REUNIÃO MAGID!



Nota da autora:

Aqui está a vosssa recompensa!!!! Espero que gostem!!!
!
beijos da Grã-Magid, Lightmagid




Capítulo 26: Reunião Magid!


Mrs. Fisher observava tudo a seu redor. Agora que já recuperara as forças juntara-se a todos os outros habitantes de Hogsmead que haviam sido atacados, no Salão Principal de Hogwarts. Oh… as lembranças eram tantas… recordava-se claramente de ter entrado naquele salão muito anos atrás quando ainda era uma estudante. Por muitos anos que passassem, Hogwarts jamais perderia o seu encanto! Os fantasmas continuavam a vaguear pelos corredores… os aromas e os sons pareciam não se ter alterado com o passar dos anos.
Agora regressava novamente àquele salão, onde tantas horas passara a conversar com as amigas sobre algum professor mais mal-humorado ou mais exigente, mas com uma nova razão: Albus Dumbledore avisara alunos, professores e todos aqueles que tinham sido atacados em Hogsmead de que naquela noite iriam assistir a uma reunião Magid.
Naquele momento, todo o salão encontrava-se preenchido de alunos ansiosos e excitados.
_ Ainda vai demorar muito?
Marie desviou o seu olhar da multidão de alunos que se formava rapidamente à sua frente, para fixá-lo na pequena figura de Jack, a olhar esperançado para ela.
_ Acho que não deve demorar muito. Albus havia dito que iriam fazer a reunião às 8 horas. E se existe algo que sei acerca de Albus Dumbledore é que ele nunca se atrasa - sorriu para ele - Mas diz-me lá, meu caro Jack Minner, porque o senhor está tão ansioso?
Jack deu um gritinho extasiado enquanto batia palmas:
_ Quero ver o Harry! Não é óbvio?!
Marie soltou uma pequena gargalhada. Crianças e sua eterna inocência!
Seu olhar acariciou novamente cada rosto que emergia do salão de Hogwarts. Jovens cheios de energia… de sonhos… desejosos por explorar o mundo e desafiar os seus limites. Ano após ano, cada um deles crescia um pouco mais… vivia um pouco mais… sentia um pouco mais! Sua inocência era, pouco a pouco, preenchida por um espírito aventureiro… uma vontade de ir mais além…
Ficou subitamente abatida. Tinha medo que aquilo que os atacara em Hogsmead decidisse atacar de novo. Que cada um dos alunos que enchia nesse momento o salão principal de Hogwarts perdesse a sua juventude… a sua vontade de viver cada dia como algo precioso sem se preocupar com o amanhã…com o mundo cruel que os aguardava para além dos portões de Hogwarts.
“Se existe algo mais terrível do que o sofrimento… é uma criança perder a sua inocência demasiadamente cedo… e um adolescente perder a sua liberdade antes do seu tempo!”
Fechando os olhos por breves segundos, Marie Fisher fez um pedido silencioso mas não menos poderoso. Desejou que as conversas animadas que ouvia nesse momento não cessassem… Desejou que os risos não fossem substituídos pelo silêncio… Desejou que a curiosidade e o espírito rebelde não fossem destruídos pelo sofrimento…
Desejou, principalmente, que os Magids fossem capazes de proteger cada um daqueles alunos da morte…do sofrimento… de uma vida em que deixassem de ser adolescentes muito antes do seu tempo!

* * *



_ Explica-me lá isso, outra vez! Eu acho que não percebi…- Neville olhou confuso para Ron - o que queres dizer com: “Estou louco para ter a minha pequena vingança!”
Ron sentou-se num dos poucos bancos ainda livres, enquanto olhava sorridente para o salão apinhado de alunos.
_ Exactamente o que quis dizer: Estou louco para ter a minha pequena vingança!
Neville sentou-se à sua direita continuando a envergar a mesma expressão confusa.
_ Que vingança? Contra quem?
_ Contra o Harry!
_ O Harry?!- Olhou para o rapaz ruivo como se neste tivesse nascido uma segunda cabeça.
_ Sim… o Harry! Finalmente, vou ter o gostinho de rir da cara dele tal como ele riu na minha cara durante o nosso baile de Inverno.
_ Quando dizes baile de Inverno, suponho que te referes ao do 4º ano.
_ Exactamente!
_Aquele que foi efectuado durante o torneiro dos Três Feiticeiros?! – Continuou.
_ Exactamente!
_ Em que o Harry foi com a Parvati Patil?!
_ Exactamente!
_Aquele que parecias uma velhota com aquele manto cheio de folhos a cheirar a mofo misturado com naftalina?!
_ Exact…Hei!- Ron dirigiu um olhar furioso para Neville, sendo apenas retribuído por um olhar divertido - Não te estiques, Longbottom!
Neville não aguentou, e caiu na gargalhada.
_ Só não fico zangado porque hoje estou de óptimo humor!
Conseguindo controlar as risadas, Neville decidiu que a curiosidade era demasiadamente grande.
_ Ainda não explicaste porquê!
Ron soltou um riso cúmplice. Colocando a mão no ombro do amigo proferiu na sua voz mais solene:
_ Vamos apenas dizer que o Harry finalmente vai sentir na pele o que eu senti anos atrás. Este salão – fez um gesto com a mão, englobando todo o espaço à sua volta – vai encher-se de Homens vestidos como velhas. E a boa noticia é: Eu não vou fazer parte deles…mas o nosso caro amigo Harry vai!

* * *

Remus observava seus dois melhores amigos com o coração pesado. Depois da cena que se havia desenrolado no dormitório do 7ºano, um silêncio pesado se abatera entre os marotos.
Embora James tivesse concordado em descer para o salão a fim de assistir, com os restantes alunos, professores e habitantes de Hogsmead, à reunião Magid, nem Sirus, nem James se haviam falado desde então.
Sirius estava claramente irritado com a teimosia do amigo. Queria fazê-lo entender que estava a cometer o maior erro da vida dele ao rejeitar Harry. Mas o silêncio de James… o facto de ter ignorado completamente todos as palavras que lhe foram dirigidas… o facto de não ter esboçado qualquer tipo de reacção após os dois socos que levara apenas significara para Sirius que James não iria ceder tão cedo.
Mas Remus não pensava assim. O silêncio de James era, para Remus Lupin, muito mais significativo! As marcas que haviam resultado das agressões físicas a que fora sujeito, já começavam a desvanecer graças à pomada aplicada pelas mãos competentes de Madame Pomfrey. Os óculos que haviam sido quebrados, já se encontravam como novos sob o olhar cor avelã de James.
No entanto, Remus sabia que as verdadeiras marcas… aquelas que realmente tinham sido feitas desde o dia anterior… não haviam desaparecido! Ainda estavam lá, cada vez maiores… mais dolorosas.
