! – Reclamou – Eu vi!
_ Como é que tu viste? O filho do Cohen foi à floresta de noite e, a essa hora, tu já estavas na cama.
Aine olhou envergonhada para baixo.
_ Aine! Tu saíste do teu quarto?
_ Desculpa. Mas a árvore precisava de mim!
_ Como assim precisava de ti?
_ Não consegues ver a luz que emana dela? É uma luz quente, reconfortante… – fechou os olhos e sorriu. - Sinto-me segura. Mas nestes últimos dias a luz está mais fraca. E fica cada vez pior! A última vez que fui lá, os cristais estavam muito pequeninos. E o Sr. Thomas disse que eles ficam cada vez mais pequeninos.
A irmã olhava assustada para ela, dividida entre a fúria e o medo.
_ Tu costumas ir lá? E falas com o velho O`Marlac?
O silêncio da irmã foi toda a confirmação que precisou.
_ Aine! Ele é louco e a floresta é perigosa!
_ Ele não é louco. Ele é sempre simpático comigo. E deixa-me sentar ao pé dele. Ele também vê a luz da árvore. Mais ninguém vê.
Brigit levantou-se da cama e começou a andar inquieta pelo quarto. A sua irmãzinha, sozinha com aquele velho doido. Ainda por cima naquela floresta que tanto medo lhe causava. Tentou respirar fundo. Tinha de ter calma. Aine era só uma criança que não compreendia os perigos da floresta. Era seu dever falar com ela, com calma, e protegê-la.
_ Aine, porque é que foste de noite à floresta?
_ Eu já te disse. – Respondeu impaciente – A árvore precisa de ajuda. Eu fui regá-la. Vês?
Saltando da cama, correu a um canto do quarto e mostrou o regador florido de criança como se este fosse um troféu.
Brigit não conseguiu controlar o sorriso que lhe aflorou nos lábios.
_ Eu acho que, se a árvore está a morrer, não será apenas com água que a vais salvar.
_ Eu sei… – sussurrou tristemente.
Pegando na irmã ao colo, abraçou-a contra o peito antes de a voltar a deitar.
_ Aine, eu não quero que vás para a floresta sozinha. Vamos fazer assim, se gostas tanto da floresta eu vou lá contigo, combinado?
Um sorriso apareceu no rosto infantil e esta concordou avidamente.
_ E nada mais de historias sobre árvores que lançam tinta, combinado? Ou de luzes quentes.
_ Mas é verdade!
_ Aine! Pensa um pouco. Achas mesmo que as árvores conseguem fazer isso?
_ Esta consegue! Não te lembras das histórias que a avó contava?
_ Eram apenas histórias para nos fazerem dormir.
_ Não eram nada! Eu sei que tu acreditas nelas. Ainda há pouco falavas disso lá em baixo.
_ Não nego que existe algo de estranho na floresta mas “árvores que brilham”? Isso já é a tua imaginação a funcionar.
Agachou-se para lhe dar um beijo, sorrindo da cara emburrada da irmã.
Desejou-lhe boa noite, saindo do quarto após apagar a luz.
Aine ainda ficou acordada durante mais algum tempo. Levantando-se um pouco, espreitou pela janela e reparou que a luz da árvore, que sempre consegui ver projectada para o céu, estava ainda mais fraca do que no dia anterior. Apeteceu-lhe chorar mas conteve-se.
De repente, algo despertou-lhe a atenção. Da escuridão da noite, três figuras encapuzadas apareceram. Sentiu medo. Seriam ladrões? Homens maus?
As três figuras caminhavam a um passo apressado para a floresta.
Será que iriam fazer mal à sua preciosa árvore?
Mas para seu espanto, a luz que via por entre a floresta aumentou, como que cumprimentando os estranhos.
E quando Aine já não mais conseguia ver as três figuras estranhas, quando estas desapareceram por entre as árvores da floresta, Aine sentiu que a árvore estava feliz.
Enfraquecida mas feliz!
E, pela primeira vez em muitas noites, Aine adormeceu com um sorriso nos lábios.
Se a sua amada árvore confiava nos estranhos, ela também confiava.


* * *

Alexandre, Merlin e Amos caminhavam pela floresta, sem prestar muita atenção em seu redor.
Chegando ao seu destino, Alexandre sorriu diante da visão à sua frente. Por mais tempo que passasse e mesmo estando enfraquecida, a árvore continuava uma visão digna de se ver. Isolada no meio de uma clareira, rodeada por um círculo de carvalhos, a luz branca acariciava tudo ao seu redor.
_ Olha para ali.
Seguindo o olhar de Amos, voltou a sorrir, desta vez com uma mistura de divertimento e pena. Com as costas apoiadas no tronco de um carvalho, um velho dormitava agarrado a uma caçadeira. No entanto, era visível, por entre o casaco velho aberto, a varinha enfiada no bolso das calças.
Olhando marotamente para Amos fez-lhe sinal com a cabeça, mostrando claramente o que pretendia.
_ Nem penses! – Sussurrou o outro.
_ Vá lá Amos! Para de ser um desmancha-prazeres.
_ Ainda o matámos de susto!
_ Nãã!! Ele é rijo!
_ Sabes… é suposto sermos sérios nestes momentos.
_ A vida já é séria o suficiente. Temos de dar mais gargalhadas.
Merlin sorriu abanando a cabeça. Dando poucos passos para a frente, pousou suavemente a mão no ombro do velho Thomas, de modo a não o assustar.
No entanto, este deu um pulo, empunhando ameaçadoramente a caçadeira, em puro reflexo.
No entanto, quando a visão toldada pelo sono voltou ao normal, afastou rapidamente a caçadeira. Abrindo a boca numa clara intenção de pedir desculpas, Merlin parou-o antes de dizer qualquer palavra, colocando o indicador nos lábios num pedido de silêncio.
Thomas acenou com a cabeça e levantou-se com cuidado.
Fazendo um sinal com a cabeça em forma de cumprimento, apoiou a caçadeira ao ombro e saiu da floresta.
_ Estraga - prazeres! – Murmurou Alexandre fazendo Merlin sorrir.
_ Amos tem razão, Alexandre. Esta não é a hora.
Decidindo ignorar a expressão de triunfo na face de Amos, Alexandre caminhou rapidamente na direcção da árvore, adquirindo uma expressão triste.
_ Ela está enfraquecida. – Colocou a mão no tronco branco recebendo como resposta um sinal luminoso fraco – Custa-me vê-la assim.
_ Não te preocupes, Alexandre. Nós estamos aqui para ajudar.
O som de alguém a tropeçar interrompeu-os. Olhando para o lado viu Amos a recuperar o equilíbrio e abaixar-se, agarrando algo. Um balde florido.
_ Parece de criança.
_ Parece que a pequena Aine já veio visitar a árvore.
_ Quando é que ela vai descobrir?
_ Tudo a seu tempo, Alexandre. Tudo a seu tempo… Agora temos uma outra missão.



