A Biblioteca



Capítulo 2:


_ Irresponsáveis! Completamente irresponsáveis! O que as pessoas diriam dos tão aclamados magids se soubessem a confusão que existe nesta casa quando passam a comportar-se como garotinhos.
_ Ah… Irís… as pessoas propriamente não sabem quem são os magids. Nem sabem se nós verdadeiramente existimos… lembras-te… segredo mágico…
_ Não me venhas com gracinhas Alexandre! Para além da algazarra que estourou no hall, o Amos ainda se magoou…
Irís era uma mulher forte, rechonchuda, com uns olhinhos azuis muito brilhantes. Era ela que cuidavas de todos eles. Embora aparentasse naquele momento um aspecto severo, enquanto aplicava uma grande camada de uma pasta verde no rosto de Amos, era de uma natureza extremamente carinhosa. Alexandre costumava dizer que ela parecia uma leoa a defender as suas crias.
_ Eu não me teria magoado - ouviu-se a voz de Amos por entre a pasta que lhe cobria a cara - se o Harry não me tivesse empurrado pelas escadas abaixo.
_ Eu fiz o quê!?- Harry olhou horrorizado para Amos - foi um acidente! Tu estavas atrás de mim e não reparei em ti. A culpa foi da Morgana que me assustou com aquela…aquela…
_ Era uma máscara de beleza!
_ Isso… deixa que te diga Morgana que aquela pasta e os rolos no cabelo não te tornam muito…ahmm…bonita. Nem acredito que consegues dormir com aquilo.
_ Todas as mulheres têm os seus truques de beleza Harry – retorquiu Gabrielle que até ao momento estivera calada – é por isso que temos o nosso charme.
_ Bem se viu o efeito do charme… Harry assustou-se e o Amos rebolou pela escada abaixo. Sempre me falaram do efeito perigoso das mulheres nos homens mas nunca lhe dei interpretação literal.
_ Esse foi mesmo um comentário adulto Godric… Tantos anos a prender magia e boas maneiras deram estes frutos?!
_ Vamos acalmar os ânimos. Pelo menos vamos ver se tomamos o pequeno-almoço em paz.
A calma estabeleceu-se na mesa. Era possível ver Albus e Merlim a falar entusiasticamente no topo da mesa… Morgana a bebericar o seu café enquanto ouvia um relato qualquer de Gabrielle…e Harry a tentar evitar a grande quantidade de bolos que Íris tentava colocar na sua boca.
_ Estás sempre tão magrinho Harry! Devias comer mais…
_ Íris é impossível comer mais do que tu colocas no meu prato. O Rony seria sem dúvida muito feliz debaixo dos teus cuidados… embora a Sra. Weasley consiga competir contigo! Ela é capaz de ficar ciumenta quando lhe contar…
Naquele momento a animação de Harry evaporou-se. Um semblante triste poderia ser visto.
_ Harry… o que se passa?
_ Apenas esqueci que não posso contar nada. É me impossível! Não gosto de mentir aos meus amigos.
_ Mas tu sabes que é necessário. Um conhecimento desta magnitude poderia causar danos demasiado elevados.
_ Mas Gabrielle… a Hermione e o Ron são os meus melhores amigos. Participaram em todas as minhas aventuras… correram meio mundo para me ajudar a procurar os Horcruxes. Sinto que de algum modo os estou a trair.
_ Nós sabemos disso. Mas também não é fácil para nós. Nós também temos alguém querido a quem estamos omitir factos da nossa vida. Existe muita gente ambiciosa e que gostariam de controlar os nossos poderes. Já pensas-te se usassem alguém que gostas imenso contra ti… para obrigar-te a fazeres algo jamais farias noutra situação? A ignorância é a protecção deles.
_ Eu sei disso. Foram apenas alguns pensamentos de culpa – para assegurar Gabrielle disso Harry sorriu e a animação mais uma vez apoderou-se da mesa.
Os pequenos-almoços sempre foram a refeição preferida de Gadrielle Angnel. No seu tempo costumava tomar esta refeição no pátio da sua casa junto com sua neta Anne. Sorriu mentalmente ao lembrar-se da sua pequerrucha. Tinha apenas 8 anos glorificados com um sorriso de criança traquina, olhos sempre atentos, e duas trancinhas de cada lado da sua pequena cabeça dançando com as ondas do vento. Sim… Gabrielle sentia imensas saudades da sua neta.
Os seus pensamentos foram quebrados pelo som da voz de Merlin…
_ Bem, meus caros amigos, está na altura de trabalhar.
As vinte cadeiras arrastaram-se pelo soalho de madeira seguidas dos sons de passos a dirigirem-se para a ala norte da casa.
Muitas eram as teorias acerca do mundo dos magids. Uma das coisas que talvez criassem maior curiosidade naqueles que acreditavam arduamente na sua existência, era o como… como sabiam os magids o que se passava ao longo do misterioso manto do tempo. Uns falavam de um espelho… outros de uma tina cheia de algum liquido especial… ou talvez um lago… ou seria uma bola de cristal?! Gabrielle não conseguiu conter uma pequena risada ao pensar no absurdo da resposta. Afinal qual era o objecto onde normalmente se guardavam referências do passado… O que se tinha que compreender era que o que era o futuro para uns já era o passado para outros. Todos os dados, acontecimentos eram guardados em algo tão vulgar como um livro!
A Ala Norte era uma enorme biblioteca. Este era o local preferido de Gabrielle. Era absolutamente maravilhosa! Possuía várias janelas que se estendiam ao longo de vários metros completamente rodeadas por estantes de livros, cadeirões fofos espalhados pela sala, pinturas para os mais diversos gostos e um tecto que em tudo lembrava o tecto de Hogwarts. Sem dúvida alguma a biblioteca dos magids era um lugar simultaneamente encantador e místico.
