O amor de um pai para um filho



Capitulo 23: O amor de um pai para um filho

Howard Minner abriu lentamente os olhos. Inspirou sofregadamente o ar à sua volta como que saboreando-o. Sentiu um prazer…uma leveza inesplicáveis!
O ar a preencher-lhe os pulmões trouxe uma realidade maravilhosa… Estava vivo!
Soltou uma pequena risada de felicidade… Estava vivo! Não sabia como… apenas se recordava da completa escuridão que o havia preenchido quando a criatura o atacara…quando sentira as garras afiadas a cortarem-lhe o pescoço…
Inconscientemente…passou as mãos de leve pelo pescoço…não estava lá nada! Nenhum ferimento…nenhuma marca… nem sangue…
Será que sonhara?! Soubera no momento que as garras tinham entrado em contacto com sua pele, que estava morto! Que nunca mais veria a sua esposa...o seu filho…
O SEU FILHO! O seu amado filho… onde será que estava?! Quando fora atacado pela criatura, apenas tivera tempo de gritar para o pequeno para fugir o quanto pudesse. E se ele estivesse morto?! E se aquela vil criatura o tivesse interceptado e…e… Não queria pensar mais… A perspectiva era por demais dolorosa!
MAS se ele estava ali…a respirar… a sentir o coração bater por debaixo do manto… talvez o seu filho também estivesse vivo e em segurança!
Tentou organizar os seu pensamentos… recordava-se vagamente do rosto de um rapaz… um rapaz com belos olhos esmeraldas a sorrir-lhe…a dizer-lhe baixinho no seu ouvido para confiar nele… que tudo acabaria bem…que ele iria protegê-lo! Howard confiou…cegamente…sem qualquer dúvida. Sentia uma aura de conforto e protecção em torno do rapaz. Segurara-lhe a mão…e de repente…apenas uma luz…uma poderosa luz dourada.
Lentamente, sentou-se na cama onde estivera deitado. Ao seu lado, estavam muitas macas com pessoas, algumas ainda a dormir, outras a conversar baixinho.
Olhando para o seu lado direito, encontrava-se uma mulher idosa, também sentada numa maca, a sorrir-lhe docemente.
_ Bem vindo ao mundo dos vivos! – Howard não soube ao certo se ela estaria a brincar ou a falar a sério!
_Como?!
_ Então?! Não se faça de desentendido! O senhor sabe do que estou a falar…Voltamos!
_Então…é verdade? Eu cheguei a morrer?
_ Sim… todos nós morremos!
_Mas…mas…-aquilo era demasiado confuso - eu pensei que não fosse possível ressuscitar! Não que me estou a queixar…pelo contrário! Mas é, de certo modo, confuso.
_ Eu também não sei todos os pormenores. Há pouco, esteve aqui uma rapariga nova…muito simpática…a explicar-nos algumas coisas.Pelo que entendi, morremos durante um ataque, e como não era a nossa hora, um deles deu-nos o dom da vida.
Howard deixou as palavras da senhora preencherem-lhe os pensamentos. Ele havia morrido e regressado à vida em algumas horas! Como era isso possível?
Um grito extraiu-o dos seus pensamentos profundos.Olhando para o lado, deparou-se com algo que o fez soltar lágrimas de pura felicidade. Ali estava… a correr em sua direcção enquanto gritava por ele…a sua maior alegria…o seu filho!
Howard limitou-se a abrir os braços e aguardar que Jack se lançasse para dentro do abraço protector e paterno. Durante vários segundos, pai e filho limitaram-se a ficar ali…em puro silêncio… a aproveitar o calor de um abraço muito desejado. Não se importou com as lágrimas que caíam dos seus olhos para os cabelos loiros do pequeno rapaz de 6 anos deitado no seu colo… nem que a senhora ao seu lado sorrisse enternecida pela visão… Naquele momento tudo era secundário! Apenas importava aquele abraço! O amor entre um pai e um filho!
Pouco a pouco, o abraço foi perdendo o desespero… Howard deixou Jack afastar-se de modo a poder observar cada pormenor da face sorridente dele.
_ Pai! Estou tão contente por te ver! Pensei que me tinhas abandonado!