* * *



As portas negras abriram-se num estrondo, subjugando-se à força e fúria de Lord Voldemort. Sentia-se enraivecido, descontrolado mas, acima de tudo, ignorante. Ignorante no que se referia à identidade das três figuras misteriosas que haviam penetrado no departamento dos Mistérios. Ignorante relativamente aos objectivos dos 3 vultos. Ignorante quanto à capacidade dos mesmos. E isso era o que mais odiava. Não saber…
Quem seriam? O que queriam? Seriam aliados de Dumbledore? Seriam seus inimigos? Representariam uma ameaça aos seus planos?
Deu um grito de fúria, bramindo a varinha de tal modo, que a poltrona à sua frente reduziu-se a cinzas. Nenhum dos seus devoradores da morte ousavam entrar na sala, receosos da ira do seu mestre. Voldemort quase desejou que entrassem pois talvez os gritos de terror e medo fossem a solução para se acalmar. Não! Não podia perder mais servos. Com o cerco dos aurores a apertar-se, não se podia dar ao luxo de perder mais varinhas do seu lado. Se bem que não receava o ministério e seus aurores. Bando de idiotas! O seu poder crescia cada vez mais e poderia considerar-se imortal! Ninguém estava ao seu nível. Nem mesmo o amante de muggles do Dumbledore.
Respirou fundo, sorrindo divertido. Quem quer que fossem as três figuras misteriosas não tinham qualquer hipótese contra ele. Ele que fora muito além… que desenvolvera o seu poder para além da imaginação humana… que…
_ “Poder para além da imaginação humana?!” Bem… isso sim é que é imaginação!
Voldmort parou, no meio do grande salão de pedra, e olhou em redor, tentando perceber se imaginara a voz fria e divertida que dissera aquelas palavras. Apenas encontrou uma sala vazia e gélida.
_ Mas também a arrogância dos mortais foi uma das primeiras coisas que descobri. “Poder para além da imaginação humana!”
E por entre as sombras surgiu um homem alto, de porte altivo e majestoso e de olhos prateados. Este sorria divertido, dando passos lentos para a frente e estudando calmamente Voldemort.
_ Não estaremos a ser um pouco… digamos… presunçosos?
O choque, que momentos antes dominara Voldemort, rapidamente foi substituído por um sentimento mais conhecido para si: raiva.
_ Mas quem és tu? E como entraste aqui? E como te atreves a falar assim comigo?! Não sabes quem eu sou?
_ Tom Riddle presumo! Pelo menos espero que sim ou a minha visita foi em vão.
Novamente o choque se apoderou do feiticeiro das trevas. Como poderia aquele desconhecido saber o nome pelo qual era chamado, anos atrás?
_ Não repitas esse nome! Não te atrevas a voltar a chamar-me pelo nome imundo daquele muggle miserável.
Figura soltou uma gargalhada divertida, completamente indiferente à expressão aterradora do outro bruxo.
_ Bem… que amor ao próprio pai. E eu a pensar que vocês eram dados para o sentimentalismo. Pelos vistos nem todos. E Abner ainda vos protege…
_ Eu não sei como sabes dessas coisas mas…
_ Oh! Eu sei muitas coisas. Muitas! Ficarias surpreendido, Tom!
_ Esse não é o meu nome!
_ Oh sim! Já me havia esquecido que não gostas de ser chamado pelo teu verdadeiro nome. Como é mesmo o nome que usas agora?! Voldemort, não é? Lord Vodemort! Vocês sempre gostam de usar nomes grandiosos. LORD Voldemort – deixou a palavra deslizar pela sua língua, como que a saboreasse pela primeira vez – Não tens muito de Lord, pois não, Tom?
Voldemort já tinha ouvido o suficiente. Erguendo a varinha lançou uma maldição para o estranho homem apenas, para a ver desvanecer-se no ar, como que fumaça, sem jamais ter atingido a figura. O homem sorriu levemente e caminhou para a mesa que existia num canto do salão, retirando de um travessa uma maçã, indiferente à maldição que havia sido lançada. Segurou a maçã à frente do seu rosto e ficou a contemplá-la durante uns segundos, como um artista a avaliar a sua arte.
_ Pobres Bruxos. Sempre a usarem palavras… aristocráticas quando se referem a si mesmos – deu uma trinca na fruta, sentando-se na mesa com um perna em cima da mesma – A minha teoria é a seguinte. Quanto mais baixa for a origem do bruxo em questão, mais este tenta compensar com falsas pretensas. Se era pobre, comporta-se como rico. Se era um nada, torna-se um Lord. Se tem pais não mágicos, comporta-se como… como vocês dizem mesmo?! Ah! Sangues puros… É isso… e rebaixam aqueles que não o são. Coisas do género. É lógico que falo dos bruxos que desejam o poder. Porque os bruxos que se auto-afirmam “do bem” são imunes a tais vontades de grandeza. Pelo menos é o que eles acham. Todos temos uma semente maléfica. Uns apenas a escondem melhor do que outros. No final são apenas patéticos, tanto uns como outros. Os primeiros por se acharem os melhores: o melhor feiticeiro, o dono de tudo e outras baboseiras. Os segundos porque se contentem com o que têm. Simplesmente patético!
_ Ou és louco ou muito corajoso! – Acabou por dizer Voldemort.
_ Louco?? Corajoso?? – aquilo sim parecia confundir o estranho – Porquê?
_ Por vires até aqui insultar-me. Deverias recear pela tua vida.
O estranho ficou a olhar para ele durante mais alguns segundos, até ter a reacção que Voldemort menos esperava. O estranho riu! Riu com gosto, sem qualquer dúvida ou receio.
