The Burners



THE BURNERS



Rony chegou à Casa Verde no fim da tarde. Os três se reuniram no quarto de Sirius para se arrumarem, o que foi uma tarefa bem difícil. Horas depois dois garotos ruivos desceram as escadas usando jeans rasgados, camisetas pretas de malha e tênis. Um deles não parava de coçar os olhos como se tivesse acabado de acordar.


– Para com isso! - repreendeu o homem alto de calça jeans e camisa preta de gola alta, que desceu logo atrás. Tinha os cabelos presos num rabo de cavalo e o rosto bem barbeado o deixava mais jovem.


– Isso incomoda, Sirius! Tenho mesmo que usar lentes?


– Claro! Esse curativo ainda chama a atenção, mesmo com a maquiagem, com os óculos então...


– Mas nem eu me reconheço!


– Não põe a mão, você vai acabar se acostumando. Se parar de pensar nelas vai conseguir esquecer que as está usando.


Harry tentou seguir seu conselho. Enfiou as mãos nos bolsos da calça.


– Eu acho que você está ótimo – Rony disse. Estava usando os cabelos arrepiados e tinha ganhado um “sinal de nascença” no lado esquerdo da face. – Queria que Hermione pudesse nos ver agora.


Os três subiram na moto de Sirius. Harry ia na frente, guiando, e Rony atrás de Sirius empolgado com a ida à civilização. Seguiram por uma trilha desconhecida para os garotos, alguns minutos depois cruzaram por uma clareira e avistaram prédios rodeando o beco escuro no qual surgiram. Rony exclamou algo, admirado. Harry também estava impressionado.


– Desse jeito será impossível nos rastrearem – Sirius explicou.


Saíram do beco e após algumas curvas avistaram várias pessoas em frente a uma construção antiga, de aparência vandalizada, com pouca luz interior e um som pulsante. Deram a volta até a lateral do quarteirão parando num estacionamento já lotado. Algumas pessoas olharam para eles admirando a monstruosa moto de Sirius, Scarlet. Era difícil encontrar uma igual àquela, principalmente alterada por magia. Viram alguns punks e góticos enquanto se encaminhavam para a entrada.


Harry e Rony, agora bem mais entusiasmados, nunca tinham ido a um show de rock antes, olhavam tudo e comentavam admirados.


– Fiquem perto de mim, sempre! - Sirius recomendou. - Se nos perdermos uns dos outros, nos reencontraremos na entrada, certo? - continuou quando ambos concordaram. – E usem apenas os nomes que combinamos!


Naquela noite seriam os primos Bryan e Mat com seu tio Scot. Assim que entraram foram envolvidos pelo ar denso e barulhento do ambiente. Tinha a altura de dois andares, o palco, no final do salão, era bem alto. Na lateral, um vasto bar com uma escada ao lado, levando aos andares superiores.


Sirius passou os braços pelos ombros de ambos e os conduziu para as escadas. Chegaram ao andar superior, igualmente mal iluminado, as escadas seguiam desaparecendo num andar bem mais escuro que o térreo. Seguiram pelo estreito salão lotado até chegarem à sacada, de onde avistavam as pessoas lá em baixo se agitando ao som da música, tentando se aproximar do palco onde cinco figuras pálidas, vestidas de preto e prata, tocavam euforicamente.


Ao contrário da maioria, eles, incluindo Sirius, estavam mais interessados nas pessoas próximas que conseguiam avistar na pouca luz. Dois casais à direita vestindo jeans e couro se agitavam e gritavam, mais adiante um casal se agarrava indiferente à falta de privacidade do local.


Rony e Harry se entreolharam boquiabertos. Do outro lado uma menina gótica, com um vestido preto, meias arrastão, botas até os joelhos e maquiagem igualmente pretos, sorriu para eles.


– Esse lugar é bem legal! - Rony disse retribuindo o sorriso.


– Sí... ah, Scot, as pessoas aqui... são iguais a gente... são...


– Não! Nem todas! - Sírius respondeu a Harry elevando a voz pra que o ouvissem. – Na verdade, creio que somos minoria. A maioria de nós ou é conservadora, ou não gosto de se misturar. E a Burners faz sucesso principalmente do lado de cá.


Duas horas depois, após vários empurrões de fãs eufóricos que queriam tem melhor visão de seus ídolos, Rony não estava mais achando o lugar tão legal assim.


– Quantas músicas vão tocar nesse show? Vamos ter que ficar até o final? - Rony cochichou no ouvido de Harry.