Agora, sob os murmúrios excitados dos alunos, especulações de quem seria o Magid mais forte ou o mais fraco, e vozes ansiosas que perguntavam constantemente as horas… o silêncio entre os 3 amigos era ainda mais palpável!
No entanto, Remus Lupin sorriu confiante…Não sabia o porquê, mas achava que conhecia a verdadeira razão da vinda de James. Tinha a certeza que não se devia ao facto de ser seu dever, como aluno de Hogwarts, assistir à reunião, ou pelo facto de desejar saber o que os Magids tanto escondiam, como James afirmara minutos atrás.
Não… Remus tinha quase a certeza que a razão que fizera James Potter assistir àquela reunião fora o desejo inconsciente de ver com os seus próprios olhos a outra faceta de Harry! Verificar se o Harry Magid era o mesmo Harry que conhecera durante todo aquele tempo.
Os pensamentos de Remus foram imediatamente quebrados pelo som do relógio de Hogwarts a anunciar as 8 horas. Todos os alunos se calaram e olharam em redor à procura de algum sinal… algum indício!
De repente, sob o barulho das badaladas do relógio, todos começaram a ouvir um segundo som… um som indistinto… um som que parecia ser de algo a bater no chão de pedra do salão.
Olhando em direcção ao centro do salão, Remus viu algo que o confundiu e surpreendeu ao mesmo tempo. Imediatamente, todos os alunos se afastaram e sentaram-se nas cadeiras distribuídas em torno do recinto.
No centro, a acompanhar as baladas do relógio, estava uma bola a bater consecutivamente no chão. Era uma bola cuja uma das metades era preta e outra branca.
Todos continuaram a observar enquanto a bola batia repetidamente no chão sem que a altura atingida fosse de algum modo afectada.
Quando já não se ouvia o som do relógio, uma luz branca começou a emanar da bola. Quando esta se dissipou… a cor preta e branca haviam desaparecido. Agora… apenas um azul-claro a embelezava.
Bateu três vezes no chão até que, quando se ergueu ao ar, duas mãos a agarraram. Duas mãos que pertenciam a ninguém mais ninguém menos que Albus Dumbledore!
Se Remus tivesse que escolher um momento, qualquer momento, em que o actual director de Hogwarts envergasse tamanho poder que quase retirava o ar a todos o que o observavam, Remus iria sem dúvida alguma escolher aquele momento.
O longo manto branco com suaves desenhos em azul-claro a acariciar… o poderoso dragão azul desenhado nas costas do manto… o olhar… a aura…
Ninguém se atreveu a dizer uma única palavra… a efectuar qualquer tipo de gesto… nem mesmo quando Dumbledore olhou em frente…para o nada… e proferiu numa voz que os fez sentir mais pequenos, mas mais protegidos.
_ Como guardião do ano de 1977, Albus Dumbledore, o Magid Azul-claro, convoca todos os Magids!
Agarrando a bola com mais força atirou-a para o seu lado direito. Antes que esta atingisse o chão, o azul-claro converteu-se em azul-esverdeado.
Batendo novamente três vezes no chão, a bola voltou a ser agarrada por duas mãos. Desta vez, estas pertenciam a outra pessoa… a outro Magid!
_ Ouvindo o chamado… Amos Rollof, o Magid Azul-esverdeado apresenta-se!
Segurando a bola nas suas mãos, atirou-a, tal como Dumbledore havia feito segundos atrás, para o seu lado direito.
Novamente, ainda no ar, a bola que fora azul-esverdeada tornou-se verde clara, batendo três vezes no chão.
_ Ouvindo o chamado… Vincent Michta, o Magid Verde-claro, apresenta-se!
Remus olhava fascinado quando pouco a pouco a bola era atirada consecutivamente para a direita do último Magid que aparecera…
_ Ouvindo o chamado… Páolo Barboni, o Magid Lilás, apresenta-se!
…Magids que apareciam do nada…
_ Ouvindo o chamado… Martin Loretto, o Magid Beije, apresenta-se!
…que apenas faziam a sua aparição quando agarravam a bola…
_ Ouvindo o chamado… Mara Grünner, a Magid Amarelo Claro, apresenta-se!
… a bola cuja cor se modificava de acordo com o Magid que a agarrava...
_ Ouvindo o chamado… Danielle Waltrick, a Magid Laranja, apresenta-se!
Pouco a pouco…
_ Ouvindo o chamado… Madalena Ween, a Magid Rosa claro, apresenta-se!
… a bola ia descrevendo um círculo…
_ Ouvindo o chamado… Oliver Mohr, o Magid Bordeaux, apresenta-se!
… círculo esse que, lentamente, se ia completando!
_ Ouvindo o chamado…Alberico Gunnion, o Magid Azul-acinzentado, apresenta-se!
A cada Magid que aparecia…
_ Ouvindo o chamado…Berta Maintzer, a Magid Rosa Choque, apresenta-se!
… a cada nova cor…
_ Ouvindo o chamado… Alexandre Keller, o Magid Castanho, apresenta-se!
… a cada nova aura…
_ Ouvindo o chamado… Hengisto de Woodroft, o Magid Azul-escuro, apresenta-se!
… uma intensa luz…
_Ouvindo o chamado…Caleb Dewes, o Magid cinzento, apresenta-se!
… uma forte presença mágica…
_ Ouvindo o chamado… Godric Gryffindor, o Magid Vermelho, apresenta-se!
… se apoderava do salão…
_ Ouvindo o chamado… Salazar Slytherin, o Magid Verde-Escuro, apresenta-se!
… e enchia cada um deles …
_ Ouvindo o chamado… Gabriella Angnel, a Magid Amarelo-Torrado, apresenta-se!
… com uma certeza…
_ Ouvindo o chamado… Morgana, a Magid Roxa, apresenta-se!
… existia algo mais poderoso a velar por todos eles!
_ Ouvindo o chamado…Merlin, o Magid Prateado, apresenta-se!
Quando a bola prateada chegara às mãos de Merlin, já o círculo se encontrava completo. No entanto, nenhum dos Magids que descreviam o círculo pareceu afectado.
Agarrando a bola prateada nas mãos, Merlin atirou-a para o centro do círculo. Quando esta atingiu o centro, pairou por breves segundos no ar…numa leve explosão de luz, o prateado foi substituído por dourado.
A bola começou a cair…
… bateu uma…
… duas…
… três vezes no chão.
Quando se ergueu no ar, foi agarrada pela vigésima vez naquela noite.
Abrindo os olhos lentamente, duas belas esmeraldas fixaram os restantes Magids.
_ Ouvindo o chamado…Harry Potter, o Magid Dourado, apresenta-se!
A reunião Magid havia começado!

* * *

Godric observava cuidadosamente cada um dos alunos. Conseguia ver claramente o choque nas suas faces. Choque e admiração! Conseguia ouvir, pouco a pouco, à medida que o impacto do inicio da reunião Magid de desvanecia, sussurros…palavras… mesmo pensamentos.