Howard soltou uma pequena risada misturada com choro.
_ Eu NUNCA te abandonaria! Nunca! Aconteça o que acontecer… eu JAMAIS…ouviste… JAMAIS te deixaria! Percebes?
Não importava que houvera um momento em que pensara que o deixaria… que nunca mais o veria… que não o iria ver ingressar em Hogwarts…que nunca teria a honra de lhe dar conselhos amorosos… estar do seu lado quando as coisas corressem mal…
Mas depois rapidamente se apercebeu de algo que sempre diziam mas jamais pensou ser realmente verdade: mesmo que tivesse morrido sem possibilidade de voltar…mesmo que jamais pudesse falar com Jack… ele NUNCA o abandonaria. Estaria sempre a olhar por ele, de onde quer que estivesse.
Jack olhou para ele com os olhos brilhantes de lágrimas de pura felicidade.
_ Juras?
_ Juro!
_ Promessa de dedo mindinho? – Jack elevou o dedo mindinho, enquanto olhava para o pai com uma seriedade marcada com a sua jovem idade.
Howard sorriu enternecido. Juntou o seu dedo mindinho ao de Jack, e os dois proclamaram aquele ritual que sempre faziam quando queriam fazer uma promessa que jamais iriam quebrar.
_ Faço esta promessa e jamais a vou quebrar. Se a quebrar que um raio atinga e corte o meu dedo mindinho!
Uma pequena risada tirou-os dos seus devaneios. A senhora, com quem Howard falara há pouco, sorria para eles, profundamente encantada.
_ Seu filho?
Howard sorriu de puro orgulho enquanto sentava Jack no seu colo e afastava o cabelo loiro da frente dos olhos do filho.
_ Este é o Jack! Ele tem 6 anos.Então? O que é que se diz Jack?
_ Olá! Muito Prazer! Como é que a senhora se chama?
_ Meu nome é Marie Fisher.Muito prazer em conhecer-te! Agora só falta saber o nome do teu papá.
Antes de conseguir responder, o seu filho interrompeu.
_ O nome dele é Howard Minner. Ele é o treinador do Chudley Cannons. É tãooo fixe. Sempre que eu vou ver os treinos…todos os jogadores deixam-me voar com eles nas vassouras. Excepto o Mike, que é o seeker da equipa.Ele diz que sou muito novo e que ele não tempo para gastar comigo. É um idiota!
_ Jack! - avisou o pai - isso não se diz! Além disso, o menino não acha que está muito falador?! Acho que se te deixasse, dirias todos os pormenores da nossa vida. Tenho a certeza que a senhora Fisher não quer ouvir essas coisas.
_ OH… Não tem importância. Estou a gostar muito de ouvir o seu filho falar.
Contente consigo próprio, Jack voltou a encher os seus pequenos pulmões, preparando-se para continuar.
_ Como estava a dizer… o Mike é um idiota. Uma vez ouvi a minha mãe dizer que “ ele parecia que tinha o rei na barriga”. Não sei o que isso quer dizer, mas se foi a minha mãe que disse, é porque é verdade!
_ Ai sim?! - a Sra.Fisher estava encantada! Aquele rapazinho com apenas 6 anos, a falar entusiasticamente do seeker dos Chudley Cannons, era uma gracinha!
_ Ouvi ela dizer uma vez, quando conversava com o meu pai, “ que se ele passasse mais tempo a treinar no Quidditch e menos a tratar do animal selvagem que tem entre as pernas, talvez ganhassem mais vezes!”. Novamente não percebi o que ela queria dizer. Eu pelo menos não tenho nenhum animal selvagem entre as pernas! Tu tens Papá?
Howard olhou escandalizado para o filho enquanto que a Sra. Fisher abafava uma gargalhada.
_ O QUÊ?! Agora já chega. O menino está estritamente proibido de ouvir conversas atrás da porta!
_Mas… tens ou não tens?
_ Ahm... ahm…isso não interessa!
_ A minha professora diz que estamos numa idade muito critica! Que temos de colocar as nossas duvidas todas e tentar obter respostas. Assim aumentamos a nossa capacidade inteceal… não é… inteleual… inectual…
_Intelectual – ajudou Sra. Fisher.