– Não sei... - Harry respondeu. - A gente podia andar um pouco...


– A gente vai descer um pouco, pra beber alguma coisa, tudo bem? - Rony pediu a Sirius.


– Não, deve estar muito cheio lá em baixo - olharam ao redor, seria difícil abrir caminho. – Venham - Sírius os guiou até as escadas. – Esperem por mim aqui, vou trazer alguma coisa pra vocês.


Rony e Harry subiram alguns degraus da escada que levava ao andar superior e se sentaram, era a único lugar tranquilo, exceto por casais que subiam ou desciam de vez em quando.


– Espero que Scot não queira ficar pra pegar autógrafos no final do show. - Rony reclamou. - Meus pés estão doloridos.


– Meus olhos estão ardendo... quero tirar logo essa porcaria. Gostaria de ter trazido os meus óculos, seria difícil achar algum conhecido neste lugar...


– Acho que aqui seria perfeito pra se esconder... cheio, escuro, poucos bruxos... garotas bonitas... - Rony disse olhando um grupo de garotas que desciam sorridentes. - Aposto que conseguiríamos comprar qualquer coisa no bar.


– Tomara que Sirius... Scot, não demore.


– Do jeito que isso aqui está cheio, seria melhor se ele aparatasse e trouxesse alguma coisa lá de casa...


A menina gótica, que havia sorrido para eles mais cedo, subiu agarrada a um sujeito pálido de cabelos compridos até os cotovelos.


Harry tentava se controlar pra não levar a mão aos olhos a cada minuto. Um sujeito alto, de cabelos pretos e lisos, vestindo calça preta e blusa branca, o que o destacava do tradicional jeans e preto, parou encostado à parede ao pé da escada.


– Droga! - Harry exclamou de repente. Rony desviou a atenção do topo das escadas.


– O que foi?


– Uma das lentes caiu! - disse apalpando as roupas e o degrau.


– Como vamos achar no escuro? - Rony perguntou examinando os degraus abaixo.


– Não vamos... deixa – Harry disse percebendo que o homem de blusa branca os observava com interesse. – Estamos chamando atenção. Vamos procurar Sirius.


– É melhor esperarmos aqui ou vamos acabar nos desencontrando... - Rony disse voltando a atenção para o andar superior.


Com uma visão parcial e incômoda, se sentindo pior do que antes, quando pelo menos enxergava, Harry aguardou irritado.


– O que será que tem lá em cima? - Rony perguntou.


– Não sei - Harry respondeu de mau humor. – Vai lá ver! - Rony se levantou preparando-se pra subir.


– Aonde vai? - Harry perguntou espantado.


– Ora, vou ver...Você vem?


– Não, não estou em condições de ver nada agora - ficou observando enquanto Rony subia apressado.


Era obrigado a piscar repetidas vezes pra tentar amenizar o incômodo da lente e evitar levar a mão aos olhos, fechou-os e recostou a cabeça no corrimão.


– Por que está aborrecido?


Harry abriu os olhos ao som da voz grave e musical. O homem de blusa branca estava agora sentado no andar inferior sorrindo pra ele. Tentou retribuir o sorriso apesar da irritação constante.


– Não estou conseguindo enxergar muito bem... - respondeu com sinceridade.


– Irritação por lente de contato? Eu também sofri quando comecei a usar as minhas.


– Você usa lentes? - Harry perguntou examinando os olhos castanhos dourados. - Está usando agora?


– Tenho que usar sempre que saio em público, essa não é a minha cor natural... Mas agora eu uso um colírio apropriado, não tenho mais problemas com elas. Quer experimentar? - perguntou tirando um pequeno frasco do bolso. Harry ficou em dúvida. - Não custa tentar. Eu te ajudo – disse subindo mais um degrau enquanto abria o frasco. Levantou o queixo de Harry e pingou o líquido em seus olhos.


O alívio foi imediato, embora uma leve ardência continuasse, sentiu-se bem melhor.


– Obrigado, melhorou muito!


– Disponha, meu nome é John. - disse estendendo a mão.


– Bryan – Harry respondeu apertando-lhe a mão.


– Gosto do tom de verde dos seus olhos – John disse alegremente. - Apesar de ter optado por esta cor artificial, gosto dos meus olhos ao natural também... As cores são importantes, garoto, mostram muito do equilíbrio interior. Pessoalmente, eu prefiro verde a vermelho, mas há quem goste de outras cores....- Disse com uma risada. Harry o olhou confuso.