Todos se encontravam em estado de êxtase… algo que apenas uma reunião Magid poderia causar com tamanho impacto. Mas… juntamente com êxtase… outro sentimento se formava: Choque! Completo e profundo choque! E Godric Gryffindor podia muito bem adivinhar a origem desse choque.
Quando eles se apresentavam como Magids num determinado tempo, sem, no entanto, revelar qual a sua posição na hierarquia, era perfeitamente normal cada pessoa criar determinadas expectativas. Imaginar qual seria a cor de cada Magid… qual o seu poder. Visita após visita, revelação após revelação, reunião após reunião… quando as pessoas eram deparadas com a verdadeira hierarquia, alguma decepção era sentida quando viam que haviam trocado um pouco a ordem… ou porque, o Magid que tanto gostavam era um pouco mais fraco do que esperavam.
Neste momento, Godric conseguia ver claramente alguma decepção nos olhares dos alunos de Gryffindor ao se aperceberem que ele, o Fundador da sua casa, era mais fraco do que Salazar Slytherin. Godric sorriu diante disto. Embora Slytherin o irritasse profundamente e fosse um verdadeiro martírio aturá-lo ao longo das eras daquele mundo, Godric sabia reconhecer o grande potencial nele. Sim… sabia que a diferença em poder não era muito grande. Eram provavelmente os Magids, que naquela hierarquia tinham menor diferença entre eles…Mas, Slytherin sempre tivera um talento…um poder que ele não possuía. A magia fluía livremente nele. O problema era que Salazar Slytherin sentia uma certa atracção pela Magia Negra que o fazia ignorar a beleza da Magia que o envolvia! Slytherin sabia das suas capacidades, tal como Godric sabia, mas tinha aquela fixação pela Magia Negra que arruinava tudo.
No entanto, Godric também sabia que o choque não se devia apenas aos dois Fundadores de Hogwarts. Não… Godric sabia muito bem qual era a principal causa daquele choque… sabia, pois essa era sempre o que mais chocava todos aqueles que os conheciam como Magids…independentemente da sua idade, do seu tempo, da sua crença e localização.
Jamais passava pela cabeça de alguém de que o chefe dos Magids…o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos… fosse um simples rapazinho.
Naquele momento, todos olhavam para a figura poderosa de Harry Potter completamente petrificados.
Ignorando os olhares de que era alvo, Harry deu um passo em frente.
_ Muito boa noite a todos! Penso que cada um de vós, provavelmente já nos conhece. Espero que não se sintam, de certo modo, constrangidos ou pouco à vontade agora que sabem cada uma das nossas posições. Acho que falo por todos os meus amigos Magids, de que não é a nossa posição na hierarquia Magid que nos define. Todos vocês contactaram com cada um de nós nas últimas duas semanas. Conheceram e até travaram amizade com alguns. Eles continuam o mesmos… EU continuo o mesmo! – Harry soltou um pequeno suspiro - Não vou ser hipócrita ao ponto de não compreender que de todos os Magids eu fui quem mais os surpreendeu. Acho que nenhum de vós sequer imaginava que eu era o Magid Dourado. Afinal… tenho a mesma idade que algum de vós.
Olhando à sua volta, pode constatar que, à medida que falava um pouco mais, a tensão que se formara ia diminuindo. Até alguns sorrisos foram esboçados.
_ Nunca julguem as outras pessoas pelo que vêem! Nunca pensem que a idade, o tamanho, a origem pode ditar o que uma pessoa pode ser! Não vou entrar neste tipo de discussão, pois o tempo é curto e o que vos tenho a dizer é algo que não pode esperar mais. Apenas peço que me perdoem… a mim e a todos os outros Magids… se esta omissão de algum modo vos magoou. Digo isto, porque sei que alguns de vós não aceitou bem esta pequena mentira. – Por breves momentos, o olhar dele fixou-se no de James. Por breves momentos, apenas naquela troca de olhares fortes emoções foram sentidas…mas apenas por breves momentos… pelo menos até que James desviasse o olhar e Harry olhasse para baixo, quando sentia a tristeza ameaçar tomar conta de si.
Merlin, sentindo a dor de Harry, preparou-se para continuar. No entanto, para o orgulho de Godric, Harry elevou o rosto com uma expressão de determinação a marcar cada traço. Quando este falou, apenas segurança era sentida. Godric não conseguiu deixar de pensar o quão corajoso Harry Potter verdadeiramente era!
_ Se este foi o caso… eu apresento as minhas mais sinceras desculpas! – deixou que suas palavras flutuassem por breves segundos no ar, até continuar ainda mais resolutamente – Deixando este tópico de lado, vou iniciar a verdadeira razão da convocação desta reunião Magid. Normalmente não a fazemos…apenas quando é necessário. Portanto, peço que tenham um pouco de paciência pois terão de me aturar por algum tempo. Peço também que os meus colegas Magids estejam à vontade para se acomodarem. Esta explicação vai demorar algum tempo. Esperemos que ninguém adormeça!
Alguns risos foram ouvidos. Olhando para Alexandre, os dois trocaram olhares cúmplices. Harry sempre tinha o dom de deixar as pessoas completamente à vontade.
Vendo que cada um dos outros Magids começava a conjurar confortáveis poltronas, cada um de cada cor… a sua cor, Godric também fez um gesto com a mão. No entanto, quando se preparava para se acomodar na fofa poltrona vermelha, algo o fez congelar no lugar.
Harry, também para se sentir um pouco mais confortável, começava a retirar o pesado manto branco que estivera enrolado em torno de si. No entanto, para completo espanto de Godric, em vez da horrorosa roupa que Harry costumava usar, muito semelhante à sua, algo muito diferente apareceu.
A vestimenta de Harry ainda consistia em calças brancas e uma túnica até ao nível da coxa, também branca. Possuía também, os usuais finos bordados dourados a envolverem suavemente todo o tronco e braços de Harry. No entanto, existiam duas coisas diferentes nele. Duas coisas que faziam toda a diferença entre uma veste fina e que enaltecia o estatuto Magid e vestes que eram simplesmente ridículas.
A gola alta e lisa que abraçava levemente o pescoço de Harry já não apresentava os pesados folhos brancos. Por outro lado, nos seus pés não se vislumbravam as pesadas botas que todos os Homens Magids tinham de usar. Em vez disso, Harry calçava…
_ Ténis?! – Fora Alexandre que proferira. Este, tal como Godric, olhava chocado para o mais novo de todos eles.
Tentando não chamar demasiadamente a atenção de todos os presentes, Godric caminhou furioso para Harry. Parando a seu lado, murmurou zangado:
_ Mas o que raio estás tu a vestir?
Harry olhou inocentemente para ele.
_Como assim “ o que estou eu a vestir”? As minhas vestes Magids, oras!