_ Recear pela minha vida?! Oh não, meu caro “Lord Voldemort”. Se existisse alguém que deveria estar preocupado nesta sala, esse alguém não seria eu!
_ Como?!
Erguendo novamente a varinha, uma luz violeta lançou-se com toda a velocidade na direcção do intruso, para novamente se ver extinta.
_ A atacar as visitas? Ignorei da primeira vez por educação mas duas já é demais. – Aquilo parecia diverti-lo ainda mais – Mas o que é feito da boa educação britânica?
_ Como fazes isso?
_ Eu sei fazer muitas coisas. E se queres um conselho Tom Marvolo Riddle, eu não voltava a fazer isso. Tentativas de tortura e azaração têm tendência para me deixar um pouco rabugento. Afinal, eu vim aqui todo cortês e é assim que me tratam? Nunca te ensinaram a não brincar com aqueles que te podem vencer?
Voldemort tremia de raiva. Não sabia como ele havia feito suas maldições desaparecerem como se nada fossem, mas não deixaria que um pirralho insolente se divertisse às suas custas.
_ Pirralho insolente?! Nunca me chamaram pirralho. E eu a pensar que já estava bem grandinho.
O choque fez Voldemort dar dois passos para trás.
_ Como fizeste isso? Não podes ter lido a minha mente. Nunca baixo as minhas defesas em torno da mente.
_ Essas defesas? – fez um som a demonstrar claramente o seu desprezo pelas mesmas – Eu poderia passar toda a noite a quebrá-las uma a uma.
E Voldemort sentiu sua mente ser invadida com uma força brutal. Uma mão imaginária a vasculhar seus pensamentos, suas memórias, derrubando suas protecções mentais, conseguidas pela arte de Oclumência, como se nada fossem. De repente a mão desapareceu, tão rapidamente como tinha surgido, e Voldemort viu-se apoiado a uma pilastra à procura de apoio.
_ Mas isso não é nada divertido. Para quê perder tempo com a tua mente?!
Voldemort afastou-se da pilastra como se esta ardesse. Viu-se invadido por um sentimento que há muito não experimentava: vergonha. Mas como poderia Lord Voldemort, aquele que detinha o poder de destruir o ministério e que controlava um exército de bruxos, Gigantes, lobisomens e outras mais criaturas, sucumbir facilmente às vontades de um estranho. Que poder era aquele?
_ Nem sejas muito duro contigo próprio Tom. Muitos antes de ti sofreram nas minhas mãos. Sou muito mais poderoso do que tu és ou alguma vez sonhaste ser.
_ Não me chames Tom!
_ Pronto…pronto. Como demonstração da minha boa vontade até uso o “Lord Voldemort”! Que tal?
Voldemort olhou para ele furioso. Mas o que era ele?! Um rapaz de 5 anos a ser mandado e desmandado?
_ Não, Voldemort! És um simples bruxo que será mandado e desmandado por alguém muito superior ti.
_ SAI DA MINHA MENTE!
_ OH! Mas é tão divertido ver-te contorcer de medo.
_ EU NÃO ESTOU COM MEDO!
O estranho levantou-se da mesa e caminhou para uma das janelas ficando a olhar para o horizonte, sem jamais deixar de sorrir.
_ Mas deverias. Porque apenas o medo te fará respeitar-me. Mas não te preocupes. Enquanto não me desobedeceres, não terás o que recear. Agora senta-te. – ordenou e, com um aceno de mão, uma poltrona apareceu atrás de Voldemort. – Temos muito o que falar.
_ Não me venhas dar ordens! Estás nos meus domínios e na minha presença. Não sei quem pensas que és, mas eu não aceito ordens de ninguém.
O jovem limitou-se a abanar a cabeça desapontado, desfocando finalmente a sua atenção do exterior da casa, para olhar para ele como que um pai que olha para o filho que fizera uma asneira.
_ Voldemort… Voldemort…. Voldemort… Estou cansado deste jogo. Ou te sentas ou faço-te sentar. Aconselho-te a escolher a primeira opção. A segunda pode ser algo… como dizer… dolorosa.
Uma terceira maldição lançada contra o estranho… uma terceira tentativa fracassada.
O estranho limitou-se a suspirar resignado.
_ Eu tentei! Tentei mesmo começar esta conversa a bem. Mas vocês são persistentes. Continuam a achar que nada vos vence. Tenho uma novidade para ti, Lord Voldemort – E movendo-se com uma rapidez não natural de nenhum ser que Voldemort tivesse algum dia conhecido, apareceu à frente de Voldemort com os olhos de prata a faiscar.
E pela primeira vez desde que Tom Riddle deixou de existir para dar lugar a Lord Voldrmort, sentiu medo. Um medo terrível que se duplicou quando sentiu o estranho fechar a mão no seu braço com a força de uma garra e depois… depois apenas dor e sofrimento. Sentiu ser corpo a despedaçar-se com a força de mil trovões, o ar fugir-lhe dos pulmões e a sensação de que a vida o abandonava.
De repente tudo terminou e a mão que o agarrava libertou-o. Sucumbindo à exaustão, deixou-se cair sobre a poltrona que anteriormente havia sido conjurada.
Regularizando a respiração, atreveu-se a olhar para cima para o estranho colocado à sua frente a sorrir novamente. O estranho que invadira sua fortaleza que até então pensara ser impenetrável. O Estranho que brincara com ele sem receio. Que troçara do seu poder e estatuto. O estranho que agora receava.
Por fim, conseguiu reunir forças suficientes para sussurrar:
_ Quem és tu?
_ Que falta de educação a minha. Mas o que é feito das minhas boas maneiras para me esquecer de me apresentar. – e, fazendo uma vénia, em sinal de troça – O meu nome é Behemoth.