– Tenha um desses sempre à mão quando usar lentes – John sorriu amistosamente, mostrando o frasquinho.


– Acho que vou ficar com os meus óculos mesmo...


Rony desceu as escadas olhando-os curioso.


– Você precisa ver o que tem lá em cima.... - Rony confidenciou enquanto se sentava no degrau superior ao deles.


– Não quero ver mais nada por hoje... - Esse é John. Meu primo, Mat. - Harry recitou suas falas.


– Não se parecem muito - John observou.


– É porque a minha família é muito grande – Rony explicou. - Muio diversificada também, de ocidentais a orientais ... - Harry o olhou espantado, não sabia disso, até então. Rony o chutou num movimento rápido e furtivo.


– Vocês não vão descer pra pista de dança? Se divertir um pouco?


– Já nos divertimos o quanto foi possível neste lugar - Rony disse.


– A coisa mais divertida que podemos fazer agora é ir pra casa - Harry concordou.


– Posso levar vocês, se quiserem.


– Estamos com nosso tio - Harry explicou. - Ele está lá em baixo pegando alguma bebida.


– Ah! E vocês moram aqui perto? - John perguntou curioso.


– Em Ottery St. Catchpole... - Rony respondeu.


– Hum... - John passou a mão pelos cabelos afastando-os dos olhos. - Vocês não se acham jovens demais pra estar num ambiente como esse? Vocês ainda frequentam a escola, não?


– Estudamos em Hogwarts... - Harry respondeu curioso por saber se ele também era bruxo.


– Hogwarts? Onde fica isso?


– Em um lugar ao norte... - respondeu evasivamente. - E você, onde mora?


– Por toda a parte! - John respondeu sorrindo. - Sou um andarilho, já estive em diversos lugares, sei fazer de tudo um pouco, ando por aí prestando uns serviços... Não me prendo a nenhum lugar específico. Agora estou aqui, amanhã já não estarei...


– Puxa, deve ser legal! - Rony disse sonhador.


– Pra onde vocês costumam ir nas férias?


– Normalmente ficamos confinados... - Harry se queixou- Não temos tanta liberdade assim.


– Quem sabe, de uma hora pra outra, isso pode mudar...


– Contanto que não seja pra pior, tudo bem - Rony gracejou.


– Estou preocupado com o Scot, não é melhor procurarmos por ele, agora? - Harry perguntou massageando a região dos olhos , cansado – Já faz muito tempo que desceu.


– É melhor - John concordou. - Já está muito tarde - apertou a mão de Rony despedindo-se. - Espero poder revê-los novamente.


– Eu também - Rony disse levantando-se.


– Tchau - Harry se despediu apertando-lhe a mão também. – Obrigado por tudo, John. - disse descendo as escadas com Rony.


– Tchau, Harry - John disse em resposta.


Harry voltou-se bruscamente ao ouvir o seu nome. Rony parou também ao perceber o movimento repentino do amigo. Harry olhou os degraus de cima a baixo, não tinha mais ninguém ali.


– Pra onde ele foi? - Rony perguntou surpreso, olhando à sua volta. Não teria como ter chegado ao andar superior tão rápido. - Aparatou? Pensei que não fosse bruxo...


– Ele me chamou de Harry... - Rony o olhou sem entender. - Eu disse a ele que me chamava Bryan... Como foi que me reconheceu? - Harry perguntou preocupado, olhou ao redor, mas não conseguia enxergar muito bem. Levou a mão ao curativo pra verificar a cicatriz.


– Não faz isso - Rony abaixou sua mão. - Dá muita bandeira. Vamos embora - acrescentou preocupado, olhando ao redor, mas ninguém os observava.


Harry e Rony desceram os lances de escada até o térreo. Rony parou abruptamente quando chegaram ao bar, poucas pessoas estavam paradas ali, não estava tão cheio quanto imaginaram.


Localizaram facilmente um homem alto de rabo de cavalo, de costas para eles conversando entusiasmadamente com alguém. Alguém de vestido preto e cabelos curtos.


– Que sacana! - Rony exclamou perplexo. – E a gente lá esperando...


Harry levou rapidamente a mão à testa, enquanto sua cicatriz queimava violentamente. De repente estava dentro de uma construção em ruínas, estava escuro, o ar era pesado e úmido. Alguma coisa estalava sobre seus pés, eram ossos.