_ Eu já te vi com as tuas vestes Magids e essas não são as tuas. As tuas eram como as minhas, só que em vez de vermelho tinha dourado e em vez do leão nas costas tinha uma Fénix.
_ Mas o que estás para aí a falar? Eles continuam a ter os mesmos detalhes dourados e a fénix.
_ Mas a gola está diferente! E o que raio tens nos pés?
Harry sorriu divertido, quase não conseguindo segurar o riso.
_ São ténis. Último modelo, pelo menos no meu tempo. E quanto à gola… decidi tirar os folhos. Aquilo era absolutamente ridículo! Pedi à Hermione e à Ginny para me ajudarem. Já viste como melhorou depois de alguns retoques. É que nem morto eu aparecia assim - apontou para Godric - diante do Ron. Nunca mais ouviria o fim das gozações!
_ Mas… tu alteras-te as vestes…
_ Sim… E quem disse que não podemos?!
Godric olhou chocado para ele.
_ Como?! NÓS PODEMOS ALTERAR AS VESTES?!
_ Chiuuuu!! Não é preciso gritar! Claro que podemos, desde que o modelo principal não seja alterado demasiadamente. O Merlin e o Dumbledore sabem disso.
_ Se sabias disso porque nunca me disseste nada?! Estive todas as outras vezes, incluindo esta, a passar o maior mico da minha vida!
_ Bem… eu só descobri isto há pouco tempo! Parece que é algum tipo de praxe entre os Magids Prateado e Azul-claro para com os outros.
_ Mas porque nunca me disseste nada quando descobriste?!
Harry soltou uma pequena risada.
_Porque descobri a razão pela qual Dumbledore e Merlin costumam fazer isto: é muito divertido ver-vos amaldiçoar as vestes e ter que usá-las!
Godric olhava para Harry completamente chocado.
_ Eu sei que provavelmente queres matar-me mas será que isso pode esperar para depois da reunião. Sabes, tenho um trabalho a fazer!
No entanto, continuava a sorrir divertido para ele. Respirando fundo, Godric tentou controlar-se enquanto se dirigia para sua poltrona.
Deixando-se cair pesadamente nela, reparou que, tanto Merlin como Dumbledore sorriam para ele muito divertidos. Lançando-lhes um olhar negro, virou-se para frente.
Parecendo satisfeito, Harry pousou o manto na sua poltrona sem no entanto se sentar. Dirigiu-se mais uma vez para o centro do salão enquanto sua expressão adquiria novamente um semblante sério.
_ Acho que chegou a altura de vos contar um pouco mais da história dos Magids… e a sua relação com o ser que foi responsável pelo ataque a Hogsmead. Pelo que sei, o Prof. Dumbledore já vos explicou algumas coisas…eu vou apenas completar.
Parou por uns segundos, observando as caras ao seu redor. Parecia que uma nuvem de tensão e seriedade se havia apoderado do salão principal. Todos se encontravam em profundo silêncio… apenas aguardando algo que há muito desejavam saber.
_ Tudo no mundo tem o seu oposto. A Terra e a água, a dor e o sofrimento, os amigos e os inimigos… são esses opostos que permitem estabelecer um equilíbrio que é essencial para a existência. Um equilíbrio que não pode ser quebrado! Os Magids nasceram com um único objectivo: manter esse equilíbrio…permitir que a Vida continue. Mas, tal como o resto das coisas que compõem este mundo, nós também temos o nosso oposto… aquele que evita a vida…cujo único objectivo é o NADA. O nosso oposto é o ser que foi responsável pelo ataque a Hogsmead.
Todos aqueles que haviam sofrido sequelas no ataque, fecharam os olhos. Por mais tempo que passasse as imagens grotescas não se dissipavam. O rosto das criaturas… a dor…a morte…o nada!
_ Antes de vos falar d’Ele, quero explicar-vos mais umas coisas. Quando um Magid vem ao mundo, ele não se distingue de todas as outras crianças. Ele aparenta um nível normal de Magia, pode mesmo chegar a demonstrar dificuldades em determinadas matérias.
Não existe nenhum indício que faz as pessoas pensarem que aquela criança, aquele adolescente, aquele adulto, possui um nível de Magia acima do normal… um poder muito maior… muito mais intenso. Verdade seja dita, nem ele próprio o sabe! Mas, ele é um Magid… o seu poder está lá… escondido… um pouco esquecido… apenas a aguardar que algo o liberte... que algo o acorde!
_ Mas o que é que o acorda? - Harry virou-se seguindo a voz. Quem falara fora um rapazinho sentado na mesa dos Ravenclaw. Um rapaz que não aparentava mais do que 14 anos que, nesse momento, ao se aperceber que verbalizara a sua questão em voz alta, corara até à ponta dos cabelos negros enquanto colocava as mãos sobre a boca.
_Peço imensa desculpa…. Eu…eu…não dev-e-eria ter interrompido…
_ Não há problema algum. Não me importo que coloquem questões. Assim tenho a certeza que estão a seguir o que estou a dizer. Esse tipo de interrupções é sempre bem vindas!
Naquele momento, a porta do salão abriu-se de rompante, dando lugar a um Filch muito assustado que entrou a coxear no salão, enquanto procurava alguém com os olhos.
Quando o seu olhar se encontrou com o do Director, começou a falar:
_ Eu peço desculpa, senhor! Mas ele não me quis ouvir. Tentei impedi-lo de entrar mas ele disse que queria falar consigo urgentemente….e…e…
_Ele quem?
_ O…o ...o senhor…
_Não existe necessidade de me anunciar. Acho que posso entrar neste castelo quando muito bem entendo. Sou ministro para alguma coisa…
Todos as cabeças se viraram seguindo a direcção da voz. Por detrás da figura ofegante de Argus Filch, uma nova figura fez a sua aparição. Uma figura vestida com elegância… emanando uma superioridade impressionante. A figura de Thomas Mallock, Ministro da Magia.
Alexandre olhou divertido para Harry quando este fechou os olhos, como que sentindo dor. O seu divertimento triplicou quando conseguiu perceber o que o mais novo murmurava: “ Já este tipo de interrupções…eu dispensava!”
_ Thomas! O que é que está aqui a fazer?
Thomas Mallock deu um passo em frente, retirando lenta e graciosamente o manto por cima dos ombros. Durante alguns segundos, parecia não se ter apercebido da pergunta do Director de Hogwarts, enquanto observava todo o salão em seu redor, especialmente as outras 19 figuras imponentes localizadas no centro do salão.
_Thomas?!
Saindo do torpor em que se encontrava, … focalizou a sua atenção em Albus Dumbledore.
_ Acho que a nossa conversa não ficou concluída, Dumbledore.
_ Como assim não ficou concluída?! Penso que lhe disse tudo o que tinha para lhe dizer. Além disso, caso não tenhas reparado, Thomas, este não é o melhor momento. Estamos no meio de uma reunião!