Poderia se dizer que existiam 3 tipos diferentes de livros naquela biblioteca. Á direita da porta estavam os livros de feitiçaria normais, isto é, aqueles que qualquer bruxo poderia obter numa livraria. À esquerda da porta estavam os livros mais raros e proibidos do mundo mágico. Eram livros únicos que carregavam um conhecimento impróprio para outro feiticeiro que não um magid. Era nessa secção que um magid se concentrava logo após descobrir de que era um. Aprendia a explorar as suas capacidades.
O terceiro tipo de livro estava localizado à frente da porta. Qualquer pessoa que entrasse naquela sala reparava logo nas estantes que continham esses livros. Não porque eram as que estavam imediatamente à frente da porta mas porque emitiam uma luz azul ténue. Estes livros não eram encontrados em mais parte alguma a não ser naquela sala.
“Pronto”- pensou Gabrielle- “afinal o objecto que nos permite pesquisar todos os pontos do tempo não é tão vulgar como isso”.
Aqueles livros apenas poderiam ser abertos por um magid. Uma vez abertos, o magid não encontrava no seu interior simples páginas de papel. Abria uma imagem que se projectava para o tecto de modo a mostrar em proporções enormes, como se de um vídeo se tratasse, o que uma determinada pessoa estava a viver em determinado ponto do tempo. Cada pessoa tinha um livro, e cada ano também. Assim existia uma visão pessoal de algo ou uma visão mais colectiva.
Albus Dumbledore aproximou-se da enorme estante e proferiu:
_ Ano de 1977!
Imediatamente, a estante estremeceu e todos os livros localizados na prateleira superior deslizaram para a frente como se algo estivesse a passar por detrás deles. A primeira vez que Gabrielle viu aquela estante e lhe explicaram para que servia, ela tinha dito que era impossível que aqueles livros que estavam colocados na estante, representassem todos os anos e todas as pessoas. Mas rapidamente compreendeu que o que se via era muito diferente do que existia. Gabrielle costumava comparar aquela estante a uma porta para uma outra sala. A outra sala por detrás da estante estava recheada de livros, a estante era a fachada que simplesmente continha os livros mais recentemente pesquisados. Quando um magid dizia um ano ou um nome de uma pessoa, por um mecanismo regulado por magia, o livro era encontrado e deslizava por detrás de todos os livros da estante até chegar à estante de baixo onde iria ocupar o primeiro lugar.
Naquele momento Albus retirava o livro pedido da estante. Quando o abriu proferiu em voz alta “ Londres, Inglaterra”. Uma imagem enorme projectou-se no ar onde era possível ver um mapa de Londres. Albus apontou para um ponto específico do mapa e este automaticamente ampliou-se passando a ver-se uma rua cheia de mugles a olhar assustados para o céu.
_ Afinal Albus o que era que nos querias mostrar?- questionou Morgana.
_ Passa-se algo de muito estranho no ano de 1977. Durante o mês de Novembro apareceu nos céus da cidade manchas coloridas com emissões muito fortes de magia.
_ Não seria Voldemort? Afinal nessa altura ele já está em pleno poder. -perguntou Harry.
_ No princípio pensei que assim fosse mas há duas fortes razões que me levam a pensar que Voldemort, desta vez, não tem nada a ver com estes acontecimentos. Em primeiro lugar, não existem quaisquer relatos de que isto aconteceria.
_ Sim - interrompeu Dannielle – mas nós sabemos muito bem que nada no tempo é certo. Tudo está sempre em constante mudança. Nem nós podemos prever as alterações que se verificam.
_ Para não falar do facto de que não podemos interferir no tempo, a não ser que seja estritamente necessário, ou estejam a decorrer no nosso tempo. Mas mesmo nesse caso é nos interdita a possibilidade de vermos os nosso futuros ou daqueles que interagem directamente na nossa vida. Isso é da responsabilidade de outro magid.
_ Mas mesmo que olhássemos para o nosso futuro, Mara, existe sempre o factor das escolhas. Tudo se altera!
_ Não deixo de vos dar razão, meus caros amigos, mas falta-me falar do outro factor. A Magia envolvida é muito antiga e poderosa, muito para além dos conhecimentos de Voldemort.
_ Achas que é necessária a nossa intervenção, Albus? Não será melhor aguardar e ver como isto interfere com o ano de 1977. Acho que é muito prematura a nossa intervenção neste momento.
_ Mas minha cara Madalena, o problema é que as coisas não param por aí.
Nesse momento Albus proferiu “mundo bruxo” e a imagem concentrou-se numa das muitas ruas bruxas, nomeadamente o Beco Diagonal. Todos os Magids sentados em torno da imagem, aproximaram-se inconscientemente. Eram visíveis as várias lojas do Beco praticamente desertas tanto devido ao frio quanto aos tempos perigosos que se viviam naquele momento. Mas, o que concentrou a atenção de todos os presentes foi um senhor a olhar para uma montra que aparentava 30 anos. No entanto, de vez em quando e apenas por breves segundos, tanto aparentava uma pele cheia de rugas e cabelos brancos, como aparentava um rosto de criança.
_ Meus caros amigos, acho que está na altura dos magids fazerem um pequena visita ao ano de 1977. E se quiserem, Hogwarts terá as portas abertas para vos acolherem.



nota da autora: Olá!! espero que tenham gostado deste novo capítulo. Por favor... comentem... quero saber o que acham, se gostam ou não, se mudariam alguma coisa. Até aceito comentários de ódio :) ...essas coisas. até ao próximo capítulo.
beijos, lightmagid

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