Lutando para afastar as imagens, conseguiu visualizar o bar à sua frente. Ratazanas enormes se aproximavam curiosas, as ignorou, a luz de sua varinha era ávidamente consumida pela escuridão. Estava ansioso, a fraca luz iluminava os diversos restos mortais espalhados pelo chão, alguns, amontoados em pilhas, não eram humanos, não totalmente. “Finalmente encontrei”- pensou.


Sentiu a mão de Rony pousando sobre o seu ombro, virou-se bruscamente.


Com a respiração irregular Harry se arrastou até o balcão com a ajuda de Rony, se  concentrou para expulsar aquelas imagens de sua cabeça. Sentiu-se fraco.


– O que foi? O que você está sentindo? - Rony falou ao seu ouvido tentando se fazer entender apesar da música alta.


Harry passou a língua pelos lábios, a boca seca. Aos poucos sua respiração foi voltando ao normal enquanto se concentrava. Sirius estava a poucos metros à frente, mas não se sentia capaz de chegar até ele.


– Já estou melhorando - disse à Rony enquanto massageava a testa. – Preciso beber algo.


Rony chamou o barman mais próximo.


– O que vai querer?


– Me vê um refrigerante, por favor – Harry pediu quando este se aproximou solícito.


– Cerveja amanteigada. - Rony pediu. O homem o olhou com incredulidade – Uísque de fogo? - Rony tentou.


– Dois refrigerantes - Harry pediu. O homem se afastou para pegar os pedidos. - Estamos em ambiente trouxa, eles não conhecem cerveja amanteigada – Harry o lembrou. - E nem aqui vendem bebida alcoólica para menores.


– Bem, não custava tentar - Rony se desculpou. - O que você viu? - Rony estava curioso pra saber, mas o barman voltou com o pedido.


Harry sorveu o conteúdo de sua lata, estava sedento.


– Você está pálido, quer que eu chame Sirius?


– Não... - queria compartilhar sua visão com Rony, mas estava se sentindo indisposto. - Me dê alguns minutos.


Ficaram algum tempo ali em silencio enquanto bebiam. Rony se debruçou no balcão e passou a mão pelos cabelos, disfarçando.


– Tem uns caras olhando pra cá.


– Acha que reconheceram a gente também?


– Não acho que sejam como nós... - meditou olhando naquela direção. - Eles têm tatuagens e piercings demais...


– Não fica encarando. - Harry pediu, a cicatriz o incomodando.


– Será que meus pais me deixariam fazer ao menos uma? Bem pequena?


– Duvido que deixem, Rony. - Harry disse se lembrando da implicância da Sra. Weasley com os cabelos compridos de Gui. - Já Sirius, acho que não se importaria... Talvez ele até tenha alguma... - se espantou por não saber informar algo tão banal, que com certeza um filho saberia dizer sobre seu próprio pai. - “Mas Sirius não é meu pai” - pensou olhando na direção do homem que ria alegremente esquecido da existência dele. Sentiu o coração apertar. - “A qualquer momento ele vai conhecer alguém, se casar e esquecer que eu existo” - pensou amargurado. - “Talvez tenha filhos”. Vamos! - Harry se decidiu.


Foram até Sirius, ele nem se virou para dar-lhes atenção.


– Com licença – ouviu a voz irritada de Rony ao seu lado.


– Sim? - Sirius olhou para eles, impassíve,l esperando que falassem, não os reconhecendo.


– Será que podemos ir agora? - Rony perguntou ignorando sua expressão surpresa.


Sirius olhou de um para o outro, uma expressão de alarde e espanto surgiu no seu semblante, olhou ao redor até parar na mulher sorridente ao seu lado que olhava os recém chegados com interesse.


– O que...? - Sirius começou a dizer. - Eu demorei aqui? - perguntou confuso.


– Umas duas ou três horas... - Rony respondeu, sarcástico.


Sirius se levantou rápido como se estivesse acabando de acordar de um pesadelo. Lançou um olhar perplexo para o seu relógio de pulso.


– Podemos ir agora, por favor...? - Harry pediu.


Sirius murmurou algumas desculpas para sua companhia que ainda lhes sorria. Harry se afastou com Rony para dar privacidade aos dois. Sirius logo os alcançou guiando-os para fora. A caminho do estacionamento pediu mil desculpas, não havia percebido a hora passar, havia se distraído.


– Percebemos... - Rony disse trocando um olhar com Harry.


Harry ficou em silencio. Estava feliz por Rony ter ido também. Seus olhos ainda ardiam, sua cicatriz formigava e estava se sentindo fraco. Uma noite divertida.


Meia hora depois estavam novamente no jardim de casa. Sirius desligou a moto e desceram. Rony tocou o braço de Harry.