_ Por isso mesmo! – naquele momento os olhos do ministro encheram-se de fúria- talvez os teus colegas Magids me possam explicar aquilo que não me quiseste contar.
Albus ergueu-se furioso do cadeirão onde estivera sentado.
_ Como assim?! Acho que já fiz muito. Eu contei-te que Hogwarts iria receber visitas. Contei-te quem seriam essas visitas…de que a nossa presença deveria ser mantida no mais profundo silêncio.
_ Contudo não me explicaste o que vieram fazer aqui…contra o QUÊ exactamente estão a lutar. Ainda por cima, existe algo que me precisas elucidar. Hoje de manhã tentei falar com o chefe do Departamento de Aurores, o Rufus Scrimgeour, TENTEI dizer-lhe sobre os Magids… e sabes o que aconteceu…SABES?!
Albus sorriu levemente.
_ Acho que tenho uma pequena ideia. Mas tenho a certeza de que me irás dizer…
_ Fiquei calado… não consegui abrir a boca… cheguei mesmo a ESQUECER do que iria falar… só quando regressei à minha sala, é que me lembrei o que queria dizer. Pensei que deveria ser o cansaço! Doce engano! Quando desci outra vez, e vi-me frente a frente com o Rufus…voltei a ficar estático a olhar para ele… sem me lembrar o que queria dizer. Novamente só me recordei mais tarde…
_Talvez seja a velhice! – A cabeça de Thomas Mallock rodou em direcção à voz, encontrando Alexandre a sorrir divertido para ele.
_ Velhice as barbas de Merlin!
_ Mas será que deixam as minhas barbas fora do assunto?! Que fixação!
_ Ai! Pelas barbas de Merlin! – Thomas olhava chocado para o Magid Prateado- Sempre tinhas razão Dumbledore. É o Merlin! Quando me disseste pensei que fosse mais uma das tuas loucuras.
Albus limitou-se a revirar os olhos.
_ Thomas… restringe-te à verdadeira razão da tua vinda!
_Oh… sim…claro! Como estava a dizer, antes de ser rudemente interrompido, isto não é velhice! Porque da terceira vez, escrevi o que queria dizer num pedaço de pergaminho mas, novamente, quando cheguei lá, esqueci totalmente o que iria dizer e no pergaminho não havia nada escrito! Agora podes me dizer a razão destes surtos de amnésia! Ou, por exemplo, da voz que fala na minha cabeça quando me recordo do que iria falar!
_ Vozes?! É melhor ter cuidado, senhor ministro. Ouvir vozes na cabeça é um dos primeiros sinais de demência!
Diante do comentário de Godric, Alexandre sorriu divertido trocando olhares cúmplices com um dos fundadores de Hogwarts.
_ Esperava um comportamento mais adulto dos tão aclamados Magids! Eu não estou a ficar louco…mas parece que alguém deseja que o pareça. Acho que o Rufus não ficou com um ideia muito boa de mim.
_ Mas porque dizes isso, Thomas?! Tenho a certeza que o Rufus não ficou a pensar que estavas doido.
_ Achas mesmo Dumbledore?! Olha que eu não tenho bem a certeza - dando um passo em frente, ergueu um dedo em riste – Acho que o facto do Rufus ter chamado um auror para me acompanhar ao Hospital Saint Mungus pode querer dizer alguma coisa, não achas?!
Merlin lançou um olhar de aviso a Godric e Alexandre que tentavam claramente segurar as risadas. Será que eles não conseguiam controlar? Será que tinham a incapacidade de estarem calados e adoptar uma atitude séria?
_Mas diga me lá senhor ministro. Como era a voz? Era de mulher? De homem? Era forte… fraca?
Parecia que não.
_ Não…não… -interrompeu Godric- Isso tudo eu já sei! Eu só quero saber o que a voz diz…isso é que nunca descobri!
Thomas Mallock pareceu momentaneamente desconcertado! Ganhando forças, decidiu continuar:
_ É a voz de um rapaz… E eu acho que está a gozar comigo…diz sempre a mesma coisa: ” Nananinanão… Mau Thomas… Muito mau!!! Assim não fico contente! Não fico NADA contente! O menino Thomasinho não está a ser um menino bem comportado. O senhor sabe que não pode falar! Porque quanto mais falas… MAIS DESATINAS!!! É SEGREDO!!! Se continuares a ser coscuvilheiro vais levar um pontapé no traseiro! Portanto… o Menino Thomas vai guardar segredo… pois se não guardar… vai se esquecer! E quanto mais forçares… pior ficas. Então? O menino Thomas vai ser um bom menino? Vai?”
Durante uns breves segundos fez-se silêncio... Durante alguns breves segundos… Depois… tanto Godric como Alexandre, estouraram às gargalhadas! Mesmo Merlin tinha grande dificuldade em controlar que um pequeno sorriso divertido o denunciasse.
_ Harry?! – Madalena olhou horrorizada para o Magid mais novo - Seu malandro! Isso é coisa que se diga?!
_ Como assim? – O ministro parecia momentaneamente confuso - Quer dizer que não estou a imaginar coisas?! Que esta voz que oiço da minha cabeça é de um de vós?
_ Meu caro Thomas, eu avisei-o que não poderia contar nada a ninguém. Desilude-me profundamente que não tenha ouvido o meu pedido.
_ Foste tu, Albus?! Como tiveste coragem?
_ Não fui eu… mas achas mesmo que nós Magids seríamos tão descuidados a ponto de deixar que todos pudessem falar de nós… da nossa existência. Sempre que alguém descobre os Magids… sempre que alguém conhece um Magid… é alvo de um feitiço feito por nós… bem… por um de nós! O Magid Dourado! Assim, sempre que alguém tenta escrever sobre os Magids, a tinta desvanece…. Sempre que tenta falar sobre os Magids com alguém que não sabe da sua existência, esquece o que iria falar…Fazemos isto para evitar que pessoas, como Voldemort, descubra a nossa existência. Deste modo, nenhum aluno, nenhum professor…ninguém que algum dia contactou connosco… pode falar! O nosso segredo está seguro!
_ Por falares em ...em… Quem-nós-Sabemos…era sobre ele que eu queria falar com o Rufus! Era por isso que eu queira contar sobre os Magids. Albus! Tens de nos ajudar! Ele está imparável. Os Magids têm de vir em nosso auxílio!
Dumbledore soltou um suspiro cansado. Como fazê-lo perceber que eles não poderiam actuar… mexer ainda mais com a linha temporal? Como?
_ Já tive esta conversa contigo, Thomas. Sabes muito bem que nenhum de nós pode envolver-se nesta guerra. Por muito que nos custe não podemos agir.
_ Pois eu não concordo! Sabes muito bem disso, Dumbledore. Como podes pedir-me para ignorar a vossa presença… saber que me podem ajudar…sem o conseguir.