_ Isso! Então tens de me responder!
_ Não, não tenho. Não quando é sobre coisas que é entre adultos.
_ Pai! Queres que fique burro?!
_ Jack! Acredita… tu não perdes nada por não saber o que a mãe quis dizer!
_ Mas…mas… e se me aparece um animal selvagem dentro das calças quando crescer? E se ele me morde? – Jack olhou inocentemente assustado para o pai.
_ Não corres esse risco.A mãe estava apenas a brincar! – Howard respirou fundo. Às vezes não sabia onde Jack ia buscar tantas ideias perigosas – E não faltes ao respeito com Mike! Deves respeitar os mais velhos!
Jack limitou-se a soltar um muxoxo.
Marie Fisher tentou controlar novamente as risadas quando Mr. Minner revirou os olhos e olhou para ela, como que pedindo desculpas.
_ Desculpe por isto Mrs. Fisher. Às vezes ele não tem tento na lingua!
_ Não tem importância… eu sei como são as crianças!
Jack continuou a fazer muxoxo.
Naquele momento a porta da sala em que se encontravam abriu-se. Por ela entrou um rapaz que aparentava não mais que 17 anos.
Howard ficou a ver enquanto o rapaz se aproximava de cada maca e olhava para cada pessoa ali deitada. ERA ELE! O RAPAZ DOS SEUS SONHOS!
Mrs.Fisher observava-o com curiosidade.
_Também sonhou com ele.
Howard olhou surpreso para ela. Aquilo não fora uma pergunta…fora uma afirmação!
_ Como sabe?
_ Porque eu também sonhei! Acho que todos que voltaram à vida sonharam…- a expressão tornou-se pensativa – Lembro-me da escuridão…sei que havia outras coisas mas… não me recordo… apenas sei que houve uma altura em que só havia escuridão… e silêncio…isso…um silêncio perturbador! Nunca me senti tão só…tão desamparada! Depois…da escuridão surgiu uma luz dourada. Tão quente… tão reconfortante! Eu só me queria perder nela.
Sorriu diante da recordação.Horward e Jack olharam para ela.
_ Depois… dela saiu aquele rapaz – para grande surpresa de Howard não fora Mrs.Fisher que falara. Fora seu filho! – Ele deu-me a mão e sorriu para mim.
_ Jack! Tu também…quer dizer…- Howard sentia-se perdido. Será que aquilo significava o que ele pensava? – O que aconteceu depois que te mandei fugir?
Jack olhou assustado para o pai.
_ Eu corri…eu juro pai… eu corri o mais que pude…mas…mas… aquele monstro apanhou-me! Eu só me lembro de ver fogo! Um fogo verde! Eu nunca senti tanto medo! - Jack abraçou novamente o filho. Tanto ele como Mrs.Fisher choravam silenciosamente. Um garoto tão novo…nunca devia ter passado por aquilo. Nunca! – Sou cobarde por isso?
_ Oh…é claro que não! Nunca penses isso. Tu és a pessoa mais corajosa que já conheci. Foste tão valente, campeão!
Jack sorriu para o pai e apoiou-se no peito dele enquanto era embalado levemente.
_ Mas sabes… - continuou um pouco mais animado – o Harry disse que eu sou corajoso. Disse que “ a coragem não é a ausência de medo! É a capacidade que todos temos de lutar contra os nossos medos!”
_ Quem é o Harry? – Howard ficou momentaneamente confuso.
_ O rapaz que me tirou do escuro! Ele pegou em mim ao colo e nós voamos! Passamos por todas as minhas memórias!
_ Eu lembro-me! – Marie sorriu calmamente – viu tudo o que vivi! Ele fez-me sentir de novo. Disse que não tivesse medo que ele estaria ali para me apanhar. Eu não tinha! Não sabia o porquê… mas não tinha medo! Eu confiava nele… sabia que estava segura… até que…
_ Ele disse que estava na hora de voltar…Que ainda havia muito a viver… Que a minha história ainda era um livro incompleto!
Lembravasse…lembravasse de tudo! De ter revivido cada passagem da sua vida…sentido cada emoção. Em todos os momentos, Harry estivera lá…do seu lado…sempre!