– Quer que eu te ajude a subir? - perguntou preocupado com a palidez do amigo.


– Por que? O que aconteceu? - Sirius perguntou.


– Perdi uma das lentes – Harry explicou. - Não que eu estivesse muito melhor com ela...Mas eu consigo achar meus óculos sozinho, pelo menos.


Entraram. Monstro havia deixado a casa iluminada, aguardando-os. Não teve problemas em se locomover no ambiente iluminado e familiar. Trocou a lente pelos óculos e se arrumou pra dormir, não estava a fim de conversar.





Acordou com o dia já alto, o tempo estava nublado e frio. Rony estava sentado na cama ao lado.


– Até que enfim acordou, está se sentindo melhor?


– Estou – Harry informou, espreguiçando-se. Vestiu-se e desceram pra tomar café.


Sirius estava à mesa, em silêncio, com ar aborrecido. Uma xícara vazia à frente e o Profeta dobrado ao lado. Cumprimentou-os polidamente quando entraram. Sentaram e serviram-se.


– Quero pedir perdão a vocês por ontem, não sei o que aconteceu.


– Tudo bem – Harry disse educadamente.


– Não, não está! – Sirius disse, aborrecido consigo mesmo. – Deixei vocês sozinhos, desprotegidos. Recusei a companhia de Quim porque achava que daria conta e no final....


– A gente entende – Rony disse, despreocupado. – Ela era mesmo bonita...


– Nada justifica... – Sirius disse, encabulado.


– Não vamos comentar isso com ninguém – Harry o confortou. – Vamos fazer de conta que nada aconteceu.


– Não é isso que estou pedindo – Sirius disse, aborrecido. – Ao menos conseguiram aproveitar a noite?


Harry e Rony mentiram, evitando chateá-lo ainda mais.


– Você ainda não contou o que viu, Harry. – Rony o lembrou.


– Hum... Não vi muita coisa, um cemitério, provavelmente. – Harry contou sobre a visão que teve.


Receberam a Sra. Weasley, Hermione e Gina para o almoço, contaram o mínimo sobre a noite anterior, apenas descrevendo o ambiente e as pessoas.


Mais tarde, os quatro se isolaram na varanda, enquanto a Sra. Weasley tentava descobrir de Sirius o motivo da mudança brusca de humor, já que estivera tão animado nos últimos dias.


– Aqui, Harry – Hermione puxou da bolsa um rolo de pergaminho e o passou a Harry. – Fiz uma lista com algumas palavras que podem estar relacionadas à Magia Antiga, talvez ela não tenha sido descrita com esse nome, como parece ter várias denominações...


– Tá brincando? – Harry perguntou, desenrolando o extenso pergaminho. – Você quer que eu pesquise cada uma dessas palavras no Lord?!


– Se você é o único que pode...


– Não poderíamos só perguntar a alguém que não se importe em responder? Proibida, oculta, não mencionada,... – Harry leu algumas das palavras do pergaminho. – Posso achar infinitos assuntos para cada uma delas, vai demorar um século.


– O John parecia ser legal – Rony observou, pegando o pergaminho – Poderíamos ter perguntado a ele, se soubéssemos quem ele era... – disse pesaroso.


– Quem é esse? – Gina perguntou, acariciando Edwiges, que tinha pousado no ombro de Harry.


Rony contou a elas sobre o cara que haviam conhecido.


– Não podem sair perguntando essas coisas a estranhos. E se alguém do Ministério fica sabendo? – Hermione tirou o pergaminho das mãos de Rony e devolveu a Harry.


– E se eu perguntasse ao Voldemort? – Harry sugeriu. Ao ver a cara de espanto de seus amigos logo acrescentou. – Ele aparece aqui falando sobre a Magia Antiga e logo depois aparece aquele cara na travessa mencionando a Magia Oculta, que parece ser a mesma coisa, me chamando de ... – hesitou por alguns momentos. – Com certeza está tudo relacionado a ele.


– Provavelmente, Harry, mas você acreditou mesmo que ele te diria? Ele mesmo pode ter enviado aquele sujeito.


– Não só o cara da travessa, Mione – Gina argumentou – Não se esqueçam do cego...


– Estamos dando voltas e não estamos chegando a lugar nenhum! – Harry reclamou, levantando-se. – Edwiges o trocou por Gina. – Eu preciso saber quem era aquele sujeito, o que é Magia Oculta e como ela está relacionada à minha ligação com Voldemort. Por que não perguntar a ele, já que se ofereceu a responder? Posso tentar, pelo menos.