_ Ajudar-TE? Só a ti? – Morgana olhou profundamente para o homem à sua frente - Pensei que estarias preocupado com as pessoas que estão a morrer… a sofrer nas mãos desse tal de Voldemort.
Thomas Mallock mexeu-se visivelmente encabulado.
_ Foi apenas uma forma de expressão. É claro que estou preocupado com as pessoas. Então? Os Magids vão ou não ajudar-me?
Morgana levantou-se lentamente da sua poltrona, jamais deixando de olhar profundamente para a figura, já não tão confiante do Ministro da Magia.
_ De certa maneira, Thomas Mallock, todos vós serão ajudados por um Magid!
_ Como assim? – a confusão era cada vez mais acentuada.
_ Antes de nos interromper, e devo dizer de um modo bastante rude – para espanto de todos os presentes, que conheciam a calma e frieza do Ministro como uma lenda, as faces de Thomas Mallock adquiriram uma tonalidade rosa – Estava a ser explicado, como um Magid desperta os seus poderes.
_ Não estou a compreender…
Morgana olhou para Harry durante alguns segundos. Este, simplesmente sorriu e sentou-se na sua própria poltrona enquanto fazia um gesto com a mão, incentivando-a a continuar.
_ Quando um Magid chega a este mundo, ele não sabe das suas capacidades… desconhece em si a presença de um poder enorme! Tem uma vida normal, sem que esse poder desperte, até que algo o faz atingir os seus limites como bruxo, com o perdão da palavra, vulgar… e iniciar uma nova era… uma nova fase da sua vida… ele encontra o poder Magid!
O que desperta este poder é um desafio… algo que o faz atingir aqueles limites da Magia normal… que o fazem recorrer inconscientemente à Magia Magid. Esse desafio é, normalmente um inimigo. OU, como aconteceu em alguns casos – sorriu divertida para Godric e Salazar- um outro Magid. Neste último caso, os dois Magids desafiam-se um ao outro... descobrem as suas facetas um com o outro.
Morgana aguardou alguns segundos que a suas palavras fizessem o efeito desejado.
_ Mas… na maioria dos casos, os Magids nascem numa época em que aparece um Feiticeiro excepcionalmente poderoso, embora não dentro dos padrões Magids, que causa tamanha destruição que um Magid vem socorrer esse tempo. Ele nasce, cresce… até que chega uma altura em que esse feiticeiro se tornará seu inimigo Mortal. Não pensem que só por ser Magid, ele terá facilidade em destruir o inimigo. Pois isso não acontece… ele, na verdade, esforçasse imenso para conseguir vencer… afinal…os seu poderes Magid ainda estão adormecidos. Mas quando finalmente ele consegue vencer o Feiticeiro… ele esforçou-se tanto… que conseguiu despertar os seus poderes Magids. A partir daí iniciasse o seu treino Magid.
Naquele momento, o brilho calculista… a essência politica de Thomas Mallock voltou com a sua força.
_ Com que idade um Magid desperta os seus poderes?
_ Normalmente por volta dos 35-60 anos. Porquê?
O ministro não respondeu. Ignorou completamente de que estava a falar com uma grande feiticeira da Historia… de que estava num salão apinhado de alunos, professores, fantasmas… de que estava a ser observado com curiosidade por um grupo de feiticeiros cujo poder era enorme… feiticeiros que tentava cativar e, de certo modo, até manipular. Naquele momento, toda a mente de Thomas Mallock era preenchida por um único pensamento… um pensamento que o fizera andar em torno de cada um dos Magids… como um predador a avaliar a sua presa.
_ Entre 35 a 60 anos…
_ Ahm… Senhor Ministro? – Gabriella tentou interromper.
_ Portanto já nasceu!- continuou a murmurar baixinho, ignorando completamente todos os olhares voltados para si.
_ Senhor Ministro????
_ Será o Dumbledore?
_ SENHOR MINISTRO?
Saindo do seu torpor, Mallock olhou em direcção a Gabriella.
_ Sim?!
_ O que está a fazer?
_ Estou a tentar descobrir qual de vós é o inimigo de Voldemort. Quem será a nossa esperança…. Quanto mais tempo vamos esperar…
Gabriella olhou um pouco triste para ele. Conseguia perceber que à medida que a conversa progredia, todos no salão escutavam um pouco mais… registavam tudo um pouco mais… tudo na esperança de ver uma salvação para o terror que já os afligia antes dos Magids chegarem… antes do terror que avassalara aquele tempo através da criatura que se libertara do Mundo dos Esquecidos… Uma salvação para um terror com que eles estavam familiarizados… um terror chamado Voldemort!
_ O Magid que despertou os seus poderes com o Voldemort não pode vencê-lo agora.
_ Porque não? Afinal é ele que o irá vencer?
_ Disse bem: “ irá vencer!” mas ainda não o fez. Ainda não o deve fazer. Não podemos alterar o curso das coisas. Tem de esperar que o Magid nasça para que ele possa actuar.
_ Mas isso é idiota. Se ele está aqui podia muito bem… espere aí… como assim QUE ELE NASÇA! ELE AINDA NÃO NASCEU? – A sua expressão era marcada por um profundo horror.
_ Não. Ele ainda não nasceu.
_ QUER DIZER QUE VOU TER DE ESPERAR QUE ELE NASÇA… QUE CRESÇA… PARA FINALMENTE ACONTECER ALGUMA COISA! É ISSO QUE ME ESTÁ A QUERER DIZER?
_ Não vai ter de esperar tanto tempo…
_ Como assim não vou?! Pelo que me está a dizer vai demorar anos. O meu povo vai sofrer nas mãos deste psicopata durante anos!
_ Não vai esperar anos, pois ele vai fazer a sua presença sentida muito cedo. Na verdade… ele vai tratar temporariamente de Voldemort com apenas 1 ano de idade.
_ Temporariamente? 1 ANO?! Mas disse que os Magids despertam o seu poder com apenas 35 anos, no mínimo! E agora está a falar-me de 1 ano?!
_ Ele não despertou os seus poderes com apenas 1 ano de idade. Nessa altura, ele apenas fez uma pequena demonstração dos seus poderes Magids mas não os despertou. Ainda era muito cedo. Quanto ao temporariamente… bem… digamos apenas que Voldemort não vos irá causar problemas durante um bom tempo… tempo suficiente para que o Magid cresça um pouco mais.
_ E depois disso… só com 35 anos é que ele destrói completamente o Quem-Nós-Sabemos?
Gabriella soltou uma pequena gargalhada:
_ Na verdade este Magid estava destinado a despertar os seus poderes mais cedo.
_ Quão mais cedo?- sua voz era marcada pela desconfiada.
_ Mas o senhor é bastante curioso! – Mara olhou chocada para Mallock.