* * *

Amazónia… Paraíso tropical recheado de belas e exóticas plantas, poderosas e imponentes árvores, habitat de uma variedade enorme de animais.
Considerada o pulmão do mundo, Amazónia sempre despertou um interesse peculiar na espécie humana. Desde muito cedo, esta floresta viu-se invadida por diferentes tipos de humanos, com diferentes tipos de objectivos. Como por exemplo, o cientista à procura de curas para doenças, o explorador em busca de tesouros, o aventureiro lutando por aventuras e até o historiador procurando desvendar os mistérios escondidos por detrás de cada árvore, gravados em cada folha.
Muggles e Feiticeiros tentam penetrar em suas fortalezas, marcando a floresta a cada nova passagem. Mas existem certas coisas… certos segredos… que a floresta não fornece e não desvenda. Esses mistérios apenas se encontram ao alcance daqueles que confiaram esses mesmos mistérios à mãe natureza.
_ AI!
_ Está calado Salazar!
_ Peço imensa desculpa sua senhoria. - falou o Magid ironicamente – Mas porque é que tivemos nós de vir para aqui. Não sei se sabem, mas não sou propriamente um homem que gosta de acampar.
Godric olhou para ele divertido.
_ A sério Slytherin?! Poderias ter-me enganado. E eu que julguei que adorasses viver no meio da mãe natureza.
Salazar limitou-se a lançar-lhe um olhar negro. Gabriella revirou os olhos pedindo paciência.
Os três Magids encontravam-se no puro coração da floresta da Amazónia, caminhando por trilhos que davam sinais de não serem há muito percorridos.
_ AI! RAIOS PARTAM OS MOSQUITOS!
_ Fala mais alto Salazar, porque acho que não te ouviram direito.
_ Olha aqui, patas felpudas, com quem é que tu estás tão preocupado no que toca a ouvir-me? As plantas?
_ Não seriam as plantas com quem estaria preocupado.
Salazar riu divertido:
_ Não me digas que o corajoso Gryffindor tem medo de atrair os animais.
_ Não estou com medo Slytherin. Mas com o volume da tua voz esganiçada não me admirava que se ouvisse do outro lado do oceano.
_ Quem é que tem aqui voz esganiçada? – Salazar parou de andar e olhou para trás, ficando ainda mais furioso quando se deparou com o olhar trocista do outro fundador de Hogwarts.
_ Oh! Não sei. Talvez tu!
_ Retira o que disseste!
_ E quem mo vai obrigar. Tu?
Vendo que aquilo estava a ficar descontrolado, Gabriella acelerou o passo e colocou-se rapidamente entre os dois.
_ Chegamos!
Os dois Magids lançaram mais um olhar de puro ódio entre os dois e viraram-se para frente para se depararem com o fim do trilho de terra. À frente deles, uma muralha de folhas e árvores se erguia. Godric olhou confuso em seu redor, tentando ver algo que lhe tivesse falhado.
_ Gaby! Chegamos propriamente onde?
Ouviu um som de troça à sua esquerda que o irritou profundamente.
_ Estás a rir-te de quê, idiota?
_ Da tua estupidez! Não te recordas que o caminho para o Gamyth é revelado…
_ …quando a floresta identifica um Magid ou o seu Backut. – completou a contra gosto Godric. – Já nem me lembrava.
_ Pois… A questão é porque será?
_ Eu até tenho uma boa resposta Slytherin. Queres ouvi-la?
_ É interessante? – perguntou ironicamente.
_ Bom… envolve a tua presença irritante e a tua capacidade de me importunar. Queres que desenvolva mais? Ou será que uma vez na vida, percebeste à primeira?
Salazar deu um passo na direcção dele ameaçador.
_ Olha lá leãozinho, e se parasses de me irritar antes que arques com as consequências?
_ Isso é uma ameaça, veneno de cobra? – rosnou Godric, dando também ele um passo em frente.
_ Considera um aviso.
Os dois fundadores encontravam-se, mais uma vez, frente a frente, narizes quase se tocando. Gabriella quase conseguia imaginar faíscas a saírem dos olhos de cada Magid, acompanhado por fumaça a sair das orelhas e nariz. Se fosse outra pessoa, provavelmente já estaria a procurar um esconderijo que a protegesse da fúria dos dois Magids, mas tantos anos na companhia dos dois rapidamente lhe ensinaram que o melhor era ignorar. Pelo menos desde que eles não passassem das ameaças à luta propriamente dita.
Olhando em frente, Gabriella ergueu a mão direita no ar e aguardou. Não teve de esperar muito. Um vento poderoso apareceu do nada, englobando-os numa espiral. Reconhecendo-os, duas mãos de vento se formaram, dirigindo-se para a frente, e começaram a afastar magicamente as árvores, formando um trilho para eles. Recomeçaram a andar em silêncio, até que o som de uma bofetada foi ouvido, fazendo Gabriella olhar para Godric acusadoramente.
_ Não fui eu! – falou inocentemente.
Olhando ambos para trás, viram Salazar a afastar a mão da cara com uma expressão desgostosa, para, de seguida, a abanar libertando o insecto que momentos antes esborrachara.
_ Um já está. Agora só faltam biliões!
Trocando um olhar divertido com Godric, tentou falar calmamente, de modo a que o outro não detectasse as gargalhadas que tentava controlar.
_ Porquê é que não usaste a loção que o Professor Slughorn tão amavelmente nos preparou? Eu e o Godric usamos e ainda não fomos picados uma única vez.
_ Mas eu usei! – Salazar olhou indignado para Gabriella – Na verdade espalhei duas vezes. Mas os mosquitos não me largam. Olha, eu até trouxe a garrafa.
E retirou o frasco do manto, passando a Gabriella que o abriu e cheirou levemente o conteúdo.
_ Salazar. Isto é água com açúcar. Não admira que os mosquitos não te larguem. Tens a certeza que esta foi a garrafa que o Professor Slughorn nos deu.
Salazar deu um passo em frente surpreendido e retirou o frasco das mãos da Magid.
_ Água com açúcar? Não pode ser. – Provou o líquido contido no interior do frasco – ISTO É ÁGUA COM AÇÚCAR!
_ Não foi isso que eu disse?
_ Mas… mas foi esta a garrafa que vocês usaram. Tu usaste em primeiro lugar, depois deste ao Gryffindor que depois… me deu… a mim. – As últimas palavras foram ditas com lentidão, como que se apercebendo de algo naquele momento. Olhando para o lado, deparou-se com o fundador da casa dos leões a afastar-se deles sorrateiramente.
Aquilo tirou-o do sério.
_ GODRIC GRYFFINDOR!
_ Sim, Salazar? – perguntou inocentemente.
_ Tu trocaste as garrafas! SEU IMPRESTÁVEL! ALGUMA COISA QUE QUEIRAS DIZER EM TUA DEFESA ANTES DE TE MATAR?!
_ Achei que talvez quisesses adocicar um pouco mais a tua “bela” personalidade?! – perguntou.
Os olhos de Salazar faiscaram perigosamente, seus punhos se fecharam juntamente com os seus olhos. Começou a contar mentalmente até 10, tentando recuperar um pouco de auto-controlo.
_ Explica-me uma coisa, juba humana. Eu não te suporto, certo?
_ Certo.
_ Tu não me suportas, certo?
_ Certíssimo.
_ Então porque raio é estamos no mesmo grupo?
_ Pergunto-me exactamente a mesma coisa. Não olhes para mim assim, Slytherin. Não fui eu que fiz os grupos, disso podes ter tu a certeza.
_ O Merlin foi quem os fez.
Ambos olharam estupefactos para Gabriella, que continuava a andar, aparentemente indiferente à discussão entre os dois. Foi Slytherin que recuperou primeiro.
_ O que lhe passou pela cabeça? Se calhar é verdade o que costumam dizer: a idade não perdoa. Se calhar Merlin já está a sentir os efeitos da idade, que se diga de passagem, não é pequena! Talvez um pouco de senil?!
_ Salazar Slytherin! Mais respeito. O Merlin não está a sentir a idade. Ele apenas pensou que, se vocês os dois trabalhassem mais em conjunto, talvez deixassem as guerrilhas entre os dois de lado e deixassem de se comportar como duas crianças mimadas.
_ Gabriella, deixa-me explicar-te algo. Durante os anos que eu e o Gryffindor trabalhamos juntos na construção de Hogwarts e durante todo o tempo que convivemos como Magids, nós jamais deixamos de, como tu disseste, “guerrilhar um com o outro”. Achas mesmo que será agora que deixaríamos?
Gabriella optou pelo silêncio e acelerou o passo. Trocando olhares furiosos entre si, os dois homens também aceleraram o passo até chegarem ao seu destino. À sua frente um conjunto de grutas se abriu, por entre a multiplicidade de rochas. Fechando os olhos, Gabriella optou por uma, em específico, que em nada se destacava em relação com as outras, aos olhos de outras pessoas.
Entraram na gruta, em silêncio, andando durante 10 minutos a um passo lento, tentando não tropeçar por entre a escuridão.
Finalmente, uma luz azulada começou a ganhar vida ao fundo da gruta, guiando os três Magids para a sua magia.
Por fim, atingiram o seu destino. A gruta abriu-se num largo átrio e nele um lago azul deslizava lentamente. Por entre as águas, corpos flutuavam ao sabor das águas, sem emitir qualquer som. Talvez “corpos” não seria a palavra mais correcta. Espectros. Sim... Espectros formados apenas de uma leve fumaça branca. Milhares de espectros sem rosto, adormecidos no doce sabor da eternidade.
_ E agora? O que fazemos? – Sussurrou Godric a Gabriella.
_ Agora? Agora aguardamos…