– Ah, claro que ele vai responder! E o que será que vai pedir em troca? – Gina perguntou, sarcástica. – Mais sangue? Servidão eterna? Ou talvez ele queira a sua vida!– disse fingindo uma expressão chocada. Harry revirou os olhos.


– Então me deem uma ideia melhor...


Após alguns minutos Hermione se agitou, os olhos fixos nas árvores próximas.


– Talvez haja um lugar onde possamos achar todas as informações que quisermos... e informações confiáveis!


– Onde? – Harry se aproximou, ansioso.


– No Ministério da Magia!


– Como assim? – Rony perguntou. – Você acabou de dizer que não podemos perguntar por aí por causa do Ministério, agora quer que a gente pergunte aos caras?


– Não, Rony! – respondeu sorrindo. – Não vamos perguntar a ninguém, vamos pesquisar! – os três ainda a olhavam sem entender. – O Ministério a proibiu, mas deve ter guardado alguma informação pra si mesmo, livros, documentários, alguma coisa!


– Como uma biblioteca de livros proibidos? – Harry quis saber.


– É! – Hermione respondeu, entusiasmada, os olhos brilhantes. – Pode ser...


Ouviram a voz de Tonks na cozinha. Baixaram mais o tom de voz.


– E como vamos descobrir se isso existe mesmo? Não dá pra simplesmente entrar lá, depois do que aconteceu com a profecia, devem ter aumentado a segurança. – Gina comentou.


– Bom... podemos encontrar uma maneira... – Hermione disse, pensativa.


Tonks apareceu na varanda, sorridente. Seu cabelo mudou rapidamente de azul para rosa pink.


– Olá! – os cumprimentou. – Harry, quero falar com você... – disse ela, aproximando-se. – Onde está o Lupin? Ele ainda não voltou de lá?


– Não... Que eu saiba não, eu nem sei onde é “lá” – Harry estranhou a pergunta. – Por que não pergunta ao Sirius? Está acontecendo alguma coisa?


– Não! Só curiosidade... O Sirius está ocupado falando com Dumbledore.


– Dumbledore?! – perguntaram surpresos.


– É. Ele pediu pra eu vir chamá-los, quer falar com vocês.


Os quatro entraram apressados na cozinha. Sentado à mesa, com Sirius e Molly, Dumbledore tomava chá tranquilamente.


– Crianças... – Dumbledore os observou seriamente. – Vim lhes fazer um comunicado... O início do ano letivo se aproxima e eu quero que os três, ou quatro... – disse olhando para Gina. – Esqueçam o caso Malfoy. Estou cuidando pessoalmente desse assunto, então o deixem em paz, não se envolvam com ele de nenhuma forma...


– Ele vai voltar a Hogwarts? – Harry perguntou, incrédulo.


– Se ele assim quiser, irá. E não quero que comentem com mais ninguém o que descobriu, sobre ele ser agora um Comensal.


– Mas por quê? Ele vai continuar solto? – Rony estava indignado.


– Não espero que entendam por enquanto, só que obedeçam.


Os quatro se olharam com espanto.


– Tudo bem então, se ele fizer o mesmo... – Harry replicou.


– Neste caso – Sirius falou – Não será perigoso para Harry, ter um Comensal da Morte adolescente sob o mesmo convívio?


– Não é perigoso pra mim, é perigoso para todos os alunos – Harry corrigiu. – Pelo menos até nós descobrirmos o que ele está tramando.


– Você não se inclui nesse “nós”, nenhum de vocês, não ouviram o que Dumbledore disse? – Molly ralhou com eles. – Não é pra sair por aí procurando confusão com Comensais!


– Eu não vou procurar por nada, mas não garanto que não vou achar alguma coisa... – Harry disse, contrafeito.


– Por falar nisso – Dumbledore o ignorou – Este ano vocês serão escoltados até a plataforma 9 ¾ pelos funcionários do setor de defesa do Ministério. Sairão daqui por chaves de portal.


– Até a plataforma? – Molly estranhou – Por que não direto para o castelo?


– Chamaria muita atenção para Harry, agora que o Profeta decidiu que ele não é louco, e sim um alvo interessante para uma nova rede de boatos. Acredito que escondê-lo só irá incentivá-los.


– Não creio que isso seja significante, o mais importante é a segurança deles. – Sirius fez coro à Sra. Weasley.


– Nosso pessoal também estará lá, Sirius – Dumbledore assegurou.


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