_ Estou apenas a defender os melhores interesses das pessoas que podem vir a sofrer nas mãos do Quem-Nós-Sabemos. Quero saber se esse tal Magid irá proteger convenientemente cada um de nós… Se é poderoso o suficiente…
Naquele momento, a voz de Harry quebrou os pensamentos do Ministro, assustando todos os alunos que se encontravam no recinto e que estiveram de tal maneira envolvidos no diálogo que se haviam esquecido por completo de Harry,
_ Não se preocupe Senhor Ministro. Eu sempre tive em consideração a segurança de todos. Eu sou o Magid que vai despertar os seus poderes com Voldemort. E a Gabriella disse a verdade. Eu vou… como dizer… reter Voldemort com uma ano de idade… mas será apenas quando fizer 17 anos que eu vou vencê-lo por completo.
Mallock estudou atentamente a figura de Harry sentada na poltrona com uma expressão um pouco duvidosa.
_ 17 Anos?! Um rapaz com 17 anos vai vencer o Quem-Nós-Sabemos?
_ Jamais julgue um livro pela sua capa – Sorriu divertido - pois pode enganar-se. Só porque sou muito novo, não quer dizer que não tenha capacidades.
Reparando pela primeira vez nas vestes que Harry envergava, Mallock foi assolado por um profundo horror.
_ Tu és o Magid Dourado?!
_ Sou.
_ O chefe de todos os Magids?!
_ Sim…
_ O mais poderoso?!
_ Também…
No rosto de Thomas Mallock abriu-se um grande sorriso… sorriso esse que foi rapidamente substituído por uma nova onde de confusão.
_ Então não percebo… Se o Magid Dourado vem lutar com Voldemort… Porque é que Dumbledore está neste tempo? Porque não é Dumbledore que destrói o Quem-nós-Sabemos?!
_ Porque não é Dumbledore que destrói Voldemort???? Porque Dumbledore já despertou os seus poderes como seu próprio inimigo, o feiticeiro das trevas Grindelwald. Voldemort é o feiticeiro destinado para fazer o Magid Dourado despertar os seus poderes.
“Porque é que Dumbledore é deste tempo??? Porque para além do direito à sua vida pessoal, Dumbledore tinha mais uma missão: auxiliar o Magid Dourado.
Após alguns minutos de silêncio, o Ministro pareceu recuperar as suas forças, virando-se novamente para Harry.
_ Mas… então não pode destrui-lo agora?
_ Não…
_ Nem dizer-me como o destruiu?
_ Não…
_ Nem o que se passou nesses anos em que ele esteve temporariamente afastado de tudo?
_ Não… Isso é algo que é para eu saber e o Ministro esquecer. Agora… será que posso continuar a reunião… ou terei mais algumas destas interrupções.
Pela segunda vez naquela noite, Thomas Mallock corou ligeiramente.
_ Não terá.
_ Deseja sair ou quer assistir à reunião?
_ Se fosse possível, gostaria de assistir.
Acenando ligeiramente com a cabeça em sinal de concordância, Harry aguardou que Mallock se sentasse junto com os professores, antes de se levantar da poltrona e olhar em seu redor.
_ Continuando… Como já perceberam, quando um Magid desperta os seus poderes ele inicia o seu treino. No que consiste este treino e onde é efectuado não é importante. O que é importante referir é que tal como tudo no mundo, os Magids também têm o seu oposto.
Durante toda a história da humanidade… durante toda a história da vida… existem referências de acontecimentos macabros… seres das trevas… morte! Alguns desses acontecimentos são causados pelo próprio homem, seja ele Muggle ou um bruxo das trevas. No entanto existe um mal muito maior… algo que deseja acabar com a existência… instalar o caos… o nada! Esse ser controla todas as criaturas das trevas… criaturas das mais diversas formas…com os mais diversos poderes! Criaturas que não param… cujo único objectivo é obedecer ao seu Senhor! As criaturas que vos atacaram em Hogsmead são apenas uma amostra dos seus servos… uma amostra, que devo dizer, não é das mais fortes.
O Amo delas existe há muitos séculos atrás, um pouco antes de mais antigo de nós. Para vos falar DELE vou-vos ler algumas passagens de textos escritos por habitantes que entraram em contacto com ELE. A sua primeira referência foi feita no século X quando toda uma aldeia foi destruída “ com um sopro de um demónio… “. Numa noite tempestuosa, uma mulher dera à luz a uma criança em tudo muito diferente de todas as outras. Quando a criança nascera grande parte da aldeia morreu sem explicação. A pessoa que relata esta história fala do crescimento da criança. Como a mãe morrera ao dar a luz, tal como a maioria da população, não fora dado nenhum nome ao rapaz. Alguns receavam-no! Embora não o pudessem provar, associavam a morte de todos os outros a ELE. Aqueles que não acreditavam nessa ideia, tentaram várias vezes dar um nome ao rapaz. Mas ELE jamais aceitou algum deles. Quando a rapaz fez 7 anos, o Habitante da aldeia escreveu: “ e sempre que atravesso a praça da aldeia, sinto seus olhos frios a observar-me. Sei que não sou o único a ser observado… ELE observa todos, ao mesmo tempo… sem excepção. E sempre que seu olhar me atinge, sinto como se a vida deixasse de existir! No entanto vivo… consigo atravessar o pátio com o coração ainda a bater. Mas tenho a vaga ideia que apenas atravesso o pátio com vida, porque ELE me deixa. Sinto por vezes que somos todos cobaias… simples cobaias que ELE observa como que usando-nos para compreender o mundo para onde veio… não somos nada… apenas instrumentos que até à data têm alguma utilidade. Quando chego ao final da praça, com o meu coração ainda a bater, olho para trás. Ao vê-LO sorrir para mim… lançar-me um olhar trocista… a minha vaga ideia tornasse numa certeza. Vamos todos morrer… e não temos controlo sobre a nossa vida”
Todos ficaram em profundo silêncio. Se o medo que se apossara de cada um dos presentes fora enorme durante o ataque a Hogsmead… agora… era insuportável. No entanto, olhando para as 20 figuras no centro do salão, conseguiam retirar uma certa sensação de segurança… um sentimento de que não estavam sós… uma certeza de que os Magids iriam protegê-los.
Harry deixou que todos se acalmassem por mais alguns minutos, até prosseguir:
_ Quando a criança fez 10 anos, toda a vila desapareceu. Nenhum foi deixado vivo. Em registos de pessoas que mais tarde passaram pela vila, era afirmado que por todos os locais da vila se avistavam corpos. Corpos sem qualquer tipo de ferimento… cuja causa da morte era desconhecida… Mais tarde, quando cientistas investigaram o caso dessa vila, associaram a morte colectiva a algum tipo de epidemia. Os registos do habitante foram mantidos no esquecimento.