_ Harry!
O grito de Jack tirou-o dos seus desvaneios. Jack saltara da sua cama e correra em direcção a Harry. O último virou-se em direcção ao som. Imediatamente abriu-se um sorriso em seus lábios, enquanto se abaixava e tomava Jack nos seus braços. À distância a que se encontrava, Howard não conseguia perceber o que diziam. Apenas observava os rostos sorridentes e a expressão absolutamente extasiada do seu filho. Para seu grande horror, Howard viu Jack trepar ao longo de Harry, até se instalar nos ombros do último.
_ Boa tarde! Estou a ver que finalmente acordaram. Então… como é que se sentem?
_ Um pouco cansado… mas… não me posso queixar… ahm… - naquele momento, Jack começou a fazer trancinhas no cabelo de Harry. Ignorou completamente os gestos frenéticos do pai, que o mandavam parar. Na verdade, chegou a mostrar-lhe a língua! – Jack Minner! Sai já daí!
_ Mas paiiiii…
_ Nem mas, nem meio mas. Onde já se viu… colocar-se nos ombros de outras pessoas.
_ Mas o Harry não se importa, pois não Harry?
_ Eu não me importo, Mr. Minner.
_ Mas importo-me eu. Sai já daí.
Soltando o terceiro muxoxo daquele dia, Jack deslizou dos ombros de Harry, para a cama do pai. Mas desta vez, de modo a mostrar o seu profundo desagrado, sentou-se aos pés da cama, de pernas e braços cruzados e com uma expressão contrariada no rosto. Harry limitou-se a fazer-lhe festas no cabelo.
Mrs. Fisher, que até ao momento estivera em silêncio, olhou seriamente para Harry até finalmente soltar um pequeno sorriso.
_ Muito obrigada, Magid Harry.
_ De nada… tenho sempre… - reparando pela primeira vez no que a senhora havia dito, Harry olhou suspreso para ela – Como?!
_ É um Magid, não é?
_ Sou, mas… como sabe?
Mary Fisher sorriu tristemente:
_ Durante toda a sua vida, o meu marido tentou provar a sua existência. Viajou pelo mundo, leu todos os livro, artigos e referências acerca dos Magids… Por mais anos que passassem, ele jamais abandonou a sua crença de que os Magids realmente existissem. Ele dizia que o seu maior sonho seria conhecer um Magid… Ele tinha muitas teorias acerca do vosso mundo… Tenho tanta pena que ele jamais tivesse concretizado o seu sonho. Ele morreu faz dois anos. Ele já estava de cama há mais de duas semanas. Nenhum medibruxo conseguia ajudá-lo. Lembro-me concretamente que, no seu último dia de vida, ele se virara para mim, e confidenciara que se sentia muito triste. Não porque iria morrer, pois não receava a morte, mas porque jamais teria a oportunidade de questionar três perguntas que sempre o acompanharam em toda a vida – Mrs. Fisher sorriu tristemente diante da lembrança – Recordo-me que quando regressei depois de ter ido à cozinha buscar a sopa dele, encontrei-o a gargalhar baixinho, muito divertido. Ele apenas disse: “Afinal sempre há esperança”. Nunca percebi…
Diante do sorriso divertido de Harry, Mrs. Fisher soltou uma exclamação:
_ Ele viu um Magid?!
_ Sim… eu fui visitá-lo. Ele ficou realmente muito contente. Disse que finalmente poderia colocar as suas questões.
_ E quais eram? – Howard verbalizou a questão que passava pela cabeça de todos eles.
_ A primeira foi se Merlin, Morgana, Godric, Salazar e Dumbledore faziam parte dos Magids… eu respondi-lhe que sim. A segunda foi se nós conseguíamos ter uma vida normal… uma vida para além dos Magids. Devo dizer que fiquei deveras tocado com o facto dele ter demonstrado uma alegria imensa por saber que nós tínhamos a possibilidade de viver as nossas vidas, sem a interferência do nosso estatuto Magid. A possibilidade de ter uma vida normal!
_ E a terceira?