* * *

Voldemort olhou para o homem à sua frente, sem saber o que pensar. Pela primeira vez, sentia-se inferior… subjugado. Conseguia detectar uma malícia perigosa por detrás do sorriso do seu “convidado”.
_ Behemoth?! – perguntou, como que testando o nome.
_ Behemoth, Asmodeu, Belzebu, anjo da morte… já me deram muitos nomes. Gosto mais de Behemoth.
_ Behemoth como o diabo?! Tu és…
Behemoth conseguiu ver a linha de pensamentos de Voldemort e riu com vontade.
_ Não é engraçado como a mente das pessoas funciona? Respondendo à pergunta: Não! Pelo menos não nesse sentido. O mal é… como dizer… complexo? Não se restringe a uma pessoa. Está distribuído e manifesta-se através de várias coisas e seres. Eu sou apenas uma bela e representativa manifestação do “mal”.
_ Então porque te chamam Behemoth?
O sorriso que o respondeu brilhou de maldade.
_ Porque talvez me aproxime bastante da figura que todos têm do “Diabo”? Ou será que deveria dizer antes, que ele possa ser uma caricatura sobre mim? Quem sabe?
Dando costas ao bruxo, regressou à mesa para se servir da taça de vinho. Tomou um gole, fechando os olhos com prazer:
_ Já me havia esquecido dos pequenos prazeres dos mortais.
_ Porque nos chamas mortais?
_ Porque a minha noção de imortalidade vai muito para além da vossa ideia de imortalidade.
_ Eu sou imortal! – indignou-se Voldemort – Consegui ir muito além do que qualquer um antes de mim. Ninguém me poderá destruir.
Novamente, risos foram ouvidos pelo recinto.
_ “Imortal”?! Imortal?! – troçou – Objectos guardadores de alma não é o que eu considero imortalidade. Esses, quando descobertos são facilmente destruídos. Diz-me, Lord Voldemort, se és Imortal porque razão o teu destino se encontra com a morte quando te defrontares com o teu inimigo?
A pele de Voldemort tornou-se ainda mais clara, mais pálida.
_ De que estás a falar? O que queres dizer com “o teu destino se encontra com a morte”? Eu vou morrer?
_ Todos morrem, Tom. – não havia compreensão na voz fria.
_ Não! Estás errado. Ninguém tem o poder de me destruir. Estou a um passo de atingir o meu triunfo final. O ministério já não tem mais forças para se debater comigo. Os corpos de aurores se acumulam. Quem me poderia vencer? Dumbledore?
_ Dumbledore? Não. Tu não nasceste para preparares Dumbledore.
_ Como assim?
_ Falas num mero passo para atingires o triunfo. Mas esqueceste que é preciso muito menos para cair. Temos um inimigo em comum, Voldemort. Mas existe uma grande diferença nessa relação. Tu nasceste para que ele descobrisse o seu verdadeiro potencial. O seu potencial para lutar comigo. És um mero peão num jogo de xadrez, enquanto que eu sou o verdadeiro rei. Só que tu já nasceste com o teu destino traçado para a derrota. Eu, por outro lado… – sorriu deliciado – Eu não tenho destino. Eu construo o meu destino. E pretendo que nela esteja escrito VITÓRIA!
Voltou a levar a taça de prata aos lábios, aparentemente indiferente à luta interior que se travava dentro de Voldemort. Medos e descrenças assolavam a alma negra do bruxo. Mas o que estaria Behemoth a dizer?! Que iria ser derrotado num futuro próximo ou longínquo? Que toda a sua busca por imortalidade era apenas uma tentativa infrutífera que seria arrasada por uma alguém sem rosto?
Uma nova dúvida surgiu na sua mente, naquele instante. Quem seria o seu inimigo? Seria alguém com quem já se travara antes e que neste momento treinava por triunfo? Seria um traidor? Um dos seus servos a preparar um ataque?
Não. Não podia ser. Conhecia o potencial de cada um deles. Nunca poderiam sobreviver numa luta contra si. Mas então, quem? Quem?
_ Quem? – a pergunta mental escapou-se-lhe por entre os lábios sem se aperceber.
_ A pergunta não é quem, meu caro. Mas sim: Como devo evitar isso?
_ Não percebo. É claro que tenho de saber quem. Porque se souber posso destruí-lo agora, enquanto está fraco e ainda não tem a capacidade de me vencer.
_ Bem… isso sim seria digno de se ver. Responde-me uma coisa, Lord Voldemort: Como se pode destruir alguém que ainda não existe?
O choque atingiu o bruxo com a força de uma Bludger. “Que não existe?”
_ A reposta é: não se pode.
_ Espere um momento. Como assim:” Que não existe?”
_ Exactamente isso. O teu inimigo ainda não nasceu.
_ Ainda… ainda não nasceu?! Quer dizer que ainda estarei no controlo por muito tempo e que depois serei derrotado por um… um… pirralho?!
Os olhos do outro brilharam. Há quanto tempo não se divertia assim?
_ Define pirralho.
_ Uma criança. Um adolescente. – a cada palavra a fúria era mais palpável. As mãos tremiam, a voz soava cada vez mais descontrolada. – UM DESPERDÍCIO DE TEMPO E INTELIGÊNCIA!
Novamente risadas frias se fizeram ouvir.
_ “Um desperdício de tempo e inteligência?” Então, Voldemort. Que maneira de se falar dos adolescentes. Afinal não são vocês que dizem que eles são “a esperança de um novo mundo?”