“5 Anos mais tarde, um novo registo foi encontrado mas neste caso numa cidade da Europa Central. Segundo o que estava escrito, acontecimentos muito estranhos começaram a ocorrer logo após a chegada de um jovem rapaz de cerca de 15 à cidade. Mortes inexplicáveis… torturas que as pessoas sofriam sem que alguém as infligissem… criaturas tenebrosas que apareciam durante a noite. Também esta vila foi completamente destruída após um ano do início dos acontecimentos! Ao longo do tempo, o rapaz foi viajando pelo mundo… e em cada sítio que parava acontecimentos estranhos ocorriam. Por vezes, a cidade era deixada com pessoas vivas no seu interior…outras ficavam mergulhadas no silêncio da morte. Todos os registos desse rapaz, embora feitos por pessoas diferentes, descrevem-no da mesma maneira: “ Toda a figura DELE causa um impacto à sua passagem. É senhor de uma beleza cativante e perigosa… sua pele pálida, seus cabelos negros como a noite, sua face fina e altiva seguram os olhares de todos o que O conhecem. É uma beleza fatal! Fatal porque quando cativa é como se todos nós fossemos alvo de um predador… um predador que nos observa com divertimento e parece decidir qual será o nosso melhor destino. Mas… aquilo que O difere da multidão… aquilo parece envolver-nos numa malha à qual não podemos escapar são seus olhos… seus olhos simplesmente prateados… brilhantes… olhos que não são normais pois não apresentam íris nem branco… apenas cinza!!! E quando ELE faz um sinal com a mão como que a troçar de nós, consigo vislumbrar uma pequena tatuagem negra a envolver o seu pulso. Uma pequena tatuagem que apresenta 4 símbolos, que compreendi mais tarde serem os símbolos dos 4 elementos: Terra, Fogo, Ar, Água.” Os quatro elementos essenciais para a vida… mas também aqueles que a permitem destruir. Em séculos para a frente… e mesmo séculos para trás… existem várias referências do jovem rapaz. Um jovem rapaz que apresentava sempre a mesma idade: mais ou menos 20 anos.
“ Só mais tarde é que compreendemos o porquê de ele deixar registos das suas passagens…o porque dele não matar todas as cidades por onde passava: ELE estava apenas a testar os seus poderes… a brincar com a vida pois sabia que tinha controle sobre ela. E deixava os registos para que outros soubessem que ele existia. Podiam não saber ao certo quem ELE era… o que podia fazer… mas sabiam que ELE existia!
“ Os poderes dele são enormes. Compreendemos facilmente que os registos dele ao longo do tempo significavam que ele dominava a linha temporal. Século após século, o seu poder foi crescendo… foi-se desenvolvendo… até que a Vida decidiu balancear as coisas: os Magids apareceram! Durante muito tempo, ELE esteve enclausurado. Esse enclausuramento foi feito por nós … No entanto, subestimamos o seu poder. ELE libertou-se e decidiu atacar este tempo. O seu poder está enorme… ELE aproveitou todo o tempo que esteve fechado para ganhar mais controle nas criaturas… para desenvolver as suas próprias capacidades.
“Agora, ELE fixou o seu olhar no ano de 1977… brinca com a linha temporal deixando que alguns elementos saltem da sua época para esta, como aconteceu com os meus amigos. As manchas no céu, os quadros que desaparecem, as faces que envelhecem e rejuvenescem… tudo isso se deve ao controlo que ELE tem sob a linha temporal.
“Estamos a contar-vos isto para que saibam o que estão a enfrentar. Nós estamos aqui e vamos tentar evitar ao máximo que todos vocês se envolvam mais ainda neste batalha que é nossa e não vossa. Os Magids existem para contra balancear o poder deste ser. E nós vamos proteger-vos até ao fim!
Harry deixou que suas palavras vagueassem pelo salão e entrassem lentamente nas mentes de todos os presentes. Sabia que era muito com que lidar… muitas informações. Não disse uma única palavra até que um aluno dos Gryffindors ousou quebrar o silêncio.
_ Disse que ele não tem nome… que os da sua vila não lhe deram ou ele não aceitou… mas ele continua a não ter… quer dizer… bem…
Harry sorriu levemente.
_ Houve um escritor que o chamou de Behemoth, que quer dizer Diabo. Aparentemente Ele achou piada e é tratado desde aí por Behemoth. Se existe algo que Behemoth tem é sentido de humor… muito negro e fatal… mas tem. Na verdade, ele gostou tanto do termo, que poupou o jovem escritor.
“ Agora que todos vocês vão passar o Natal a casa, o cuidado deve ser maior. Vocês não sabiam mas instalei em Hogwarts uma protecção Magid. Não precisam de saber do que se trata ao certo apenas que engloba cada um de vós. No entanto, quando atravessarem os portões de Hogwarts, essa protecção de pouco vos valerá. Assim, a todos vós uma nova protecção será aplicada… uma protecção que vos irá acompanhar sempre, seja para onde for que vão.
Estendendo o braço para a sua frente, Harry fechou os olhos enquanto cerrava fortemente os olhos. De dentro da sua mão, foi possível visualizar uma forte luz. Quando Harry abriu os olhos e a mão, a luz desapareceu… desapareceu apenas por alguns segundos até se materializar pequenos flocos da mesma luz à frente de cada um dos presentes.
Remus olhou fascinado para a pequena gota de luz azul que dançava em frente de seus olhos. De repente, a luz dirigiu-se em elevada velocidade para o seu peito e Remus sentiu um pequeno calor sobre o peito. Afastando um pouco a camisa do uniforme, ficou espantado com o que viu: uma pequena gota estava desenhada no seu peito, como se de uma tatuagem se tratasse. A gota brilhou durante alguns segundos, até ficar simplesmente o desenho azul.
Olhando em volta reparou que não era o único a olhar espantado e a colocar a mão sobre o local em que possuíam a tatuagem.
_ Esta pequena gota vai-vos proteger. Com isto, Behemoth e suas criaturas não vos poderão tocar sem que eu saiba. Ele não poderá magoar-vos, pelo menos até que eu chegue ao local onde estão. Isto tem uma grande capacidade de aviso e defesa. Sempre que Behemoth ou uma das criaturas está perto, vocês sentirão a tatuagem queimar. Se eles tentarem tocar-vos, não o conseguirão fazer.
Remus colocou a mão sobre o peito sentindo o calor reconfortante da tatuagem. Sentia que nada o podia atingir… de que estava a ser protegido… guardado.
_ Antes de me despedir de cada um de vós e desejar-vos um Feliz Natal quero referir-vos duas coisas. A primeira é que sinto muito que estejam no meio desta guerra. E peço-vos que não tentem fazer nada heróico pois estas criaturas e o seu Amo não são simples bruxos das trevas. Eles são a verdadeiro significado da palavra destruição e morte. A segunda é que, onde quer que cada um de vós esteja, nós estamos a olhar por vós. Jamais vos abandonaremos. Jamais deixaremos que Behemoth vença!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.