Harry soltou uma pequena gargalhada:
_ Ele disse-me que havia uma altura em que ele se perguntara se as eternas disputas entre Salazar Slytherin e Godric Gryffindor eram disputas nascidas de puro ódio, ou apenas de uma grande necessidade de implicarem um com o outro. Mas ele disse que não era essa a questão, pois tinha quase a certeza que era a segunda opção. Então… chegara à conclusão que havia uma questão muito mais eminente e muito mais importante. Ele dissera que sempre imaginara os Magids como poderosos feiticeiros… feiticeiros que tinham em si uma responsabilidade enorme! Mas que o mundo já era demasiadamente cruel, demasiadamente sério… de certo modo corrompido pela incapacidade que o adulto tem de sonhar. Disse-me que o que apenas gostava de saber era se os Magids eram liderados por um adulto responsável ou por alguém que mantinha o seu espírito jovem e traquina.
_ O que lhe respondeste?
_ Disse-lhe que era a segunda opção. Que eu era o Magid Dourado, o chefe dos Magids e que sim… por detrás da responsabilidade que o meu cargo acalentava… eu jamais perdia a minha grande capacidade de sonhar. Disse-lhe ainda que não se deixasse enganar pelas histórias fantásticas de todos os Magids. A ilha de Asera, casa dos Magids, já foi palco de muitas discussões infantis. Nem Merlin escapava…
_ Nem Merlin?! – Jack parecia maravilhado com a perspectiva de Merlin ser também, de certo modo, uma criança.
_ Nem Merlin! A não ser que consideres que um homem, que só por causa de uma aposta, conseguiu transformar o quarto do nosso querido director, num gigante rebuçado de limão, cujo recheio era o próprio director, seja um adulto responsável. Acho que devo referir que o rebuçado estava embrulhado num papel transparente, com os dizeres: “Tanto rebuçado de limão ingerido só podia dar nisto! Os rebuçados revoltaram-se e comeram-no a ele!”. Desde aí, sempre o chamava “Rebuçado Dumbledore: com recheio especial”.
_ Estás a brincar, não estás?!
_ Não, não estou. Vocês não fazem ideia do que é que acontece dentro da ilha de Asera. Nunca mais me esqueço de que Mr. Fisher soltou uma gostosa gargalhada e disse algo que foi a última coisa que me disse e que jamais esquecerei: “Um bando de adultos crianças liderados por uma criança adulta. Afinal ainda há esperança.”
_ Então foi isso que eu ouvi. – Grossas lágrimas escorregavam pela face de Mrs. Fisher - Muito obrigada! Agora sei que ele morreu com o sonho realizado.
Naquele momento, o pequeno Jack deu um pequeno puxão na manga do manto de Harry, chamando-lhe a atenção.
_ Porque é que não trouxeste à vida o Mr. Fisher?!
Harry ajoelhou-se à sua frente. Howard notou nele uma grande tristeza.
_ Porque… sabes, Jack… há alturas em que as pessoas têm de ir embora. Não sou eu que decido isso, por isso não tenho grande controlo. Às vezes chega a hora do adeus e temos de nos despedir das pessoas que mais amamos.
Jack ficou durantes alguns minutos em silêncio, como que processando a informação que recebera. De repente, virou-se para o seu pai e abraçou-o desesperadamente.
_ Eu não quero que me digas adeus. Está bem, papá? Nunca me digas adeus! Porque eu não quero perder-te.
Howard retribuiu o abraço enquanto fazia festas no cabelo loiro do rapaz.
_ Eu não vou dizer adeus, Jack, eu ainda estou aqui. Afinal, eu sou teu pai… e o lugar dos pais é à beira dos filhos!
Howard olhou espantado para Harry. A tristeza que pensara sentir quando o Magid entrara na sala pela primeira vez, estava novamente presente… com toda a sua força. Harry olhava fixamente para pai e filho completamente abraçados. Havia uma profunda dor mergulhada no mar verde dos seus olhos.
Completamente alheio à expressão de Harry, Jack continuava a falar com o pai, numa voz de criança preenchida de inocência.
_ Sabes que quando digo que és um chato, eu não quero realmente dizer isso, não sabes?