Pousou a taça na mesa satisfeito e recomeçou a andar.
_ Mas sim. Podemos dizer que sim. Quer dizer, primeiro ele quase que liberta o seu poder quando ainda era… Se tu chamas pirralho a um adolescente o que chamarias a um bebe de 1 ano? – perguntou inocentemente.
_ 1 ANO?!
_ Hum… – levou a mão ao queixo pensativo – chamemos-lhe rebento. Ele venceu-te quando ainda era um rebento. Quer dizer… vencer, vencer ele não venceu. Colocou-te temporariamente fora do combate. Mas acabou o serviço quando pirralho.
_ Isso não é possível.
_ Mas é claro que é. Pouco provável mas não impossível.
Ficaram em silêncio durante mais alguns segundos durante os quais Behemoth fez surgir uma segunda poltrona e sentou-se nela, a olhar em seu redor, como que avaliando o salão em torno de si.
Voldemort parecia preso no seu próprio mundo. A notícia de que alguém viria para o derrotar o assustara. Confrontara-o com a perspectiva de que não era invencível. Que seria derrotado por alguém mais forte do que ele.
_ Não terei hipóteses de vitória?
_ Como?
_ Contra esse… esse ser que irá ser meu inimigo. Não poderei vencê-lo?
_ Num confronto entre os dois, nem pensar. É verdade que antes de lutar contigo os poderes, algo, únicos dele ainda não estão despertos. Mas num confronto eles acabariam por acordar. E uma vez despertos… – assobiou – Boa sorte! Vais precisar.
A mente de Voldemort começou a fervilhar de possibilidades. Tentou procurar respostas, possíveis saídas. Aquele não poderia ser o seu desfecho. Uma ideia surgiu na sua mente como uma golfada de ar após eternidades debaixo de água.
_ Os pais! Se eu matar os pais, ele não nasce. Assunto resolvido!
_ Não iria adiantar muito. Ele está cá.
_ Ele quem?
_ O teu inimigo.
_ Mas eu pensei que ele ainda não tivesse nascido! Tu mesmo o disseste.
_ E está correcto. Mas ele faz parte de um grupo de grandes bruxos. Mesmo grandes. Entre os muitos poderes que possuem, viajar no tempo é um deles. Eles detectaram a minha presença neste ano e vieram proteger todos aqueles que vivem neste tempo. Estão instalados, neste momento, em Hogwarts. Na verdade, as 3 figuras que tanto queres descobrir quem são, fazem parte desse grupo. Abner estava nesse grupo.
_ Abner? – perguntou confuso.
_ É o seu nome Magid. Magids é o grupo. Tu irás conhecê-lo como Harry Potter.
_ Potter?!
_ Estou a ver que és familiar com a família dele.
_ Claro que conheço os Potter. Um deles morreu há uns tempos nas mãos dos meus súbditos. Maldito traidor! Uma família tão importante mas que protege quem é indigno de ocupar o mesmo lugar que aqueles que realmente são puros. Sei que tem um filho que anda neste momento em Hogwarts. Jameson, Jaime, James… não sei ao certo o nome dele. Quer dizer que esse Harry será o filho desse rapaz?
Behemoth limitou-se a concordar com a cabeça.
_ Então é fácil. Basta matá-lo. Não será preciso muito. Ouvi dizer que é bravo e luta bem para a sua idade, mas não tem hipóteses contra um ataque com vários devoradores da morte.
_ Voldemort… Voldemort… Voldemort. Não ouviste nada do que eu disse? Não o podes tocar! Achas que Abner não tomou providências para o proteger, bem como todos os alunos daquela escola? E mesmo que conseguisses chegar até ao rapaz e matá-lo não te serviria de nada. Pelo menos não neste momento.
_ O que queres dizer com isso.
_ Abner é dotado de um poder extraordinário. Um dos seus muitos dons é o de ressuscitar!
_ Ele pode ressuscitar os mortos? Qualquer um?
_ Mas é claro que não. Até o mundo mais poderoso é subjugado a certas leis da magia. Abner só consegue ressuscitar aqueles que foram mortos antes do seu tempo. E esse assassinato seria uma dessas mortes. Matarias James Potter, apenas para este voltar à vida.
_ Então… não há mais nada a fazer? É isso?
_ Eu nunca disse isso. – sorriu – Nova pergunta: Como matas alguém quando existe Abner para o salvar?
Levantou-se da sua poltrona e caminhou lentamente até Voldemort.
_ Tens de anular a presença de Abner.
_ Mas tu disseste que eu não conseguiria vencê-lo em combate.
_ E não consegues. Mas eu consigo.
Voldemort sorriu deliciado. Finalmente aquele dia brilhava para si.
_ Então vais destruí-lo. Quando é o ataque?
_ Não sejas precipitado! Essa foi uma das razões que levaram à tua queda. Temos de ser pacientes. Afinal eles são 20 Magids.
_ 20?!
_ 20. Tenho de ter minha estratégia bem definida. Embora seja muito poderoso não posso ignorar o poder dos meus Inimigos. Além disso, ainda não tenho o meu exército completo.
_ Eu posso ceder-te os meus devoradores de morte.
A perspectiva trouxe um novo acesso de risos.
_ Os teus homens não sobreviveriam num ataque contra as criaturas dos Magids. Também eles têm o seu exército. O teu papel é outro.
_ Como assim?
_ Existem certas coisas que eu ainda não posso fazer. Uma delas é atacar os habitantes deste tempo por razões que já expliquei. Preciso manter Abner e os outros Magids ocupados, para que eu possa trazer o meu exército de volta até mim. É aí que tu entras.
_ Não percebo. Porque não podes ter o teu exército neste momento. Tens que ganhar a lealdade deles?
_ Eles já são leais a mim, Lord Voldemort. Só eu sou o mestre. Mas, vais rapidamente compreender, que entre este mundo e o mundo onde me vi aprisionado durante séculos com aqueles que existem para me servir existem vários portais.
_ Não compreendo.
_ Para proteger este mundo e manter o tão adorado equilíbrio dos mortais existem 7 portais. Os Magids chamam-lhes Gamyth. Um deles, o mais próximo do outro mundo, já foi quebrado. O portal dos indesejados! Mas os outros ainda se mantêm fortes. Tenho de os quebrar. Mas não o posso fazer enquanto a atenção de todos os Magids continuarem focadas neles.
_ O que são ao certo os Gamyth?
_ Com o tempo te direi. Agora o que é mais importante é saber de que lado ficarás.
Voldemort levantou-se também de sua poltrona ficando ao mesmo nível que Behemoth.
_ O que eu ganho com isso?
_ Para além de viveres?
Um arrepio trespassou Voldemort quando se recordou do que sentiu quando Behemoth o agarrara minutos atrás.
_ Estou a brincar, Voldemort. Eu posso ser muito generoso com aqueles que são leais a mim. Pensa o seguinte…
Começou a caminhar em torno do bruxo, falando baixinho, seduzindo-o com promessas que sabia encantarem os mortais.
_ Abner é um dos meus inimigos. Destruí-lo favorece-te.
_ Mas se o matares aqui não significa que ele não nascerá daqui a alguns anos.
_ Não! Quando se mata um Magid fora do seu tempo ou em Asera, a sua essência desaparece. Ele cessa de existir em qualquer tempo ou local.
_ Asera?
_ É a casa dos Magids. Mas isso não é importante. Eu tenho o poder de destruir de vez qualquer Magid. Tu serás a minha porta para este mundo. Pelo menos até que todos os Gamyth sejam quebrados. Porque uma vez quebrados poderei destruir os Magids. E uma vez destruídos não haverá mais nada entre mim e o resto do mundo. Não terei barreiras de tempo ou espaço. Aí poderei agir sem intermediários.
_ E como pretendes pará-los? Os Magids, quero eu dizer.
_ Tudo a seu tempo, meu caro. Tudo a seu tempo… Mas então, temos acordo?
_ Destróis Harry Potter?
_ Com prazer.
_ Como sei que falas a verdade? Como sei que isto não é apenas um esquema de Dumbledore? Magids?! Gamyth?! Nunca ouvi falar de tais coisas…
Os olhos de Behemoth cerraram-se levemente e uma poderosa aura negra o envolveu. Voldemort sentiu uma escuridão envolvê-lo e a voz que ouviu soou ainda mais tenebrosa.
_ Não me confundas com os dos teus súbditos, Lord Voldemort. Poderia matar-te, neste preciso momento. Estou a dar-te a oportunidade que sempre esperaste.
A escuridão dissipou-se e o sorriso reapareceu nos lábios de Behemoth.
_ Diz-me Voldemort. Não desejas poder? Não desejas destruir os Muggles? Pouco me importa o que lhes acontece mas se é teu desejo destruí-los dou-te esse prazer. Não queres imortalidade? Poderás ter tudo isso ao meu lado.
Voldemort ficou silencioso. A proposta era por demais tentadora. Ninguém para o parar. Nenhum limite.
_ Tenho outro inimigo. O nome dele é Dumbledore e…
_ Não te preocupes. Desse trato eu. É mais um inimigo nosso em comum. Ele também é um Magid. Logo é da minha responsabilidade.
_ Dumbledore é um Magid?
Porque é que aquele amante de Mugles seria um Magid e ele não? Nunca vira Dumbledore fazer algo que ele próprio já não tivesse feito.
Lendo os pensamentos de Voldemort, Behemoth respondeu-lhe:
_ Não julgues os Magids pelo que eles te deixam ver do seu poder. Eles não costumam mostrar o seu verdadeiro potencial. E então Voldemort, temos trato?
_ Deixas-me controlar os feiticeiros deste ano?
_ Mas é claro. Afinal sempre preciso de apoio para controlar tantos tempos e tantas almas. Considera isto como uma…parceria. – falava lentamente, seduzindo o bruxo com promessas.
_ Serei imortal?
_ Estarás mais próximo da imortalidade do que alguma vez estiveste.
Voldemort ficou silencioso, tentando tomar uma decisão.
Mas Behemoth sabia que o tinha na mão. Sempre soubera que o teria, no final. Gananciosos Mortais… Desejosos de oportunidades fáceis para atingirem o que desejam. “Irei-te controlar, Lord Voldemort, tal como fiz a tantos outros antes de ti.”
A voz de Voldemort soou pelo salão selando o pacto.
_ O que tenho de fazer?
Behemoth sorriu deliciado. Fora tão fácil que chegava a ser ridículo.
_ Para já, apenas preciso de cadáveres.
_ Cadáveres?
_ Sim. Cadáveres de vítimas tuas. Velhos, jovens ou crianças. Homens ou mulheres. Bruxos ou Muggles. Homens ou outras espécies. Porque não me surpreendes?