_ Sei…
_ Que todas as vezes que berro contigo não deixo de te amar, não sabes?
_ Eu sei…
_ Eu adoro-te papá, sabes disso, não sabes?
_ Eu também te adoro, campeão!
Jack sorriu para o pai e olhou para trás em direcção a Harry. Ficou espantado ao ver a expressão triste dele. Podia ser ainda uma criança mas sentia estas coisas. Afinal uma criança consegue ver muito mais do que um adulto!
_ Estás triste, Harry?
_ Não, pequenote. Apenas gosto de ver pai e filho juntos.
Jack aproximou-se de Harry. Colocou os seus bracinhos pequeninos em torno do pescoço do Magid e deu-lhe um beijinho na bochecha.
_ Então só tens de ir ao teu pai e dar-lhe um grande abraço e dizer-lhe que o adoras.
Howard ficou espantado quando viu lágrimas a formar-se nos olhos de Harry. Mas que dor seria aquela?!
_ Acho que ele não ficaria muito contente com isso, pequenote.
_ É claro que ficaria. Ele é teu pai! Ele deve estar muito orgulhoso de ti. Tu és o meu herói, Harry!
Harry limitou-se a sorrir.
_ E tenho a certeza de que deves ser o herói do teu papá também!
_ As coisas são complicadas, Jack. Por vezes as relações são um pouco diferentes daquilo que imaginávamos.
_ Como assim?! Eu não acho nada disto complicado. Um pai e um filho devem estar SEMPRE juntos.
Howard, vendo que aquilo causava cada vez mais dor em Harry, interrompeu:
_ Deixa estar o Harry, pequenote. Que tal se nós fossemos lá fora fazer uma pequena batalha de bolas de neve? Apenas nós os dois!
Toda a expressão de Jack se iluminou de felicidade.
_ Sim! Sim! Sim! Sim! Sim! Poderíamos andar de trenó… fazer um boneco de neve… brincar com…
Harry apenas observava pai e filho fazerem planos para um dia de divertimento.
Toda a sua vida desejara aquilo! Um pai que o protegesse… que o apoiasse. Que o tivesse buscado à escola todos os dias, quando pequeno e lhe desse a mão enquanto passavam pelo corredor principal. Aí… ninguém o chamaria de menino órfão, como o fizeram durante toda a sua infância… as professoras não olhariam com pena para ele e não teria de caminhar sozinho para uma casa onde não era desejado!
Finalmente, não teria de fazer postais do dia do pai para alguém que não existia, nem passaria o Natal sozinho e abandonado dentro de um armário por debaixo das escadas.
Não… a sua vida teria sido diferente se tivesse tido um pai. Mesmo passado tantos anos, ele sempre procurara num alguém, o pai que lhe faltara. Sirius estivera muito perto… muito perto mesmo… mas Sirius não era o pai! Por mais que tentasse, nunca seria. Quantas vezes desejara poder ressuscitar os pais… recuperá-los de certo modo?! Mas sabia que jamais poderia!
Quando viajara para aquele tempo e travara amizade com James, foi como se os sonhos de criança de Harry regressassem com toda a sua força. Ele sentira que estava finalmente em casa.
Mas estava errado! Enquanto observava a troca de carinhos entre pai e filho, recordou-se do seu último encontro com James Potter. As palavras frias… a dor… o ódio… o sentimento de traição… todo o desprezo existente em cada palavra proferida.
Harry James Potter, o Magid Dourado, chegou a uma conclusão.
Ele seria sempre o menino órfão!


NOTA DA AUTORA:

PESSOAL... HOJE NÃO VAI DAR PARA RESPONDER AOS COMENTÁRIOS... EU RESPONDO AMAHÃ... POIS ESTOU MESMO DE SAIDA E NÃO VOU TER TEMPO... MAS AMANHÃ RESPONDO POIS EU ADORO RESPONDER A CADA UM!

SÓ VIM AQUI CUMPRIR A MINHA PROMESSA!! AQUI ESTÁ O CAPITULO 23.... NÃO SE ESQUEÇAM DE COMENTAR... POIS NÃO ME ESQUEÇO DE RESPONDER!!!

MUITOS BEIJOS, Lightmagid

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