Nota de autora:

Eu sei que demorou. Eu sei! Mas aqui está! Um novo capitulo saído do forno.

Em primeiro lugar quero agradecer o facto de não terem desistido de mim! Muito obrigada!

Em segundo lugar quero dizer que já fazia tanto tempo que não escrevia ( culpa dos exames!) que estou meia enferrujada. Este capitulo era algo que eu queria muito escrever porque nele tinha o primeiro encontro entre o tio Voldie e o meu filhote Behemoth. Então? Desapontados com a conversa? Gostaram? Odiaram? Querem me matar?

Agora a fic vai sofrer uma viragem. Os capítulos, que até agora eram bastante calmos com paragem para romance, agora vão ser bastante atribulados. Cheios de mistério e perigos. Estou a preparar tudo para o derradeiro combate. Não será já no próximo capitulo nem nos que vêem já a seguir mas o cerco apertasse em torno dos magids e as coisas vão começar a esquentar. Portanto espero que realmente gostem de muito acção!

Em terceiro lugar quero agradecer os comentários, até os insultos!

Em quarto quero dizer a todos os que desejarem entrar na família que haverá um meio bastante simples de o fazerem. Basta entrarem no site da família.

Em quinto ( pareço um professor!!! SOCORROOOOOOO!!!) quero agradecer à minha família maravilhosa que sempre me apoiou. VIVA À FAMÍLIA MAGID. eles foram os que mais me ameaçaram por um novo capitulo. Alguns filhos meus, sempre que me apanhavam no msn perguntavam “ e o capitulo mama?” E é claro, não me posso esquecer da pessoa mais maravilhosa e a beta mais fabulosa: Guida Potter Magid. OBRIGADA POR BETARES E PUXARES A MINHA ORELHA!!!

ENTÃO, despeço-me com a promessa de que não vou esquecer de postar mais capítulos. E peço….

Não….

EU IMPLORO por comentários. Critiquem. Por favor! Pelas barbas de todos os meus magids, mesmo aqueles que ainda não as têm! COMENTEM!!! CRITIQUEM!!! NÃO SE ACANHEM!!!
TANTO TEMPO SEM ESCREVER PODE ME ENFERRUJAR! PRECISO DAS VOSSAS CRITICAS PARA SABER ONDE ERREI!!!

AH!! E QUALQUER DUVIDA SERÁ RESPONDIDA. Quer dizer… ainda não posso contar o final, não é? Mas tentarei responder a todas as duvidas na medida do possível desde que isso não interfira com o suspense da fic.

Beijos enormes desta louca escritora que vos adora IMENSOOOOOOOO, Lightmagid

Ps: não vou demorar a postar o próximo capitulo!

Ps2: Já repararam que para vos compensar este capitulo saiu ENORME?!

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